30 março 2021

A mística do povo do sol nascente em Tanka

Desenho realista, traço forte, narrativa cinematográfica. O emaranhado de linhas do seu bico de pena cria movimentos para um detalhe na cena. As linhas diagonais levam a uma descida vertiginosa para um dramático espaço em branco. Esse é o trabalho do ilustrador, quadrinhista e contador de histórias italiano Sergio Toppi. Ele nos brinda com essa obra agora lançada pela Editora Figura, TANKA onde a arte e o texto se misturam numa grafia refinada pela cultura e costumes do povo japonês.

 

Os gestos são preciosos. Há um homem apaixonado, uma princesa amargurada, um soberano implacável e um lendário guerreiro desaparecido. Trata-se do ser humano diante dos conflitos. Reveça o pior e o melhor de sua natureza. Tanka é de tirar o fôlego!.

 


Profundo admirador da cultura japonesa, em Tanka ele apresenta quatro narrativas que retratam toda a mística do povo do sol nascente. Tanka significa “poema curto”, e é um estilo de poesia criado por volta do século VII. Foi um precursor do haikai. Inspirado em um poema da princesa Shikibo, que viveu no século X e foi uma reconhecida poetisa, Sergio Toppi compôs a HQ que abre a edição e conta a história da educação sentimental de um ronin (um samurai sem mestre) que compreenderá que, para seduzir, há outras oferendas além de uma cabeça cortada. As outras quatro HQs que compõe o livro são: Uma espada para Kimura, Sato e Ogari 1650.

 

O desenhista italiano Sérgio Toppi (1932-2012) era um artista celebrado mundialmente, com uma carreira de mais de 50 anos, diversos prêmios e considerado pela crítica como um dos grandes nomes dos quadrinhos. Ele foi colaborador de algumas das maiores revistas de HQs da Europa, títulos como Sgt. Kirk, Linus, Alter Alter, Il Giornalino, Il Mago, Corto Maltese, L’Eternauta, Comic Art e Ken Parker Magazine. Apesar disso, pouquíssimas histórias de Toppi foram publicadas no Brasil.

 


Entre 1975 e 1976, desenhou várias HQs curtas para diversas revistas e jornais, incluindo Sgt. Kirk e Il Giornalino. Foi em 1975, que ganhou um prêmio importante, oYellow Kid – que na época era o mais prestigiado do mundo -, no 11º Festival Internacional de Quadrinhos de Lucca, na Itália.

 

Sua colaboração, com a série Un Uomo, Un’avventura, da editora Cepim (que posteriormente se chamaria Sergio Bonelli Editore), começa em 1976, com o álbum L’Uomo del Nilo. Nesta fase começa a colaborar com as revistas Alter Alter (na qual, dois anos mais tarde, desenharia a HQ Sharaz-De) e Linus.

 


Depois realizou, L’Uomo del Messico, em 1977; e L’uomo delle Paludi, em 1978. A extinta editora Ebal, publicou seis edições da série Um Homem, Uma aventura. O Homem do Nilo foi lançado no Brasil em 1978, e reeditado em 1987. Em 1992 ganhou os prêmios Caran D’ache (no Festival de Lucca) e A.N.A.F.I.. Em 2009, foi realizada no BilBOlbul – Festival Internacional de Quadrinhos de Bolonha, na Itália, uma grande exposição sobre a obra de Toppi.

 

Essa publicação está sendo vendia na

RV Cultura e Arte

Avenida Cardeal da Silva 158

(71) 3347-4929

Salvador, BA 41950495 

29 março 2021

HQ baiana tem fôlego e má distribuição (09)

 


ROBÉRIO CORDEIRO - Graduado em Artes Plásticas pela UFBa, especializou-se em Estética e Crítica de Arte. Desenhista desde os 12 anos, trabalhou como publicitário nas principais agências de Salvador, a exemplo da ABC, Publivendas, Sicla Comunicações, e Senac-Ba. Designer, criou cartazes, logotipos, folders, até retornar ao grafismo. Junto com seu conterrâneo Cedraz, publicou nos anos 1970 três números da revistinha infantil Lazer, combinando quadrinhos e passatempos. Após essa experiência, integrou o grupo de desenhistas Boa Ideia, que promoveu exposições de cartuns de diversos desenhistas. Os trabalhos de Robério também já foram publicados na Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e no Suplemento Infantil do jornal A Tarde, além deter realizado ilustrações para várias publicações nacionais. Pintinha, seu personagem mais conhecido, foi inspirada na onça pintada brasileira, animal em vias de extinção. Suas histórias mexem com o psicológico e temas da atualidade. Geralmente Pintinha contracena com o cachorro Mocotó e com o jegue Sejegue, o famoso trio nordestino.

