31 maio 2010

Zíper, um acessório fashion, sexy

Há mais de 90 anos perdiam muito tempo para abotoar todas as roupas, botas, bolsas e outros objetos. Pensando em facilitar a vida das pessoas que o americano W. Litcomb Judson decidiu, no final do século 19, se dedicar ao desenvolvimento de algum apetrecho que pudesse solucionar essa questão. Ele patenteou um sistema de fecho que era feito de garranchos e fendas que se agarravam para abrir e fechar. Ainda era um esboço do que conheceríamos mais tarde como zíper. Com a ajuda do engenheiro Gideon Sundback ele produziu um fecho semelhante só que sem os ganchos pontiagudos, usado no lugar dentes de metal. Tal tipo de fecho era usado para bolsinhas que guardavam tabaco e dinheiro.


Além da função de fechar e abrir, o zíper garantiu seu lugar como um dos objetos mais sexy do planeta. No libidinoso ano de 1893, um francês criou o underwear feminino, mas foi o americano W. Litcomb Judson que inventou o zíper para substituir o laço das botas de cano alto.


Em 1917, a marinha americana começou a fabricar jaquetas impermeáveis com fechos. Em 1919, eles já eram usados maciçamente pelas forças armadas, em roupas e equipamentos. Em 1920, o zíper estava realmente na moda e podia ser encontrado em todos os tipos de roupas, sapatos e bolsas. A empresa B. F. Goodrich produziu uma bota de borracha com o novo fecho, o acessório se tornou popular. O nome zíper foi adotado também nessa época por B.G. Worth. O exército americano notou o potencial da peça e, durante a Primeira Guerra Mundial, os zíperes arrematavam as roupas, os sapatos e as mochilas dos soldados.


Muito antes de serem associados, nos anos 50, ao símbolo número 1 de rebeldia no cinema: as jaquetas de couro. Quem não se lembra do modelo eternizado por Marlon Brando no filme O Selvagem? Durante os anos 30, Elsa Schiaparelli foi a primeira estilista a usar fechos aparentes, como um enfeite, em suas criações. Desde então, por várias vezes, o zíper entrou e saiu da moda, tendo sido usado por estilistas e designers. A coleção de Christian Dior, para o verão do ano 2000, teve, como estrela principal, o zíper, usado de todas as formas, na vertical, horizontal, nas barras das calças e até no cabelo.


Depois disso, a história do acessório foi um sucesso só. Prático e estiloso, não há como resistir a suas mil e uma funções. Além da sua praticidade incontestável, o abrir e fechar dos fechos fez com que ele se tornasse um símbolo de sensualidade, muito usado em roupas e acessórios fetichistas.


Nos últimos desfiles da SP Fashion Week, o estilista Alexandre Herchcovitch investiu forte nos zíperes, que aparecem como elemento indispensável para compor o estilo rock de jaquetas e vestidos pretos. No início dos anos 70 foi muito usado nas coleções de Courrèges. O aviamento em versão 96 ganhou uma boa variedade de cores e materiais, como os de acrílico, que não oxidam e nem perdem a forma quando lavados. Hoje em dia, apesar de ter ganhado o posto de acessório fashion, o aviamento também tem a sua função fetichista: “É uma coisa que sobe, escorrega e desce. Uma coisa bem rapidinha, sabe?”, brinca uma conhecida estilista baiana. O zíper também pode ser usado em tops e blusas na medida em que cada pessoa quiser. Isso pode ser muito interessante e sexy.


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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)


28 maio 2010

Música, música & Poesia, poesia

Espaço Liso (Paulinho Moska)


Eu amo a causa, e não a consequência

Eu amo o Pensamento, e não a inteligência

Eu amo a Loucura, e não a consciência

Eu amo a paciência, eu amo a paciência


Eu amo o deserto, e não a muralha

Eu amo o mergulho, e não a medalha

Eu amo suor, e não a toalha

Eu amo a batalha, eu amo a batalha


Eu amo a alma, e não a pessoa

Eu amo a cara, e não a coroa

Eu amo a corrida, e não a linha de chegada

Eu amo a estrada, eu amo a estrada


Eu amo o agora, e não a memória

Eu amo a luta, e não a vitória

Eu amo o fato, e não a história

Eu amo a trajetória, eu amo a trajetória


Eu amo o bem forte, e não o assim

Eu amo o papel, e não o cetim

Eu amo pra onde vou, e não de onde eu vim

Eu amo o meu meio, e não o meu fim.



