30 julho 2010

Música & Poesia

Por Enquanto (Renato Russo)


Mudaram as estações e nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber

Que o pra sempre

acaba?

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou

Quando penso em alguém

Só penso em você

E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está

E nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta pra casa


Jeito Baiano (Zédejesusbarreto)


O jeito de ser baiano está

Num certo ritmo de andar

Num jeito mole de falar

No sem tempo de não ser.

Baiano gosta de acarajé, bolo de fogo

Come caruru visguento com as mãos

Reverencia tudo que vem do mar

Pois mar é fêmea, é mãe

E Bahia é também reinado de Aiocá.

Ama-de-leite Bahia …

Águas sagradas do caldeirão kirimurê

Baía de todos os santos, caboclos, orixás, inquices, voduns, encantados…

Bahia de todos os pecados

Onde tudo se mistura… e é recriado.

Jeito de ser baiano

Que se aprende com as mães pretas

Donas dos terreiros, dos tabuleiros

E se fica sabendo que Deus é de todos, Olorum é um.

E Orixá é manifestação da Natureza, sagrada

Que acima de tudo deve ser respeitada

Ilê de nuvens brancas, tambores do Pelô/Olodum.

Jeito de ser baiano é gostosura de viver

Sem agonia, sem dever

Assuntando o tempo

Pisando o descalço chão

Dando uma mijada ao vento

Cuidando do sentimento

Pelo sim, pelo não.

Um jeito de ser baiano

É vestir branco na sexta, pelo ‘santo’ do dia.

Jeito de ser baiano é torcer pelo Bahia

E ter o Senhor do Bomfim como guia.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

29 julho 2010

Dicionário do quero mais

Depois do Dicionário Poético, Dicionário dos Excluídos, dos Incluídos e dos Intrometidos, agora tem o do quero mais:

Aconchego - Lar, casa, moradia, cama, cadeira confortável, braços da pessoa amada. Agasalho, abrigo, amparo, proteção.


Design – Palavra inglesa, que, em português, significa desenho, está incorporada ao nosso cotidiano e deixa a vida mais eficiente, confortável e charme. È um termo que define criatividade na contemporaneidade.


Dessemelhante - Que não é semelhante, diferente, diverso, desigual.


Ensimesmar - Concentrar-se, meditando. Meter-se consigo mesmo, introverter-se.


Lúdico - Relativo a jogo, a brinquedo; que apenas diverte ou distrai: atividade lúdica.Forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, através de jogos, música e dança. O intuito é educar, ensinar, se divertindo e interagindo com os outros.

Maroto - Malicioso, brejeiro, impudico. Sensual, lascivo, libidinoso.


Mourejou – Expressão que significa trabalhar arduamente, como um mouro.


Oceânico - Relativo ao oceano ou à Oceania. Que vive no oceano.


Orgânico - Que diz respeito aos órgãos, à organização, a seres organizados. Inerente, profundamente arraigado.


Querência - É termo comum nos pampas gaúchos, cujo significado é lar, moradia, exatamente o que seus primeiros moradores buscavam. Lugar onde nasceu, lugar amado. Nostalgia e saudade do lugar de nascimento, do lar.


Relicários - Caixa, cofre, lugar próprio para conter relíquias. Bolsinha ou medalha com relíquias que algumas pessoas trazem ao pescoço por devoção.


