27 abril 2012

É dengo que esse samba tem

“Em algum lugar entre a natureza e a cultura, a tradição e a invenção, a história e o anacrônico, a obra de Caymmi guarda um mistério tanto mais recôndito quanto mais exposto, na simplicidade plenamente oferta de suas canções”. A opinião é do poeta e letrista Francisco Bosco que traça o retrato de Dorival Caymmi no livro da série “Folha explica”, dedicado ao compositor baiano. Bosco esquadrinhou a obra caymmiana em “sambas sacudidos”, “canções praieiras” e “sambas canções”. Viajando com propriedade e na medida certa sobre um artista cuja singularidade compara à Clarice Lispector na literatura e Iberê Camargo nas artes plásticas.

A obra, pequena quantitativamente e imensa qualitativamente, é formada, em sua maior parte, por clássicos da canção popular brasileira. Segundo Bosco, os princípios composicionais norteadores da obra caymmiana são sinceridade, simplicidade e elaboração. “Em sentido geral, a obra de Caymmi é feliz, afirmativa e solar, apresenta uma Bahia pré-industrial, alegre e sensual”.

A obra de Caymmi não tem antes nem depois na tradição da canção popular brasileira. “Um estilo inconfundível quase sem seguidores na música popular brasileira”, comenta o pesquisador André Diniz. “Não tendo antecessores, imprimiu sua marca inconfundível em tudo o que fez (...) Caymmi não se filia a nenhuma corrente, escola ou modismo”, declarou outro pesquisador, Jairo Severiano. “Ele é um autor inaugural. A música dele, e como ele casa música e letra, com tanta maestria, é sem igual na MPB”, enfatizou Chico Buarque. Para Francisco Bosco, Caymmi é um grande mestre cancionista porque, justamente, pensa e cria a canção levando em conta essa totalidade indiscernível. “Dentro de sua obra tem –se a impressão de que letra e música nasceram juntas, ou antes, nunca nasceram – sempre existiram”.

Vamos nos deter aos sambas sacudidos, repletos de remelexos e requebrados. Para muitos, as ladeiras de Salvador entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta pode ter sido de extrema importância para os sambas de Caymmi. Foram elas as principais responsáveis pela beleza das pernas e os glúteos torneados das baianas. Caymmi, como afirma Antonio Risério, “é o poeta do bumbum em movimento”. A vizinha quando passa “mexe com as cadeiras pra cá/mexe com as cadeiras pra lá/ela mexe com o juízo/do homem que vai trabalhar” (A Vizinha do Lado). E “quando você se requebrar/caia por cima de mim” (O Que é Que a Baiana Tem?).

E sondando o segredo do samba de Caymmi, Francisco Bosco descobre que o requebrado das mulheres em Caymmi possui uma qualidade especial, “trata-se de um rebolado gracioso, a um tempo sensual e discreto, extremamente feminino, poderoso e consciente de seu poder, mas como que brejeiro, delicado, sutil”. Até chegar a palavra chave desse feminino-poderoso: o dengo. “O dengo é a qualidade presente em todos os gestos e movimentos da mulher: ´É dengo, é dengo, é dengo, meu bem!/é dengo que a nega tem/tem dengo no remelexo, meu bem!/tem dengo no falar também//-Quando se diz que no falar tem dengo/-tem dengo!tem dengo! tem dengo! tem.../-quando se diz que no andar tem dengo/-tem dengo! Tem dengo! Tem dengo!tem.../-quando se diz que no sorrir tem dengo(...)/-quando se diz que no sambar tem dengo (...)´.”.

Em sua biografia sobre o avô (Dorival Caymmi, Cancioneiro da Bahia, Stella Caymmi), o compositor comenta a singularidade do dengo, procurando relacioná-lo a um certo mudus vivendi baiano: “Não sei de palavra tão bonito quanto ´dengo´. Dengo...Denguice...dengosa...Palavras que dizem muita coisa, que definem, por vezes, a personalidade de uma mulher. O sol do Nordeste, aquele calor das tarde pedindo rede e água de coco, pedindo cafuné e dando ao corpo certa moleza gostosa, produz o dengo, que por vezes está apenas no quebranto de um olhar, às vezes na modulação da voz terna, de súbito no gesto, como um convite. Não sei definir certas mulheres senão pelo dengo que possuem”.

Com o diz o letrista Aldir Blanc, “o Dorival foi quem inventou o gênero `samba Caymmi`(...). Perguntar se existe estilo de samba é como duvidar da existência do vatapá”. “Se “com qualquer dez mil-réis e uma nega” se faz um vatapá, com que ingredientes se faz, então, o samba Caymmi? Aldir Blanc dá o recado: “um bocadinho mais de sensualidade, uma pitada generosa de preguiça da boa, sorrisos morenos de Dora, das Rosas e da Marina (no Brasil, as louras também são morenas), roupa branca em pele escura, brisa de mar, a ousadia das jangadas, ciúmes, dengos, uma vasta dose de sacanagem, rir como quem reza em 365 igrejas (..). Sensualidade, preguiça, mulheres, dengo e religiosidade estão nos sambas de Caymmi”.

“O samba de Caymmi - escreveu Bosco – é `sacudido`, `rebolado´, buliçoso; deixa a gente mole e, quando se samba, todo mundo bole. Através da qualidade feminina do dengo, tornada um princípio estético, pode-se entender um aspecto decisivo da singularidade do samba de Caymmi”. E Francisco diz mais: “Simples, coloquiais, apimentados, dengosos, rebolados, os sambas de Caymmi possuem aquela que seja talvez a virtude maior da canção popular: provocam a vontade de ouvi-los e reouvi-los, de decorá-los (o que se faz sem se dar conta) e cantá-los e cantá-los e cantá-los. São canções que parecem anônima, parecem ter surgido espontaneamente das igrejas, dos sobrados, das ladeiras, do dendê, do vatapá, do requebrado das baianas”. O encantamento da obra de Caymmi vem da representação de uma Bahia alegre, sensual, solar, mestiça, erótica, bela, em suma, feliz. “Não sou de dores nem queixas”, diria Caymmi, já do alto de seus noventa anos.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

26 abril 2012

Caymmi, “ilimitado como o oceano que ele canta”


Sua poesia é de essências, precisa e substantiva. Clara e doce. Bonita e sensual como as mulheres que canta, com um misto de malícia e delicadeza. E em linguagem e dicção tão populares quanto os personagens que recriou. Seu estilo inimitável de compor e cantar influenciou várias gerações de músicos brasileiros. Importantes homenagens dentro e fora do Brasil marcaram os anos 80 para Caymmi. Em 1984, no seu septuagésimo aniversário, ele foi condecorado em Paris pelo ministro da cultura francês, Jack Lang, com a Comenda das Artes e Letras da França, atribuída a importantes personalidades culturais. No ano seguinte, inaugurou-se em Salvador a Avenida Dorival Caymmi.

