09 fevereiro 2019

The Sandman Universe


Obra-prima de Neil Gaiman, Sandman é um marco dos quadrinhos, uma das mais aclamadas HQs de todos os tempos. É também a história que mostrou, como nenhuma outra, o potencial artístico do formato com o seu terror gótico. Sandman traz a história de Sonho, um dos 7 perpétuos. Trata-se de uma épica série que foi de 1989 até 1996. Para comemorar os 30 anos do lançamento desse clássico, Gaiman aprovou The Sandman Universe, nova linha de quadrinhos que não apenas vai dar continuidade ao universo desenvolvido por Gaiman, mas também deve expandir os personagens que já existiam antes disso. Assim, quatro novas publicações serão lançadas pelo selo Vertigo, da DC Comics, em parceria com escritores distintos, supervisionados pelo próprio autor.

 


O projeto começa com uma edição especial e única, chamada apenas de The Sandman Universe, que vai contar o que está acontecendo no reino dos sonhos e atualizar os leitores antigos e novos com os fatos mais recentes, como o desaparecimento de Sonho, o que deixou o caos reinar. Lúcifer, Timothy Hunter e novos moradores do mundo dos sonhos também terão importantes papeis neste desenvolvimento.

 


A primeira edição escrita por Nalo Hopkinson, Kat Howard, Si Spurrier e Dan Watters, com supervisão de Gaiman. A arte da brasileira Bilquis Everly, com capa de Jae Lee. Nos meses seguintes, os quatro escritores serão responsáveis pelas séries que serão originadas do “one-shot”.

 


House of Whispers mostrará uma nova entidade do vudu que acaba indo parar no mundo dos sonhos a partir da casa que dá nome à publicação; Books of Magic será uma sequência dos quadrinhos dos anos 90, do próprio Neil Gaiman, focados no menino bruxo Tim Hunter; The Dreaming seguirá personagens coadjuvantes de Sandman, como Lucien e Matthew, enquanto exploram o mundo dos sonhos sem a presença de seu senhor; enquanto Lucifer mostrará o personagem do título destituído de seu poder, preso em uma cidade pacata de onde ninguém pode sair.

 


“Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó”. Foi essa frase de T.S. Eliot que serviu para embalar o lançamento dessa série e também dar asas à imaginação de Neil Gaiman, um britânico destinado a criar uma das sagas mais revolucionárias e inovadoras dos quadrinhos contemporâneos.

 


Poucas HQs na história do mundo ocidental transcenderam o gênero e romperam barreiras como Sandman conseguiu. Mesclando mitologias modernas e fantasia sombria, além de acrescentar elementos modernos, históricos e míticos, Sandman foi considerada uma das séries mais artisticamente ambiciosas dos quadrinhos. Quando foi concluída, em 1996, já tinha mudado a nona arte para sempre e se tornado um fenômeno de cultura pop, bem como um marco das HQs, tornando difusa a fronteira imaginária entre os quadrinhos de massa e o que consideramos como arte.




07 fevereiro 2019

Lembrando Carmen Miranda




“Taí/Eu fiz tudo pra você gostar de mim/Ó, meu bem/Não faz assim comigo, não/Você tem/Você tem/Que me dar seu coração” (Taí, de Joubert de Carvalho)





Fevereiro é época de festa, alegria, carnaval, e centenário de Carmen Miranda. A pequena notável de quadris redondos, movendo-se ao som de uma batucada sensual e sua brejeirice natural está completando cem anos de nascimento. No dia 09 de fevereiro de 1909 (há 110 anos) na pequena Marco de Canaveses, Portugal nascia Maria do Carmo Miranda da Cunha. Pouco depois de seu nascimento, seu pai emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara do concelho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.



“No tabuleiro da baiana tem/Vatapá, caruru, mungunzá, tem umbu/Pra Ioiô/Se eu pedir você me dá/O seu coração, seu amor/De Iaiá” (No tabuleiro da baiana, de Ary Barroso)

 


"Carmem Miranda foi uma das primeiras expressões internacionais do Brasil, sempre com o seu personagem característico travestido de turbante de frutas tropicais, balangandãs, tamancos altíssimos e um jeito de cantar gesticulando e revirando os olhos. Apesar de ter nascido em Portugal, em 1909, veio para o Brasil aos dois anos de idade, e sempre assumiu um lado brasileiro de ser", disse Tânia.



“Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí/Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati/Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão/E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão” (Camisa listrada, de Assis Valente)

 


A artista fez gravações antológicas, amplamente reproduzidas até hoje, mesmo depois de 54 anos de sua morte, como "Taí", de Joubert de Carvalho; "Camisa Listrada", de Valente; "No tabuleiro da baiana" e "Na baixada do sapateiro", de Barroso; "O que é que a baiana tem?", de Dorival Caymmi, dentre outras. Atuou também em 13 filmes, nos Estados Unidos.