Sensível - Dotado de sensibilidade; que tem sentidos: o homem é um ser sensível. Que pode ser percebido pelos sentidos. Que reage facilmente às mínimas impressões físicas ou morais: sensível ao frio, aos elogios. Emotivo, compassivo, humano, terno:


Solipsismos - Teoria filosófica idealista, que afirma nada existir fora do pensamento individual e que tudo aquilo que se percebe não passa de uma espécie de sonho que se tem. Vida ou costumes de quem vive na solidão.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

28 julho 2010

Pérolas da MPB (2)

“Para um coração mesquinho/Contra a solidão agreste/Luiz Gonzaga é tiro certo/Pixinguinha é inconteste/Tome Noel, Cartola, Orestes/Caetano e João Gilberto” (Paratodos, Chico Buarque)



“Drão!/O amor da gente/É como um grão/Uma semente de ilusão/Tem que morrer pra germinar/Plantar nalgum lugar/Ressuscitar no chão” (Drão, Gilberto Gil)



“Mandacaru/Quando fulora na seca/É o siná que a chuva chega/No sertão/Toda menina que enjôa/Da boneca/É siná que o amor/Já chegou no coração...” (Xote das Meninas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas)



“Tire suas mãos de mim,/eu não pertenço a você,/não é me dominando assim,/que você vai me entender,/eu posso estar sozinho,/mas eu sei muito bem aonde estou,/você pode até duvidar/acho que isso não é amor” (Será, de Villa Lobos e Renato Russo)




“Eu, tu e todos no mundo/No fundo, tememos por nosso futuro/ET e todos os santos, valei-nos/Livrai-nos desse tempo escuro” (Extra, Gilberto Gil)




“Avião sem asa, fogueira sem brasa/Sou eu assim sem você/Futebol sem bola,/Piu-Piu sem Frajola/

Sou eu assim sem você” (Fico Assim Sem Você, Abdullah e Cacá Moraes)



“Viver é um livro de esquecimento/Eu só quero lembrar de você até perder a memória” (Elevador. Ana Carolina)



“Eu vim/Vim parar na beira do cais/Onde a estrada chegou ao fim/Onde o fim da tarde é lilás/Onde o mar arrebenta em mim/O lamento de tantos "ais".”(A Paz, Gilberto Gil e João Donato)



“Exagerado/Jogado aos teus pés/Eu sou mesmo exagerado/Adoro um amor inventado” (Exagerado, Cazuza, Ezequiel Neves e Leoni).



“Veja bem!/É o amor agitando o meu coração/Há um lado carente/Dizendo que sim/E essa vida dá gente/Gritando que não...” (Grito de Alerta, Gonzaguinha)



“Quando a mão tocar no tambor/Será pele sobre pele/Vida e morte para que se zele/Pelo orixá e pelo egum” (Serafim, Gilberto Gil)




“Rebento, a reação imediata/a cada sensação de abatimento/Rebento, o coração dizendo: Bata!/a cada bofetão do sofrimento/Rebento, esse trovão dentro da mata/e a imensidão do som nesse momento” (Rebento, Gilberto Gil)



“Pra cada braço uma força/De força não geme uma nota/A lata só cerca, não leva/A água na estrada morta/E a força nunca seca/Na vida que é tão tão pouca” (A Força que Nunca Seca, Chico César e Vanessa da Mata)



“O mundo é o mar/Maré de lembranças/Lembranças de tantas voltas que o mundo dá” (Memórias do Mar, Vevé Calazans e Jorge Portugal)



“Amores são águas doces/paixões são águas salgadas/queria que a vida fosse/essas águas misturadas” (Memórias das Águas, Roberto Mendes e Jorge Portugal)



“Onde eu nasci passa um rio/que passa no igual sem fim/igual sem fim minha terra/passava dentro de mim” (Onde eu Nasci passa um Rio, Caetano Veloso)



“Por você/Eu dançaria tango no teto/Eu limparia/Os trilhos do metrô/Eu iria a pé/Do Rio à Salvador...” (Por Você, Roberto Frejat, Guto Goffi e Mauro Santa Cecília)




“Eu fico/Com a pureza/Da resposta das crianças/É a vida, é bonita/E é bonita...” (O Que É, o Que É?, Gonzaguinha)




“Não me salvo/Porque não me acho/Não me acalmo/Porque não me vejo/Percebo até/Mas desaconselho...”(Enquanto Durmo, C. Oyens e Zelia Duncan)