“Mangueira vê no céu dos orixás/o horizonte rosa/no verde do mar/a alvorada veste a fantasia/pra exaltar Caymmi e a velha Bahia/ô ô ô/quanto esplendor/nas igrejas soam hinos de louvor/e pelos terreiros de magia/o ecoar anuncia o novo dia/nessa terra fascinante/a capoeira foi morar/o mundo se encanta(bis)/com as cantigas que fazem sonhar (bis)/lua cheia/leva a jangada pro mar/oh! sereia como é belo o seu cantar/das estrelas/a mais linda tá no Gantois/Mangueira berço do samba/ Caymmi a inspiração/que mora no meu coração/Bahia terra sagrada/de Iemanja e Iansan/Mangueira super campeã/tem xinxim e acarajé/tamborim e samba no pé (bis)” (Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira tem, letra de Lvo, Paulinho e Lula). Em 1986, no Rio, o artista virou enredo da Estação Primeira de Mangueira, com o qual a escola de samba venceu o desfile do carnaval daquele ano. Caymmi foi o primeiro baiano a ganhar o Prêmio Jorge Amado. O compositor foi escolhido por unanimidade para receber o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura e Arte, edição 2006, dedicado à música popular brasileira.

Tem muitos compositores que lhe homenagearam. Na canção “Nação”, João Bosco, Aldir Blasnc e Paulo Emílio cantam “Dorival Caymmi falou para Oxum/com Silas tou em boa companhia/o céu abraça a terra/deságua o Rio na Bahia”. Em “Buda nagô”, Gilberto Gil revela: “Dorival é um buda nagô/filho da casa real da inspiração/como príncipe principiou/a nova idade da canção”. Toquinho e Vinícius de Moraes em “Tarde de Itapoã” entoavam: “Depois, na praça Caymmi,/sentir preguiça no corpo/e,numa esteira de vime,/beber uma água de coco”.

“Acho o Caymmi ilimitado, como o oceano que ele canta”, definiu Tom Jobim. Já o escritor e amigo Jorge Amado o pintou como “o cantor das graças da Bahia”. Ele foi um dos primeiros compositores a gravar suas próprias canções, numa época em que o habitual era o autor entregar a música para um cantor. Antonio Carlos Jobim lhe admira as modulações de meio-tom. Baden Powell foi buscar nele a base dos sambas-afros. Edu Lobo se ouve nas músicas do baiano. O segredo da linguagem musical de Caymmi, segundo o crítico Luís Antônio Giron (Suplemento Mais, abril 1994) está na simplicidade e na funcionalidade. “Foi autodidata. Começou a tocar violão alterando os acordes perfeitos (dos quais se compõe o sistema tonal), introduzindo dissonâncias, arpejando as cordas com descontinuidade. Possuía na juventude a intuição do artesão, aquele eu redescobre e encena nos dedos a história do som.

“Afastou-se desde o início com a quadratura do samba e da canção porque adotou o único método que tinha à disposição: o modalismo (sistema baseado em escalas diversas) típico da música baiana. Soube dar leveza às cantigas do candomblé e absorveu o espírito da música da cidade”. Em 1992 Chico Buarque compôs e gravou “Paratodos” onde em um trecho canta: “Nessas tortuosas trilhas/a viola me redime/creia, ilustre cavalheiro/contra fel, moléstia, crime/use Dorival Caymmi/vá de Jackson do Pandeiro”.

Já a homenagem de Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro está em “Oba de Xangô”. Diz a letra: “Caymmi é um criador abençoado/navegador das águas da canção/é o compositor do mar predestinado/seu violão tem cordas de sargaço/e foi cortado de um pedaço de uma velha embarcação//Caymmi é um deus do mar reencarnado/por isso que seu canto é uma oração/e para quem descobre o som ele é sagrado/o vento é que lhe sopra melodia/estrela dalva, poesia/e a voz é de arrebentação//Caymmi tem espuma no cabelo/e o seu olhar é o sete estrelo/que a três filhos já criou/guardião das tuas lendas, pescador/pintor do que compõe um cantador//Caymmi é o rei do mar, é o soberano/cavaleiro do oceano, Iemanjá que coroou//De todas as marés sabe o segredo/é o canoeiro de São Pedro/o Oba mais velho de Xangô”.

É tarde/A manhã já vem/Todos dormem/A noite também/Só eu velo/Por você, meu bem/Dorme anjo/O boi pega Neném/Lá no céu/Deixam de cantar/Os anjinhos/Foram se deitar/Mamãezinha Precisa descansar/Dorme, anjo/Papai vae lhe ninar/"Boi, boi, boi,/Boi da cara preta/Pega essa menina/Que tem medo de careta" Acalanto (Dorival Caymmi)


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25 abril 2012

A praça ainda é do povo?


Praça é um lugar de encontro, de namoro, de criança brincar, de festas com coretos e bandas de música, de chafariz, pipoqueiro, de gente. Espaço aberto, livre, acessível a todos, da interação social. As praças já foram locais mais importantes das localidades. Historicamente a praça sempre foi o templo da política. Os políticos se reuniam para fazer discursos. Ultimamente a praça se despolitizou. Existem praça da luz, da sé, do santo, do encanto e da apoteose. Praça da liberdade, da paz, da guerra e da humanidade. Tem programa de humor A Praça é Nossa, o boa praça (o soldado que trata bem às pessoas), além de locais com a história de várias gerações como a Praça Tiradentes, no Rio, base da implantação do Reinado de D.João VI

No mundo inteiro há praças memoráveis. Composta por órgãos federais representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a Praça dos Três Poderes em Brasília foi projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Lá estão localizados o Palácio do Itamaraty, o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça, o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, o Panteão da Liberdade e Democracia e o Espaço Lúcio Costa. A Praça Vermelha é famosa em Moscou, conhecida pelos desfiles militares soviéticos durante a era da União Soviética. Exaltada pelo poeta Vladimir Maiacóvski (1893-1930) como o centro do mundo, a praça Vermelha tem um ligeiro declive que parece acompanhar a curvatura da Terra. Cenário de coroações, execuções e desfiles militares, é o palco principal da vida pública russa.