Todos os Verbos (Marcelo Jeneci | Zélia Duncan)

Errar é útil

Sofrer é chato

Chorar é triste

Sorrir é rápido

Não ver é fácil

Trair é tátil

Olhar é móvel

Falar é mágico

Calar é tático

Desfazer é árduo

Esperar é sábio

Refazer é ótimo

Amar é profundo

E nele sempre cabem de vez

Todos os verbos do mundo

Abraçar é quente

Beijar é chama

Pensar é ser humano

Fantasiar também

Nascer é dar partida

Viver é ser alguém

Saudade é despedida

Morrer um dia vem

Mas amar é profundo

E nele sempre cabem de vez

Todos os verbos do mundo


Poema de sete faces (Carlos Drummond de Andrade)


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus,

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.




Com licença poética (Adélia Prado)


Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

-- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

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27 maio 2010

Revolta dos Malês: o dia em que os escravos tentaram dominar a Bahia

Tudo foi “contido” em menos de quatro horas. Mas tudo que se passou antes e depois da Revolta dos Malês, em 1835, deu provas concretas do poder de articulação dos escravos, apavorando a elite branca baiana e repercutindo em todo o Brasil, e até mesmo no exterior. Vinte e cinco de janeiro, esta foi a data escolhida pelos rebeldes para tomar de assalto a cidade de Salvador e libertar os demais escravos africanos.


A ideia da Revolta dos Malês era aproveitar o domingo de festa, no qual se comemorava o dia de Nossa Senhora da Guia, parte do ciclo de festas do Bonfim, quando os senhores relaxavam a vigilância. O grupo, dominado por negros muçulmanos de origem nagô, partiria para o confronto, mas o plano foi deletado por um casal de negros libertos. Rapidamente a política entrou em ação e o saldo foi um total de 70 negros mortos durante o levante, fora as punições posteriores, que ia da pena de morte até a expulsão do país.


Planejada por escravos que possuíam experiência anterior de combate na África, de maneira geral, os malês propunham o fim do catolicismo (religião que lhes era imposta), o assassinato e confisco dos bens de todos os brancos e mulatos e a implantação de uma monarquia islâmica, com a escravidão dos não muçulmanos. Durante as primeiras décadas do século XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da Bahia, mas a mais importante delas foi a dos Malês. Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs.


REBELIÃO - Foram eles que protagonizaram a rebelião, conhecida como dos “malês”, pois este termo designava os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever o árabe. Sendo a maioria deles composta por negros de ganho, tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria.

Cerca de 1.500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe. Apesar da denúncia, eles conseguiram atacar o quartel que controlava a cidade, todavia, devido à inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra.


Na época, os africanos foram proibidos de circular à noite pelas ruas da capital e de praticar as suas cerimônias religiosas típicas. Apesar de rapidamente controlada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata - ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo pessoal de D. Pedro II.


TRADIÇÃO - O Levante dos Malês, livro do professor João José Reis, apresenta ao longo da obra os aspectos mais relevantes da revolta. Mostra que, apesar de o Levante dos Malês se situar num período especialmente conturbado da vida nacional e geralmente ser classificado como mais uma “revolta do Período Regencial”, essa ligação existe mas é secundária. O Levante pertence, antes de tudo, à tradição de rebeliões escravas na Bahia. Nessa época ocorreram várias, sendo a Rebelião Malê a mais grave e a última delas. Ela possui uma outra singularidade em relação às demais: a presença majoritária de muçulmanos (daí o nome de Malê, como os negros muçulmanos eram chamados na Bahia). Reis aponta ainda como fator significativo a forte presença em Salvador da escravidão de ganho (escravos que passavam o dia vagando pela cidade, prestando algum serviço ou vendendo mercadorias e obrigados a entregar a seus senhores um certo valor ao final do dia, podendo ficar com o excedente). É inegável a maior “liberdade” que esse tipo de escravidão oferecia para os contatos pessoais, os cultos religiosos e também para a organização de revoltas. Por isso, em geral, a rebeldia escrava nas cidades assumia a forma da revolta, ao passo que nas fazendas do interior ela se expressava como fuga para os quilombos.


O autor dedica um capítulo à descrição da revolta e o faz de forma tão viva que transporta o leitor para as vielas da cidade de Salvador de 1835. Mostra que a rebelião durou apenas algumas horas, nas quais os revoltosos se tornaram senhores das ruas de Salvador. Revela também que ela repercutiu em todo o Império e no exterior, permanecendo por longo tempo na memória das classes dominantes da Bahia e mesmo da Corte, que tomaram diversas medidas para impedir que outro movimento similar ocorresse.