“Sexo é integração/Não é abuso/Não é serviço/Seu corpo forte e bonito/Não é só por isso/Pré-requisito/Pra minha satisfação” (Sexo, Christiaan Oyens e Zélia Duncan)



“Vou te contar os olhos já não podem ver/Coisas que só o coração pode entender/Fundamental é mesmo o amor é impossível ser feliz sozinho” (Wave, Tom Jobim)


“Errar é útil/Sofrer é chato/Chorar é triste/Sorrir é rápido/Não ver é fácil/Trair é tátil/Olhar é móvel/Falar é mágico/Calar é tático/Desfazer é árduo/Esperar é sábio/Refazer é ótimo/Amar é profundo/E nele sempre cabem de vez/Todos os verbos do mundo” (Todos os Verbos. Marcelo Jeneci e Zélia Duncan)



“Meu coração, não sei por que/Bate feliz quando te vê/E os meus olhos ficam sorrindo/E pelas ruas vão te seguindo/Mas mesmo assim/Foges de mim” (Carinhoso. Pixinguinha)



“A lua girou, girou/Traçou no céu um compasso/A lua girou, girou/Traçou no céu um compasso” (A Lua Girou, Milton Nascimento)

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27 julho 2010

Pérolas da MPB (1)

“Quando o verde dos teus olhos/Se espalhar na plantação/Eu te asseguro não chores não, viu/Que eu voltarei, viu/Meu coração” (Asa Branca, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)



“Uma parte de mim é multidão/Outra parte estranheza e solidão” (Traduzir-se. Fagner e Ferreira Gullar)




“Queixo-me às rosas/Mas que bobagem/As rosas não falam/Simplesmente as rosas exalam/O perfume que roubam de ti, ai” (As Rosas Não Falam, Cartola)



“Tire o seu sorriso do caminho/Que eu quero passar com a minha dor/Hoje pra você eu sou espinho/

Espinho não machuca a flor” (A Flor e o Espinho, de Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Guilherme de Brito )




“O mundo passa por mim todos os dias/Enquanto eu passo pelo mundo uma vez/A natureza é perfeita/Não há quem possa duvidar/A noite é o dia que dorme/O dia é a noite ao despertar” (O Mundo é Assim, de Alvaiade, Velha Guarda da Portela)




“Quem não é Recôncavo e nem pode ser reconvexo” (Reconvexo, Caetano veloso)



“Eu tenho tanto/Prá lhe falar/Mas com palavras/Não sei dizer/Como é grande/O meu amor/Por você...” (Como é Grande o meu Amor por Você, Roberto e Erasmo Carlos)


“Vem me fazer feliz/Porque eu te amo/Você deságua em mim/E eu oceano/E esqueço que amar/É quase uma dor...”(Oceano, Djavan).




“Meu coração, não sei por que/Bate feliz quando te vê/E os meus olhos ficam sorrindo/E pelas ruas vão te seguindo/Mas mesmo assim/Foges de mim” (Carinhoso, de Pixinguinha)




“Tristeza, por favor vá embora/Minha alma que chora está vendo o meu fim/Fez do meu coração a sua moradia/Já é demais o meu penar/Quero voltar àquela vida de alegria/Quero de novo cantar” (Tristeza, Haroldo Lobo e Niltinho)



“Procurei/Em todas as mulheres/A felicidade/Mas eu não encontrei/E fiquei na saudade/Foi começando bem/Mas tudo teve um fim..” (Mulheres, Martinho da Vila).


“Nessa cidade todo mundo é d'Oxum/Homem, menino, menina, mulher/Toda gente irradia magia/Presente na água doce/Presente na água salgada/E toda cidade brilha” (É d´Oxum, Gerônimo e Vevé Calazans)



“Quando olhei a terra ardendo/Qua fogueira de São João/Eu preguntei a Deus do céu, uai/Por que tamanha judiação” (Asa Branca, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)



“Brasil, meu Brasil brasileiro/Meu mulato inzoneiro/Vou cantar-te nos meus versos/O Brasil, samba que dá/Bamboleio que faz gingar/O Brasil do meu amor/Terra de Nosso Senhor/Brasil! Brasil!/Pra mim... Pra mim..” (Aquarela do Brasil, de Ary Barroso).


