28 setembro 2012

Lichtenstein e sua arte massificada

No dia 29 de setembro de 1997 (há 15 anos), morria o pintor americano Roy Lichtenstein. Ele seguiu a herança duchampiana e instalou curto-circuito na pintura virtuosística. E soube ironizar a alta cultura. Embaralhando as pinturas entre alta e baixa cultura, ele fez uma série de telas que traduz mestres modernos como Cézanne, Matisse, Léger e Van Gogh. Tudo por meio da linguagem das histórias em quadrinhos. Um dos pioneiros da art pop, Lichtenstein ajudou a manter o pop vivo através de uma série de experiências e atitudes filosoficamente subversivas na arte moderna e na vida. Foi muito criticado, mas décadas depois elogiado e reconhecido.

A Pop art norte americana bebeu em fontes dadaístas. Ficou tão famosa que ofuscou a origem britânica do movimento. O termo pop se referia à expressão “popular culture”, reunindo as linguagens das mídias, da TV, da publicidade, do cinema e das histórias em quadrinhos. Essa cultura de massa foi inicialmente execrada pelos teóricos da comunicação. A Pop veio fazer o contrário. Lichtenstein se fez notar pela utilização das histórias em quadrinhos e dos clichês que, pinçados da arte comercial, se transformam em objetos de arte: socos, tiros, lágrimas pelo amor perdido, com frases e textos de apoio. Com certa ironia deu a esta fase o nome de "Grande Pintura".
Uma das melhores definições do movimento veio do próprio Roy: "O que marca o pop é - antes de mais nada - o uso que é dado ao que é desprezado".

A pop art é considerada, na cultura ocidental, o marco de passagem do modernismo para o pós-moderno. Como nos anos 60 já usava o tema da ironia, que marcou os 90, Roy é considerado pioneiro, mestre e uma figura proeminente da arte americana. Entre 1957 e 1960, oscilou entre o impressionismo abstrato e as histórias em quadrinhos e cartuns até que se decidiu pelo uso dos elementos típicos da propaganda em seus desenhos e pinturas. A primeira exposição em Nova York (1962) o torna pioneiro da pop art com o emprego de tudo que era usado como material publicitário. Mickey, o Coelho Pernalonga e Pato Donald se transformam em inspiração constante, em telas gigantes.

Brinca com os efeitos da trama ótica e com a composição convencional. Com James Rosenquist e Andy Warhol, transforma-se num crítico feroz da sociedade norte americana, tomada pelo consumismo institucionalizado pela publicidade. Um vento de revolta contra o expressionismo abstrato, que vinha se tornando acadêmico, soprava em Nova York neste momento.

Em 1963 a arte comercial era odiada e Lichtenstein trouxe essa arte – a única forma de arte que ninguém considerava realmente arte – para o foco de atenção e a transformou no único objeto de seu trabalho. Ao mesmo tempo, Andy Warhol e James Rosenquist, sem sequer se conhecerem, estavam fazendo a mesma coisa. Aquilo estava cheirando a uma revolução. Todos os quadros de sua primeira individual de pintura pop, em 1962, foram vendidas antes da inauguração.

Com o sucesso, em 1964, Roy Richtenstein passou a se dedicar exclusivamente à arte. Seus primeiros trabalhos pop, que davam impressão de serem cópias inexpressivas de Mickey Mouse, Donald e de desenhos grosseiros de beldades de maiô com suas bolas de praia, pareciam frios, provocantes e impessoais. Na verdade, suas pinturas sempre foram discretamente marcadas por observações afiadas com humor e inteligência. Suas imagens, provindo originalmente da reprodução em massa, retornam a ela com a maior facilidade, preenchendo a memória com pequenos clones Lichtenstein.

Em 1965 ele parou de usar quadrinhos. Parodiou tudo, da art déco ao cubismo sintético, e até parodiou paródias. Apropriando-se do processo de impressão e reprodução, Roy foi um técnico em psicologia de massas. Conhecia o poder da produção como objeto do desejo. Ele reciclou o lixo cultural elevando-se ao status de arte. O seu papel foi o de reagir contra a supremacia do expressionismo abstrato que dominou a América nos anos 50. E serviu para derrubar o mito do artista, simulacro de criador que desceu ao planeta para ser glorificado pelos mortais. Ele criou um mundo de imagens essenciais, eliminando tudo que julgasse supérfluo. Mas a pop art estava muito ligado a valores do mundo materialista e hedonista. Passou.


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FÉRIAS


A partir de segunda-feira (dia 01) estarei de férias. Volto em novembro quando estarei comentando sobre os negros nos quadrinhos, a percussão na Bahia, Maria Felipa, Negro Fugidio, Rubem Valentim, Besouro da Bahia, entre outros temas. Vou organizar minha biblioteca que está um caos com cerca de dez mil livros, depois me refugiar numa localidade aqui perto, longe de todos com diversos livros, DVDs, CDs para devorar. Me aguarde, volto com sede de amar...letras, palavras, imagens, e toda esse zum zum zum em nossa volta nas voltas que o mundo dá. Até lá
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

27 setembro 2012

Cipriano Barata: 250 anos de nascimento do revolucionário baiano (2)

No dia 03 de setembro de 1821 realizaram-se as eleições para a escolha dos deputados brasileiros às Cortes Portuguesas. Cipriano Barata foi o grande vencedor. Desde a posse, procurou demonstrar ali estar para defender, incondicionalmente, os interesses de sua terra. Deixou patenteado não se considerar português e, sim, brasileiro.

Enfrentou o clima de coação. Sua coragem e até mesmo audácia na defesa das coisas do Brasil o tornaram, desde logo, conhecido e odiado por todos. Não era só a coragem no debate que marcava sua qualidade de brasileiro.

Também sua indumentária constituía-se numa afirmação de brasilidade e se tornava uma verdadeira provocação aos portugueses, pois calçado e vestido desde os pés até a cabeça com fazendas manufaturadas na Bahia. Em 09 de abril de 1823 saía o primeiro número do seu jornal, Sentinela da Liberdade. É eleito deputado à Assembleia Constituinte, mas recusou e acabou sendo preso. Pretexto: obrigá-lo a assumir a cadeira de deputado à Assembleia Legislativa.

Cipriano foi, por sentença de 22 de novembro de 1825, condenado à prisão perpétua, sendo solto em 1830, após haver a Relação da Bahia modificado a sentença condenatória e proferindo a absolvição. Foi necessária, ainda, a intervenção da Assembleia Legislativa para que, depois de absolvido, fosse posto em liberdade.