 


O artista WILTON BERNARDO estudou Artes Visuais na UFBa, trabalhou em agências de publicidade como diretor de arte, redação, ilustrador e assessor de comunicação. Hoje atua na Rede Bahia. Em 2007 criou a marca Laço Afro e desenvolveu ilustrações inspiradas na cultura afro-brasileira. Estas ilustrações se desdobraram em peças de moda, design e artesanato como camisetas, canecas, chaveiros em madeira reciclada. Inclusive uma de suas ilustrações foi capa do meu livro “Bahia, um estado d´alma”, lançado em 2009. Ele é também criador da personagem de quadrinhos Dona Dedé que possui uma página no facebook.

 


O artista plástico autodidata RUY CARVALHO cumpre a missão como pode: pinta quadros, faz charges, esculturas, cenários, instalações, desenhos na areia da praia, com regador, para fotografar do alto. Desde que saiu de Juazeiro, fez carreira em Salvador e já expôs em Portugal, França, Alemanha, Rio de Janeiro entre outras.  Ruy Carvalho já publicou cartuns, caricaturas e quadrinhos na imprensa baiana.

 

Uma relação completa dos desenhistas baianos em atividades jamais poderia ser satisfatória, pois a cada dia novos valores estão se revelando, em todas as áreas do desenho do humor, cartum, charge, caricatura, cartum e quadrinhos.

 

Ada Brito (Tico e Mif), Menandro Ramos, Carlos França, Ruy Carvalho, Reinaldo Gonzaga (O Achamento do Brasil), Douglas Gentil, Simanca. Tivemos também o cartunista J.Mendes, Zé Vieira, Eduardo Barbosa, Ruy Trindade, Parlim (com a saga de Antonio Conselheiro), entre outros. Existem nos subterrâneos de nossa cidade muita gente nova preocupada com soluções formais mais atualizada com a contemporaneidade que nos marca, cultural e ideologicamente. Por outro lado, problemas políticos ideológicos seriam marcantes na medida de atuação cultural desses quadrinhos como objetivos de consumo e como linguagem determinada pelo contexto cultural. Além do fanzine Na Era dos Quadrinhos, Balão e alguns outros, tivemos as revistas Tudo com Farinha (projeto de extensão da Universidade Estadual da Bahia), Abalim, Vilões, Esfera do Humor, Pau de Sebo, e Desagaquê.

As artes gráficas, embora estudadas com seriedade desde os anos 1960, ainda não foram devidamente mapeadas, enquanto concreção ontológica, pelos próprios artistas. Precisamos com urgência mapear essas obras que são capazes de provocar, investigar, ousar, caminhar, a passos largos sobre a nossa cultura, comportamento e entretenimento.

 

26 março 2021

HQ baiana tem fôlego e má distribuição (08)

 


DANILO DIAS - Desenhista, ilustrador, arte-finalista, colorista, roteirista, arte educador, com experiências na área de artes plásticas, com ênfase em arte seqüencial. Diretor de Artes e Design Gráfico no Grupo de Pesquisas em Games e Educação Comunidades Virtuais, com os seguintes jogos publicados: Búzios – Ecos da Liberdade; Brasil 2014; UniGame pela Faculdade Uni Jorge; Guardiões da Floresta, Industrili, 2 de Julhpo – Tower Defense e D.O.M. Entre as publicações impressas estão: HQ Raio Esmeralda nº 0 – Edição comemorativa de 20 anos – Publicação Independente; HQ As aventuras de Dudu na cidade dos livros – cm o Grupo Cultural de Integração Social – GIS; HQ Conto de Mandragons – O Gigante, publicada na revista Lorde Kramus pela Editora Universo. E entre as publicações on-line: Livro de contos e ilustrações Contos do Folclore Brasileiro pela Editora Grioti; Crônicas de Terrara – Zoé e Foz; Crônicas de Terrara – O Segredo da Nascente pelo site www.hqnado.com

 