Mães foram para as praças chorar pelos seus filhos. A Praça de Maio sempre foi o centro da vida política de Buenos Aires. Desde a década de 70 as Mães da Praça de Maio se reúnem com fotos de seus filhos desaparecidos pelos militares durante a ditadura argentina. O povo argentino foi a Praça para exigir o fim da ditadura, e , mais tarde, para celebrar outros momentos. Em frente à Basílica de São Pedro, no Vaticano, situa-se a Praça de São Pedro Foi desenhada por Bernini no século XVII em estilo clássico mas com adições do barroco. Ergue-se um obelisco do Antigo Egipto no centro. Quase todos os visitantes que chegam ao Estado do Vaticano visitam primeiro a Praça, uma das melhores criações de Bernini, que o romancista francês Stendhal chamou “a arte da perfeição”.

Praça Castro Alves: a praça batizada em nome do poeta Antônio de Castro Alves é palco e coração do Carnaval de Salvador, maior manifestação popular do Brasil. O monumento do escultor italiano Pasquale Di Chirico, feita em bronze e granito, imortaliza o poeta em atitude de declamação. No início de 1866, na Bahia, Castro Alves fundou a associação abolicionista. Em novembro, o governo imperial, demagogicamente, decretou a liberdade dos cativos estatais que fossem lutar no Paraguai. Em dezembro (há 140 anos), Castro Alves publicou vibrante poema contra a repressão policial de comício republicano - "O povo ao poder". Diz o poema: “A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor/É o antro onde a liberdade/Cria águias seu calor...” . Tem ainda os Poetas da Praça, em salvador, reunidos na Praça da Piedade.

A música popular brasileira é cheia de praças. O samba chorou quando a urbanização acelerou na Praça Onze, composição de Herivelto Martins e Grande Otelo: “Vão acabar com a Praça Onze/Não vai haver mais Escola de Samba, não vai/Chora o tamborim/Chora o morro inteiro/Favela, Salgueiro/Mangueira, Estação Primeira/Guardai os vossos pandeiros, guardai/Porque a Escola de Samba não sai”. Zé Keti compôs Praça 11, Berço do Samba: “Favela/Do camisa preta/Dos sete coroas/Pra ver o teu samba/Favela/Era criança na praça onze/Eu corria pra te ver desfilar”

“Peço licença, peço em nome de quem passa/Onde a rua fez-se em praça/Tempo passa e vai-se embora/Eu vou cantar um samba/Pra quem chegar agora”, a letra A Praça já foi cantada por Nara Leão, mas A Praça que todos lembram é da canção de Carlos Imperial que teve como intérprete Ronnie Von, aquele da Jovem Guarda: “Hoje eu acordei com saudades de você,/Beijei aquela foto que você me ofertou,/Sentei naquele banco da pracinha só porque/Foi lá que começou o nosso amor.//Senti que os passarinhos todos me reconheceram/Pois eles entenderam toda a minha solidão/Ficaram tão tristonhos e até emudeceram/Aí, então, eu fiz esta canção//A mesma praça, o mesmo banco, / As mesmas flores, o mesmo jardim./Tudo é igual mas estou triste, / Porque não tenho você perto de mim./Beijei aquela árvore tão linda, onde eu/Com meu canivete, um coração eu desenhei/Escrevi no coração o meu nome junto ao seu/E meu grande amor então jurei...”.

“A praça Castro Alves é do povo/Como o céu é do avião/Um frevo novo,/um frevo novo,/um frevo novo/Todo mundo na praça,/manda a gente sem graça pro salão” cantou Caetano Veloso em Um Frevo Novo. E Moraes Moreira, em pleno carnaval, atacou de Chão da Praça: “Olhos negros cruéis, tentadores das multidões sem cantor/Olhos negros cruéis, tentadores das multidões sem cantor/Eu era menino, menino um beduíno com ouvido de mercador/Lá no oriente tem gente com olhar de lança na dança do meu amor//Tem que dançar a dança que a nossa dor balança o chão da praça ôuôuô”


No dia 25 de abril de 2006 estreava este blog com a seguinte apresentação:



A partir de hoje estarei escrevendo diariamente (de segunda a sexta) este blog abrangendo uma infinidade de assuntos que vão desde cinema, música, quadrinhos, poesia, ideias, fotografias, filosofia, artes plásticas, cidadania, enfim, tudo que acontece em nossa aldeia global. Durante anos escrevi em diversos jornais e revistas assuntos diversos, estou aproveitando muitos desses assuntos, atualizando e colocando no blog. Conto com o apoio e a participação de todos vocês.

Criado como uma ferramenta para publicação de diários pessoais na internet, os weblogs, ou simplesmente blogs, estão sendo cada vez mais usados por jornalistas para publicar, de forma ágil, informações e opiniões. Blog é um termo criado pela abreviação da união das palavras inglesas Web (rede) e Log (diário de bordo). Na versão básica é, portanto, um diário eletrônico publicado via internet. Similar a um site, sua popularidade se deve a dois fatores: facilidade no manuseio e possibilidade de interatividade.

Os textos são geralmente curtos e de leitura rápida. No nosso blog os textos não serão tão curtos assim, pois estarei comentando assuntos (comportamentos) como paixão, amor, ciúme, poder, filósofos, psicólogos, escritores, poetas, pensadores, e refletindo sobre atualidade.

Estamos há seis anos na rede. Haja conexões!!!
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24 abril 2012

Corta essa


Cortar pode ser uma arte, seja na alimentação, na moda, no cinema, no esporte, música, teatro, na vida. O segredo de um bom churrasco por exemplo é a carne de primeira, de boa procedência e a forma do corte correto. Existem profissionais especializados em belas cortadas no vôlei. Para muitos o corte de cabelo na lua cheia crescente é uma prática simples e eficaz. Na moda o terno bem cortado, sob medida, é mais eficiente. Entre o corte e a costura existe toda uma técnica e habilidade que realça as qualidades da pessoa. No homem pode corrigir defeitos e na mulher, acentuar as formas.

Através de um estudo sobre o corte pode-se saber a prova do crime, a arma que provocou a morte. Um corte nas relações afetivas pode-se causar perdas e danos. O rompimento, às vezes, é a única solução. Todo tratamento psicanalítico pode sofrer um corte. No trânsito o corte significa ultrapassagem incorreta. Um bom planejamento estratégico faz previsão e orçamento, e para fazer um corte no orçamento e evitar surpresas desagradáveis, é necessário saber onde pode cortar.