“O Que é que a baiana tem?/O Que é que a baiana tem?//Tem torço de seda, tem!/Tem brincos de ouro tem!/Corrente de ouro tem!/Tem pano-da-costa, tem!/Sandália enfeitada, tem!/Tem graça como ninguém/Como ela requebra bem!//Quando você se requebrar/Caia por cima de mim/Caia por cima de mim/Caia por cima de mim//O Que é que a baiana tem?/O Que é que a baiana tem?/O Que é que a baiana tem?/O Que é que a baiana tem?//Tem torço de seda, tem!/Tem brincos de ouro tem!/Corrente de ouro tem!/Tem pano-da-costa, tem!/Sandália enfeitada, tem!/Só vai no Bonfim quem tem/(O Que é que a baiana tem?)/Só vai no Bonfim quem tem/Só vai no Bonfim quem tem//Um rosário de ouro, uma bolota assim/Quem não tem balagandãs não vai no Bonfim/(Oi, não vai no Bonfim)/(Oi, não vai no Bonfim)” (O que é que a baiana tem?, de Dorival Caymmi)

 


Para homenagear o maior ícone pop do Brasil a Sony/BMG lançou em 2009 no centenário de nascimento da artista um CD duplo com os sucessos da artista. E na São Paulo Fashion Week (18 a 23 de fevereiro) os fãs da Pequena Notável puderam conferir a exposição Carmen Miranda para sempre.

 


Carmen Miranda é até hoje a cantora brasileira que mais fez sucesso no exterior. Dona de um estilo absolutamente único e particular, tanto na maneira de cantar como na performance de palco, teve uma vida de mito, cheia de glórias e dramas. Ela morreu em agosto de 1955, mas continuou sendo sempre lembrada por meio de shows e discos de homenagens, filmes, documentários sobre sua vida.

06 fevereiro 2019

40 anos do Olodum


Fundado em 1979, há 40 anos, o Olodum estreou no Carnaval de 1980 e gravou seu primeiro Lp Egito, Madagascar em 1987, que incluía a música Faraó divindade do Egito, até hoje uma referência em seu trabalho. O sucesso da turma do Pelô ultrapassou as fronteiras do país levando o grupo a se apresentar na Europa, Japão e Estados Unidos. A batida forte e marcante do samba reggae, criado na época por Neguinho do Samba, chamou a atenção de astros como Wayne Short, Jimmy Cliff, Herbie Hancock e do cineasta Spike Lee. Paul Simon convidou o grupo para gravar a música The Obvious Child, no disco The Rhythm of the Saints. Com Michael Jackson, gravou o clipe da música They Don´t Really Care About Us.



Fonte inesgotável, onde muitos artistas da axe music costumam beber com freqüência, o Olodum possui ainda um arsenal de sucesso respeitáveis: Avisa Lá (Roque Carvalho) também gravada por Cae e Gil no CD Tropicalia 2, Rosa (Pierre Onassis), Berimbau (Pierre Onassis, Germano Meneghel e Marquinhos Marques), I miss her (Lazaro Negrumy), Deusa do amor (Valter Farias e Adailton Poesia), entre muitas outras



Quando foi criado em 1979, o Olodum era para ser só mais um bloco afro no Carnaval de Salvador. Acabou virando um centro de reflexão sobre a cultura negra e uma atração internacional. A partir de 1984 o diretor de bateria Neguinho o Samba começou a pesquisar novas batidas e ritmos com as crianças eu formavam a banda mirim do Olodum. O resultado foi uma mistura irresistível de reggae, samba, lambada, merengue e toques africanos que ajudou a concretizar a explosão de um mercado regional n Bahia. As bandas conhecidas como Mel, Reflexu´s, Chiclete com Banana e Gerônimo, Sarajane e Luis Caldas venderam quase um milhão de cópias. Todos gravaram músicas de compositores dos blocos afros, ou se inspiraram na nova batida durante as gravações.

 


No Olodum, melodias e letras difíceis são aliadas a um trabalho exclusivamente de percussão. Ao contrário dos afoxés, que saem com atabaques de pele de animal, os blocos afros usam instrumentos de percussão pesados. Neguinho do Samba transformou suas pesquisas com as crianças do Pelourinho para o grupo de adultos. As percussões são divididas para soarem como outros instrumentos. Os repiques som como metais. Os antigos 105 (também instrumentos percussivos) garantem a marcação rítmica. A distribuição entre tons graves e agudos impressionou Paul Simon, que disse: “Nunca ouvi nada igual”.



“Faraó, Divindade do Egito”, de Luciano Gomes dos Santos, compositor de 18 anos na época, foi o grane tema do carnaval baiano de 1987. A banda Mel gravou a música, como também uma adaptação de Ladeira do Plô, de Betão, que acompanhou o Olodum desde 1984. A banda preferiu gravar os versos mais does: “Eu vou e vou e eu vou/subir a ladeira do Pelô (...)/balançando a banda pra lá/balançando a banda pra cá”. A letra completa, na versão do bloco afro, demonstra qual o objetivo do Olodum, filho direto do bloco Ilê Aiyê, defensor da negritude formada em 1974: “Aganjou, allujá, muito axé/canta p povo de origem nagô/o seu corpo na fica mais inerte/que o bloco Olodum já pintou/me leva que eu vou, sou/Olodum Deus dos Deuses/vulcão africano do Pelô”.