A prisão não o intimidava. Mal se instalou, cuidou de lançar seu jornal. No dia 12 de janeiro de 1831 circula o Sentinela da Liberdade. Era o mesmo jornalista corajoso e destemido, o mesmo inimigo da tirania e do absolutismo. Mais uma vez ele é preso na madrugada do dia 28 de abril de 1831. E começara a surgir protestos contra a prisão. A imprensa liberal do Rio se pôs, por inteiro, ao lado de Cipriano. Também os liberais pernambucanos se puseram ao lado do velho lutador da causa democrática.

Para se ter uma ideia do prestígio que gozava junto às massas, basta atentar-se no relato do próprio Ministro da Guerra, na sessão do dia 20 de maio de 1833 da Câmara dos Deputados, segundo o qual, na Bahia, as pessoas que não queriam ser molestadas, colocavam nas portas de suas casas o letreiro Barata. Esse prestígio era facilmente constatável em todo o território nacional.

Ao ser libertado, estava coberto de glórias e admirado pelos liberais, mas, estava, também, impossibilitado de continuar residindo na Bahia, dadas as perseguições sofridas e em virtude do clima de hostilidade contra ele armado pelos poderosos. Libertado em princípios de 1833, mantinha, praticamente intacto, o prestígio junto aos baianos, mas, devido ao ódio que lhe votavam os ricos e poderosos, retornou em junho de 1834 a Pernambuco, berço de sua vida de jornalista. E ali voltou a publicar seu jornal, agora com o título de Sentinela da Liberdade em sua primeira Guarita, a de Pernambuco, onde hoje brada Alerta!.

Foi rápida sua passagem por Pernambuco. Antes de findar o ano de 1835, já velho, doente, desiludido e pobre, transfere residência para Natal. Lá abriu uma farmácia que era gerida por sua filha, reabriu seu consultório e, depois de muitos anos, voltou a clinicar. Lecionou francês no Ateneu, tendo fundado um colégio primário e secundário. Faleceu no dia primeiro de junho de 1838, aos 76 anos de idade.

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26 setembro 2012

Cipriano Barata: 250 anos de nascimento do revolucionário baiano (1)

No dia 26 de setembro de 2012 comemora-se os 250 anos de nascimento do jornalista e político baiano Cipriano José Barata de Almeida (1762-1838). Hoje, no auditório da Livraria Cultura (Salvador Shopping) das 15 às 17h o professor Marco Morel vai proferir palestra seguida de debate sobre Cipriano Barata. Ele foi o criador do Sentinela da Liberdade, jornal que não interrompia a circulação mesmo quando o seu redator estava atrás das grades por causa da sua revolucionária ação politica. Jornalista, cirurgião. Cipriano José Barata de Almeida nasceu no dia 26 de setembro de 1762, em Salvador, na freguesia de São Pedro Velho.

Embora homem de poucos recursos, seu pai, o Tenente Raymundo Nunes Barata conseguiu mandar seu filho Cipriano estudar em Coimbra, quando já tinha 24 anos de idade. Em 1786 matricula-se no curso de filosofia, no qual se bacharelou, tomando grau em 1790. Em 1787 matriculou-se, também, no curso de matemática. Fez ainda, na mesma Universidade de Coimbra, estudos de cirurgia, tornando-se cirurgião aprovado, profissão exercida com dedicação durante sua vida. Regressando à terra natal se casa com Anna Joaquina de Oliveira, com quem teve seis filhos.

Nos primeiros anos de casado Cipriano procurou viver do exercício da medicina, que praticava como cirurgião aprovado. Por não auferir grandes rendimentos nessa profissão, nada cobrava dos pobres (sua maior clientela), fez-se, também, lavrador de cana no Engenho de João Ignácio da Silva Bulcão, posteriormente Barão de São Francisco. Nessa atividade, buscava condições financeiras para sobreviver.

Foi na imprensa que se realizou, fazendo tremer os inimigos da liberdade e da democracia. Inicialmente, foi redigir a Gazeta Pernambucana. Logo depois, fundou seu próprio jornal, Sentinela da Liberdade. O jornal exerceu enorme influência na vida política brasileira, surgindo, em diferentes pontos do território nacional inúmeras Sentinelas, todas objetivando, também, lutar pelos ideais democráticos. Através da Sentinela da Liberdade exerceu extraordinária influência na vida pública brasileira, tornando-se temido dos despostas e ditadores. Pagou caro por sua luta em prol da liberdade. Viveu e morreu pobre, mas aqui, sempre, com independência e dignidade.

Cipriano Barata foi o mais autêntico representante do pensamento liberal brasileiro dos fins do século XVIII e primeiras décadas do século XIX. Em 1798 ele foi um dos fundadores da Loja Cavaleiros da Luz, na Bahia, e manteve-se fiel à Maçonaria, sendo, algumas vezes, por ela socorrido financeiramente. Foi preso por se envolver nos movimentos de liberdade. Após prisão que durou mais de um ano, em 1799 foi libertado e dedicou-se à sua clínica e aos trabalhos agrícolas, como lavrador.

Envolveu-se na Revolução Pernambucana. Após a derrota da revolução, foram remetidos, presos, para a Bahia, 104 insurgentes, que acabaram se salvando da morte em virtude do decreto de 1812, de D. João. Salvos do fuzilamento, permaneceram presos, mas, já aí, mantendo contatos abertos com os liberais baianos, Cipriano deles se aproximou e foi, logo, considerado “amigo dos presos”. Presidiu comitês para arrecadação de meios para o sustento dos presos. O real prestígio popular de Cipriano seria comprovado em 1821. Ele se pôs à frente de um movimento popular visando prestar apoio à revolução portuguesa.
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25 setembro 2012

Noventa e cinco anos sem Severino Vieira

Há 95 anos, no dia 28 de setembro de 1917, desaparecia o político Severino dos Santos Vieira. Esse texto está publicado no meu livro Gente da Bahia volume dois: Nasceu a 08 de junho de 1849, na antiga Vila da Ribeira do Conde, atual São Francisco do Conde, Bahia. Fez os primeiros estudos com o pároco de sua freguesia e com o professor Francisco Lisboa. Vindo para a capital, em 1866, iniciou os estudos de Humanidades até 1870 no Colégio São João, dirigido por João Estanislau da Silva Lisboa. Ingressando na Faculdade de Direito do Recife, transferiu-se, algum tempo depois, para a de São Paulo, onde procurou melhorar de uma doença e, por onde se bacharelou em 1874. Nomeado promotor da Comarca do Conde, em 1875, exerceu a função por poucos meses, tendo assumido depois o cargo de juiz municipal e de Órfãos do Termo do Conde até 1879. Abandonou então a magistratura e dedicou-se à advocacia.