No cinema muitas vezes a história é cortada ou contida graças ao corte. O diretor grego Costa Gavras comparece com seu mais recente título, O Corte. Fala de desemprego nos países ricos e desenvolvidos em tempos de globalização. Engenheiro sofre o “corte de pessoal” e dois anos depois, ainda desempregado, resolve eliminar seus concorrentes nas disputas por vagas no mercado: “por que não matar os potenciais concorrentes à mesma função?”. Filme contundente deste sistema neo-liberal.

Na música, “San Vicente”, Milton Nascimento e Fernando Brant, acordam de um sonho estranho: “Coração americano/acordei de um sonho estranho/um gosto vidro e corte/um sabor de chocolate/no corpo e na cidade/um sabor de vida e morte/coração americano/um sabor de vidro e corte//A espera da fila imensa/e o corpo negro se esqueceu/estava em San Vicente/a cidade e suas luzes/estava em San Vicente/as mulheres e os homens/coração americano/um sabor de vidro e corte//As horas não se contavam/e o que era negro anoiteceu/enquanto se esperava/eu estava em San Vicente/enquanto acontecia/eu estava em San Vicente/coração americano/um sabor de vidro e corte”.

“Você corta um verso, eu escrevo outro/você me prende vivo, eu escapo morto/de repente, olha eu de novo/perturbando a paz, exigindo o troco/vamos por aí, eu e meu cachorro/olha o verso, olha o outro/olha o velho, olha o moço chegando/que medo você tem de nós/olha aí”, é o “Pesadelo”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós.

“Em caso de dor ponha gelo/mude o corte de cabelo/mude o modelo/vá ao cinema, dê um sorriso/ainda que amarelo/esqueça seu cotovelo//Se amargo foi já ter sido/troque já esse vestido/troque o padrão do tecido/saia do sério, deixe os critérios/siga todos os sentidos/faça fazer sentido//A cada mil lágrimas sai um milagre//Em caso de tristeza vire a mesa/coma só a sobremesa/coma somente a cereja/jogue para cima, faça cena/cante as rimas de um poema/sofra apenas, viva apenas/sendo só fissura ou loucura/quem sabe casando cura//Ninguém sabe o que procura//Faça uma novena, reze um terço/caia fora do contexto/invente seu endereço//A cada mil lágrimas sai um milagre//Mas se apesar de banal/chorar for inevitável/sinta o gosto do sal do sal do sal/sinta o gosto do sal/gota a gota, uma a uma/duas três dez cem mil lágrimas - sinta o milagre//A cada mil lágrimas sai um milagre” é a letra “Milágrimas” de Itamar Assunção e Alice Ruiz.

Já Cazuza cantou que “O Nosso Amor a Gente Inventa”: “O teu amor é uma mentira/que a minha vaidade quer/e o meu, poesia de cego/você não pode ver//Não pode ver que no meu mundo/um troço qualquer morreu/num corte lento e profundo/entre você e eu//O nosso amor a gente inventa/pra se distrair/e quando acaba, a gente pensa/que ele nunca existiu//O nosso amor a gente inventa, inventa/o nosso amor a gente inventa, inventa//Te ver não é mais tão bacana/quanto a semana passada/você nem arrumou a cama/parece que fugiu de casa//Mas ficou tudo fora do lugar//
café sem açúcar, dança sem par/você podia ao menos me contar/uma história romântica//O nosso amor a gente inventa/pra se distrair/e quando acaba, a gente pensa/que ele nunca existiu”

No teatro, o dramaturgo Plínio Marcos fez um retrato naturalista do submundo brasileiro na peça “Navalha na Carne”. A violência das relações humanas, a situação opressora e a luta de cada personagem constroem um quadro cuja dramaticidade sobrevive ao tempo. Saindo do teatro e partindo para dança vamos observar uma dança lasciva que escandalizou a alta sociedade do início do século XX foi o corta jaca. Trata-se de uma dança rural que tem como característica os movimentos dos pés sempre muito juntos e a não flexão dos joelhos. Os movimentos de pés dão a impressão de uma faca cortando uma jaca.

Para encerrar, o corte nas artes plásticas. As obras de Amílcar de Castro (1920/2002) eram formadas por uma chapa de metal cortada ao meio e torcida em dois planos, para cima e para baixo, dialeticamente. Era um novo dinamismo de espaço. Nos anos 60 ele ampliou o alcance obtido pela orientação dos cortes e dobras.

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23 abril 2012

Minha pátria é minha língua


No Brasil, houve um tempo em que uma língua se sobressaía entre as demais. Sua influência foi tão marcante que, mesmo quando a Europa pensava ter encontrado aqui uma Atlântida selvagem e Portugal acreditava serem essas suas terras, o tupi continuava firme e mais falada que a própria língua portuguesa.

Até os dias atuais, quando as comunidades indígenas lutam para não perder o que sobrou de suas identidades, o tupi continua sendo a base lingüística responsável pelas significativas mudanças entre a língua falada em terras lusitanas e brasileiras. Para se ter uma idéia do que isso significa, basta lembrar que na língua oficialmente falada no Brasil, existem dez mil vocabulários em tupi, sendo, segundo o professor da USP, Eduardo Navarro – a língua que mais designa nomes de localidades no país, depois do português. O especialista em letras clássicas pontua que existem cerca de 180 línguas de origem indígenas faladas no Brasil.

Dados levantados pelo engenheiro José Antônio Caldas, informou que a população indígena aldeada na Bahia, em meados do século XVIII, era de cerca de 12 mil, que mal seriam 6% da população residente no estado na época. Segundo a antropóloga e historiadora Maria Hilda Paraíso, todos os grupos indígenas da Bahia perderam suas línguas originais. “Exceto o tupi, o que se tem hoje das línguas das tribos jê (também conhecidos como tapuias) e kiriri são registros estáticos de um ou outro vocábulo, desprovido da gramática que dá o dinamismo da língua. Então é muito fácil chegar em determinadas comunidades indígenas hoje que utilizam algumas palavras recuperadas com a estrutura gramatical da língua portuguesa”, completa a especialista.

