28 outubro 2015

Turma do Xaxado estreia na TVE


Estreia no dia 31 de outubro, às 15h na TV Educativa da Bahia, A Turma do Xaxado, série de animação, a primeira do gênero realizada no estado. A produção, que tem 26 episódios de um minuto cada, é da Liberato Produções com a TVE Bahia. Cláudio Guido assina a direção. Tom Figueiredo, parceiro de criação de Cedraz, fez o roteiro e a direção de arte é de Aires Machado

O criador da Turma do Xaxado foi um desbravador de sonhos. Nascido numa pequena cidade do interior baiano ele lutou muito para provar que os sonhos são possíveis quando se dedica a eles. Com um mercado atolado em super ele veio mostrar a nossa realidade, nosso costume, o rosto do nosso povo e a identificação com o público leitor foi imediata.

Ele lutou para mostrar seu trabalho na mídia, mas sua trajetória é de luz. Através de suas tirinhas publicadas em jornais e revistas, além do seu site (www.estudiocedraz.com.br) ele começou a ganhar prêmios e menções honrosas em concursos e exposições no Brasil e exterior. E a simplicidade do homem rural continuou em sua vida, sempre acreditando nos seus sonhos.

Antônio Luis Ramos Cedraz, mais conhecido por Cedraz é o nosso quadrinista mais conhecido da Bahia, é o nosso porto seguro, nossa identidade deste mundo globalizado. Com ele nunca vamos perder nossas raízes, pois ele fala a língua de sua gente simples e humilde. Fazer quadrinhos no Brasil (e ainda mais na Bahia sem tradição de editoras) é possível? Esse rapaz prova que sim, basta acreditar nos sonhos e caminhar com altivez, com seriedade, se aprofundando e se inteirando de todos os recursos que essa arte pode lhe proporcionar.

COMEÇO - “Tudo começou em 1998, quando Sérgio Mattos editor do caderno Municípios, do jornal A Tarde pediu-me para fazer algumas histórias com um personagem interiorano. Levei algumas tiras de Xaxado, imediatamente aceitas e publicadas duas vezes por semana. Logo depois, o personagem migrou para a seção de quadrinhos do jornal e passou a ser publicado diariamente. Depois, vieram cartões telefônicos, revistas em quadrinhos, revistas de atividades, exposições, seis troféus HQ Mix e mais de duas dezenas de livros publicados”, contou Cedraz.

“A Turma do Xaxado mergulha sobre as lendas e sobre a dura realidade do sertão, sem descuidar da crítica social, e produz um resultado tão eclético que às vezes é difícil precisar a que faixa etária se destinam as histórias. Xaxado agrada igualmente a criança e o adulto. Diverte, ensina e chama à reflexão. Num
mercado editorial saturado de criaturas super-qualquer-coisa, que só falam inglês, é um colírio encontrar uma publicação que fale de nossas raízes e dá voz aos que passam por inaceitáveis desamparo em pleno século XXI”, informa Cláudio Oliveira, mestre em Letras que defendeu dissertação sobre A Turma do Xaxado.

ORIGEM – Xaxado é uma dança de guerra e entretenimento criada pelos cangaceiros de Lampião no inicio dos anos 20, no agreste pernambucano. Ainda na época do cangaço tornou-se popular em todos os bandos de cangaceiros espalhados pelos sertões nordestinos. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque naquela época ainda não havia mulheres no cangaço. Originalmente a estrutura básica do xaxado é da seguinte forma: avança o pé direito em três e quatro movimentos laterais e puxa o pé esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. Os passos estão relacionados com gestos de guerra, são graciosos, porém firmes. a presença feminina aparece depois da inclusão de Maria Bonita ao bando de
Lampião.

A origem da palavra é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa feito pelos dançarinos quando arrastam as alpercatas no chão. Xaxado retrata a vida rural do nordeste mostrando o dia a dia do sertanejo sob os mais diversos aspectos: o dia a dia, a relação com a terra, as lendas e mitos, a seca e muito mais.  A simplicidade e originalidade do autor em muito se assemelha aos seus personagens, seja ele Xaxado (o líder da turma, neto de cangaceiro), Zé Pequeno (o preguiçoso), Marieta (sabe-tudo da turminha), Arturzinho (filho de fazendeiro abastado), Seu Enoque e Dona Fulô (pais de Xaxado), entre outros. Eles dão vida, humor e significado também a cultura baiana.



27 outubro 2015

Mestre do desenho satírico: Thomas Rowlandson


Thomas Rowlandson (1756-1827) foi pintor, desenhista e gravador inglês, um dos grandes mestres dodesenho satírico e humorístico que florescia em Londres. Ele é bem conhecido por suas caricaturas, mas também produziu muitos e belos desenhos e pinturas eróticas durante o início de 1800. Considerado o mais potente caricaturista de costumes de seu tempo que apareceu entre a segunda metade do século XVIII e os dois decênios do XIX.

