06 outubro 2020

Conceição, a garota de cabelos de fogo 02

ESCONDE-ESCONDE - Uma criança fica com os olhos fechados contando até o número que a turma decidir enquanto todos os outros se escondem. Quando acaba a contagem, ela sai à procura dos amigos. Ao encontrar algum, deve encostar nele e voltar correndo para o lugar da contagem. Se conseguir chegar lá antes do amigo encontrado, ele é quem deverá contar e encontrar os amigos na próxima rodada; se o amigo chegar antes, a criança deve procurar outra pessoa escondida e tentar mais uma vez – ou duas, ou três, ou quantas forem necessárias.

 

ESTÁTUA - Coloque uma música e quando a música parar, todo mundo tem que ficar paradinho, igual à uma estátua. Não vale mexer, hein?

 

BOCA DE FORNO - Brincam um mestre e os demais participantes. O diálogo é assim:

MESTRE: Boca de forno

DEMAIS: Forno é

MESTRE: Vão fazer tudo que o mestre mandar?

DEMAIS: Vamos!

MESTRE: E se não fizer?

DEMAIS: Leva bolo

 

Aí, o mestre manda os participantes buscarem algo. Quem trouxer primeiro, será o novo mestre, os demais, levarão palmadas. E assim por diante.

 


DANÇA DA CADEIRA - Colocam-se cadeiras em círculo, cada participante senta-se, sendo que uma criança é destacada para dirigir o jogo, este deve estar vendado. O dirigente da brincadeira grita: já! Todos levantam e andam em roda das cadeiras. O dirigente retira uma cadeira. À voz de já!, todos procuram sentar. Quem ficar sem lugar comandará a nova volta. Assim, as cadeiras vão sendo retiradas e o grupo vai diminuindo. Será o vencedor aquele que conseguir sentar na cadeira no último comando.

 

GATO COMEU - Pegar na mão da criança com a palma para cima e ir tocando cada dedinho, começando pelo dedo mínimo:

 

Dedo Mindinho,

Seu vizinho,

Pai de todos,

Fura-bolo,

Cata-piolho

(Apontando para a palma da mão da criança)

Cadê o toucinho que estava aqui?

Criança responde: O gato comeu!

 

Imitando um rato, adulto caminha com dos dedinhos pelo braço da criança até o pescoço, fazendo cosquinhas

 


SEU LOBO - Um jogador é escolhido para ser o lobo e se esconde. Os demais dão as mãos e caminham em sua direção, enquanto cantam:

 

Vamos passear na floresta,

enquanto o seu lobo não vem,

tá pronto, seu lobo?

 

O seu lobo responde que ele está ocupado, tomando banho, enxugando-se, vestindo-se, como quiser inventar. Então os demais participantes se distanciam e depois voltam fazendo a mesma pergunta e recebendo respostas semelhantes. A brincadeira se repete até que, numa dada vez, seu lobo, já pronto, sem responder nada, sai correndo atrás dos outros. Quem for pego, passa a ser o novo seu lobo.

 




Essas são algumas das brincadeiras da Conceição para alegrar a criançada. Mas agora tá todo mundo em casa por causa de um vírus que se espalhou pelo mundo.

 

Esse vírus, por ser tão pequenininho, pode ser transmitido pelo ar, através da tosse ou espirro, sem a gente perceber. Se a gente abraçar, der as mãos ou beijar uma pessoa que esteja com o vírus, pode se infectar também. Ele ainda pode ser transmitido se a gente encostar as mãos em algum objeto que esteja contaminado, como telefone, corrimão de escadas, maçaneta de porta e botão de elevador e depois colocar as mãos nos olhos, na boca ou no nariz

 

O coronavírus gosta de viver no corpo humano e pode passar de uma pessoa para outra. Isso quer dizer que ele é contagioso. Esse vírus causa uma doença. A gente fica com tosse e febre e, às vezes, com dificuldade de respirar quando está doente.

 

A única forma de se proteger desse bichinho é ter alguns cuidados:

 

Lave as mãos com água e sabão sempre, sempre, sempre. Várias vezes por dia… Tem

que esfregar entre os dedinhos, lavar na parte de cima, na parte de baixo, as unhas e os

pulsos…

 

Mãos sujas na boca, no olho ou no nariz? Nem pensar! Não deixe que esse vírus entre

no seu corpinho de jeito nenhum, tá?