Ingressou no Partido Conservador, no Império, elegendo-se deputado provincial para a legislatura de 1882-83. Proclamada a República, foi eleito para a Assembléia Constituinte Federal. Não conseguiu reeleger-se, mas foi indicado para substituir, no Senado Federal, Manuel Vitorino, eleito ao mesmo tempo senador e vice-presidente da República. Permaneceu no senado até 1898, quando foi chamado pelo presidente Campos Sales para a pasta da Agricultura, Indústria, Viação e Obras Públicas (a sua administração nesse setor foi das mais proveitosas), dela retirando-se para tomar posse como governador do estado.

No quatriênio 1901/1904, assumiu ao governo do estado. Foi aí então que mais se caracterizou o seu espírito de homem público. Ponderado e honesto, trabalhou pelo estado com a energia que lhe era própria, equilibrando as finanças, empreendendo obras de vulto, que assinalaram a sua passagem à frente dos destinos baianos. Durante seu governo, o nono da Bahia, deu-se a cisão do Partido Republicano. A partir de então, as faccões “vianista” e “severinista” se enfrentaram abertamente em toda a Bahia. Afastou os “vianistas” do governo e interveio nos redutos oposicionistas do interior. Criou uma nova agremiação política: o Partido Republicano da Bahia, instrumento da consolidação política e da centralização do poder. Suas realizações no governo foram mais administrativas do que materiais.

A diminuição da receita e os gastos excessivos do governo anterior justificaram a suspensão de diversas obras públicas. Ampliou os serviços de desinfecção e de pesquisas bacteriológicas, pois temia a invasão da peste bubônica que já havia se manifestado na capital da República. O governo de Severino Vieira não transcorreu placidamente. Além de sérias perturbações da ordem, no interior do Estado, entra em luta com o Poder Judiciário e com o Comércio. Dois são os conflitos que mantém com a Magistratura, o primeiro pela supressão, por decreto administrativo de uma Vara de Órfãos na Comarca da Capital, baseado numa autorização orçamentária; o segundo com a decretação do imposto de consumo sobre o álcool por meio de selo adesivo. Esta luta se desenrola nos últimos dias do seu governo, já depois de eleito e reconhecido seu sucessor. Apesar da reação provocada, o governador manteve sua decisão, embora suspendesse a execução do decreto até a reunião do Poder Legislativo a quem submeteu a questão. O Parlamento manteve o ato do governador. Resultado: a poderosa Associação Comercial, resistindo à criação do imposto de consumo sobre o álcool, ordenou ao comércio que fechasse suas portas em repúdio ao governo, durante três dias até que fosse empossado José Marcelino de Souza.

Em sua gestão, Severino Vieira não aumentou a dívida externa, mas, por meio de letras do Tesouro, contraiu empréstimos que vieram agravar o passivo do Estado. Deixando o alto posto, a sua atitude foi das mais altivas e independentes. Aí foi que se agigantou. Não se recolhendo à vida privada, prosseguiu lutando, com seu caráter incorruptível, pela autonomia do estado, pela garantia das liberdades, como um apóstolo da democracia brasileira. Após passar o cargo a seu sucessor, Severino Vieira realizou uma viagem à Europa, como negociador de um empréstimo externo para o Estado. Permaneceu como poderoso chefe político da Bahia, falando em nome do PRB no Rio de Janeiro, quando assumiu uma cadeira no Senado Federal, vaga com a morte de Artur Rios.

Rompeu com José Marcelino em 1907, quando o partido da situação cindiu-se em “marcelinistas” e “severinistas”, em torno da sucessão governamental. O governador decide por influir na escolha de seu sucessor e apóia o nome de Araújo Pinho, enquanto Severino Vieira lança Inácio Tosta. Derrotado, após o conflito que envolveu o Legislativo, Judiciário e Governo Federal, Severino Vieira passou para a oposição combativa na imprensa, como proprietário e redator-chefe do Diário da Bahia. Seus artigos naquela época provocavam o grupo governista tendo o seu jornal uma grande circulação e aceitação por toda a comunidade. Isso o deixava mais forte, politicamente. Em 1911 disputou a reeleição senatorial, mas foi derrotado no reconhecimento por Luís Vianna. Foi, na imprensa, o maior opositor de J.J.Seabra. Em 1917, participou da fundação da Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de nº 19 e tendo sido o primeiro de seus membros a falecer. Ele morreu em Salvador, no dia 28 de setembro de 1917.

O severinismo ficou e aí está, e perdurará, como expressão de legítima cultura política, e como ele também se imortalizou o próprio Severino - em sua obra inestinguivel de civismo sadio, na tenacidade, na abnegação, no estoicismo inédito na política do nosso país, com que enfrentou 10 longos anos de ostracismo, que tantos foram os decorridos entre sua queda do poder e sua morte, constituindo-lhe a fase mais edificante, da existência”. Assim falou o professor Gelásio Farias sobre Severino Vieira. Em Salvador, no bairro de Nazaré, um colégio foi erguido para perpetuar seu nome, por ter sido ele um grande incentivador da Educação quando governador da Bahia: Colégio Severino Vieira.
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24 setembro 2012

Ética brasileira

Toda coletividade cultiva um sistema de valores e normas morais que definem o bem e o mal, o certo e o errado, as virtudes e os vícios. A ética aponta para a construção da pessoa, enriquecimento do ser como pessoa. Ao longo do processo histórico, as esferas da sociedade como a política, a religião, a arte, a ciência, vão adquirindo sua própria autonomia. A religião e a ética perdem a hegemonia que exerciam sobre a sociedade tradicional. De forma mais radical, com o avançar do processo, a economia assume papel dominante e subordina a seus interesses as outras esferas sociais, inclusive a ética.

Os fatores da crise ética da nossa sociedade têm gerado a falta de honestidade, a corrupção, o abuso do poder, a exploração institucionalizada e a violência. Há uma ruptura entre o indivíduo que se fecha sobre si mesmo e a vida pública e os valores comuns, sobre as quais se ergue a sociedade.

A pesquisa "Retrato da Ética no Brasil" (jornal Folha de S.Paulo, 04/10/2009), informa que nosso país, no que diz respeito a atitudes corruptas e corruptoras “vale mais o faça o que eu falo e não o que eu faço. Para uma ética de verdade em primeiro lugar estou eu e meus próximos (família e comunidade a que pertenço)".

É muito fácil dizer que os políticos são corruptos (porque muitos deles fazem questão de dar exemplos todos os dias), porém é preciso reconhecer que na correção do problema, e principalmente em viver de modo ético, sou eu que estou em primeiro lugar.

Por isso insisto que a política, a questão ética na sociedade, somente se resolverão pela cultura, ou seja aquele espaço de sociedade onde vivo e que essa mudança de postura diante da vida, dos outros com quem convivo no trabalho ou na vizinhança, tem de ser uma realidade hoje. Esse processo evidentemente é educativo, por isso temos sempre apontado aqui que entre todas as prioridades sociais a maior é a da urgência educativa.