O estudo do tupi continua sendo uma exceção na academia e nas escolas brasileiras. Na UFBa, o tupi deixou de ser estudado como disciplina em 1993, com a aposentadoria da especialista no assunto, a tupinóloga baiana e discípulo de Frederico Edelweiss (maior especialista no assunto e fundador da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBa) até a sua morte, a historiadora Consuelo Ponde de Senna.

De acordo com Consuelo Ponde, o tupi era falado em todo o litoral brasileiro e nas regiões Norte e Nordeste. “Chamada pelos portugueses de língua brasílica, o tupi – de acordo com a tribo – sofria algumas variantes dialetais, mas se mantinha como a língua mais falada no território nacional”, esclarece a especialista. A palavra tupi, na verdade, era a designação da própria nação que deu origem a vários troncos como os tupinambás, tupiniquim, tabajaras, tuxás, entre outros.

Para se fazer entender e conseguir desempenhar o papel de educadores, os jesuítas foram obrigados a aprender o tupi, falando e escrevendo a língua nativa. Dessa forma a língua brasílica cresceu nas terras da Santa Cruz, tornando-se mais falada que o próprio português. As disputas políticas entre o poderoso ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, e os jesuítas serviram de justificativa para que Pombal decretasse em 17 de agosto de 1758, a proibição do uso do tupi. A finalidade era enfraquecer o poder da Igreja Católica sobre a colônia. E espalhou-se na colônia uma regra comportamental que pregava que falar a língua gentílica era sinônimo de inferioridade. E a velha tendência de cultuar os costumes estrangeiros começava a fincar raízes.

Apesar das proibições de Pombal, o tupi continuou resistindo, principalmente no norte do país, onde a morosidade da colonização terminou por preservar a língua mãe do Brasil. E o tupi foi sendo paulatinamente esquecido até o final do século XIX quando um intelectual baiano, o estudioso Theodoro Sampaio trouxe o tupi de volta à visibilidade, através do Instituto Histórico de São Paulo. O personagem de Lima Barreto, Policarpo Quaresma, em plena ditadura republicana, sonhou restabelecer o tupi como língua nacional, e foi ironizado por Oswald de Andrade na sua afirmação modernista “tupy or not tupy, that is the question!”. Gonçalves Dias quis recuperar com suas obras como I Juca Pirama (que significa o que vai ser morto), assim como José de Alencar que, ao escrever Ubirajara, Iracema entre outros livros, buscava encontrar o rosto do Brasil.

Para a diretora do Instituto de Letras da UFBa, Evelina Hoisel, o “ensino do tupi nas escolas da universidade facilitaria a compreensão da formação histórica do país. O que não podemos imaginar é que a partir desse projeto, o tupi volte a ser uma língua falada”. Mais de duzentos anos depois da agressiva política de Pombal, o Brasil deixou de ser um país bilíngüe: o tupi é falado por não mais do que 30 mil índios – 10% da população indígena do Brasil, calculada em cerca de 300 mil pessoas.

Há milhares de expressões, como ficar de nhenhenhen (quer dizer falando sem parar), chorar as pitangas (pitanga é vermelho em tupi, ou seja, chorar lágrimas de sangue), cair um toró (toró é jorro d´água em tupi), ir para a cucuia (entrar em decadência). Grande parte dos verbos é tupi: socar (bater com a mão fechada), petec (bater com a mão aberta, daí vem peteca, espetar é cutuc (daí cutucar). O significado de grande parte de nomes de lugares só se sabe com o tupi: Itapoan, Itaparica, Itacaré, Guaratinga, Pindobaçu e Itajuípe. Na nossa fauna e flora, o tupi aparece massivamente: tatu, tamanduá, jacaré.
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20 abril 2012

Água, gruta, índios, sonhos (2)


 
Cientificamente, a água é mãe

A água já foi definida como o ouro do terceiro milênio. Desperdício e poluição são os problemas, mas se todos conhecessem seu poder curativo, ela seria valorizada tanto quanto o precioso metal.

As fontes de água que estão secando em todo o mundo são um sintoma deste aproveitamento que insiste em não considerar o desenvolvimento sustentável.
O valor curativo da água espalhou pela redondeza. Os tropeiros viajantes, quem primeiro sentiu o efeito benéfico dessas águas.

E as águas habitavam a gruta

Na maior parte do tempo, essa gruta fica alagada, tornando impossível qualquer tipo de habitação.

As grutas foram utilizadas, em idades remotas, como ambiente seguro e morada para o homem primitivo, facto comprovado pela imensa variedade de evidências arqueológicas e arte rupestre encontrados no seu interior.

Depois, vieram os índios

Os índios que habitavam a região consideravam a caverna como um lugar sagrado e acreditavam que as estalactites e estalagmites eram pessoas e animais que haviam sido petrificados, bem como imaginavam que se ousassem colocar os pés dentro da caverna, uma gota de água cairia e o incauto viraria pedra.

Os caboclos e habitantes da região acreditavam que a caverna era a morada do demônio e a porta de entrada para o inferno. Sequer ousavam chegar perto de medo.

Mas na realidade a caverna era um espetáculo da natureza imperdível, rica em espeleotemas. Era possível encontrar estalactites, estalagmites, helictites, travertinos e amplos salões que encantam o visitante, oferecendo uma imagem surreal.

Dentro da caverna, o silêncio só é quebrado pelas águas que deslizam pelas rochas. Mas, lá dentro, o som é diferente. No interior da caverna tem-se a impressão de estar no maior lugar do mundo e, ao mesmo tempo, no menor cantinho, prestes a desabar. No ar sente-se o cheiro do perigo.

E os índios moraram no morro. Acendendo fogo, caçando. Eram os coroados. Os bandeirantes, na sua marcha pelos sertões, um dia deram com esse aldeamento de índios, no pé do morro. O morro, na linguagem primitiva, tinha o nome de Itaberaba, morada das onças. As cavernas eram imensas. Selvagens. lembravam grandes catedrais.

Era um mundo de espanto coberto de ouro. Os bandeirantes levaram a notícia da descoberta daquela gruta até outras terras.

Nosso Brasil já foi povoado por milhões de índios, com inúmeras etnias e dialetos. Um povo que historicamente manejou os recursos naturais, provocando poucas perturbações ambientais até a chegada dos conquistadores europeus. Embora vários tenham se envolvido com formas predatórias de exploração desses recursos deve-se reconhecer que o fizeram submetidos a pressões.