Na idade de dezesseis anos, ele viveu e estudou por um tempo em Paris. Sob clima espiritual e da vida cheia de facilidades encontrada nas terras francesas ele esbanjou mocidade e dinheiro. Daí a fonte obsessiva e a explicação do abusivo e intenso erotismo de que se reveste sua obra.

Retornando a Londres, reinicia seus estudos na Royal Academy, onde seu lápis fixa e acompanha a vida local. Depois ele fez tours frequentes no Continente, enriquecendo a sua carteira com diversos apontamentos de vida e caráter.  Em 1775 expôs na Academia Real de um desenho de "Dalila Sansão visitar na prisão", e no ano seguinte, ele foi representado por vários retratos e paisagens.


Rowlandson frequentou uma sociedade fértil em bêbados, jogadores, debochados excêntricos de todos os quilates, que lhe serviram de pano de fundo a cenário delirante encontrado a miúdo em seus cartoons. Aquela comunidade de prazeres e vícios nas tavernas deram nascimento aos “clubs”, obra que tanto chocou a “pud bonderie” dos ingleses e que só anos mais tarde saiu da clandestinidade.

Ele jamais escamateou o comentário moralizador ou papel de um julgador da ordem social. O que ele fez foi espiar o erotismo latente de seus conciliadores, a intimidade de alcovas ou outros sítios onde o prazer andava à solta sem subordinação a preconceitos.

Naquele tempo da vivência do artista, a caricatura era um objeto de arte, um luxo, pouco acessível pois eram editadas em pranchas soltas e de pequenas tiragens, verdadeiro privilégio de aristocratas e ricos. Quando eram expostas nas lojas dos vendedores de estampas provocavam aglomeração popular diante das vitrinas, dadas sua fácil e comunicativa linguagem gráfica.

Dono de muita facilidade de execução e um comando de pronto da figura, foi falado de como um estudante promissor, e se tivesse continuado a sua aplicação antecipada, teria feito sua marca como um pintor. Mas com a morte de sua tia, uma senhora francesa, ele caiu herdeiro de uma soma de £ 7000, mergulhou na dissipação da cidade e era conhecido por se sentar à mesa de jogo de 36 horas em um estiramento. Em tempo de pobreza alcançou-o, e pela amizadee exemplo de James Gillray Bunbury e parecem ter sugerido caricatura como meio de preenchimento de uma bolsa vazia.


Rowlandson foi largamente empregada por Rudolph Ackermann, o editor de arte, que em 1809-11 emitido em sua Poética Magazine "O mestre-escola de turismo" - uma série de placas com versos ilustrativos pelo Dr. William Coombe. Novamente gravada por Rowlandson em 1812, e publicado com o título do "Tour do Dr. Sintaxe em busca do pitoresco", que tinha alcançado uma quinta edição de 1813, e foram seguidos em 1820 por "Dr. Sintaxe em busca da Consolação ", e em 1821 pela  Terceira turnê do Dr. Sintaxe em busca de uma esposa. 

Os projetos Rowlandsons eram geralmente executados em contorno com a caneta-cana, e delicadamente lavadas com cor.  Foram então gravados pelo artista sobre o cobre e, posteriormente, aqua-matizada - geralmente por um gravador profissional, sendo as impressões coloridas à mão, finalmente. Como designer, ele foi caracterizado pela maior facilidade de desenho, e a qualidade de sua arte sofreu este pressa e excesso de produção. Ele era um humorista muito refinado, lidando com menos frequência do que o seu Gillray feroz contemporânea com a política, mas comumente se tocando, num espírito mais gentil, os vários aspectos e acontecimentos da vida social.

Seu trabalho mais artístico pode ser encontrado entre os desenhos mais cuidadoso de seu período anterior, mas mesmo entre a exagerada caricatura do seu tempo mais tarde, encontramos indícios de que este mestre do humor pode ter atingido a bonita que ele tinha assim o quis.  Além da série de gravuras, foi autor de diversas xilogravuras eróticas que, mesmo hoje, seriam consideradas pornográficas. Foi um sátiro de primeira linha.

Para Alan e Laurel Clark, Rowlandson era, tecnicamente, um artista melhor, mas ao seu trabalho faltava a mordacidade de Gillray. Os seus desenhos eram mais suaves, as suas sátiras e caricaturas não eram, nem de longe, tão ferozes. Mas as cenas que descreviatabernas, paisagens, locais de encontros, etceram desenhadas com grande rigor. Criou, igualmente, a primeira personagem a aparecer com regularidade sob a forma de desenho, em The Tours of Dr. Syntax (1798). As viagens do Doutor foram publicadas em livro em 1812, 1820 e 1822.

Anos mais tarde foi editado, nos EUA, uma série de pranchas em número de 50, a cores, sob o título The Amorous Illustrations of Thomas Rowlandsin.