A obra de Walter Benjamin é cultuada na América Latina e tem auxiliado na construção de uma “cultura da memória” no continente. A obra benjaminiana permeia uma “espécie de anarquismo melancólico de esquerda”, bem como sobre a posição de vanguarda de Benjamin ao pensar as Humanidades de modo transdisciplinar – prática hoje tão em voga – já nos idos dos anos 1930. A predileção latino americana por Walter Benjamin está ligada à tradição do ensaio – gênero adotado por ele, que transita entre o discurso literário, sociológico, histórico, antropológico, político. A América Latina tem grande tradição de ensaístas.
Benjamin escreveu sobre diferentes temas – teoria de história, da tradução, sobre a violência e as mudanças no modo de recepção das obras de arte, entre muitas outras questões que abordou – sempre de modo original e profundo. O pensador via a história como um palco onde aquilo a que chamamos de progresso é revelado como sendo um acumular de catástrofes. Esta visão dramática e ao mesmo tempo crítica atrai os intelectuais latino-americanos, que convivem em sociedades marcadas pela desigualdade e por conflitos sociais.
TRANSDISCIPLINAR - Benjamin nunca se filiou ao Partido Comunista e foi inclusive um grande crítico da política como instituição. Ao longo de sua vida ele desafiou as fronteiras entre as disciplinas. Ele era filósofo, germanista, romanista, sociólogo, teórico das artes e da tradução, sem contar que também era grafólogo. O modo transdisciplinar de se pensar as Humanidades está em voga e Benjamin já o praticava nos anos 1930.
Para Benjamin, a revolução não é o resultado “natural” ou “inevitável” do progresso econômico e técnico, mas a interrupção de uma evolução histórica que conduz à catástrofe. Esse perigo catastrófico está a serviço da emancipação das classes oprimidas. Sua preocupação é com as ameaças que o progresso técnico e econômico promovido pelo capitalismo faz pesar sobre a humanidade.
Benjamin coloca no centro de sua filosofia da história o conceito de catástrofe. “A catástrofe é o progresso, o progresso é a catástrofe. A catástrofe é o contínuo da história”, observou em uma das notas preparatórias às Teses de 1940. A obra de Benjamin tem auxiliado na construção da cultura da memória, que é também uma luta contra o esquecimento e a perpetuação da injustiça. Ele mostrou um modelo da imagem da história como acúmulo de catástrofes.
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