Ainda se estuda a possibilidade do ambiente sustentável, uma chance para os índios equacionarem no futuro o domínio de terras. Reduzidos em população e sempre sujeitos a frentes de expansão econômica, seguem em busca de um lugar nos projetos de futuro nos países onde sobrevivem. Estima-se que na época do descobrimento 5 milhões de índios habitavam o território brasileiro. Hoje são pelo menos 350 mil índios.

De todas essas etnias restaram apenas 225 que falam 180 idiomas. Os demais falam somente português porque perderam sua língua de origem.

Água, gruta, índios, sonhos (3)


Água, gruta, índio

Conta a lenda que em meio a floresta existia uma grande gruta de onde brotava uma fonte de águas límpidas. Certo dia, um índio tentou se abrigar na gruta e ao beber da água da fonte, viu refletir no espelho d'água a imagem de uma mulher.

Na grande floresta havia uma esplendorosa árvore centenária, um jequitibá que tem história, que fez história.

Esse jequitibá nasceu porque foi plantado por um índio que fez a travessia do longo sertão de florestas intocáveis, em busca do seu grande amor, uma bela índia de longos cabelos negros, sempre vista em seus sonhos, como estando sob a água, ou lhe espiando por olhos d’água.

Esse índio foi em busca de sua amada. Ao matar a sede em uma mina de singular bica, tal qual havia sonhado, sua amada flutuava sob águas planas e serenas, vista por uma cortina de água que faziam bolhas possibilitando ver, pelos olhos d’água, um oásis paradisíaco escondido no meio da mata, com uma piscina natural de águas cristalinas.

Sem poder chegar próximo à amada sonhada ele resolveu plantar um jequitibá e cultivá-lo com constantes folhas secas e farta água, para homenageá-la esperando que do alto pudesse avistar sua amada, pois, para ele, não existiria tempo, não existiria demora, para ter a oportunidade de viver o grande amor sonhado.

Enquanto o jequitibá crescia, a garota se tornava uma bela mulher. E o índio foi cavando uma parede de pedra para construir, ainda que vagarosamente, a sua tenda de fortaleza, como lhe inspirava o seu amor. Os anos se passaram e no pé do jequitibá o índio morreu. As folhas foram caindo em seu corpo e, dias depois, a bela arvore junto ao rio se transformou na sua sonhada amada que juntos viveram, no olho d´água.


Sites consultados:





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19 abril 2012

Água, gruta, índios, sonhos (1)


No princípio foram as águas

A água é essencial em todas as atividades humanas: alimentação, higiene, transporte, lazer, processos industriais, comerciais e agrícolas, que demandam água em qualidade e quantidade diferenciada.

A simplicidade da composição química parece disfarçar a importância da água para o desenvolvimento e preservação de todas as formas de vida existente na Terra. Sem a água, que constitui 70% do corpo humano, a vida, tal como a conhecemos, não seria possível.

Muitas vezes esquecemos que a água tem como objetivo básico hidratar e alimentar seres humanos, pois necessitamos dela para a manutenção de nossas funções vitais.

A água é um elemento da natureza que simboliza a versatilidade da vida. É o único elemento que pode se transmutar nos estados líquido, gasoso e sólido. Devido ao poder mágico de ser pura e depuradora, a água é considerada um removedor de energias causadoras dos bloqueios e também da purificação espiritual.

Em todas as cerimônias, desde o batismo até os banhos de purificação, a água, por conter microcristais e sais minerais, torna-se capaz de causar alteração na eletricidade do corpo e na nutrição da pele. Mesmo após uma chuveirada rápida, podemos perceber o poder relaxante e estimulante que um banho pode acarretar. Se vinculado à ervas medicinais, óleos especiais e sais, as propriedades terapêuticas são conferidas e absorvidas pela pele, causando um profundo bem estar e descanso.

Morno ou frio, o organismo recebe através das terminações nervosas periféricas a energia da água e transfere os estímulos ao sistema nervoso, que responde produzindo serotonina (anti-depressiva). Da mesma forma, as ervas e óleos são absorvidos pela pele e incorporados aos tecidos.

No passado a água era bem mais valorizada e muitas homenagens religiosas eram prestadas à água. As pessoas percebiam que água era a morada de seres divinos dos quais elas só podiam se aproximar com grande reverência, as divindades da água.

Os seres humanos gradualmente perderam o conhecimento e a experiência da natureza espiritual da água, e hoje a tratam meramente como uma substância inanimada e pensam em seu aproveitamento a serviço do homem.

Percebemos que a vida humana está conectada diretamente à qualidade de nossa água, tanto da água que está dentro como a que está em torno de nós, e que tanto alteramos os outros como a nós mesmos a partir dos pensamentos e da verbalização que interfere nas águas.



18 abril 2012

Solidão, mal do século XXI?

“Eu sozinho sou mais forte/minh'alma mais atrevida/não fujo nunca da vida/nem tenho medo da morte//Eu sozinho de verdade/encontro em mim minha essência/não faço caso de ausência/e nem me incomoda a saudade//Eu sozinho em estado bruto/sou força que principia/sou gerador de energia/de mim mesmo absoluto//Eu sozinho sou imenso/não meço nunca o meu passo/não penso nunca o que faço/e faço tudo o que penso//Eu sozinho sou a Esfinge/pousado no meio do deserto/que finge que sabe o que é certo/e sabe que é certo que finge//Eu sozinho sou sereno/e diante da imensidão/de toda essa solidão/o mundo fica pequeno//Eu sozinho em meu caminho/sou eu, sou todos, sou tudo/e isso sem ter contudo/jamais ficado sozinho”. A composição é de Paulo César Pinheiro. Conviver o dia a dia com tanta gente e ao mesmo tempo se sentir solitário parece um paradoxo social contemporâneo. Mas são muitas as situações geradoras de solidão. Há solidão gerada pelo próprio poder, solidão decorrente da riqueza, solidão dos bem e mal casados, solidão imposta pelo trabalho atomizado, solidão da criança cujos pais são egoístas ou inafetos, solidão dos velhinhos rejeitados com suas memórias e, muitas vezes, abandonados nos asilos esquecidos dos familiares, solidão da loucura, dos internos, dos hospitais psiquiátricos, solidão dos enfermos hospitalizados ou dos desempregados.


Muitas pessoas solitárias justificam seu “desejo de privacidade” escolhendo “viver sozinhas porque gostam de liberdade”, “prefere viver sozinha do que mal acompanhadas”. A tendência individualista de nossa época reforça o temor de conviver com as diferenças humanas, afinal, morar junto implica, sobretudo, sermos tolerante, compreender o outro, termos que dividir espaços e coisas e aceitar conferir a todo momento que o outro não nos preenche.