Um país em que os eleitores trocam voto por dinheiro, emprego ou presente e acreditam que seus concidadãos fazem o mesmo costumeiramente; um país em que os eleitores aceitam a ideia de que não se faz política sem corrupção; um país assim deveria ser obra de ficção, como em "Os Bruzundangas" (Ediouro), livro de Lima Barreto de 1923. Mas o Brasil da prática cotidiana parece mais com Bruzundanga do que com a Escandinávia.

A pesquisa do Datafolha (2009) tem o mérito de colocar em foco problema crucial nacional. Uma discussão sobre se o Brasil deve seguir Bruzundanga. A obra que retrata a República dos Estados Unidos da Bruzundanga foi lançada no ano seguinte à morte de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), autor consagrado por livros como "Triste Fim de Policarpo Quaresma".

"O valo de separação entre o político e a população que tem de dirigir faz-se cada vez mais profundo. A nação acaba não mais compreendendo a massa dos dirigentes, não lhe entendendo estes a alma, as necessidades, as qualidades e as possibilidades", escreveu Lima Barreto. E concluiu: "Um povo tem o governo que merece".

O triunfo do velho faça-o-que-eu-digo-não-faça-o-que-eu-faço é a principal revelação da pesquisa do Datafolha, porque ela dá uma medida de como estamos longe de distinguir o público e o privado e do quanto são escorregadios nossos “marcadores éticos e morais“, para usar uma expressão do filósofo Renato Lessa.

O desfazimento da hipocrisia perversa com que tocamos nossas vidas em sociedade completa-se, agora sim, com um perfil bem conhecido. Somos todos igualmente hipócritas, mas alguns podem mais por debaixo dos panos da moral e da ética: Os homens (86%) transgridem mais do que as mulheres (80%), os jovens 16 a 34 anos (91%) mais do que os mais velhos, e os mais ricos e mais estudados são, é claro, os que têm as maiores taxas de infrações (97% dos que ganham mais de 10 mínimos assumem ter cometido infrações e 93% daqueles que têm ensino superior também).

O retrato é péssimo, em suma, mas indica a necessidade de tratarmos da transgressão das regras. A educação TEM QUE abandonar a superfície das regras e mergulhar na problematização da sabotagem do que essas regras representam. Ficam aí as pistas e os por ques do confronto que deve ser promovido.

O escritor Ruy Espinheira Filho escreveu um artigo no jornal A Tarde (Um longo desfile bem impressionante, 20/09/2012) onde diz que “não dá para entender o fato de tanta gente se achar merecedora de votos, já que em sua maioria não realizou nada, e visivelmente despreparada, mal dotada intelectualmente e sem reconhecimento de alguma virtude de caráter moral. Trata-se de fenômeno, claro, de nosso modelo político, de baixíssima exigência e apenas interessado em qualquer que seja possível ´puxada de votos´ para os partidos”. Está aí uma explicação clara sobre a situação política do país, hoje!
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21 setembro 2012

Wanderley Pinho, um santamarense que deixa saudade

Há 45 anos, no dia 07 de outubro, morria um dos mais importantes figuras do Estado da Bahia, o historiador e político José Wanderley de Araújo Pinho. O texto a seguir está no meu livro Gente da Bahia, volume dois: Nasceu a 19 de março de 1890 em Santo Amaro, Bahia. Filho de João Ferreira de Araújo Pinho, presidente da Província de Sergipe, em 1876 e Governador da Bahia de 1908 a 1911. Pela linha materna era neto do Barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley, um dos mais prestigiosos chefes do Partido Conservador no tempo do Império. O rico acervo do arquivo do Barão, conservado pela família materna, o gosto do seu pai pelas letras, levaram o jovem Wanderley a ingressar nas lides da História. 
 
Wanderley formou-se em Direito, pela Faculdade Livre de Direito da Bahia, em 1910, quando o governo Araújo Pinho estava em pleno prestígio político, mas foi logo surpreendido com a inesperado renúncia do velho santamarense, o bombardeio da Bahia, e a perda do mandato de promotor público. Em 1917 no salão do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia ele pronuncia uma conferência sobre Costumes Monásticos-Freiras e Recolhidas onde indagava entre curioso e malicioso, se o namoro alí se limitava apenas àquele estimar sem consequência. Seriam puros ou pecaminosos os amores destas freiras?. A conferência surpreendeu a sociedade da época. E a partir de 1929 porém, ele faz sua verdadeira profissão de fé como historiador, da qual não mais se afastaria até 1967, data de sua morte.

Foi diversas vezes relator na Câmara do Orçamento da Marinha e ocupou vários cargos representativos no Ministério Público. Entre 1924 e 1930 foi Deputado Federal. No governo Otávio Mangabeira exerceu a prefeitura da cidade do Salvador (1947/1951). Sua presença no cargo deu grande importância às comemorações do 4º Centenário da Cidade. A História da cidade marchou pelas ruas em apoteose, desde Tomé de Souza até aquele momento. Foi iniciativa sua o desfile do quarto centenário. Foram empreendimentos de sua administração como prefeito, a abertura da primeira pista da Avenida Centenário, o asfaltamento da Estrada da Liberdade, início da construção da Avenida Vasco da Gama, abertura e asfaltamento da Avenida Amaralina e de outras vias urbanas, reforma dos jardins do Terreiro e do Campo da Pólvora. Com o governador Mangabeira, colaborou para a construção do Hotel da Bahia.

Professor de História do Brasil na Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia, marcou época no estudo da disciplina, tendo animado a pesquisa histórica entre seus discípulos. Os alunos eram constantemente incentivados a realizar pesquisas inéditas, procurar material novo, dar novas dimensões aos estudos, especialmente de História da Bahia, com ricos arquivos à disposição. Lutou pela proteção aos monumentos históricos da Bahia. Era presidente de honra do instituto Geográfico e Histórico da Bahia, além de 1º vice-presidente do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro. Era membro da Academia de Letras da Bahia ocupante da cadeira nº1, cujo patrono é o historiador Frei Vicente de Salvador, Wanderley Pinho substituiu ali a Afrânio Peixoto, de quem foi grande amigo. Foi também Ministro do Tribunal de Contas do Estado, cargo no qual se aposentou.

