A natureza é sempre muito
generosa, mas é inegável que há lugares onde ela parece ter se esmerado mais
para mostrar aos homens toda a sua grandiosidade e força. A Chapada Diamantina
é um desses lugares, um espetáculo à parte, com 84 mil km² de belezas naturais,
dos quais 152 mil hectares formam o Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Aqui, canyons, vales, chapadões, cavernas, grutas, lagoas e despenhadeiros, sob
um tapete de vegetação que mistura campos floridos, um pouco do cerrado, de
caatinga e mata atlântica tornam o lugar pura exuberância. Sem mencionar as
águas, que deslizam ora calmas, ora revoltas através de ribeirões, rios,
corredeiras, piscinas naturais e cachoeiras.
Mesmo localizada no sertão da
Bahia, a Chapada Diamantina possui um clima úmido por causa da sua altitude. O
local abriga os três pontos mais altos do estado: o Pico das Almas, com 1.958m
de altitude, o do Itobira, com 1.970m e o Pico do Barbalho, com 2.080m acima do
nível do mar. Misturando muito verde em clima de aventura, a região é formada
pela imponente Serra do Espinhaço, que se estende de Minas Gerais até divisa da
Bahia com o Piauí. Todas as cidades oferecem boas opções para comer,
principalmente Lençóis, a grande pedida é a comida simples e caseira, como o
bife acebolado e a moqueca de peixe, bem como a carne-de-sol com aipim.
OURO E DIAMANTE – Muitos se
lembram da profecia de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos, que dizia
insistentemente que “sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Pois é,
profecias a parte, estudiosos garantem que a Chapada já foi mar e, que seu
ambiente maravilhoso deve a isso. Segundo os mesmos, a água que entrava pelo
continente depositava sedimentos na região, fazendo com que a areia fosse dando
forma às rochas, com veios de diamantes. A criação e ocupação das cidades da
Chapada Diamantina é fruto direto da exploração do diamante. Antes da sua
descoberta a região era pouco povoada e comandada pelos índios Maracás, a
agropecuária praticada nas grandes fazendas era a atividade econômica
principal.
Por volta de 1710 foi descoberto
ouro no sul da Chapada, mal o ouro havia se esgotado, os diamantes
foram
descobertos. Com a corrida do diamante foram nascendo as cidades. O dinheiro
que corria à solta nas lavras atraía gente de todos os lugares: aventureiros,
sertanejos que abandonavam as lavouras, fugitivos da justiça, donos de
escravos, prostitutas, comerciantes, capangueiros, garimpeiros oriundos do
Arraial do Tijuco, atualmente Diamantina, e tantos outros.
No entanto, após 25 anos, da fase
áurea do ciclo do diamante, o esgotamento da lavra na Chapada provocou o
desmoronamento da economia e a decadência dos municípios. A recuperação recente
se deve ao desenvolvimento do turismo e à implantação de pólos de agricultura
moderna. Ainda hoje alguns moradores vivem do garimpo, apesar da região ter
sido transformada em Parque Nacional.
PREFERIDA DOS TURISTAS –
Encravada na Serra do Sincorá está a pequena e graciosa Lençóis. Também
conhecida no passado como a “Cidade dos Diamantes”, é o roteiro preferido dos
visitantes que vão a Chapada. Antigamente, no ciclo do diamante, os garimpeiros
armavam suas barracas de toldo, parecendo lençóis estendidos às margens dos
rios mais ricos em diamantes, daí a origem do nome da localidade. Seu encanto
vai desde o conjunto de seu casario colonial, com cerca de 20 ruas, praças e
269 casarões, passando pela hospitalidade dos habitantes, que não dispensam um
bom papo, até um passeio no fim de tarde pelas ruas de calçamento irregular
feito com pedras, onde a luz dourada do sol que se põe envolve o velho casario.
A sensação é de viagem no tempo.
Saindo de Lençóis, mas ainda na
trilha das maravilhas da Chapada, chegamos ao Poço Halley, que fica em um
canyon com mais ou menos 3m de largura, é outra aventura singular. A água é de
cor acobreada, como na maioria dos rios da região, devido a grande presença da
matéria orgânica. Imperdível também é o Salão de Areias Coloridas, formado pela
erosão de rochas graníticas e arenito, onde os artesãos recolhem areias de
diversas cores para montar desenhos dentro de garrafas. Esta aí uma linda
lembrança para se levar da Chapada.
Ir na Chapada Diamantina e não
conhecer a Cachoeira da Fumaça, é o mesmo que ir a Salvador e não ouvir axé.
Localizada no município de Palmeiras, a água e o vento se encontram para
produzir chuveiros naturais, mas quando o leito do Riacho da Larguinha, que
forma a cachoeira, está baixo, acontece então o efeito fumaça, que é quando a
queda d´água não tem volume suficiente para descer os seus 370m de altura,
fazendo com que a água se espalhe como se fosse vapor, voltando a subir.
POÇO ENCANTADO - Outro lugar de
extrema magia é o Poço Encantado, no município de Itaitê, que fica dentro de
uma gruta com 40m de profundidade. Suas águas cristalinas permitem ver até o
fundo, de abril a outubro, um raio de sol penetra por apenas alguns minutos
pela manhã, refletindo nas rochas e dando ao lugar uma incrível cor azul,
talvez por isso seja considerada a maior atração natural da Chapada.
Estreitas ou largas, secas ou
inundadas, mas todas muito bonitas. A Área de Proteção Ambiental (APA
Marimbus-Iraquara) abriga a maior concentração de cavernas da América do Sul,
são 120. As abertas à visitação são: a Pratinha, a Gruta Azul, a Lapa Doce,
Torrinha, Buraco do Cão e Diva de Maura. Em muitas destas é possível fazer
mergulhos. Já está cansado ou acha que viu tudo? Isso aqui não é nem o começo!
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