A estrutura da tese está organizada em
três partes. Na primeira parte, a apresentação do semanário A Coisa dentro de
um lugar na história da imprensa baiana, e os diálogos com a imprensa periódica
do Recife e do Rio de Janeiro. Foi proposto um discurso acerca das relações
entre história, cultura e imagem na Bahia da Primeira República a partir do uso
das fontes textuais e visuais encontradas n’A Coisa, especialmente suas
politipagens.
As questões acerca da produção e
circulação do periódico, seu conjunto de redatores, os jornais baianos que
influenciaram na sua produção, e também seus concorrentes de vida breve. Foi
proposto nessa parte inicial apresentar as características físicas d’A Coisa, e
discorrer sobre a associação de amigos responsáveis pela produção de suas
crônicas, poemas, chistes suas pequenas imagens, bem como de sua circulação e
seu caráter político.
A segunda parte privilegia as imagens
com maior dimensão. Momento no qual discute a autoria e as intenções de seus
autores, e propõe aportes dessas imagens a partir do diálogo com imagens
canônicas e suportes variados, como esculturas, poemas e o cinema. Desloca as
imagens das páginas d’A Coisa para visualizar os detalhes sobre a representação
desses corpos, matizes, os gêneros e seus valores hierárquicos, na composição
de uma narrativa analítica que evidencia esses valores, configurada a partir de
uma operação capaz de significar e perceber os signos que constituem as
relações das práticas responsáveis por determinar sentimentos de pertencimento
e exclusão de homens e mulheres brancos e negros no cenário da sociedade do
Brasil da Primeira República.
“Esse processo de análise não consiste
apenas no efeito de um
olhar, mas também de uma operação técnica. Esta é a
parte da tese em que evidenciamos de forma bastante didática nossas
observações, a minuciosa descrição e análise dessas imagens”, revela o
pesquisador.
Na terceira parte privilegiou-se as
análises das imagens selecionadas nos periódicos A Coisa e A Malagueta
integradas aos textos que as circundam, enquanto um diálogo na busca pelos
indícios e pistas que evidencie as identidades de seus autores. Embora os dois
jornais tenham sido produzidos pelo gravurista e redator Arthur Arezio da
Fonseca, a autoria e a técnica dessas imagens variam ao longo dos anos e
recebem colaboradores não nominados.
É nesta parte que o corpo masculino é
analisado a partir da sua representação remissiva ao advento da Abolição da
escravatura no Brasil. Centrou-se finalmente na descrição e análise das
questões que foram suscitadas ao longo da primeira e segunda partes, focando na
representação visual dos corpos masculinos negros, levantando questões
relacionadas à hierarquia, o lugar e o não-lugar determinados para negros e
brancos na República.
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