Como historiador, deixou uma obra que pode ser considerada notável. Alguns dos seus livros, estudos definitivos na historiografia brasileira, como História de um Engenho no Recôncavo, Cotegipe e o seu Tempo e Salões e Damas do Segundo Reinado. Pesquisador criterioso, seguro, tinha a preocupação de consultar as melhores fontes para chegar às conclusões. Seu estilo era claro. Ele escreveu algumas páginas verdadeiramente antológicas na literatura histórica brasileira. Deixa inéditos alguns trabalhos de História, inclusive um importante estudo sobre a História Social da Bahia. Entre suas obras estão Política e Políticos no Império (1930); A Sabinada (1930); Cartas do Imperador D.Pedro II ao Barão de Cotegipe (1933); Cotegipe e seu Tempo - Primeira fase -1815/1867 (1937) importante estudo do aspecto político de nossa História; D. Marcos Teixeira - Quinto Bispo do Brasil (1940); Testamento de Mem de Sá (1941); Salões e Damas do Segundo Reinado (1942) onde encontramos as bases do estudo social de um grupo de elite dedicado aos seus prazeres, seus luxos, seus devaneios; História de um Engenho do Recôncavo - Matoim, Novo, Caboto, Freguesia - 1552/1944 (1946), onde ele faz um perfil da economia agrária açucareira do Recôncavo baiano desde o início de sua produção, suas fases de maior desenvolvimento, como também suas fases de depressão; Abertura dos Portos na Bahia (1961); História Social da Cidade do Salvador, 1549/1650 (1968 - edição póstuma sem revisão do autor), entre outros. Vale lembrar a síntese do século XIX, de 1808 a 1856, publicado na História Geral da Civilização Brasileira, sob a direção de Sérgio Buarque de Holanda. Além de livros e muitas obras relativas ao serviço do estado, publicou inúmeros artigos jurídicos, literários e históricos, em jornais e revistas do Brasil.

Ele sabia que o homem está intimamente ligado à época em que vive, ao conjunto de circunstâncias sociais, econômicas, ecológicas ou mesmo antropológicas que traçam o seu destino, e as indagações que ele fez à História, são determinadas pelos problemas de que tem vivência. Wanderley Pinho escreveu biografias e monografias porque eram as indagações do seu tempo. Havia necessidade de apresentar a História das gentes brasileiras, de biografias que nos entusiasmassem pelas qualidades invulgares da pessoa em foco. Em 07 de outubro de 1967 ele faleceu, no Rio de Janeiro, mas sua obra ficou reunida no Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, instalado no Engenho Freguesia, e inaugurado em 1971. O museu proporciona uma verdadeira viagem ao passado, apresentando coleções de mobiliário, imaginária, pinturas e instrumentos agrícolas, dos séculos XVIII e XIX. O museu mantém oficinas, seminários, cursos, palestras e uma série de ações integradas com grupos da terceira idade. Ainda em 1971 O governo do Estado, através da Secretaria de Educação e Cultura instituiu o Prêmio de História e Biografia Wanderley Pinho. E no bairro do Itaigara tem uma rua com seu nome.

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Maurício de Sousa lança gibi da Turma da Mônica com personagens soropositivos


Maurício de Sousa lançou na última segunda-feira (17) seu primeiro gibi com personagens que têm o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Por meio de Igor e Vitória, o criador da Turma da Mônica vai abordar questões como forma de contágio, o que é o vírus, como viver com crianças soropositivas e o impacto social da síndrome.

A ideia dos personagens foi da ONG Amigos da Vida, que atua na prevenção e combate ao HIV/aids. Christiano Ramos, presidente da ONG, diz que o trabalho resolver um problema existente nas mídias voltadas para crianças. “ O Maurício tem uma linguagem bem acessível, bem leve. Ele vem fazer um papel inédito, que é trabalhar a aids com muita leveza, tranquilidade e naturalidade para as crianças”, disse.

Não é a primeira vez que o autor utiliza personagens de seus quadrinhos para levar informação e conscientizar seus leitores. Humberto, que é mudo, Dorinha, que não enxerga, e Luca, que não anda, mostraram que crianças com restrições físicas são crianças normais e devem ser tratadas como tal.

Vamos usar a credibilidade da Turma da Mônica e nossa técnica de comunicação para espantar esse preconceito, principalmente do adulto, que muitas vezes sugerem medo à criançada. Vamos mostrar que a criança pode ter uma vida normal, com a pequena diferença de ter de tomar remédio a tal hora e, caso venha a se ferir, tem que ter alguém cuidando do ferimento. Fora isso, é uma vida normal”, diz Maurício.


O autor diz que Igor e Vitória podem vir a fazer parte do elenco permanente da Turma da Mônica, não necessariamente citando o fato de eles serem soropositivos. Ele explica que o gibi é também voltado para os pais. “É uma revista única no mundo. E também é voltada para os pais. Criança não tem preconceito, são os pais que inoculam”, diz.

Cláudia Renata, que é professora, levou seus filhos Maria Teresa e Lourenço para o lançamento. Ela diz que os filhos, antes de lerem o gibi, perguntaram quem eram aqueles novos amiguinhos. Para Lourenço, de 5 anos, são crianças normais. “Eles têm uma doença e têm que tomar um remédio. Só isso.”

No gibi, Igor e Vitória, que aparecem ao lado dos personagens da Turma da Mônica, têm habilidades com esportes e levam uma vida saudável. A professora na história é quem explica que eles precisam tomar alguns remédios e que, no caso de se machucarem, um adulto deve ser chamado para tomar os cuidados adequados.

São 30 mil exemplares do gibi, que serão distribuídos gratuitamente nas brinquedotecas do Distrito Federal, na pediatria dos hospitais da Rede Amil (um dos patrocinadores do projeto) e nos hospitais públicos do governo do Distrito Federal.

O objetivo da ONG Amigos da Vida é que em 2012 as histórias de Igor e Vitória cheguem também a São Paulo, ao Rio de Janeiro, a Porto Alegre, a Curitiba, a Salvador e ao Recife. (Fonte: Agência Brasil)
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

20 setembro 2012

Amor natural de Drummond

Carlos Drummond de Andrade (1902/1987) – É considerado o maior poeta moderno em língua portuguesa. A temática amorosa pode ser rastreada em toda a obra de Drummond. Mas as últimas publicações do poeta e o livro “O Amor Natural”, ultrapassam o simplesmente amoroso para desembocarem em uma representação estética do amor erótico, que se propõe como encontro também carnal, condição do amor-totalidade. “Em todos os poemas – como analisou a professora Rita de Cássia Barbosa no livro Poemas Eróticos de Carlos Drummond de Andrade -, desnuda-se a mulher, a presença indispensável para acender o impulso erótico do poeta. Explícita ou figuradamente, o eu lírico detém-se na região pubiana feminina, em seios, coxas, nádegas, tomados como objetos de desejo ou instrumento de gozo realizado. Ou são também revividos os encontros sexuais, ocasião em que a femina evolui de objeto desejável a objeto desejado, chegando, como sujeito desejoso, a fonte e receptáculo de prazer. A instância desejante, o homo, expressando-se pela voz do eu lírico, é sempre quem cuida da figuração”.

O que se passa na cama

(o que se passa na cama
é segredo de quem ama.)

É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.

Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme a onça suçuarana,
dorme a cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima...O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.