Há quem use a solidão como tempo de inspiração, análise e programação. É o recolhimento ao próprio íntimo. De vez em quando é preciso estar só. Ao sair da África até a Bahia o navegador Amyr Klink passou dias sozinho em sua pequena embarcação. Perguntaram-lhe se a solidão não teria sido seu maior obstáculo. Ele respondeu que nunca estivera só porque muitos torciam por ele e o que fazia lhe dava prazer. Quem age dessa forma não dá espaço para a solidão.


Há diferença entre viver sozinho “por opção” e o isolamento social obrigatório. No primeiro, a escolha é consciente e deliberada viver solitariamente, já que no segundo existe a imposição do destino ou das circunstâncias. O escritor, por exemplo, precisa estar sozinho para se concentrar e produzir seu texto. Também para ler, refletir, escrever, é preciso estar sozinho. Há diversas funções profissionais cujo isolamento social é condição sine que non para bem exercer a função. Ocupação é o antídoto para a solidão.


O filósofo Gaton Bachelard questiona: “Como se comporta sua solidão? Esta pergunta tem mil respostas. Em que recanto da alma, em que recanto do coração, em que lugar do espírito, um grande solitário está só, bem só? Só? Fechado ou consolado? Em que refúgio, em que cubículo, o poeta é realmente um solitário? E quando tudo muda também segundo o humor do céu e a cor dos devaneios, cada impressão de solidão de um grande solitário deve achar sua imagem (...) Um homem solitário, na glória de ser só, acredita às vezes pode dizer o que é a solidão. Mas a cada um cabe uma solidão (...) As causas da sua solidão não serão nunca as causas da minha”. E conclui: “A solidão não tem história”.


Viver no século 21, superestimulados por informações, contatos, internet, celular, ampliando a possibilidade de encontrar-mos e sermos encontrados, que fica cada vez mais difícil de estarmos sós, com nós mesmos. A solidão é malvista, as pessoas que ficam mais sozinhas são consideradas excluídas, ou diferentes, excêntricas. Para o psicoterapeuta Flávio Gikovate, o mundo atravessa um momento histórico em que a pressão por uma vida acompanhada está deixando de existir. "Cada vez mais as pessoas estão se encaminhando para existências solitárias. Desaprendeu-se bastante a conviver a dois, por exemplo, e assume-se a opção de ficar solteiro. É um fenômeno social, a humanidade está se adaptando à solidão", analisa. "Basta olhar ao redor para comprovar isso. As pessoas andam sozinhas, dançam sozinhas. A mulher solitária de hoje não é mais uma solteirona trancada num quarto de pensão. Tudo está mudando.". Para ele, a capacidade de conviver bem com a solidão tem a ver, principalmente, com maturidade. "E só amadurecemos nos expondo a situações de dor. Isso aumenta nossa tolerância à frustração", explica.


O sucesso social é medido pela quantidade de vezes que alguém é visto e com quem. Mas dentro de nós há duas forças essenciais para nossa sobrevivência e bem-estar, que são poderosas e interdependentes: estar só e relacionar-se. O sono é uma forma natural de nos garantir isolamento, para repormos nossas forças e descansarmos já que a vida urbana nos proporciona poucas chances de ficarmos sós. Quando se está só há chances de avaliar como está a vida e como estão os relacionamentos. Isolamento nem sempre significa solidão. Há pessoas que precisam subir montanhas, outras a se embrenhar nos matos, ou simplesmente colocar seu walkman nos ouvidos. Para saber de quanto e de qual espaço você precisa, é bom passar um tempo sozinho, observando como se sente. A reclusão é importante para o processo criativo. É preciso abolir a idéia de que a solidão é negativa e de que pessoas sozinhas não podem viver bem. Agora é preciso distribuir seu tempo de forma adequada e positiva. Para os que vivem acompanhados, vale aprender a valorizar os momentos de quietude, de contemplação.


O que é solidão? Ausência de companhia, de pessoas à nossa volta? Estar longe das civilizações? Mais grave do que estar só é sentir-se só. Solidão, mais do que estar só, é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. O filósofo alemão Martin Heidegger afirmou que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte.

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17 abril 2012

Limites da tolerância

Tolerância provém do latim tolerantia, que por sua vez procede de tolero, e significa suportar um peso ou a constância em suportar algo. O filósofo Tomás de Aquino disse que a tolerância é o mesmo que a paciência. Quem é forte é paciente, mas não vice-versa, pois a paciência é parte da fortaleza. A palavra tolerância surgiu nos conflitos religiosos do século 16, época das guerras religiosas entre católicos e protestantes. Nesse período muito se falou de tolerância religiosa, eclesiástica ou teológica. Hoje em dia também se tolera (pacientemente) em pontos que não são essenciais de uma determinada doutrina mesma que seja em detrimento da mesma, mas para uma melhor convivência social.


Já em meados do século 19, “maison de tolérance” era a casa ou zona de prostituição. Muitos toleravam esses locais procurando evitar, assim, a disseminação desses costumes em toda toda a sociedade. A partir daí a tolerância estendeu-se ao livre pensamento e, no século 20 passou a ser acordo internacional com intenção de ser exercida, através da Carta aos Direitos Humanos em 1948, também através de algumas ongs e de governos não totalitários.


Na medicina, a palavra tolerância é utilizada para significar a aptidão do organismo para suportar a ação de um medicamento, um agente químico ou físico. Assim, as diferentes espécies toleram de diferentes modos os microorganismos – alguns adoecem e morrem, outros nada ocorre. O nível de tolerância à radiação tem tal limite. A tolerância é o limite do desvio admitido dentro das características exatas de um objeto fabricado ou de um produto e as características previstas. Não são todos que suportam os medicamentos. Cada caso é um caso.


Num processo de tentativa e erro, as pessoas buscam soluções para viver consigo e com as demais. Tolerar é assim aceitar os limites, ser paciente. A paciência é justamente aceitar o desagradável, com bom humor. Muitas vezes tendemos a ser complacentes com os desvios de nossa conduta e implacáveis com os outros – não lhes damos o tempo necessário para mudar. A verdade é que somos limitados, e isto se manifesta no modo tosco que nos relacionamos com as pessoas. A distância que existe entre as pessoas, em parte é criada por cada um. Percebemos muitas vezes que com alguns, já num primeiro momento se consegue chegar perto, falar sem gritar ou mandar mensageiros, mas nem sempre é assim. É preciso usar a inteligência para encontrar o caminho da comunicação entre as pessoas.