 

O álcool em gel também é muito bom para deixar as nossas mãos sempre limpinhas.

Peça a ajuda de um adulto antes de usar.

 

O álcool em gel também é muito bom para deixar as nossas mãos sempre limpinhas.

Peça a ajuda de um adulto antes de usar.

 

Use a máscara sempre que precisar sair de casa.

 

O melhor a fazer neste momento é ficar em casa. Invente brincadeiras, desenhe bastante, faça receitas deliciosas, leia historinhas, pule e dance muito. Existem mil maneiras de se divertir!

 

Assim, Conceição, a menina do cabelo de fogo, vive espalhando alegria em todo lugar que passa!.

 

 

 

 

05 outubro 2020

Conceição, a garota de cabelos de fogo 01

O vermelho é a primeira de todas as cores. Quem afirmou isso foi o historiador francês Michel Pastoureau. A simbólica cor vermelha está quase sempre associada à do Sangue e à do Fogo. E, quer um quer outro, pode merecer uma conotação positiva ou negativa.

 

Você já parou para pensar no significado que as cores têm em nossa vida? O vermelho, por exemplo, remete a felicidade, fortuna, força, amor, paixão, energia, poder, excitação. O vermelho foi a primeira cor que o homem batizou e é a mais antiga denominação cromática do mundo.

 

Na cultura cristã o vermelho-sangue positivo, é o que dá a vida, que purifica e santifica. É então sinal de força, energia e redenção. De outro modo, o vermelho tomado negativamente é símbolo de impureza, violência e pecado. O vermelho da carne impura, dos crimes de sangue e até dos homens revoltados contra o seu Deus. O vermelho da cólera, da mancha e da morte.

 


Vermelho é usado contra o mau-olhado. Está aí a explicação das fitinhas do Senhor do Bonfim, das fitinhas amarradas em crianças recém-nascidas, da pimenta vermelha, tudo para espantar os invejosos. Dizem até que Chapeuzinho Vermelho usava o chapéu dessa cor para se proteger do lobo mau.

 

Essa cor é usada intensamente na publicidade e comunicação visual. Vermelho também é conhecida como a Cor do Perigo e da Proibição. Veja nas sinalizações de estradas, ferrovias, vias marítimas ou aéreas, vermelho = perigo, vermelho = não passar, o vermelho dos semáforos. Tem também a linha vermelha, telefone vermelho, alerta.

 

Mas também é a cor do amor, do dinamismo e da criatividade (cor que mexe, atrai, que parece próxima). Cor que aguça o apetite (aperitivos vermelhos). Cor da alegria e da infância, das bolas e brinquedos vermelhos, frutos vermelhos (doces, açúcares e bombons vermelhos)

 


Depois de toda essa introdução, vou falar de uma garota que nasceu com cabelos cor de fogo. Seu nome: Conceição, moradora do bairro da Saúde que fica pertinho do famoso Pelourinho. Desde criança ela se destacava entre as outras por possuir cabelos vermelhos. Isso foi ruim? Ela responde:

 

“Nunca me importei muito com as brincadeiras pesadas de alguns colegas me chamando de cabelos de dragão, vermelho de bruxa ou de sangue. O importante era que eu sempre gostei da cor vermelha. Se eles não gostam não estou nem aí...se mudem!”

 

E assim ela foi vivendo, espalhando alegria aonde ia. Gostava muito de brincar de bonecas, de esconde-esconde,  caça ao tesouro, esconde o anel, entre outras. A garotada de hoje não conhece por isso vou ensinar:

 

AMARELINHA - A criança deve marcar a casa em que não poderá pisar jogando nela uma pedrinha. Pulando, ela atravessará o desenho feito no chão, desviando da casa marcada, e retornará, desta vez recolhendo a pedrinha. Primeiro é escolhida a casa com o número 1, depois o número 2 e assim por diante. Se a criança perder o equilíbrio ou pisar nas linhas, volta para o começo. Ganha quem marcar as dez casas primeiro.