“O que se passa na cama” reporta-se ao presente, insistindo no “segredo” que assinala a realização do ato amoroso. Segredo e intimidade percorrem todo o poema, graças à freqüência das vogais fechadas e dos sons nasais. Recursos que, associado à utilização da redondilha maior, contribui para a musicalidade do poema, intradenominado “canção de cuna”. Os quatro versos finais, envoltos pelo silêncio de “lençol” e “cortina”, mas “úmidos de sêmen”, reiteram o caráter crítico do poema. Não é na menção explícita aos órgãos sexuais, a sêmen, contudo, o que o erotismo se registra no poema.
No pequeno poema “A Paixão Medida” (1980), que dá título a um de seus livros, o erotismo se oculta, lúdico e malicioso, por detrás dos vocábulos, e se sutiliza, e se resolve em pura poesia: “Trocaica te amei, com ternura dáctila/e gesto espondeu./Teus iambos aos meus com força entrelacei./Em dia alcmânico, o instinto ropálico/rompeu, leonino,/a porta pentâmetra./Gemido trilongo entre breves murmúrios./E que mais, e que mais, no crepúsculo ecóico,/senão a quebrada lembrança/de latina, de grega, inumerável delícia?”.

No livro O Amor Natural, publicado em 1992, cinco anos depois da morte do escritor, se surpreende um Drummond fogosamente audacioso, deliciosamente irreverente. Um Drummond de língua, e boca, e mãos, e falo, e desejo, a cantar o sexo em tom de elegia, entre o exaltado e o melancólico, como a lamentar a fugacidade de prazeres que, de tão humanos, extravasam o divino. É uma coletânea de poemas sensuais, a maioria deles mantida em segredo pelo poeta enquanto estava vivo.

“Ao delicioso toque do clitóris
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando”.

Livros como Amor Amores (1975), Corpo (1984), Amar se Aprende Amando (1985) e Amor, Sinal Estranho (1985) é diferente de Amor Natural. Aqui, o lúdico se torna provocante. Aqui, Drummond é erótico sem jamais tocar no pornográfico. Ele fala de corpos noutros corpos estrelaçados, de mãos que separam pétalas e as acariciam, tendo o céu por testemunha e metáfora do orgasmo.

“A língua lambe as pétalas vermelhas
de rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilongo, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos” (A Língua Lambe).

A publicação póstuma dos poemas ditos eróticos de Carlos Drummond de Andrade, O Amor Natural, suscitou a velha questão dos limites entre erotismo e pornografia. Ocupando o lugar de nosso maior bardo, o único talvez capaz de romper as barreiras do nosso paroquialismo para atingir os grandes espaços da poesia universal afirmou certa vez: “Agora que ficou chato ser moderno/serei eterno”. Em 1985, quando lançada a segunda edição de seus “Contos Plausíveis”, o poeta disse em entrevista que tinha medo de, publicado Amor Natural, ser chamado de “velho bandalho”. “Há no Brasil – não sei se no mundo -, no momento, uma onda que não é de erotismo. É de pornografia”, acrescentou Drummond. “Eu não gostaria que meus poemas fossem rotulados de pornográficos”. Os poemas pouco acrescentam à obra do poeta, que sempre foi abençoado por Eros.

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19 setembro 2012

Drummond: 110 anos de nascimento

No dia 31 de outubro de 2012 marca os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. E o poeta ganhou casa nova, ou seja, depois de 27 anos tendo seus livros publicados pela Record, a Companhia das Letras reeditou toda a obra do escritor, com novo projeto gráfico e conselho editorial próprio. O poeta mineiro foi o homenageado da Flip em 2012, quando o evento completou dez anos.

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em sua décima edição que aconteceu em julho, elegeu o poeta itabirano como o homenageado do evento. O Instituto Moreira Salles lançou o DVD Consideração do Poema: Leituras de Carlos Drummond de Andrade, em que poemas de Drummond são lidos por Caetano Veloso, Cacá Diegues, Adriana Calcanhoto, Milton Hatoum entre outros.

O poeta e pesquisador Eucanaã Ferraz lançou em 2011 pelo Instituto Moreira Salles o livro “Versos de Circunstância”. O abra traz 295 poemas, sendo 229 inéditos, produzidos entre 1951 e 1968. Os textos foram retirados de três cadernos de Drummond, nomeados como versos de circunstâncias. A Companhia das Letrinhas publicou a versão ilustrada de Menino Drummond, que reúne 22 poemas do mineiro. A Globo Livros lançou Cyro e Drummond – Correspondência entre Cyro dos Anjos e Carlos Drummond de Andrade reunindo 50 anos de cartas entre os poetas. A editora também editou sua biografia Os Sapatos de Orfeu, escrita pelo jornalista José Maria Cançado.

Carlos Drummond de Andrade – Coleção Encontros é um livro de entrevistas concedidas entre 1927 e 1987 organizado por Larissa Ribeiro para a Azougue Editora. A obra compõe perfil divertido e surpreendente de Drummond. A Palavra Mágica: Certa palavra dorme na sombra/de um livro raro./Como desencantá-la?/É a senha da vida/a senha do mundo./Vou procurá-la.//Vou procurá-la a vida inteira/no mundo todo./Se tarda o encontro, se não a encontro,/não desanimo,/procuro sempre.//Procuro sempre, e minha procura/ficará sendo/minha palavra.

A obra do poeta mineiro começou a ser reeditada pela Companhia das Letras. Os primeiros volumes já estão nas livrarias: A Rosa do Povo (1945), Claro Enigma (1951), Contos de Aprendiz (1951) e Fala, Amendoeira. Os próximos volumes: Sentimento do Mundo, As Impurezas do Branco, Antologia Poética e Contos Plausíveis.

Poeta, contista e cronista, Drummond é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura latino-americana. É respeitado por críticos nacionais e estrangeiros como um dos grandes poetas universais. Funcionário público, homem de natureza reservada, avesso principalmente às entrevistas, só mesmo no fim da vida o mineiro de Itabira, Minas Gerais, se liberou para as manifestações pessoais. Cada vez mais frequentes, elas foram uma voz lúcida e iluminada. Ao longo de sua vida, produziu mais 40 livros, muitos deles traduzidos para países como França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Suécia, Argentina, Chile, Peru, Cuba, Estados Unidos, Portugal, Espanha e Tchecoslováquia.