Para Reis, o Levante pode ser explicado através de um tripé: religião, etnia e escravidão. Como influência secundária, ele alude ao período conturbado no Brasil (e especialmente na Bahia) no qual a revolta se deu. Reis afirma que nunca teve dúvidas acerca da inspiração religiosa do movimento. Para ele, a ideologia da Revolta de 1835 foi o islã e seu núcleo dirigente era malê. Mas a importante presença muçulmana que o distingue dos demais movimentos de africanos não pode ocultar outros fatores que mobilizaram os participantes do Levante, percebidos por Reis em depoimentos de época, principalmente dos seus envolvidos. Ao mesmo tempo que muitos participaram motivados pela fé muçulmana, outros o fizeram por serem nagôs fundamentalmente.

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26 maio 2010

Força no traço e no enredo do Quilombo Orum Aiê

A editora Record lança o selo Galera Record estreando com quadrinhos nacionais. Trata-se do álbum O Quilombo Orum Aiê do quadrinista André Diniz. “O livro conta a saga de três escravos e um branco foragidos que partem em busca de um quilombo utópico, após a revolta dos escravos malês, em 1835”, explica André Diniz. “A busca pelo quilombo, que eles até, em algum momento, duvidam que exista, é também uma jornada onde o jovem escravo, líder do grupo, aprende bastante sobre si mesmo e sobre a vida”. Dois personagens criam uma tensão marcante na narrativa: o garoto escravo Capivara, que mesmo sem saber ler tem uma sabedoria inata, e o branco Antero, que possui grande erudição, mas tem rompantes de violência.


A arte africanizada (visual inspirado na estética africana) de André Diniz conta a história de um jovem escravo chamado Capivara que sai em busca de um quilombo lendário, onde seu pai está vivendo. No Quilombo Orum Aiê não há guerras ou desavenças e todos vivem por muitos anos com perfeita saúde. E em sua jornada a esse quilombo idílico, Capivara se junta a outros personagens em uma narrativa que apresenta temas como a natureza real da sabedoria e a busca pela felicidade e pelo amor.


O autor cria com detalhes a Salvador de 1835, transmitindo a sensação de uma cidade viva. Ele retrata diferenças poucas vezes encontradas em uma obra que tem a escravidão como pano de fundo, como as diferenças entre escravos recém-chegados, escravos urbanos ou do campo, de diferentes etnias e falando diferentes idiomas.


E se o traço de André Diniz é fortemente influenciado pela estética da arte africana, o roteiro é muito bem traçado com diálogos afiados e muito bem construído. O personagem Capivara é um bom exemplo disso. Dono de uma sabedoria inata, se aproxima instintivamente de temas abordados por grandes pensadores da humanidade mesmo sendo analfabeto. Junto a ele seguem o recém-chegado Abul, forte negro iorubá de coração bom que não fala português, a jovem Sinhana, escrava questionadora e de personalidade forte, e Antero, um branco ex-prisioneiro de passado incerto, que possui grande erudição, mas parece sempre esconder segredos.


Interessado em períodos históricos, Diniz leu mais de 20 livros como referência para produzir a história. “Agora, em particular com o tema da escravidão, o que me motivou muito foi mudar aquela visão única que encontramos dos escravos na ficção brasileira, quase sempre falando português e retratado como um conquistado estereotipado. A realidade é muito mais complexa, com muitas etnias, algumas que já tinham histórias entre si, idiomas diferentes, uma forte influência do

islamismo e diversos tipos de escravos, os urbanos, os rurais...” disse ele em uma das entrevistas. O Museu da Cultura Afro Brasileira, em São Paulo foi também importante na sua pesquisa visual.

Para quem não se lembra, o carioca, André Diniz ganhou oito prêmios HQ-Mix e quatro Ângelo Agostini, entre 2000 e 2004. Ele também é editor do site Nona Arte. Antes ele produziu o autobiográfico "7 Vidas" (Conrad), o histórico "A revolta de Canudos" (Escala Educacional) e o independente "Ato 5". Agora ele recria a Revolta dos Malês em HQ


O roteiro é primoroso, resgata a pulsação da época, em todos os seus detalhes, dos políticos aos sociais. O personagem escravo foge ao estereótipo de escravo. E quem sai ganhando é o leitor que devora esse álbum com paixão. “Nesse fabuloso mundo recriado pelo universo dos quadrinhos, a imagem, o texto e a técnica refinada de André Diniz se integram harmoniosamente, proporcionando aos leitores de todas as idades uma sedutora fusão de linguagens”, escreveu Rogério Andrade Barbosa na orelha da obra. Para ler e reler.