TÚLIO CARAPIÁ - Ilustrador e design gráfico, formado na Escola de Belas Artes da UFBa e colaborador como infografista e ilustrador do jornal A Tarde. Participou de inúmeras exposições coletivas em Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e da bienal artística La Biennale d´Arts Actuels, em La Réunion (França). Tem em sua pesquisa artística o exercicio da observação de relações entre as pessoas e de seu cotidiano com acidade. Encontrou como paixão a ilustração para livros infantis e tem dedicado a este veículo seus mais recentes projetos. Entre as mostras estão instalações O Quarto Escuro I na Escola e Belas Artes da UFBa (2004), Impressões 2/3. Museu da Cidade (2007), Novas expressões da gravura-ICBA (2007), Revista Muito. Palacete das Artes – Museu Rodin (2008), Fraudes Visuais, Faculdade de Comunicação da UFBa (2008), XVII Salão Internacional de Desenho para Imprensa de Porto Alegre (2009), Reprodutíveis – Sérir 1 Gravuras. Galeria RV Cultura e Arte (2009). Foi premiado no Primeiro Salão Internacional de Humor do Rio de Janeiro, Award of Excellence na 30º edição do The Best of Newspaper Design (2009), finalista do Prêmio Esso de Jornalismo (2009), menção honrosa no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia – Edição Vitória da Conquista (2010), entre outros.

 


EDUARDO SANTANA - Autor autodidata, cartunista, Eduardo Santana  é atuante na área dos quadrinhos, tiras humorísticas e caricaturas. Editor e principal artista da revista Come-Comix, o primeiro gibi lançado em Jequié e região, em 2006 – gradativamente Edu amplia o alcance de suas criações. Já em 2007 começou a ter tiras veiculadas assiduamente pela Fundação Cultural da Bahia, em sua Folha Literária. Possui diversos trabalhos publicados em jornais, CDs, cartazes, cartilhas, livros didáticos e periódicos, em âmbitos regional e nacional. Firmou contrato com a Intercontinental Press, agência líder no mercado brasileiro em distribuição de tiras e licenciamento de personagens. Entre suas criações e produções estão: Seu Poêmio, um poeta na reserva, Primo e Amigos, O Cavaleiro DÓskaghabs, Tatau o tatuzinho filosofolgado, Cornélia a justiceira das traídas, versão em gibi do Téo o Lógio (IFC Kids). Com a Editora Reflexão lançou o livro A Saga do Nobre Cavaleiro DÓrkaghans.

 


HÉLCIO ROGÉRIO - Trabalha como ilustrador e arte finalista para revistas, jornais e agências publicitárias. Autodidata, iniciou sua carreira como ilustrador de quadrinhos em 1998, participando da revista independente Brazuca Comics, publicada pelo Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana. Desde então, tem colaborado em jornais locais e diversas revistas nacionais a exemplo da Impacto Fabricado no Brasil (Ed Taquara), Lorde Kramus (Ed. Universo), Sexy Total (Ed. Rickdan), Área 71(independente), Peryc, O Mercenário (independente), Billy the Kid (independente) Sant’Anna da Feira – Terra de Lucas (independente) e Lucas da Vila de Sant’Anna da Feira (independente), publicação que lhe rendeu o Prêmio Ângelo Agostini de melhor desenhista em 2010. Dono de um traço forte e dinâmico, possui como principais influências os desenhistas Mozart Couto, Rodval Matias, Julio Shimamoto, John Buscema e Frank Miller.

 


CAFÉ - José Carlos Café Alves formou-se em Artes Plásticas na UFBA. Sua experiência com o cartum deve-se principalmente a dois conceituados cartunistas que Café conheceu na década de 80: Caó e Nildão. “Os considero como meus mestres na arte de desenhar cartum. O primeiro me ensinou a usar a pimenta; o segundo, o azeite”,  finaliza o autor. Café teve cartuns selecionados em salões e festivais de humor nacionais e internacionais como:  V PortoCartoon – Portugal 2003; 1º Festival Internacional de Humor Dst & Aids do Ministério da Saúde, Brasília-DF 2008. Seu primeiro livro de cartuns intitulado Hora do Café foi lançado em 2016.