“É a sua vida que eu quero bordar na minha/Como se eu fosse o pano e você fosse a linha/E a agulha do real nas mãos da fantasia/Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia” (A Linha e o Linho, Gilberto Gil)




“O povo foge da ignorância/Apesar de viver tão perto dela/E sonham com melhores tempos idos/Contemplam essa vida numa cela/Esperam nova possibilidade/De ver esse mundo se acabar/A arca de Noé, o dirigível/Não voam nem se pode flutuar” (Admirável Gado Novo, Zé Ramalho)




“Ando por aí querendo te encontrar/Em cada esquina paro em cada olhar/Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar/Que o nosso amor pra sempre viva/Minha dádiva/Quero poder jurar que essa paixão jamais será//Palavras apenas/Palavras pequenas/Palavras” (Palavras ao Vento, Marisa Monte e Moraes Moreira)



“Por ser exato o amor não cabe em si/Por ser encantado o amor revela-se/Por ser amor/Invade/E fim” (Pétala, Djavan)



“Mas é preciso ter manha/É preciso ter graça/É preciso ter sonho sempre/Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida....” (Maria Maria, Milton Nascimento e Fernando Brant)



“Ah, se já perdemos a noção da hora/Se juntos já jogamos tudo fora/Me conta agora como hei de partir” (Eu te amo, Chico Buarque e Tom Jobim)



“Conhecer as manhas e as manhãs,/O sabor das massas e das maçãs,/É preciso amor pra poder pulsar,/É preciso paz pra poder sorrir,/É preciso a chuva para florir” (Tocando em Frente, Almir Sater e Renato Teixeira).


“Estamos meu bem por um triz pro dia nascer feliz/O mundo acordar e a gente dormir, dormir/Pro dia nascer feliz/Essa é a vida que eu quis/O mundo inteiro acordar e a gente dormir” (Pro Dia Nascer Feliz, Cazuza e Frejat)



“Tua tristeza é tão exata/E hoje em dia é tão bonito/Já estamos acostumados/A não termos mais nem isso./Os sonhos vêm/E os sonhos vão/O resto é imperfeito” (Há Tempos, Renato Russo).



“Como beber/Dessa bebida amarga/Tragar a dor/Engolir a labuta/Mesmo calada a boca/Resta o peito/Silêncio na cidade/Não se escuta/De que me vale/Ser filho da santa/Melhor seria/Ser filho da outra/Outra realidade/Menos morta/Tanta mentira/Tanta força bruta...” (Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil)



“O que será que me dá/Que me bole por dentro, será que me dá/Que brota à flor da pele, será que me dá/E que me sobe às faces e me faz corar/E que me salta aos olhos a me atraiçoar/E que me aperta o peito e me faz confessar/O que não tem mais jeito de dissimular/E que nem é direito ninguém recusar/E que me faz mendigo, me faz suplicar/O que não tem medida, nem nunca terá/O que não tem remédio, nem nunca terá/O que não tem receita” (O que Será. À Flor da Pele. Chico Buarque)

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26 julho 2010

Rotina dos policiais retratada em Fosco, de Marcos Paz

“Brasileiro por nascimento. Cearense por humor. Desenhista por natureza. 40 anos de idade por força do tempo. Casado por amor. Guarda Municipal da cidade do Rio de Janeiro porque tem contas para pagar no fim do mês. Desenha desde os 07 anos de idade, quando naquela época, achar um pedaço rasgado de gibi no meio do lixo da vizinhança, era para ele, achar um tesouro. Fosco é o seu grito”. Assim está escrito no site do desenhista Marcos Paz (www.marcospaz.com.br)