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25 maio 2010

Dicionário dos Intrometidos

Depois do Dicionário dos Excluídos e do Dicionário dos Incluídos que publicamos no mês anterior (abril), agora vamos conhecer o Dicionário dos Intrometidos. São palavras jogadas ao vento, muitas delas sem sentido, outras sentidas. Palavras que dizem tudo... mas que nada dizem. Palavras estranhas e perdidas, riscadas e arrependidas. Palavras apenas.


BUCÉFALO - Era o nome do cavalo de guerra de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia e fundador de um dos maiores impérios da antiguidade. Pessoa burra, jumenta, otária, pensa que sabe das coisas, mas não sabe de nada.


CORNUCÓPIA - É um símbolo representativo de fertilidade, riqueza e abundância. Na mitologia greco-romana era representada por um vaso em forma de chifre, com uma abundância de frutas e flores se espalhando dele. Hoje, simboliza a agricultura e o comércio. O seu significado provém da cabra Amaltéia que na mitologia greco-romana amamentou Zeus/Júpiter enquanto bebé. Atualmente essa palavra é utilizada como sinônimo de abundância, porém está sendo esquecida por seu estilo rebuscado e antigo.

DESLEIXADO - Pessoa distraída, desorganizada, que manifesta falta de cuidado


EFEMÉRIDE - Comemoração de um fato, geralmente auspicioso. Qualidade daquilo que é efêmero (geralmente usada no plural). Algo passageiro, pouco duradouro. Ex: o nosso amor foi lindo, mais efêmero.


ELUCUBRAÇÃO - Penoso ou prolongado trabalho intelectual feito à noite. Meditação, divagação. O mesmo que lucubração. Pesquisas longas e pacientes: entregar ao público o resultado de suas elucubrações. Estudo prolongado ou outro trabalho, feito de noite. Vigília. Meditação grave. Estudo profundo.


EMPEDERNIDO - Convertido em pedra, que endureceu. Insensível, contumaz.


ENERGÚMENO – Endemoninhado, possuído do demônio, possesso. Indivíduo desnorteado, fanático, exaltado.


ESDRÚXULA - Uma coisa ou uma frase literalmente 'sem pé e sem cabeça', aquilo que não faz o menor 'sentido'. Esquisita, extravagante. Não me venha com essas explicações esdrúxulas!


IDIOSSINCRACIA - Reação individual própria a cada pessoa. Maneira pessoal de ver o mundo. O termo parece uma palavra de origem indígena, mas é o modo dos candidatos a intelectualidade comentar para julgar situação. É o temperamento especial de cada indivíduo (relativamente à influência que nele exerce o que lhe é alheio). Disposição do temperamento de um indivíduo para sentir, de um modo adj. 2


INDÓMITO – Indomado. Não vencido. Arrogante.


LÚBRICO - Escorregadio, resvaladiço, lascivo, sensual.


METALINGUAGEM - A linguagem que se debruça sobre si mesma. Tipo de linguagem com que se procura interpretar e explicar qualquer outra linguagem. (A explicação verbal que alguém faz a outrem dos sinais com que se entendem os surdos-mudos é metalinguagem.). Metalinguagem é um recurso muito utilizado em várias narrativas, seja na TV, na literatura, no cinema, nas histórias em quadrinhos. Uma música cujo tema seja o próprio ato de fazer música também é uma metalinguagem, como, por exemplo, a canção “Samba de uma nota só”, composta pelo Newton Mendonça. O filme “A Rosa Púrpura do Cairo” do Woody Allen, também se enquadra nesse estilo, já que essa produção conta a história de uma mulher que entra na tela do cinema e começa a participar do filme que ela assistia. No teatro, Shakespeare utilizou a metalinguagem em “Hamlet” e no mundo dos quadrinhos, a revista de ficção científica “Y – O último Homem”, em alguns trechos, utiliza esse recurso de um jeito muito inteligente. Machado de Assis, quando colocava em seus textos falas diretas com o leitor, também estava utilizando um processo metalinguístico.


TERGIVERSAR - Voltar as costas. Usar de subterfúgios, de rodeios, buscar evasivas, inventar desculpas.


PUSILÂNIME - Omissão por medo de agir, falta de coragem, negativo, inativo, fracassado. Fraco, temeroso, sem coragem. Destituído de coragem; temeroso até à covardia; fraco, covarde, poltrão.

Que deixa transparecer esse defeito: procedimento pusilânime. Origem etimológica: "pusilis" - fraco; "anima" - alma, espírito. Pôncio Pilatos foi um juiz pusilânime ao lavar as mãos diante das acusações infundadas contra Jesus Cristo, possibilitando assim o exercício da arbitrariedade que culminou com sua crucificação. Adjetivo aplicado a pessoa que tem pouca energia,, fraca e desanimada. Não acompanhe os pusilânimes, pois poderá ser contagiado (a) pelos mesmos sintomas..

