09 setembro 2010

Saul Steinberg, artista gráfico

Artista romeno de nascimento, Saul Steinberg (1914-1999) foi um dos mais importantes artistas do século XX. Desenhista e cartunista do meio editorial de 1936 a 1999, ele percorreu considerável parte do século XX publicando em revistas de destaque do cenário mundial, em especial na The New York. A famosa capa para a New Yorker que mostrava a visão do mundo segundo o americano médio, “View of the World from 9th Avenue” foi uma das imagens mais plagiadas das artes gráficas. Também importante referência de seu trabalho foi o personagem anônimo de seus cartuns, um homenzinho narigudo que provavelmente inspirou boa parte da produção posterior do cartum, animação e propaganda.


Sua influência é perceptível na obra de muitos artistas gráficos. Steinberg participou de uma “ruptura” na cultura do desenho editorial, desenvolvendo um trabalho de maior amplitude gráfica, maior integração entre forma e conteúdo, e ausência de palavras. Desta ruptura tomaram parte não apenas cartunistas estrangeiros como André François e Tomi Ungerer, como os brasileiros da geração Pasquim, Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e o baiano Lage.


Cartunista híbrido que transitou por revistas e galerias, seu desenho é simples, sintético, de traço fino feito à caneta, um dos aspectos fundamentais do cartum moderno. O humor mudo também foi objeto de atenção dos pesquisadores, pois se mostra presente em praticamente todo o seu trabalho a partir dos cartuns para a New Yorker, fruto da busca do cartunista em explorar os aspectos gráficos dos desenhos. Outro aspecto observado em seus trabalhos diz respeito à ilusão gráfica, ou seja, o uso dos recursos de ambiguidade e imagens duplas. A obra “The Line”, criada em 1953 para um mural em Milão, marca um divisor de águas, inaugurando um maior interesse de Steinberg por ambiguidades gráficas (1953-1959). E em meados dos anos 60 seu estilo de desenhos urbanos feitos em cenários explosivos inspirados na história em quadrinhos underground.

FAMÍLIA - Criado em uma família de classe média judaica, Saul Steinberg passou sua juventude na Roménia, que sempre lembrado como "um país em forma”, para iniciar os estudos de graduação em filosofia em Bucareste. Em 1933 partiu para Milão, onde se formou em arquitetura na Escola Politécnica, cartoons publicação na revista satírica Bertoldo .

O período italiano deixou uma marca importante na vida de Steinberg, que ao longo de sua vida manteve contatos com artistas e intelectuais italianos (principalmente Aldo Buzzi), retornando várias vezes para trabalhar na Itália. Na Itália (1933-1941) ele tem sua estreia como cartunista profissional na revista Bertoldo. Em 1940 , devido a leis raciais, fui forçado a deixar a Itália para os Estados Unidos, onde começou a trabalhar para o New Yorker. Era o início de uma parceria frutuosa (642 ilustrações e 85 coberturas), durou cerca de sessenta anos.


Em 1943, tendo cidadania americana, ele se alistou na Marinha, e passou os anos da guerra entre o Extremo Oriente, África e Itália. Nas décadas seguintes, ele viajou extensivamente em África, América e Europa, além de viver em Paris, Hollywood, e na Itália, e consolidando sua reputação como um caricaturista mudo, luz e profundidade. Em 1952 ele esteve visitando o Brasil, expôs no Museu de Arte de São Paulo.


No mestrado do ilustrador paulistano Daniel Bueno defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de S.P., ele afirma que a mostra de Steinberg ajudou a fazer com que se tornasse a primeira referência de vários desenhistas daqui: "Diria que o cartum de Steinberg foi uma das maiores referências desde gênero moderno de cartum que passou a ser produzido: mais gráfico, mudo, sintético, abstrato". O pesquisador paulistano deixa claro que Steinberg não é o criador do humor mudo. Mas ter feito cartuns menos realistas e mais abstratos e metafóricos funcionou como um divisor de águas na área.


TEMAS - 0s temas caros ao artista são muitos, mas giram em torno da consciência "da linha é uma linha": cada pessoa e cada personagem que vem da caneta de Steinberg está consciente de ser desenhada. Em outros temas que se cruzam: a identidade construída (passaportes e documentos falsos, impressões digitais, máscaras, reflexos, o da

vida social (em muitos trabalhos dedicados à vida pública americana, em desfiles), uma das palavras (nas repre

sentações de verbos e adjetivos como personagens de banda desenhada na representação de linguagens.

Os desenhos e ilustrações de Steinberg (independentemente do tempo em Itália) têm aparecido em revistas americanas Life, Time, New Yorker e Harper's Bazaar. Sua obra mais famosa é visão do mundo de 9th Avenue, abranger uma série de New Yorker, em 1976.

Seus desenhos foram expostos em mais de 80 exposições individuais e agora estão preservados em diversos museus de arte moderna em Israel, Europa e Estados Unidos. Além do design, Steinberg praticavam uma forma altamente pessoal da escultura, criando máscaras em materiais diversos.

Saul Steinberg fez mais de 1,2 mil trabalhos para a New Yorker, onde trabalhou por quase 60 anos. Feitos em folhas de um caderno de 1954, eles são exemplo do ataque às "convenções que podem tornar a vida uma monótona sucessão de comportamentos previsíveis", segundo Rodrigo Naves.

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3 comentários:

natureza mãe disse...

Parabens pela página e idéia de falar do grande artista gráfico.
O seus desenhos foi a fonte de pesquisa da maioria dos cartunistas brasileiros.

Gutemberg disse...

Obrigado pelo acesso. O trabalho de Saul é muito bom mesmo e influenciou muita gente

Unknown disse...

Porque nessa
Imagem Saul não desenhou as costas do seu trabalho