Poema de Sete Faces: Quando nasci, um anjo torto/desses que vivem na sombra/disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.//As casas espiam os homens/que correm atrás de mulheres./A tarde talvez fosse azul,/não houvesse tantos desejos.//O bonde passa cheio de pernas:/pernas brancas pretas amarelas./Para que tanta perna, meu Deus,/pergunta meu coração./Porém meus olhos/não perguntam nada.//O homem atrás do bigode/é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos, raros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.//Meu Deus, por que me abandonaste/se sabias que eu não era Deus,/se sabias que eu era fraco.//Mundo mundo vasto mundo/se eu me chamasse Raimundo/seria uma rima, não seria uma solução./Mundo mundo vasto mundo,/mais vasto é meu coração.//Eu não devia te dizer/mas essa lua/mas esse conhaque/botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e morreu no Rio de Janeiro, em 1987, aos 85 anos. Passa boa parte da infância na fazenda da família, "sozinho, entre mangueiras" , como diria, mais tarde, em seu poema Infância, publicado em Alguma Poesia. É tido como um dos mais maiores poetas que o Brasil já teve, comparado aos maiores poetas estrangeiros. Drummond foi redator do Diário de Minas. Mais tarde foi responsável pela abertura no jornal de textos modernistas. Depois de haver completado o curso de Farmácia, atividade profissional que não exerceu, foi convidado pelo amigo Augusto Capanema, então Ministro da Educação, para chefiar o referido gabinete, em 1930.

O mundo é grande: O mundo é grande e cabe/nesta janela sobre o mar./O mar é grande e cabe/na cama e no colchão de amar./O amor é grande e cabe/no breve espaço de beijar.

Mais tarde, Drummond tornou-se chefe do Serviço do Em 1930 lança Alguma Poesia e, em 1934, Brejo das Almas, ambos com textos carregados de fina ironia. Foi uma fase que, enquanto ironizava os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser do poeta de Itabira. Em 1987, doze dias depois da morte de sua única filha Maria Julieta, Drummond morria a 17 de agosto, deixando obras inéditas como O Avesso das Coisas, O Amor Natural e Moça Deitada Na Grama.

O nome de Drummond está associado ao que se fez de melhor na poesia brasileira. Pela grandiosidade e pela qualidade, sua obra não permite qualquer tipo de análise esquemática. Para compreender e, sobretudo, sentir a obra desse escritor, o melhor caminho é ler o maior número possível de seus poemas.

Mãos Dadas: Não serei o poeta de um mundo caduco./Também não cantarei o mundo futuro./Estou preso à vida e olho meus companheiros/Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças./Entre eles, considere a enorme realidade./O presente é tão grande, não nos afastemos./Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.//Não serei o cantor de uma mulher, de uma história./não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela./não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida./não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins./O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,/a vida presente.

Muitos poemas de Drummond funcionam como denúncia da opressão que marcou o período da Segunda Grande Guerra. A temática social, resultante de uma visão dolorosa e penetrante da realidade, predomina em Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945), obras que não fogem a uma tendência observável em todo o mundo, na época: a literatura comprometida com a denúncia da ascensão do nazi-fascismo.

Obras

Poesia:

* Alguma poesia (1930)
* Brejo das almas (1934)
* Sentimento do mundo (1940)
* Poesias (1942)
* A rosa do povo (1945)
* Claro enigma (1951)
* Viola de bolso (1952)
* Fazendeiro do ar (1954)
* A vida passada a limpo (1959)
* Lição de coisas (1962)
* Boitempo (1968)
* As impurezas do branco (1973)
* A paixão medida (1980)
* Corpo (1984)
* Amar se aprende amando (1985)
* O amor natural (1992)

Prosa:

* Confissões de Minas (1944) - ensaios e crônicas
* Contos de aprendiz (1951)
* Passeios na ilha (1952) - ensaios e crônicas
* Fala, amendoeira (1957) - crônicas
* A bolsa e a vida (1962) - crônicas e poemas
* Cadeira de balanço (1970)
* O poder ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso (1972) - crônicas
* Boca de luar (1984) - crônicas
* Tempo vida poesia (1986)
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18 setembro 2012

O rei das selvas completa 100 anos de existência (5)

