27 outubro 2014

Violência (1)



O Brasil nasce com violência.
O país começa com os colonizadores chegando aqui e dizimando os índios.
Depois temos os africanos capturados para trabalhos à força na lavouram com extrema violência.
A nossa democracia racial tão falada a partir da figura do mulato, mas esqueceram de que o mulato no Brasil é fruto do estupro das mulheres negras pelos brancos.
A violência sempre esteve entre nós.
 
A falta de perspectiva dos jovens leva ao caminho mais rápido para a afirmação dentro do seu meio,tanto como elemento ou como graduação de riqueza. É difícil explicar a um jovem do subúrbio que o caminho para realização é o trabalho árduo, quando se verifica a malversação de fundos, a corrupção, o nepotismo, a sonegação e tantos crimes do colarinho branco. O jovem, como é da sua natureza, tem pressa. A escola deixa a desejar. O ambiente familiar é corrosivo, emprego não existe e, se existe, o salário em sua maior parte, e de sobrevivência pura e irrestrita. Então, quando ele vê um primo, tio, vizinho quase analfabeto circulando com carros caros, roupas de grife e bebendo uísque importado, quer também o seu quinhão. Abandona a escola e entra na marginalidade. Falta de garantia de futuro e da perda de perspectiva.

Nossa criminalidade é uma doença social. Temos uma sociedade injusta, perversa, milhões de pessoas vivendo na miséria e sem nenhuma perspectiva. Para o analista Roberto Gambini, “em parte, a violência que nos assola tem origem nessa frustração, nessa negação cabal da possibilidade de ingresso no mundo do trabalho dignamente remunerado e do crescente conforto. Um segmento urbano da sociedade brasileira – e aí entram a influência de estruturas patológicas de personalidade, histórias de privação afetiva, de abuso, falta de acolhimento e de experiência de pertencimento, etc – opta pela violência como meio de consecução de objetivos basicamente inatingíveis”.

NÚMEROS - Os números mostram que a violência pesa no bolso de cada brasileiro, e sangra os cofres do país. Muitas vezes o dinheiro gasto não compra proteção. Em 2006 os gastos dos governos federal, estaduais e municipais com segurança chegaram a R$ 35 bilhões, com penitenciárias e com as polícias e servidores da área de segurança. Empresas e cidadãos gastaram outros R$ 37 bilhões. Entraram na conta, por exemplo, despesas com vigias e equipamentos de segurança, seguros de carros, do comércio, indústria, setor de serviços e o gradeamento de prédios.

Um estudo divulgado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a educação, a ciência e a
cultura mostrou que entre os anos de 1999 e 2004 a criminalidade cresceu no interior do Brasil e, nos últimos anos aumentou também o número de jovens vítimas de crimes violentos. Os casos de violência nas grandes cidades muitas vezes ofuscam o que acontece no interior dos estados. O responsável pela pesquisa atribui esse fenômeno a falta de medidas de segurança no interior e também no surgimento de novos pólos de desenvolvimento econômicos nessas áreas.

Há uma percepção que se espalha entre os cidadãos, da necessidade de buscar solução para o problema da insegurança pública. O Brasil não vai ficar mais seguro com uma ou duas medidas isoladas. Tem que começar com o cuidado com a educação, pois para muitos especialistas, as escolas são um dos principais equipamentos para prevenção da violência pois identifica jovens que começam a se envolver com a criminalidade, delinquência e violência. Os profissionais que trabalham, no ensino devem estar preparados para lidar com essa situação. Depois o diálogo com os pais. A família unida reduz os índices da criminalidade.

PUNIÇÃO - Depois da década de 80, uma série de crime fez os Estados Unidos mudarem as leis. Em vez de buscar apenas a reabilitação dos presos, o país também passou a punir os infratores com mais rigor. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo: mais de dois milhões de presos. A média per capita também é a mais alta, um preso para cada 140 adultos. As penas de prisão para criminosos violentos são longas, sem possibilidade de liberdade condicional.

