31 maio 2016

Mergulhe nessa terceira onda (2)



Para o estudioso Stuart Hall, o deslocamento do sujeito foi provocado por cinco rupturas nosdiscursos do conhecimento moderno. Marx, Freud, Saussure, Foucault e o feminismo foram fundamentais para a descentralização do sujeito enquanto identidade.

O pensamento Marxista reinterpretada na década de 60 tirou o homem do centro do sistema teórico.

A descoberta do inconsciente por Freud que arrasa a ideia do homem como ser provido de identidade fixa e unificadora.

O terceiro descentramento está associado ao trabalho desenvolvido de Ferdinand de Saussure. Ele argumentava que nós não somos em nenhum sentido, os autores das afirmações que fazemos ou dos significados que nos expressamos na língua. A língua é um sistema social e não individual. Ela pré-existe a nós. O trabalho de Ferdinand de Saussure diz que utilizamos a língua segundo padrões estabelecidos para nos posicionarmos de acordo com propostas pré-existentes.

O filósofo e historiador francês Foucault destacou o poder disciplinar onde as novas instituições coletivas de grande escala regulam, vigiam as atividades modernas.

E o último pensamento advém do feminismo que junto com outros movimentos de sua época promoveram transformações sociais importantes para a conceituação de identidade.

Assim a chamadacrise de identidadepode ser entendida, segundo Stuart Hall, como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. Ou seja, as velhas identidades, fixas, que na pré-modernidade serviram como representações estáveis e referência que os indivíduos, estão em declínio. Novas identidades vêm surgindo e, como consequência, ocorre a fragmentação do sujeito moderno.

Segundo os estudiosos, favoráveis a essa teoria, as identidades modernas estão entrando em colapso, transformando,descentrando, deslocando não o sujeito, mas os parâmetros de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que antes forneciam localizações em nossa sociedade.

Tais transformações abalam a ideia que temos de nós mesmo como sujeitos integrados, afetam nossas identidades pessoais. É oeudissolvido e, ao mesmo tempo, exilado no todo que se extingue o sentimento de pertencer à sociedadetalvez, mais significativa ainda, seja aperda de um ´sentido de si´.da própria identidade. um duplo deslocamento: tanto do sujeito em relação à sociedade e à cultura, quanto a si próprio.

E o sujeito moderno está se tornando fragmentado. Composto não de uma, mas de várias identidades, que podem vir a lutar entre si. A identidade é transformada de acordo com as representações dos sistemas culturais. Nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Assumimos diferentes identidades em diferentes ocasiões ao redor de um eu, não mais, fixo, estável ou permanente. Devido à multiplicação dos sistemas de significação e representação cultural, nos confrontamos com múltiplas possibilidades de identificação.

30 maio 2016

Mergulhe nessa terceira onda (1)




Terceira onda, modernidade tardia e pós modernidade foram as denominações de estudiosos a sociedade pós-industrial. Para Alvin Toffler, as mudanças ocorridas na sociedade se processam como ondas do mar. E três grandes ondas são as responsáveis pelas transformações que alteraram a vida em sociedade, o modo de trabalho e produção, a política e o comportamento humano ao longo dos séculos. O que distingue uma onda de outra é um sistema diferente de criar riqueza. A alteração da forma de produção de riqueza é acompanhada de profundas mudanças sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais.

A segunda onda assolou o mundo no século 18 com a Revolução Industrial, que transformou o modo de vida com que as pessoas deixassem o campo para viverem nos centros urbanos e trabalharem nas fábricas. Na segunda onda, a forma de criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio de bens. Os meios de produção de riqueza se alteraram. A terra deixou de ser tão importante, mas, por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia para tocar os equipamentos, matéria prima, o trabalho do ser humano, e, naturalmente o capital (dada a necessidade de grandes investimentos iniciais) passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção. Do ser humano passou a se esperar que pudesse entender ordens e instruções, que fosse disciplinado e que, na maioria dos casos, tivesse força física para trabalhar. Essa nova forma de produção de riquezas também trouxe profundas transformações sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais, etc., em relação ao que existia na civilização predominantemente agrícola. Nós todos conhecemos bem as características desta civilização industrial, porque nascemos nela e, em grande parte, ainda continuamos a viver nela.

A terceira onda se iniciou na segunda metade do século 20 e tem como propulsores o advento do conhecimentoou a Revolução da Informaçãoe a globalização entre outros inúmeros fatores que se relacionam nessa cadeia de mudanças. É a terceira onda que caracteriza a transição para a pós-modernidade. Na terceira onda, a principal inovação está no fato de que o conhecimento passou a ser, não um meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio dominante. Na medida em que ele se faz presente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no processo de produção. O conhecimento, na verdade, se tornou o substituto último de todos os outros meios de produção. Na guerra, por exemplo, um centímetro quadrado de silício, na forma de um chip programado, pode substituir uma tonelada de urânio. O conhecimento se tornou ingrediente indispensável de armamentos inteligentes, que são programáveis para atingir alvos específicos e selecionados. Para derrotar o inimigo, frequentemente basta destruir seu sistema de informações.


CHAVE

E na informação e no conhecimento que está a chave da reorganização mundial. Assim os valores pós-modernos afetam a vida em velocidade. Segundo Martin-Barbero, a pós-modernidade é uma nova maneira de estar no mundo e afeta o sentido do convívio social. Na sociedade na qual a linguagem multimídia impera, vivemos a simulação. A sociedade pós-moderna deseja viver o presente, fazer do hoje o mundo ideal. E assim morrem as grandes utopias e, em seu lugar, entra a performance.


O resultado disso é uma crise de identidade vivida pelo sujeito pós-moderno, que, por ser plural (não tem uma identidade fixa, essencial ou permanente), não sabe qual é o seu lugar no mundo. Ele busca entender qual o seu lugar na nova sociedade porque as transformações ocasionadas com a onda de mudançaestão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados, informa Stuart Hall em sua obraA identidade cultural na pós-modernidade.