30 abril 2015

Sertão é a essência do Brasil



Sertão é uma região geográfica caracterizada pela presença de clima semi-árido, vegetação decaatinga, irregularidade de chuvas, solos secos e rios intermitentes ou temporários. O sertão nordestino compreende as áreas mais secas e distantes do litoral leste do Brasil, situadas nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.


O chamado Polígono das Secas totaliza 936.933km2. Na linguagem popular, costuma-se chamar desertão bravo as áreas mais secas da caatinga, e altos sertões as faixas de montanhas e colinas.


A relação entre o sertão e a civilização é sempre encarada como excludente. É um espaço visto como repositório de uma cultura folclórica, tradicional, base para o estabelecimento da cultura nacional. Para Euclides da Cunha e Monteiro Lobato, a civilização devia, no entanto, ser levada ao sertão, resgatando essa cultura e essas populações que vivem

Os Sertõesde Euclides da Cunha (1906) é tido pelos críticos como o início da procura pelo verdadeiro país, pelo seu povo, tendo posto por terra a ilusão de nos proclamarmos uma nação europeia e mostrando a importância de sermos americanos. Com ele, teríamos iniciado a busca da nossa origem, do passado, da nossa gente, da terra, costumes e tradições. Teríamos ficado conhecendo, com ele, a influência do ambiente sobre o nosso caráter e a nossa raça em formação.

O sertão aparece como o lugar onde anacionalidade se esconde, livre das influências estrangeiras. O sertão é muito mais que um recorte territorial preciso; é uma imagem-força que procura conjugar elementos geográficos, linguísticos, culturais, modos de vida, bem como fatos históricos de interiorização como as bandeiras, as entradas, a mineração, a garimpagem, o cangaço, o latifúndio, o messianismo, as pequenas cidades, as secas, os êxodos etc.


O sertão surge como a colagem dessas imagens, sempre vistas como exóticas, distantes da civilização litorânea. É uma ideia que remete ao interior, à alma, à essência do país, onde estariam escondidas suas raízes.

Para Monteiro Lobato (Urupês é um bom exemplo), o verdadeiro Brasil, o que queria mostrar, era o Brasil do interior, não era o Brasil artificial, macaqueado do estrangeiro. Era o Brasil do campo, não o das grandes cidades.

O Brasil não era um São Paulo, enxerto do garfo italiano,. Nem o Rio artificial português. O Brasil está no interior, onde o sertanejo vestido de couro vasqueja nas coxilhas onde se domam potros. Está nas caatingas estorricadas pela seca...

Enquanto muitos escritores continuavam preso à imagem tradicional de que o homem sábio se encontre na cidade ou no litoral, é com Guimarães Rosa que o sertão vai irromper como discurso sábio na ficção brasileira. Rosa explora o sertão de maneira poética, comparando a paisagem seca e quase desértica aos sentimentos e às relações humanas.

O sertão é o sonho, o sertão é dentro da gente, disse ele. Guimarães Rosa faz um verdadeiro tratado em sua obra Grande Serão: Veredas, mostrando a diversidade do sertão que vai de Minas Gerais a Bahia, passando pelo Centro-Oeste do país.


Nordeste

Nove Estados do Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
1.793 municípios
Área: 1.554.257 km²
População: 53,081.950
Área total: 1.554.295.607 km²
Terceira maior região do país
Mais extensa costa litorânea: 3.338 km de praias
Abriga paraísos ecológicos como arquipélagos de Fernando de Noronha (PE), Abrolhos (BA),  Chapada Diamantina (BA), Lençóis Maranhenses (MA) e o Delta do Parnaíba (PI).
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Biblioteca Central dos Barris.  
Tel: 3336-6997. 
Rua General Labatut, 137, 
Shopping Colonial (loja 01), 
Barris

29 abril 2015

Olhar de quem veio de longe (03)



COOPERATIVAS

O alemão Roland Schaffner chegou a Salvador em 1970 para dirigir o Goethe Institut – Instituto
Cultural Brasil Alemanha (Icba) e ficou até 1977, Na época criou cooperativas artísticas, construiu um teatro, barracas para montagem de cinema, de cenário, artes plásticas, direção teatral, núcleo de vídeo, formação de ator e música eletrônica. Também no Icba que a atual Jornada Internacional de Cinema da Bahia, fundada por Guido Araújo em 1972 como Jornada Baiana, pode se desenvolver. O Icba produziu o primeiro curso profissionalizante de cinema da Bahia, de onde surgiram cineastas como Edgar Navarro e Fernando Bélem. Também trouxe a primeira moviola, para fazer a montagem dos filmes. Schaffner também promoveu a vinda de artistas de outras localidades.