VARIEGADO - Que apresenta cores variadas, matizado. Diferente, diverso.

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24 maio 2010

Ética brasileira


Toda coletividade cultiva um sistema de valores e normas morais que definem o bem e o mal, o certo e o errado, as virtudes e os vícios. A ética aponta para a construção da pessoa, enriquecimento do ser como pessoa. Ao longo do processo histórico, as esferas da sociedade como a política, a religião, a arte, a ciência, vão adquirindo sua própria autonomia. A religião e a ética perdem a hegemonia que exerciam sobre a sociedade tradicional. De forma mais radical, com o avançar do processo, a economia assume papel dominante e subordina a seus interesses as outras esferas sociais, inclusive a ética.


Os fatores da crise ética da nossa sociedade têm gerado a falta de honestidade, a corrupção, o abuso do poder, a exploração institucionalizada e a violência. Há uma ruptura entre o indivíduo que se fecha sobre si mesmo e a vida pública e os valores comuns, sobre as quais se ergue a sociedade.

A pesquisa "Retrato da Ética no Brasil" (jornal Folha de S.Paulo, 04/10/2009), informa que nosso país, no que diz respeito a atitudes corruptas e corruptoras “vale mais o faça o que eu falo e não o que eu faço. Para uma ética de verdade em primeiro lugar estou eu e meus próximos (família e comunidade a que pertenço)".


É muito fácil dizer que os políticos são corruptos (porque muitos deles fazem questão de dar exemplos todos os dias), porém é preciso reconhecer que na correção do problema, e principalmente em viver de modo ético, sou eu que estou em primeiro lugar.


Por isso insisto que a política, a questão ética na sociedade, somente se resolverão pela cultura, ou seja aquele espaço de sociedade onde vivo e que essa mudança de postura diante da vida, dos outros com quem convivo no trabalho ou na vizinhança, tem de ser uma realidade hoje. Esse processo evidentemente é educativo, por isso temos sempre apontado aqui que entre todas as prioridades sociais a maior é a da urgência educativa.


Um país em que os eleitores trocam voto por dinheiro, emprego ou presente e acreditam que seus concidadãos fazem o mesmo costumeiramente; um país em que os eleitores aceitam a ideia de que não se faz política sem corrupção; um país assim deveria ser obra de ficção, como em "Os Bruzundangas" (Ediouro), livro de Lima Barreto de 1923. Mas o Brasil da prática cotidiana parece mais com Bruzundanga do que com a Escandinávia.


A pesquisa do Datafolha (2009) tem o mérito de colocar em foco problema crucial nacional. Uma discussão sobre se o Brasil deve seguir Bruzundanga. A obra que retrata a República dos Estados Unidos da Bruzundanga foi lançada no ano seguinte à morte de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), autor consagrado por livros como "Triste Fim de Policarpo Quaresma".


"O valo de separação entre o político e a população que tem de dirigir faz-se cada vez mais profundo. A nação acaba não mais compreendendo a massa dos dirigentes, não lhe entendendo estes a alma, as necessidades, as qualidades e as possibilidades", escreveu Lima Barreto. E concluiu: "Um povo tem o governo que merece".


O triunfo do velho faça-o-que-eu-digo-não-faça-o-que-eu-faço é a principal revelação da pesquisa do Datafolha, porque ela dá uma medida de como estamos longe de distinguir o público e o privado e do quanto são escorregadios nossos “marcadores éticos e morais“, para usar uma expressão do filósofo Renato Lessa.


O desfazimento da hipocrisia perversa com que tocamos nossas vidas em sociedade completa-se, agora sim, com um perfil bem conhecido. Somos todo igualmente hipócritas, mas alguns podem mais por debaixo dos panos da moral e da ética: Os homens (86%) transgridem mais do que as mulheres (80%), os jovens 16 a 34 anos (91%) mais do que os mais velhos, e os mais ricos e mais estudados são, é claro, os que têm as maiores taxas de infrações (97% dos que ganham mais de 10 mínimos assumem ter cometido infrações e 93% daqueles que têm ensino superior também).


O retrato é péssimo, em suma, mas indica a necessidade de tratarmos da transgressão das regras. A educação TEM QUE abandonar a superfície das regras e mergulhar na problematização da sabotagem do que essas regras representam. Ficam aí as pistas e os por ques do confronto que deve ser promovido.



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