O superpolicial Fosco foi criado há mais de quinze anos. Na trama inicial ele era filho de um bandido, mas foi adotado pela polícia do Rio de Janeiro, que o preparou para ser uma espécie de super-herói. E você já sabe como é a vida nesse país, o policial ganha pouco, faz patrulha numa kombi velha e não recebe equipamentos novos. O resultado é que esse policial acaba engordando devido a acomodação. Mesmo assim ele se mantém honesto, mas nem tão santo assim. Seu parceiro de luta é o delegado alcoólatra Zé Maria. E o vilão da série é Armando Pó que comanda a favela Planeta Tramoia.

O personagem, assim como outras publicações independentes da época, participou do circuito de fanzines dos anos 1990. Ainda neste período, o personagem foi publicado em um jornal local, através de tiras, por quase dois anos. Apesar de nos primórdios seguir os padrões convencionais dos heróis dos quadrinhos, uma coisa sempre foi mantida nas suas histórias: o cotidiano e os costumes do Rio de Janeiro.


Agora em seu site, Fosco surge surpreendentemente exibindo uma barriga saliente, resultado não só do seu eterno gosto por caldo de mocotó, como também do visual e tons cartunescos adotados na série. Agora o policial pesado, passível de corrupção, mata, se arrepende. Ri e chora. A série abusa dos bons e velhos recursos das onomatopeias e sinais gráficos, para representar sentimentos, palavrões e emoções dos personagens. No site, além dos episódios do Fosco, há uma galeria com vários trabalhos realizados pelo autor no campo publicitário e da imprensa. Para conferir, acesse www.marcospaz.com.br.


A inspiração que o autor recebe durante seu dia a dia como guarda municipal na Unidade de Copacabana e na vivência na Baixada Fluminense (lugares socialmente opostos) também ajudou. “Desta forma, consigo ver como as coisas acontecem no calor das ruas e não por meio de reportagens, muitas vezes equivocadas, da imprensa”, explica numa entrevista para a revista Mundo dos super-heróis. Entre outros diversos trabalhos de Marcos Paz estão as HQs Subversivos: A Farsa e O Dia da Caça, e A Classe Média Agradece, ambas com roteiros de André Diniz.

“Aqui ninguém pode julgar ninguém”. Esta frase resume o espírito da série Fosco.

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23 julho 2010

O faroeste nos gibis italianos (2)

Em 1977, os italianos apresentam uma antítese do cowboy americano: Ken Parker, fruto o escritor Giancarlo Berardi e do desenhista Ivo Milazzo. Trata-se de um mocinho de estatura mediana, feio, de nariz aquilino, que nunca utilizou revólver. Esse cowboy solitário, que lê Shakespeare e Walt Whitman ao som de Woody Guthrie, é uma testemunha angustiada da marcha violenta do homem americano na conquyista do continente. Baseado diretamente no personagem de Robert Redford em “Jeremiah Jonhson”, de Sydney Polack (tem a mesma cara, mesmo rifle de um só tiro – um velho Kentucky de carregar pela boca – o mesmo nariz com o osso saliente, mesmo olhar bíblico), o herói mantem uma integridade obsessiva e cativante nas mais absurdas situações.


Sua trajetória é a trajetória da América da segunda metade do século XIX. Parker, que viveu um período de sua vida entre índios, testemunha o progresso com uma sabedoria incomum para um simples scout, caçador e trakker do Oeste bravio. Ao servir de guia para uma lady britânica, ele foi iniciado na literatura, tornando Shakespeare inseparável de sua mochila. Além de questionar profundamente os valores de sua época. As referências são uma constante na obra do argumentista Berardi. O episódio “O Homem Inútil”, por exemplo, é uma homenagem ao filme “A Legião Invencível”, de John Ford. Boston reúne num trem os principais detetives do século passado, Sherlock Holmes, Elery Queen, Dupin, Vance e Hercules Poirot.