Até os anos 80, prevalecia nos EUA a filosofia de reabilitação dos presos. Mas uma onda de crimes nas grandes cidades levou a população a eleger políticos que pregavam a punição dos criminosos. Novas leis foram aprovadas, impondo penas rigorosas. E a criminalidade caiu. A certeza da punição cria um forte incentivo para que crimes não sejam cometidos. Para muitos especialistas no assunto, o Brasil precisa reforçar a polícia, os tribunais e o sistema penitenciário para que os criminosos tenham certeza de que serão punidos.


24 outubro 2014

Poesia, poesia, poesia, alimento do dia



Rio morre de sede


Existem rios de navegar
navegam barcos, barcaças e balsas
no vai e vem de um dia a dia sem parar
e suas corredeiras partem de seu curso d'água para o mar
mas a poluição fluvial pode provocar sua morte
seja na ocupação desenfreada para industrialização
ou moradia de terrenos ribeirinhos,
e os danos são irreversíveis ao rio
cujas águas podem parar
e no seu leito o rio secar
Assim, o rio morre de sede,
as águas não mais escorrerão
e da nascente até a foz
nada poderá salvar
esse rio que um dia corria para o mar
e no seu córrego, no seu regato,
igarapé, buritis e muitos pássaros
nunca mais irão passar
esse rio, agora jaz!
(Gutemberg Cruz, 2014) 



Amor lilás

O vento da noite
está soprando
o cheiro forte de amor lilás.
O dia morreu na orgia
do pôr do sol roxo de vinho.

E eu alimento os deuses
de meus pensamentos insanos
Nesse momento sinto seu sopro
modiscando meu pescoço
Fecho os olhos e abro o coração
me exponho nesse chão agreste
Você feito flecha se apressa
em atingir meu corpo sã
Agora só resta o vento
caminhando em frestas e flores
e em todos meus amores. (Guto)

  
COMEÇO

No começo você foi mais quente
entrava batendo a porta
me fotografava com o olhar ardente
me beijava mastigando os dentes
e me abraçava sofregamente;

No começo você foi mais gente
apertava minhas mãos sedento
beijando meu corpo fervendo
e conversava altas horas no relento.

No começo você foi eterno
parecia feito em sal
eu levava os lábios sôfregos
e ungia o seu corpo todo
você não se desprendia
vibrava em mim, vivia em mim
no começo foi somente amor.



CALIGRAFIA


Você é intrigante e instigante
vive sob o signo da multiplicidade
das confluências e dos campos disciplinares
transita entre um movimento e outro
é aberto a outras linguagens
a outras sensibilidades
E está sempre atento ao meu mundo e ao seu.

E na dança do tempo
entre o estranho e o insólito
entre o belo e o feio, o bem e o mal
você passeia nesse território natural.

Na caligrafia do amor escreve à flor da pele
alcança primeiro com os olhos
depois com o olfato faz o extrato
sintetiza no toque e no paladar
tem sensações que vai além mar.

Viaja nos verbos do infinito
e na pele a condição transparece
nos gestos, entrecortados por suspiros vulgares
e respirações profundas
e num impulso subterrâneo
para um gozo insano
É a delicadeza se encontrando
na sombra do medo e do desconhecido
tudo nesse espaço infinito.(Guto)

 
MULHERES

mulheres que amam sem pudor
passam as noites em pleno furor.
E as que sentem felicidade no ar,
beijam, abraçam, tateiam e querem mais

mulheres que não sabem o que fazem,
tiram a roupa e toda a cumplicidade.
E as que a gente não esquece, deixam suas marcas
e saem fora do set.

mulheres que não para recordar,
transam na noite para gozar
Mas as que amam, as que sonham e as que fogem
todas temem a esperança nos corações, recordem.



APANHADOR DE PALAVRAS

Sou um apanhador de palavras
encostadas em um livro qualquer
uso para compor meus silêncios
repor meus desalentos
e reunir meus tormentos

Quero secar as palavras
molhadas em meus sentimentos
controlar as lágrimas
que correm sofregamente.

Umedecendo minha alma
prestes a desaguar rio acima
tipo de doença que rói
e rói silenciosamente.

As palavras voam e a escrita permanece
é o que garante o adágio vindo do latim
escrita é que nem ódio, envelhece
e o amor nunca se esquece, é que nem prece.