 


CAÇA AO TESOURO - Que tal esconder uma surpresa em alguma parte da casa e dar pistas para que os pequenos a encontrem? Um adulto esconde um “tesouro” (que pode ser qualquer coisa, desde um brinquedinho de uma das crianças o até um saco de frutas ou doces) e elabora pistas que levarão os pequenos a encontrá-lo. As pistas devem ter a ver com o caminho que deverá ser feito até chegar a ele. Juntas, as crianças seguem as pistas e trocam ideias caso haja dúvidas. No final, encontram o tesouro e brincam ou lancham todas juntas.

 


PASSA ANEL - Uma criança fica com o anel entre as mãos enquanto as outras permanecem sentadas uma ao lado da outra e todas com as palmas das mãos unidas. A criança com o anel passa suas mãos pelas mãos dos amiguinhos e solta o anel nas mãos de um deles, sem que os outros notem. Quando acaba, pergunta para um dos participantes (que ela escolhe) com quem ele acha que está o anel. Se ele acertar, será o próximo a passar o anel; se errar, passará o anel quem o tiver recebido.


04 outubro 2020

50 anos sem os gritos e uivos, urros e gemidos

Ela teve um fim precoce e trágico. Há 50 anos, no dia 04 de outubro de 1970, morria a lendária cantora que redefiniu o papel feminino no rock and roll: Janis Joplin, a garota que viveu as cores de seu pesadelo. Insegura, insatisfeita e suicida. Desarmada, depressiva e eufórica. Janis simboliza o protótipo perfeito da cantora de blues, que ela unia ao rock para fazer as plateias passarem da emoção ao fogo, em canções como Piece of my heart, Turtle blues, My and Bob Mcgee, Mercedes Bens, Summertime.

 

Toda sua insegurança, moldada pela crueldade com que sua aparência e seu gênio provocavam na mentalidade estreita vigente em Port Arthur nunca mais a abandonou. O racismo texano também criava conflitos para Janis, que era considerada uma nigger love (amante de negros) só porque não conseguia hostilizá-los como os colegas faziam. Pearl é como gostava de ser chamada, e como se escondia das adversidades.

 


Fazendo sua cabeça com a leitura dos escritores beats, como Jack Kerouac e Allen Ginsberg aos 15 anos, Janis se voltava para a cultura negra, desencantada com os valores da classe média branca dos EUA. Daí para a música negra foi um passo. Foi no Festival Monterey Pop, no verão de 1967 que Janis surgiu como uma jovem branca de longos e despenteados cabelos louros. Mas no instante em que o Big Brothers começou a tocar, aquela figura anteriormente de menina assustada passou a se transformar. A banda tocava Piece of My Heart e a cada nota do contrabaixo, ela dava uma pancada com a mão na perna. Ao final do número, o público entrou em delírio.

 

Apesar do apocalipse do Who, do fogo de Hendrix, Janis agarrou o microfone, gemeu, bateu os pés, sacudiu a cabeça, gritou e incendiou o ar. O canto de Joplin conseguia expressar toda a revolta, as dúvidas e perplexidades que os jovens tinham com o mundo em que viviam. Com seus cabelos longos e despenteados, sua voz áspera, seus gritos roucos, Joplin fez renascer o blues.

 


Carente, angustiada, quando cantava Joplin jogava todos os seus conflitos internos. “Minha música é sobre o sofrimento, sua urgência. Sua presença”. Também no palco se entregava completamente. Acariciava o microfone, gemia, implorava e batia os pés. “Eu canto com a minha voz, meu corpo, meu sexo. Nenhum cara nunca me fez sentir tão bem quanto uma plateia me faz”.

 

A branquela, sardenta e gorducha mocinha texana depois de desestruturar todo o arcabouço do clássico e pretensamente negroide Summertime, pergunta diretamente a Deus por que Ele não lhe compra um Mercedes Benz, uma televisão a cores. A branca cantora de blues que se fez negra pela cor de sua voz interroga e cobra do grande deus consumista as promessas que a sociedade lhe fizera desde o berço. Por quê?.