A trama é uma sátira aos romances intrincados de Agatha Christie, a la Assassinato por Morte, a com´dia de Robert Moor. No Brasil, Ken Parker teve 53 volumes lançados pela Editora Vecchi, que faliu em 1983. Em 1990 a Best News começou a publicar Ken Parker e fechou suas portas dos “tiros ao alvo” (medidas econômicas) do presidente Collor. O personagem vem sendo publicado com sucesso em países como Itália, França e Espanha. Curiosamente, este western, que está para os quadrinhos assim como John Ford está para o cinema, até o momento (1991) nunca foi editado nos EUA. Desa forma, tanto nos quadrinhos quanto no cinema, as histórias de faroeste foram “reforçadas” pela lenda e pela fantasia. Agora, chegou o momento de mostrar o verdadeiro panorama de uma rude época, que viu desfilar tipos insólitos, homens e mulheres em busca de um caminho no horizonte selvagem.



Blueberry - O tenente Mike Steve Donovan, verdadeira identidade de Blueberry, existiu de verdade. Fisicamente, a inspiração foi o ator francês Jean-Paul Belmondo. Malicioso e teimoso, começou a ser publicado no Brasil em 1976. De tenente, o mocinho passa a ser agente federal.


Tex Willer - Criado na Itália em 1948, Tex é o maior dos "fumetti" (quadrinhos italianos) e também o maior caubói do Brasil: já tem mais de 50 anos de bancas e é o que mais vende, até hoje. Tex teve suas feições inspiradas em Gary Cooper. Conhecido como Águia da Noite, tem em Kit Carson seu parceiro inseparável e é também amigo do índio Jack Tigre. Foi salvo da morte pela índia Lilyth (ou Lírio Branco) e casou-se com ela. Da união saíram dois bons frutos: o filho Kit Willer e o título de Chefe dos Navajos – adquirido após a morte do sogro, o poderoso índio Flecha Vermelha.


Epopéia Tri - O nome original desta série italiana é História do Oeste. No Brasil, foi publicada como Epopéia Tri pela editora Ebal porque era trimestral. Os gibis duraram 17 anos, ou 73 edições. A série, criada por Gino D’Antonio e Renzo Calegari em 1967, contava a história do Velho Oeste através de várias gerações das famílias MacDonald e Adams, a partir de 1804, durante a primeira expedição em direção ao Oeste norte-americano, até 1890. Nela, grandes nomes da história se misturavam a personagens fictícios, fossem políticos, bandidos, mocinhos, índios ou pioneiros.


Ken Parker - Nascido em 1974, Ken Parker teve suas feições inspiradas no ator Robert Redford e estreou no Brasil em 1978. É o mais "humano" dos heróis de western: ele apanha, sofre e se machuca um bocado nas histórias. Tinha um irmão, Bill, assassinado no primeiro número. Por isso, passa o tempo caçando os matadores. É chamado também de Rifle Comprido, graças à sua antiga arma de fogo Kentucky, herdada do avô, que a usou na Revolução Francesa.

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22 julho 2010

O faroeste nos gibis italianos (1)

O faroeste ainda resiste nas histórias em quadrinhos graças aos quadrinistas italianos. São “spaghetti”, como Tex e Bela e Bronco (Editora Globo) e Zagor e Judas (Editora Record), que povoam nossas bancas. A única série que salvava o gênero era o gibi Blueberry, o grande astro de Jean Giraud (conhecido também como Moebius), e Charlier. A Abriu Jovem cancelou em 1991 a publicação, mas quem gosta do personagem pode encontrar a série com 28 álbuns em português, nas edições da Meribérica Liber.


