De 01 de setembro a 03 de outubro na Caixa Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro. Tel. 3421-4200) será aberta a Mostra de charges, caricaturas, cartuns e tiras de Hélio Lage. A mostra é aberta de terça a domingo, das 09 às 18h, curadoria de Nildão, produção cultural de Alice Lacerda, com o apoio da TV E e patrocínio da Caixa. Além da exposição, haverá palestra e debates no mesmo local. Dia 14, das 8:30 às 12h está programada uma oficina “A caricatura como forma de expressão artística”, apresentada por Paulo Setúbal. No mesmo dia pela tarde, das 14h às 16h, palestra de Nildão sobre “O Processo criativo do humor gráfico: o cartum.”. E das 16h às 18h, palestra sobre “Vida e obra de Hélio Lage” pelo professor Washington Filho.
Na quarta-feira, dia 15, das 8:30h às 12h, oficina sobre “Do desenho a animação: processo e técnicas” ministrada por José Vieira. Pela tare, das 14h às 16h, palestra sobre “Humor gráfico na Bahia: trajetória e perspectivas” por Gutemberg Cruz. E das 16h às 18h, palestra sobre “O papel do cartunista em um veículo de mídia”, por Cau Gomez. E para os aficcionados nos trabalhos de Lage, vale conferir o site:wwwheliolage.com.br.
CALIGRÁFICO - O humor caligráfico de Lage tem uma marca pessoal muito forte e traz, por inteiro, a perplexidade nossa de cada dia. É um quadrinho cartunístico que se cristaliza através de questões políticas, sociais e culturais, conferindo ainda seus efeitos ideológicos e sua marcante criatividade. Enquanto muitos desenhistas se distanciavam da realidade brasileira, Lage procurava se aprofundar mais em nossas questões. Militou na imprensa nanica, também chamada de independente ou alternativa, nos tempos da ditadura militar; fez crônicas na TV e deu até aulas sobre desenhos de humor.
O humor de comportamento, que conquistou leitores nos anos 50, foi forçado, pelo clima estabelecido a partir da Revolução de 1964, a dar lugar ao humor político, engajado. Os cartunistas se
armaram contra o ataque, mas os meandros do comportamento humano, o sexo, o casamento, a cultura, enfim, tudo aquilo que faz os costumes do cidadão brasileiro foi posto de lado pelos desenhistas de humor.
Mas Lage, como grande crítico do cotidiano, dissecou as leis e pacotes vindos de Brasília, além de mostrar a política local em suas charges diárias. E nas tiras continuou se dedicando ao relacionamento humano, seus conflitos e insegurança, registrando a irreverência baiana com o seu traço simples.
Lage pertence à história dos nossos quadrinhos/cartuns. Era um homem simples, de bom papo e cultivador dos momentos humorísticos da vida. Desde seu relacionamento com as pessoas que o cercavam, até o momento em que executava um trabalho, era um humorista nato - além de arquiteto e pintor nas horas vagas.
Desenvolvendo sua atividade de cartunista com bastante brilho, Lage tornou-se um nome respeitado entre os que fazem humor e quadrinhos. Seus desenhos são sua melhor forma de e
xpressão, que compensam o seu lado introvertido. O lado humorístico, presente não só nas tiras mas também nas
charges políticas, são a contrapartida do seu temperamento melancólico.
TRAJETÓRIA - Em sua trajetória, o lúdico, o satírico e o real traçaram sua vida - e desde cedo teve contato com as formas e a criação. Ainda criança, fazia bonecos de cera e ganhou prêmio no concurso da Toddy. Aos 15 anos se apaixonou pelo desenho. Em 1967 foi trabalhar como ilustrador na Revista de Turfe. Em 1969 começou a desenvolver charge e tiras de humor no jornal recém-fundado, Tribuna da Bahia. Na série Estorinha do Lage, começou a publicar um herói espacial, sátira ao super-herói. Ainda na serie criou o papagaio Put.
Nos anos 70 começou a desenhar uma página inteira de humor no jornal O Dia, de Piauí. Durou um ano. Em seguida começou a ilustrar a coluna esportiva de
Carlos Eduardo Novaes, no Jornal
do Brasil. Depois veio a serie Cartunzão, muito irreverente. Para o suplemento A Coisa, criou L´amu tuju L´amu, abordando os costumes e comportamentos populares.
Nos anos 80 começou outra serie de tiras diárias, Tudo Bem, onde a mulher, Kátia Regina, era a personagem principal, mesmo com a presença constante de Arlindo Orlando. Em 1989 foi ao ar na Radio Educadora FM o especial Lage, Cartunista Baiano, onde as tiras Tudo Bem foram transportadas para a linguagem radiofônica.
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