 


Se os afoxés – alguns muito antigos, como Filhos de Ghandi, que sai no carnaval baiano há 70 anos têm uma nítida coloração religiosa, o bloco afro Olodum preferiu assumir uma iniciação social e política, a partir da mudança da diretoria, entre 1983 e 1984. Até então, Olodum era um bloco de carnaval. E só. Mas a própria origem dos blocos afros nega esta proposta. Eles surgiram como um protesto contra a discriminação aos negros no chamado carnaval internacional de Salvador. Hoje, no Largo do Pelourinho, o Olodum – palavra que significa rei dos orixás, ou rei dos reis – promove atividades culturais. Aulas de dança, música, palestras e seminários que tentam registrar a história da escravidão, revoltas e origens dos negros na Bahia.

 


E o carnaval é uma história à parte. Olodum já se inspirou na Cuba de Fidel, em 1986, quando o bloco saiu multicolorido, com batas e boinas. Em 1987, o tema foi a possível origem nagô dos antigos egípcios, descoberta por Sheik Arita Diop. No carnaval de 1988, Olodum saiu inspirado em Madagascar, ilha perdida entre a Africa e o Oriente, caldeirão de raças e som.

04 fevereiro 2019

Filhos de Gandhy comemora 70 anos de fundação


O bloco de afoxé Filhos de Gandhy – coletivo masculino fundado em 18 de fevereiro de 1949 com inspiração na ideologia pacifista do ativista indiano Mahtama Gandhi (1869 – 1948) – comemora 70 anos de fundação.





Em 1949 os estivadores do cais de Salvador, praticantes do candomblé, fundam o afoxé Filhos de Gandhy. A idéia de formar o afoxé surgiu durante uma greve nos portos ingleses que deixou a estiva de Salvador sem trabalho por alguns dias. A mensagem do líder indiano Mahatma Gandhi, assassinado em 1948 chegou aos ouvidos dos estivadores. Assim, com 40 homens que tinham fama de feiticeiros e valentões o Filhos de Gandhy saiu pela primeira vez no carnaval de 1949.

 


Os lençóis brancos serviram de turbante e os vidros de alfazema foram utilizados como banho de cheiro. Os colares de contas já estavam colados ao corpo daqueles negros religiosos. O nome de Gandhi foi adotado porque era o precursor da paz no mundo. O grupo já chegou a reunir dez mil homens na avenida. A grande mancha branca no asfalto negro da cidade emociona a todos. O imenso tapete branco leva uma imagem de incrível força e beleza, e se mantêm vivo e fiel a todos os elementos rituais.

 


Os componentes dos Filhos de Gandhy baseiam seu som no ritmo da percussão e em cânticos na língua africana iorubá. Eles se vestem com lençóis e toalhas brancos que simbolizam as vestes indianas.  Além da roupa e do turbante, usam colares azuis e brancos e perfume de alfazema. Quem assiste ao cortejo, acaba ganhando de presente os famosos colares como forma de se desejar a paz.



O Afoxé Filhos de Gandhy reúne mais de 10 mil membros. Entre as celebridades que costumam a participar do seu cortejo carnavalesco estão celebridades como Gilberto Gil e Carlinhos Brown. Gil gravou em 1977 a Patuscada do Gandhy (Arivaldo Fagundes Pereira) projetando-o país afora. Tornou-se uma espécie de padrinho oficial.

 


O Gandhy, nas ruas de Salvador, cultua uma das nações que é a Ijexá, impregnando a avenida com o ritmo peculiar e cadenciado dessa nação, ofertando ao público maçãs, peras, uvas, alimentos que representam a limpeza do corpo, da aura, perfumando as ruas com sua alfazema, transformando a avenida em um imenso tapete branco simbolizando a bandeira da paz. No desfile são utilizadas algumas alegorias que relembram o sentimento de Mahatma Gandhi: o elefante, símbolo da força que teve para não curvar-se diante do poder inglês; o camelo, símbolo da resistência que manteve fiel aos ideais de liberdade mesmo quando preso; a cabra, símbolo da vida porque através do leite pode recuperar as forças e continuar a peregrinação em favor da liberdade do povo indiano.

 


Após alguns anos de quase invisibilidade na mídia, o Afoxé Filhos de Gandhy sem perder o contato com a tradição e de olho no futuro, adotou novas tecnologias tanto administrativas quanto estéticas, visando potencializar a sua imagem diante dos meios de comunicação existentes e um contato maior com formadores de opinião e seus associados. O Afoxé Filhos de Gandhy tem como missão através do entretenimento, pregar a paz e abrigar em seu ambiente, pessoas de todos os credos, condições sociais e raças e ser referência nacional e internacional de uma organização divulgadora dos preceitos de paz