Em 1991 chegou às bancas especializadas os volumes de Grandes Mitos del Oeste, do roteirista e editor Josep Toutain Vila. São álbuns que reúnem episódios curtos e romanceados que desmitificam grandes nomes verídicos do velho Oeste. Desenhado por José Ortiz Moya, esses contos realistas revelam que o “pacificador” Wild Bill Hickok era um exímio atirador e vítima de sua própria fama, depois de atuar no circo de Buffalo Bill; Bat Masterson era um matador implacável; Buth Cassidy era ignorante e rude; Pat Garret era um canalha, entre outros. A publicação é da Toutain Editor.


Já a Editora Record lançou na mesma época uma importante série: A História do Oeste. Conta a saga da família MacDonald pelo velho Oeste americano. O roteiro, preciso e apaixonado, é do italiano Luigi Gino D´Antonio, que iniciou em 1967 e, com a ajuda dos colegas Renzo Caligari, Sergio Tarquino e Renato Poleses, realizou 73 episódios. A série foi publicada no Brasil., a partir de 1970, pela Ebal com o nome de Epopeia Tri. A saga foi revista e ampliada quando da reedição italiana para a Sérgio Nobelli Editore.


Brett MacDonald, o patriarca da família, inicia suas aventuras na América, no período dos pioneiros, logo após a Guerra da Independência, e a epopeia da família prossegue com seu filho Pat e seu neto Dan. Todos participando de grandes eventos reais da história do faroeste, como a luta pelo Forte Álamo, que possibilitou e originou a formação do Texas, a Guerra de Secessão, a guerra contra os sioux e a implantação das ferrovias. Encerra a saga com a inclusão de um MacDonald na agência de detetives Pinkerton.

A história do Oeste é a epopeia da família MacDonald, que, ao longo de gerações, acompanha a exploração, a colonização, o desenvolvimento e, finalmente, brutal pacificação do Oeste americano. Uma série ao mesmo tempo empolgante e didática, que mistura os fictícios Mac Donalds com a saga dos pioneiros, a Guerra Civil e a história de grandes pistoleiro como Wild Bill Hickock e as guerras indígenas. Participam dos episódios personalidades lendárias como Buffalo Bill, General Custer, Kit Carson, Touro Sentado, dentre outros.


Enquanto no cinema os italianos reforçaram o gênero bang bang, mostrando outra faceta do mocinho, nos quadrinhos, os italianos se orgulham de ter criado uma das melhores versões do western americano. Em 1937, Rino Albertarelli e Walter Molino criam Kit Carson. Em setembro de 1948, na Itália, foi publicada a primeira aventura de Tex Willer, com roteiro assinado por Giovanni Luigi Bonelli. Po decano dos roteiristas italianos, e desenhos de Aurelio Galleppini, o primeiro de uma extensa lista de profissionais que se revezam até hoje. Nos EUA, nas décadas de 40 e 50, os comic books publicaram literalmente milhares de páginas de aventuras com cowboys, todas parecidas umas com as outras. Além dos cowboys nascidos e criados no mundo dos quadrinhos, a década de 50 viu surgirem adaptações de grandes ídolos do cinema, como Tom Mix, Roy Rogers, Rex Allem e muitos outros. Devido ao grande sucesso, essa tendência permaneceu na década seguinte, com as quadrinizações dos seriados televisivos como Paladino do Oeste, Gunsmoke, Bat Masterson etc.


Mas o primeiro personagem a recontar a verdadeira história do Oeste com a extinção dos búfalos e a matança indiscriminada dos índios veio da França: Tenente Blueberry, criado em 1963 por Jean Michel Charlier e Jean “Moebius” Giraud. A ação pode ser situada num contexto real que incluio a 7a Cavalaria, negociações e massacres das nações indígenas e Guerra de Secessão. Tudo com muita pesquisa. Há sinais claros de estudos étnicos e documentais. Para muitos, é a melhor série europeia de western. A série só foi interrompida com o desaparecimento do argumentista Jean Michel Charlier, em 1989, aos 65 anos.

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