Filmografia
Todos os títulos em Português referem-se a exibições no Brasil
1918 - Tarzan, O Homem Macaco (Tarzan of the Apes, National), direção de Scott Sidney.Com Elmo Lincoln no papel principal, o primeiro Tarzan nas telas, e Enid Markey (Jane)
1918 - O Romance de Tarzan (Romance of Tarzan, National), de Wilfed Lucas. Com Elmo Lincoln.
1920 - A Vingança de Tarzan (The Revenge of Tarzan, Goldwyn), de Harry Revier. Com Gene Pollar vivendo o herói, só apareceu uma vez, e Karla Schramm.
1920 - O Filho de Tarzan (The Son of Tarzan, National), de Harry Revier e Arthur J. Flaver. Com P. Dempsey Tabler liderando o elenco ao lado de Karla Schramm. fez um filme na era do cinema mudo.
1921 - As Aventuras de Tarzan (Adventures of Tarzan, Western), de Robert F. Hill. Com Elmo Lincoln na peke do rei das selvas ao lado de Louise Lorraine. Seriado em quinze episódios
1927 - Tarzan e o Leão de Ouro (Tarzan and the Golden Lion, FBO), de J.P.Mac Gowan. Com James H. Pierce e Dorothy Dunbar.
1928 - Tarzan, O Poderoso (Tarzan The Mighty, Universal), de Ray Taylor e Jack Nelson. Com Frank Merrill e Natalie Kingston. Seriado em quinze episódios. Frank atuou em dois filmes e foi o primeiro a emitor o grito de guerra.
1929 - Tarzan, O Tigre (Tarzan The Tiger, Universal), de Henry MacRae. Com Frank Merrill e Natalie Kingston. Seriado em quinze episódios.
1932 - Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan The Ape Man, MGM), de W.S.Van Dike. Com Johnny Weissmuller (primeiro Tarzan do cinema sonoro e o mais duradouro dos atores) e Maureen O'Sullivan
1932A Amiga de Tarzan, de Jack Conway e Cedric Gibbons. Com Johnny Weissmuller.
1933 - Tarzan, O Destemido (Tarzan The Fearless, Principal), de Robert Hill. Com Buster Crabbe e Jacqueline Wells.
1935 - A Companheira de Tarzan (Tarzan and His Mate, MGM), com Johnny Weissmuller e Maureen O'Sullivan; geralmente considerado o melhor da série
1935 - As Novas Aventuras de Tarzan (The New Adventures of Tarzan, Burroughs-Tarzan), de E. Kull e W.F. McGaugh. Com Herman Brix. Seriado em quinze episódios, produzido pelo próprio Edgar Rice Burroughs
1936 - A Fuga de Tarzan (Tarzan Escapes, MGM), de Richard Thorpe. Com Johnny Weissmuller e Maureen O'Sullivan
1936 – O Ídolo de Tarzan, de Edward Kull. Com Herman Brix encenando Tarzan.
1937 - A Vingança de Tarzan (Tarzan's Revenge, Fox), de D.Ross Ledermann. Com Glenn Morris e Eleanor Holm. Único trabalho de Morris no cinema: terminado o filme, ele voltou para sua profissão original: bombeiro.
1939 - O Filho de Tarzan (Tarzan Finds a Son!, MGM), de Richard Thorpe. Com Johnny Weissmuller, Maureen O'Sullivan e Johnny Sheffield (Boy)
1941 - O Tesouro de Tarzan (Tarzan's Secret Treasure, MGM), de Richard Thorpe. Com Weissmuller.
1942 - Tarzan Contra o Mundo (Tarzan's New York Adventure, MGM), de Richard Thorpe. Com Johnny Weissmuller
1943 - O Triunfo de Tarzan (Tarzan Triumphs, RKO), de William Thiele. Com Johnny Weissmuller e Johnny Sheffield
1943 - Tarzan e o Mistério do Deserto (Tarzan's Desert Mystery, RKO), de William Thiele. Com Weissmuller.
1945 - Tarzan e as Amazonas (Tarzan and the Amazons, RKO), de Kurt Neumann. Com Johnny Weissmuller, Brenda Joyce e Johnny Sheffield
1946 - Tarzan e a Mulher Leopardo (Tarzan and the Leopard Woman, RKO), de Kurt Neumann. Com Weissmuller.
1947 - Tarzan e a Caçadora (Tarzan and the Huntress, RKO), de Kurt Neuman. Com Weissmuller.
1948 - Tarzan e as Sereias (Tarzan and the Mermaids, RKO), de Robert Florey. Com Johnny Weissmuller e Brenda Joyce
1949 - Tarzan e a Fonte Mágica (Tarzan´s Magic Fountain, RKO), de Lee Sholem. Com Lex Barker e Brenda Joyce
1950 - Tarzan e a Escrava (Tarzan and the Slave Girl, RKO), de Lee Sholem. Com Lex Barker e Vanessa Brown
1951 - Tarzan em Perigo (Tarzan's Peril, RKO), de Byron Haskin. Com Lex Barker e Virginia Huston
1952 - Tarzan e a Fúria Selvagem (Tarzan's Savage Fury, RKO), de Curil Endfield. Com Lex Barker e Dorothy Hart
1953 - Tarzan e a Mulher Diabo (Tarzan and the She-Devil, RKO), de Kurt Neumann. Com Lex Barker e Joyce MacKenzie
1955 - Tarzan na Selva Misteriosa (Tarzan's Hidden Jungle, RKO), de Harold Schuster. Com Gordon Scott
1956 - Tarzan e a Expedição Perdida (Tarzan and the Lost Safari, MGM), de Bruce Humberstone. Com Scott.
1957 – Tarzan Istambulda, de O. Atadeniz. Com Balci Tamer.
1958 - A Luta de Tarzan (Tarzan's Fight for Life, MGM), de Brice Humberstone. Com Gordon Scott e Eve Brent
1959 - Tarzan e os Caçadores (Tarzan and the Trappers, TV); idem; três episódios feitos para a TV, editados como longa-metragem exibido também nos cinemas.
1959 - A Maior Aventura de Tarzan ( Tarzan´s Greates Adventures, Paramount), de Joseph Neumann. Com Gordon Scott
1959 - Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan The Ape Man, MGM), dee Joseph Neumann. Com Dennis Miller e Joanna Barnes; o primeiro Tarzan louro do cinema é considerado o pior de todos os tempos
1960 - Tarzan, O Magnífico (Tarzan The Magnificent, Paramount), de Robert Day. Com Gordon Scott
1962 - Tarzan Vai à Índia (Tarzan Goes to India, MGM), de John Guillermin. Com Jock Mahoney
1963 – Tarzan no Oriente (Metro), de Robert Day. Com Jock Mahoney
1963 - Os Três Desafios de Tarzan (Tarzan's Three Challenges, MGM), de Robert Day. Com Mahoney
1964 – O Homem Leopardo (Century Film), de Charlie Foster (Carlo Veo). Com Ralph Hudson no papel principal.
1965 – Per Una Manciata d´Oro, de Charlie Foster (Carlo Veo). Com Anthony Freeman
1966 - Tarzan e o Vale do Ouro (Tarzan and the Valley of Gold, American International), de Robert Day. Com Mike Henry
1967 - Tarzan e o Grande Rio (Tarzan and the Great River, Paramount), de Robert Day. Com Mike Henry. Filmado no Brasil.
1968 - Tarzan e o Menino das Selvas (Tarzan and the Jungle Boy, Paramount), de Robert Day. Com Mike Henry, também filmado no Brasil
1968 - Tarzan and the Four O'Clock Army, National). Ron Ely; episódio duplo "Four O'Clock Army", da segunda temporada da série de TV, lançado nos cinemas
1970 - A Revolta de Tarzan (Tarzan's Jungle Rebellion, National), de William Wetney. Com Ron Ely. Episódio duplo "The Blue Stone of Heaven", da segunda temporada, lançado nos cinemas
1970 - O Silêncio de Tarzan (Tarzan's Deadly Silence, National), de Robert L. Fried. Com Ron Ely. Episódio duplo "The Deadly Silence", da primeira temporada, lançado nos cinemas
1971Tarzan e os Piratas (Tarzan and the Perils of Charity Jones, National), de Manuel Caño. Com Steve Hwakes.
1972 – O Fabuloso Homem da Selva, de Miles Deem. Com Johnny Weissmuller Jr.
1981 - Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan, The Ape Man, MGM), de John Derek. Com Miles O'Keeffe e Bo Derek.
1984 - Greystoke, A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, Warner), de Hugh Hudson. Com Christopher Lambert e Andie MacDowell
1998 - Tarzan and the Lost City ( Warner). Com Casper Van Dien e Jane March
Desenhos animados
Os estúdios Filmation produziram, entre 1976 e 1982, a série animada Tarzan, Lord of the Jungle, considerada bastante fiel à obra de Burroughs. Este desenho foi exibido no Brasil pelo canal SBT nos anos 80.
Em 1999, os estúdios Disney produziram um desenho em longa-metragem, Tarzan. Nele, alguns fatos tiveram que ser alterados em relação à obra de Burroughs. Por exemplo, no original o pai de Tarzan era assassinado por um gorila. Isto foi mudado, em reconhecimento ao fato científico de que gorilas nunca são violentos. Assim, o pai de Tarzan foi morto por um leopardo. Entretanto, graças à liberdade dada pela animação, este foi o primeiro filme a apresentar o personagem do mesmo modo que Burroughs o havia escrito: um homem que utiliza os movimentos de gorilas, leopardos, serpentes e diversos outros animais.
Entre 2001 e 2003 foi produzida, também pelos estúdios Disney, a série animada A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan), com os personagens do longa de animação e a mesma ambientação deste.

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