No início de 1992, Schaffner recebeu o título de cidadão soteropolitano e, em agosto, voltou a assumir o Icba em Salvador, que estava semimorto. E mais uma vez o Icba foi transformado num centro de produções alternativas, em relação ao que estava estabelecido. Realizou o I salão de Arte Digital, além de fundar o primeiro núcleo do vídeo baiano. Quando saiu do Icba, em 1999, ele começou a escrever um livro com suas experiências interculturais.

ALQUIMISTA

Anton Walter Smetak (1913 - 1984), músico, filósofo, artista plástico, poeta, professor, homem de teatro e, sobretudo, inventor de instrumentos musicais, suiço que adotou o Brasil em 1937, fixando-se na Bahia em 1957. Violoncelista, criador de música e de instrumentos-esculturas, a partir da combinação cabaça & cordas. Ele foi também teórico, e expressou suas ideias cósmico musicais em textos e entrevistas. No plano musical caminhou com resolução para o microtonalismo. Produziu um grande acervo de textos e partituras musicais na improvisada oficina-laboratório no porão da Escola de Música da UFBa.


Seu primeiro disco só veio a ser gravado em 1974. Produzido por Roberto Santana e Caetano Veloso, foi montado por Cae e Gil. Em 1980 grava o segundo disco, com os microtons Interregno. Além de 150 instrumentos criados e fabricados por ele, com as formas mais inusitadas, Smetak escreveu 36 livros onde estão quatro peças de teatro e vários volumes de poesia, literatura, filosofia e teoria musical. Escreveu também partituras. Em vida foi chamado de alquimista dos sons.


CARICATURISTA

Pintor, caricaturista, desenhista de quadrinhos. Raymundo Chaves de Aguiar (1893 – 1989) nasceu em Lisboa e chegou à Bahia em 1913. Trabalhou no comércio e sua vida artística começou como caricaturista do jornal A Tarde em 1917. Em 1927 foi premiado com a Medalha de Prata pelos seus desenhos. Em 1928 ingressou na Escola de Belas Artes. Abandona o comércio e passa a viver dos desenhos que faz para a imprensa e serviços gráficos para litografias e clicherias. Terminou o curso em 1933 e recebeu o Prêmio Legado Caminhoá.


Revelando-se sempre em seus trabalhos, passa a ser assistente das cadeiras de Geometria Descritiva, Perspectiva, Sombra e Luz e Estereotomia da Escola de Belas Artes da qual tornou-se catedrático. Premiado em todas as modalidades a que se dedicou (charges, quadrinhos e desenhos humorísticos, sob o pseudônimo de K-Lunga). Como caricaturista trabalhou nos jornais O Imparcial, A Tarde, Jornal de Notícias, A Noite, e nas revistas A Luva, A Fita, A Garota, A Farra, Melindrosa, Cegonha, Renascença, Revista da Bahia e Única. Satirizou políticos, personalidades e costumes. Ao se dedicar exclusivamente a pintura, com interiores, dominou perfeitamente os jogos de luz e sombra.

INTELECTUAL

Educador, ensaísta, tradutor, poeta, biólogo, ficcionista, professor e pensador, Agostinho da Silva (1906 – 1994) foi, acima de tudo, desafiador de pessoas para uma liberdade e ousadia plenamente vividas. Intelectual português que foi perseguido por Salazar chegou ao Brasil em 1944. Era um erudito (especialista em filologia clássica) pouco ou nada ortodoxo. Doutor pela Faculdade de Letra do Porto, exibia, em meio às suas teses originais, uma admirável alegria para a ação prática, a intervenção criativa no mundo objetivo e uma surpreendente versatilidade.


Chegou à Bahia em 1959 trazendo consigo a criação de um centro de estudos da África e das relações com o Brasil, estudando o papel que poderiam ter os vários povos dos territórios, independentes ou não, cuja língua de Estado fosse o português, na América do Sul, na África e na Europa. Durante o período dos grandes projetos culturais da Universidade da Bahia e no fim dos anos 50 e início dos 60, organizou e dirigiu o Centro de Estudos Afro-Orientais em Salvador e disseminou uma forma de sebastianismo erudito de inspiração pessoana que atraiu muitas pessoas.


A historiadora Katia Mattoso (1932-2011) nasceu na Grécia, morou na Suíça, chegou ao Brasil nos anos de 1950, São Paulo e em 1957 veio para a Bahia. Ela mergulhou fundo nos testamentos e inventários para revelar a história econômica da Bahia oitocentista. 

Doutora honoris causa pela Ufba e professora emérita da Universidade de Paris V – Sorbonne, em 1988 incentivou a criação da cadeira de história brasileira na Sorbonne, que comandou até 1999, ano em que se aposentou. 

Entre seus trabalhos estão “Ser escravo no Brasil” (Brasiliense, 1982) e “Bahia século XIX – Uma província no império” (Nova Fronteira, 1992). Ela foi responsável pela formação de diversas gerações de historiadores.


 
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