Quando Salvador foi fundada, em
1549, a ideia principal do projeto era torná-la não apenas uma cidade
fortaleza, mas o mais importante símbolo do império português nas Américas. Por
conta da sua história sócio-política, a Bahia se transformou num território
multifacetado. Do século 16 ao século 18, Salvador e o Recôncavo baiano tiveram
uma hegemonia sobre todas as outras regiões. Na
capital e no seu entorno,
estava o cultivo na cana de açúcar, a rede de engenhos para produzir o açúcar e
as vias de transporte e, consequentemente, comunicação com o resto do mundo.
A partir do século 19 a Chapada
Diamantina ganha notoriedade com a sua exploração de minério. Depois chega o
sul cacaueiro e, por fim ganha proeminência nesta geografia estadual o extremo
sul, tendo o turismo como principal atividade econômica e o oeste. A chegada
das rodovias, que passaram a ser o ponto de ligação entre as diversas regiões
do Estado, ao mesmo tempo que aproximou algumas regiões de Salvador, caso do
norte, afastou outras – o oeste e o extremo sul.
O oeste está mais próximo de
Brasília e Goiania. O extremo sul a proximidade é maior com o
Espírito Santo e
com Minas Gerais. Isso fez com que o desenho econômico, cultural e social da
Bahia tenha se modificado. A combinação entre a extensão do seu território e
uma ênfase na capital as outras regiões baianas se aproximaram culturalmente de
estados com os quais faz fronteiras.
O baiano é um povo miscigenado,
de cultura rica e religiosidade viva, sincrética. Seja no batuque dos
terreiros, nos cantos da puxada de rede dos pescadores, no jogo de capoeira dos
negros, nas comidas de rua sagradas, todos festejam em comunhão as divindades
da natureza e os santos dos altares. Há uma imensa costa atlântica, com
luminosidade única e um mar tão magnífico quanto azul.
Há três artistas baianos de
projeção internacional com obras fundamentais para a compreensão de todos os
significados desta terra e do seu povo: Dorival Caymmi em seu jeitão
malemolente, é um símbolo consagrado do jeito baiano de ser; Jorge Amado,
o mais lido e traduzido escritor baiano, foi o 1º na literatura brasileira a
contar histórias do povo usando sua linguagem; Carybé, homem de mil
artes, pintor, desenhista, escultor, muralista, escritor e jornalista.
A cidade que exala cultura nos
quatro cantos também se destaca pela gente que faz essa cultura, por pessoas
chamadas “folclóricas”, populares, marcantes, que interferem no dia a dia
urbano e causam, no mínimo, estranheza ou curiosidade. Não é difícil lembrar de
pessoas como Cuíca de Santo Amaro (poeta cordelista conhecido como boca de fogo
da Bahia), Cosme de Farias (grande rábula, defensor das causas públicas e do
povo, inimigo do analfabetismo), Guarany (um dos maiores escultores de
carrancas do São Francisco), Bule Bule (repentista, cantador e violeiro),
Carlinhos Brown (criador da Timbalada, Zárabe e uma série de outros projetos
socioculturais), Clarindo Silva (responsável pelo espaço cultural Cantina da
Luia e zelador do Centro Histórico do Pelourinho), Jayme Figura (cuja proposta
é trabalhar em prol da humanidade através da arte), Mulher de Roxo (personagem
lendária da Rua Chile). Tem ainda o guarda Pelé, Floripe, o Mágico da Boca do
Rio, o Acrobata da Barroquinha e muitos outros.
Ou os eméritos educadores como
Isaías Alves e Anísio Teixeira que enobrecem a cultura baiana no Artistas modernistas como Carlos Bastos,
Jenner Augusto, Lígia Sampaio, Nilton Silva, Jaime Hora, Juarez Paraíso, José
Guimarães, Calasans Neto, Emílio Magalhães, Oscar Caetano, Hebe Carvalho, Hélio
Bastos, Yedamaria e Rescala também se renderam aos encantos da cidade e a
retrataram. O sagrado e o profano na criação visual de Rubem Valentim ou nas
esculturas de Emanuel Araújo.
século. Ruy
Barbosa, Octávio Mangabeira e Pedro Calmon, os três dos maiores oradores
brasileiros. Temos ainda o jurista Orlando Gomes, o economista Rômulo Almeida,
o médico José Silveira no combate incansável à tuberculose, Wanderley Pinho
primoroso escritor e historiador, Ismael de Barros o exímio escultor, os
pintores acadêmicos Presciliano Silva mestre dos tons coloniais, Alberto
Valença e Manoel Mendonça Filho deixaram trabalhos que retratam Salvador.
A Bahia cuida pouco da sua
memória. Que o diga o Museu Glauber Rocha que nunca foi aprovado, com a
Condessa Luane de Noalles, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Sonia dos
Humildes, Milton Santos, e tantos outros. A Bahia não responde suas tradições
como Pernambuco, por exemplo. A Bahia tem um certo desleixo natural, que só se
interessa mesmo pelo Carnaval, pela indústria de axé music. É preciso ter turismo de melhor qualidade
(coisa que não temos) como hotelaria de primeira classe, uma orla preservada e
iluminada (hoje está pior ainda)
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