Nossas limitações são patentes. Não somos o que queremos, não fazemos tudo que sonhamos, não temos o dom de estar onde desejamos. É dentro desses limites que nos movemos. Conhecer os limites pessoais e os outros é uma tarefa que dura toda a vida. A tolerância é uma das tantas virtudes necessárias para elevar o ser humano à condição de civilidade. S.P. Rouanet a vê “como passagem para um estágio mais civilizado e menos mecânico de convívio das diferenças”. A tolerância deve ser um ato constante de prevenção e educação. Dessa forma é uma espécie de prevenção contra o dogmatismo, para que este não vire fanatismo (na dimensão pessoal), fundamentalismo (na dimensão religiosa) e totalitarismo (na dimensão de Estado ou de Governo).


Para muitos pensadores, a tolerância é uma virtude necessária para o exercício das coisas pequenas do cotidiano, um exercício necessário para se conquistar a sabedoria. A pessoa que se pretende possuir “a verdade”, ou melhor, “a certeza”, termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que apresente diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. Um exemplo é o moralista, in-tolerante com os que possuem valores diferentes do seu. Sabemos se tratar de um moralista quanto sofremos a imposição de seus valores, baseado em sua “certeza moral”. Ele, o moralista, carrega a ambição de impor a todos, universalizando seus valores como certos.


A tolerância deve ter limites? Para o escritor José Saramago, “a tolerância para no limiar do crime. Não se pode ser tolerante com o criminoso. Educa-se ou pune-se”. Nesse sentido, não se pode ser tolerante com a tortura, o estupro, a pedofilia, a escravidão, o narcotráfico, o terrorismo, a guerra. Já o filósofo Vladimir Jankélévich diz que “a tolerância não vale, pois, em certos limites, que são os de sua própria salvaguarda e da preservação de suas condições de possibilidade”. O filósofo Karl Popper questiona: “Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância”. Fica aí a pergunta para você leitor pensar: “Uma democracia deve ou não impor limites de tolerância tendo em vista a ânsia dos intolerantes pelo poder?.

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16 abril 2012

É preciso ser paciente

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma/até quando o corpo pede um pouco mais de alma/a vida não pára//Enquanto o tempo acelera e pede pressa/eu me recuso faço hora vou na valsa/a vida é tão rara//Enquanto todo mundo espera a cura do mal/e a loucura finge que isso tudo é normal/eu finjo ter paciência//O mundo vai girando cada vez mais veloz/a gente espera do mundo e o mundo espera de nós/um pouco mais de paciência//Será que é o tempo que lhe falta pra perceber/será que temos esse tempo pra perder/e quem quer saber/a vida é tão rara (tão rara)”. A composição de Lenine e Dudu Falcão é precisa. Fala de uma virtude de manter controle emocional, sem perder a calma.

O famoso ditado “a pressa é inimiga da perfeição” nunca fez tanto significado como agora. Para viver e conviver em sociedade é preciso mesmo ter paciência: afinal, cada pessoa está preocupada em satisfazer as suas próprias vontades, os seus desejos e nem sempre o que uma pessoa deseja é o que a outra deseja e vice-versa. Além disso, é preciso ter a paciência de esperar que as coisas aconteçam da forma como devem acontecer, que nem sempre o tempo que desejamos e esperamos é o tempo de algo acontecer. Para entendermos as vantagens de sermos pacientes, basta observar a natureza. Tudo nela tem o seu tempo certo: o de arar, o de semear, o de impedir que as ervas daninhas sufoquem as sementes e o de colher.


Pessoas impacientes, em geral, não sabem lidar com limites, costumam vir de famílias que, por excesso ou falta de amor, sempre satisfizeram as suas vontades enquanto crianças. São pessoas que não aceitam um não como resposta, justamente porque não aprenderam dentro de casa a lidar com este limite. Atualmente estamos sempre correndo, agitados, sempre sendo cobrados a fazermos algo imediatamente, sem muito tempo para pensar. Há determinadas situações que, ou decidimos de imediato ou perdemos a chance de algo bom para nós mesmos, embora, em geral, na maioria das vezes em que agimos por impulso ou por impaciência, costumamos ter mais derrotas, erros e sofrimento do que vitórias ou acertos.


Apesar da paciência e da serenidade se mostrarem importantes no desenrolar da vida dos seres humanos, algumas pitadas de inquietação, insatisfação e até da própria impaciência podem ser ingredientes vitais na confecção da receita de uma carreira profissional e de uma vida pessoal mais apimentada, fora da rotina e da acomodação. Alguns psicólogos alertam que a paciência “pode mascarar a submissão ou o conformismo. Há pessoas que passam a vida em busca da solução perfeita, anos e anos arquitetando um plano perfeito que nunca se concretiza, enquanto outras, por impulso, acabam por agir de forma impaciente e resolvem o problema”. Portanto, vale a pena dosar a paciência para trazer benefícios à sua vida.


A paciência, virtude de pessoas muito especiais, atributo dos santos, é, muitas vezes, confundida com preguiça. Uma caracteriza-se por saber esperar, tanto para agir, quanto para colher os frutos dessa ação. Outra é a inação, a espera que os outros façam por nós o que deveria ser da nossa competência. É o não fazer. O filósofo Jean-Jacques Rousseau já dizia que “a paciência é amarga, mas seus frutos são doces”. Às vezes, é necessário muito tempo para os resultados começarem a aparecer. Prepare-se para lidar com a demora nos resultados e habitue-se a encarar as suas conquistas em médio e longo prazos.


Já Edmundo Burke refletia: “A paciência traz mais frutos do que a força"."Esperança é a paciência com a lâmpada acesa”. A frase é de Tertuliano. "Os mais fortes de todos os guerreiros são estes dois — Tempo e Paciência." (Leo Tolstoi). E John Dryden recomendava: "Tenha cuidado com a fúria de um homem paciente”. E Leonardo da Vinci chegou a uma conclusão: "A paciência serve de proteção contra injustiças como as roupas contra o frio. Se você veste mais roupas com o aumento do frio, este não terá nenhum poder para feri-lo. De forma idêntica você deve crescer em paciência quando se encontra em grandes dificuldades e elas serão impotentes para atormentar a sua mente". A paciência está em falta no mercado.


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