 

Foi inovadora no vocal e em atuação no palco. Na época, ninguém fazia o que Janis estava fazendo. No final de 1969 ela já estava tensa, cansada, acabada. Bebe desesperadamente, está viciada em heroína e continua só. Transa com vários garotos, mas continua só. Em janeiro de 1970 pede ajuda médica e decide abandonar o vício, começa um tratamento e vem para o Brasil em fevereiro, procurando um lugar onde pudesse descansar e tomar sol. Chegou no Rio de Janeiro, depois para a Bahia onde descansou em Arembepe. Mas, na volta à rotina dos shows, excursões e gravações, os mesmos problemas a encontraram. Assim, do conflito entre duas personalidades (Pearl a garota que surgiu como uma espécie de autopunição e Joplin cantora), nascia o canto animal da única mulher branca a cantar blues com a sexualidade e o desespero que só (raras) intérpretes negras a possuem.

 


No dia 04 de outubro de 1970, aos 27 anos ela foi encontrada morta, depois de injetar acidentalmente uma superdose de heroína. Seu legado é dos mais reduzidos: Cheap Thrills, (I Got Dem'01) Kozmic Blues, Pearl, Big Brother & The Holding Company, Janis Joplin in Concert, Janis (trilha sonora do filme).

 

Assim foi Janis numa carreira fulminante, incendiária. Ela só tinha uma limitação: era basicamente intérprete. E intérprete irreverente a uma escola específica, o blues. Sua luminosidade é ter expressado publicamente uma sensualidade feminina triunfante e positiva, embora – ainda – sofrida. Agora, 50 anos do desaparecimento da estrela, vale essa recordação, um réquiem.

 

02 outubro 2020

70 anos sem o traço de J.Carlos

Há 70 anos morria um dos mais originais caricaturistas brasileiros da primeira metade do século XX, J. Carlos. Ele foi o caricaturista mais importante de seu tempo. O humor, a rapidez e clareza de seu traço registram as mudanças de costumes e comportamento ocorridas no Rio de Janeiro, na virada do século XIX.

 

Caricaturista, chargista, ilustrador, publicitário e humorista, José Carlos de Brito e Cunha (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1884 — Rio de Janeiro, 2 de outubro de 1950), o J. Carlos, nasceu e viveu no Rio de Janeiro. Foi um dos maiores cronistas visuais de seu tempo, retratou com beleza e elegância o cotidiano da cidade e seus habitantes. Com seu traço art déco, criou edifícios, paisagens e personagens, como as melindrosas, com seu figurino sofisticado e penteados modernos, que ilustraram as principais publicações que circularam na primeira metade do século XX.

 


Foi um dos primeiríssimos representantes do modernismo no Brasil, com a leitura – direta ou indireta – que fez do art nouveau e do art déco a partir da década de 1910. Isso está evidente nos desenhos que fez de arranha-céus, em seus interiores, móveis, luminárias, estamparia, nas roupas e nos corpos de suas melindrosas e afrodites. Base sobre a qual rapidamente desenvolveu um estilo completamente seu, inconfundível e inimitável.

 


Ao longo de sua carreira J. Carlos, com suas charges, faz a crônica do processo de urbanização da capital carioca e dos seus efeitos sociais. A vertente política é explorada pelo artista desde o início de sua carreira, sendo ele o responsável pela execução de uma série de charges antibelicistas executadas no período abrangido pelas duas grandes guerras e principalmente durante os dois governos de Getúlio Vargas. Seus desenhos testemunham o surgimento do telefone, da fotografia, do chope, do samba, do bonde elétrico, do automóvel, do cinema, do rádio, do avião, da cultura do futebol, da praia e do carnaval, e no campo político, a República Velha, a Revolução de 30, o Estado Novo e as duas Guerras Mundiais.

 


José Lins do Rego escreveu que J.Carlos está para a caricatura brasileira como Villa Lobos para a Música e Machado de Assis para a Literatura. Sua carreira na imprensa durou quase 50 anos e concentrou-se em torno de sua colaboração com duas grandes empresas editoriais: a Careta e O Malho.

 


Entre 1902, quando viu seu nome impresso pela primeira vez, e 1950, ano em que morreu, José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950) publicou mais de 50 mil desenhos. Foram caricaturas, charges, cartuns, ilustrações, letras – capitulares, títulos, cabeçalhos –, vinhetas, adornos, peças de publicidade, enfim, tudo o que é possível fazer a lápis, caneta e pincel para ser impresso. Com meia dúzia de exceções inexpressivas, tudo o que desenhou em 48 anos de trabalho foi para ser publicado em revistas, jornais e livros.