21 setembro 2010

70 anos sem Walter Benjamin, mas com o pensamento na modernidade (1)

No dia 26 de setembro completa 70 anos do desaparecimento do pensador alemão Walter Benjamin (1892-1940), considerado um dos mais importantes críticos literários da Alemanha do inicio do século XX. É um dos expoentes da escola de Frankfurt, ao lado de Theodor Adorno e Max Horkheimer. O nazismo e a guerra, que lhe dispersaram o grupo inicial, não lhe destruíram a unidade de espírito. Walter Benjamin foi um dos pilares da Escola, mas, ao mesmo tempo, afastou-se dela à medida que avança na direção do marxismo. Os múltiplos interesses dos pensadores de Frankfurt e o fato de não constituírem uma escola no sentido tradicional do termo, mas uma postura de análise crítica e uma perspectiva aberta para todos os problemas da cultura do século XX, torna difícil a sistematização de seu pensamento.

A obra de Walter Benjamin é cultuada na América Latina e tem auxiliado na construção de uma “cultura da memória” no continente. A obra benjaminiana permeia uma “espécie de anarquismo melancólico de esquerda”, bem como sobre a posição de vanguarda de Benjamin ao pensar as Humanidades de modo transdisciplinar – prática hoje tão em voga – já nos idos dos anos 1930. A predileção latino americana por Walter Benjamin está ligada à tradição do ensaio – gênero adotado por ele, que transita entre o discurso literário, sociológico, histórico, antropológico, político. A América Latina tem grande tradição de ensaístas.


Benjamin escreveu sobre diferentes temas – teoria de história, da tradução, sobre a violência e as mudanças no modo de recepção das obras de arte, entre muitas outras questões que abordou – sempre de modo original e profundo. O pensador via a história como um palco onde aquilo a que chamamos de progresso é revelado como sendo um acumular de catástrofes. Esta visão dramática e ao mesmo tempo crítica atrai os intelectuais latino-americanos, que convivem em sociedades marcadas pela desigualdade e por conflitos sociais.

TRANSDISCIPLINAR - Benjamin nunca se filiou ao Partido Comunista e foi inclusive um grande crítico da política como instituição. Ao longo de sua vida ele desafiou as fronteiras entre as disciplinas. Ele era filósofo, germanista, romanista, sociólogo, teórico das artes e da tradução, sem contar que também era grafólogo. O modo transdisciplinar de se pensar as Humanidades está em voga e Benjamin já o praticava nos anos 1930.

Para Benjamin, a revolução não é o resultado “natural” ou “inevitável” do progresso econômico e técnico, mas a interrupção de uma evolução histórica que conduz à catástrofe. Esse perigo catastrófico está a serviço da emancipação das classes oprimidas. Sua preocupação é com as ameaças que o progresso técnico e econômico promovido pelo capitalismo faz pesar sobre a humanidade.


Benjamin coloca no centro de sua filosofia da história o conceito de catástrofe. “A catástrofe é o progresso, o progresso é a catástrofe. A catástrofe é o contínuo da história”, observou em uma das notas preparatórias às Teses de 1940. A obra de Benjamin tem auxiliado na construção da cultura da memória, que é também uma luta contra o esquecimento e a perpetuação da injustiça. Ele mostrou um modelo da imagem da história como acúmulo de catástrofes.

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