25 março 2021

HQ baiana tem fôlego e má distribuição (07)


 

VALMAR OLIVEIRA - Desde muito cedo ele vivia cercado por elementos que o acompanham até hoje, como música, filmes, seriados e quadrinhos. No meio dos anos 80 tomou contato com o quadrinho underground europeu e nacional, o que abriu novos horizontes para um novo tipo de linguagem, passando a explorar novas técnicas. No final dos anos 80 participou da AQB (Associação de Quadrinistas da Bahia), grupo de fanzineiros que se reuniam para troca de idéias e experiências. Participou de fanzines, publicando quadrinhos, tiras, ilustrações oi fazendo resenhas, inclusive de música. Publicou quadrinhos na revista Crau, da extinta Impression, quadrinhos eróticos pela 2M (Brazil e HQ Brazil), e no núcleo de pesquisa da UFBA. Participou de vários salões de humor nacionais e internacionais, trabalhou como free lancer para algumas agências publicitárias em Salvador como ilustrador. Publicou HQs pela Editora Júpitor II (antiga SM) nas revistas Boca do Inferno e Raio Negro, após um período afastado dos quadrinhos.

 




BRUNO AZIZ - Cartunista, ilustrador, fanzineiro (editou duas edições do zine Placebo em 91 e 93), extraterrestre na terra do axé. Desenhista auto-didata, participou das publicações de quadrinhos locais (Desagaquê, Tudo com Farinha, Crau). Criou is Dilemas (tirinha publicada semanalmente durante quatro anos no caderno Dez!, do jornal A Tarde). Coordenou o Núcleo de Quadrinhos da Cipó Comunicações Interativa, ensinando produção de HQ para adolescentes. De vez em quando, emplaca cartuns nestes salões de humor da vida, Designer gráfico freelancer, já ilustrou trabalhos paraa Fundação Odebrecht, Liceu de Artes, Governo do Estado, Governo Federal, Cepah, GAPA, CREMEB, Instituto C&A....Gosta de misturar desenhos feitos à mão com vetores digitais, Photoshop com lápis e hidrocor preto, caneta futura com coreldraw. Ilustrador editorial do jornal A Tarde, ilustrador oficial do caderno infantil A Tardinha. Criador de assombroglifos. Publicou semanalmente as tirinhas Rock Sujo e Os Fabulosos Um Dois Três no jornal A Tarde. Participou do Coletivo de Sticks Atack no Abril ProRock 2005-Recife. Esse descendente de libaneses, nascido e criado em Salvador, continua curtindo rock n' roll. Disparando suas tirinhas carregadas de humor e eletricidade urbana desde o início dos anos 90 pelos fanzines da vida, Bruno é hoje um dos melhores cartunistas baianos, sempre com seus característicos traços oblíquos, econômicos, precisos.

 


NAARA - Ilustradora, artista visual, pintora e interventora em ambientes externos e internos, Naara Santos de Almeida Nascimento é graduada no curso de licenciatura em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da UFBa. Ela já ilustrou livros e revistas para dentro e fora do país. Participou de exposições no Brasil, Europa e América Latina. Trabalha essencialmente com o poder de expressão do figurativo. Inspirada pelos quadrinhos clássicos, fábulas, música, cinema, arte de rua, animações e o cotidiano social e urbano. Publicou trabalhos na revista em quadrinhos Subversos, São Jorge da Mata Escura, Lupa, Front Música, Context, entre outras, além de ilustrações nos livros Memória de Lick e outras histórias, Pesadelo, Florilegio do Dois de Julho, Saira Sete Cores, etc. Intervenções ambientais em Lauro de Freitas e Salvador. Expôs na Escola de Belas Artes da UFBa, RV Cultura e Arte, ACBEU, ICBA, Aliança Francesa, Museu Eugênio Teixeira Leal, Centro de Cultura João Gilberto (Juazeiro), Salão Regional (Porto Seguro), Centro de Cultura Antonio Carlos Magalhães (Jequié), além de diversas galerias no interior do estado.

 

24 março 2021

HQ baiana tem fôlego e má distribuição (06)

 


PAULO SERRA - Mero é um personagem criado pelo cartunista, publicitário e ambientalista Paulo Serra. Surgiu em 1976 para criticar e alertar sobre a devastação do meio ambiente. Publica fora do Brasil nos Estados Unidos, Canadá e França. Serra viaja muito pelo interior da Bahia, para estudar in loco graves situações ambientalistas e ainda encontra tempo para trabalhos com crianças e adolescentes. Ele produz cartuns, cartazes, campanhas de saúde (cartazes de prevenção à dengue, cólera, hanseníase, tuberculose e mortalidade das mulheres), cartilhas e manuais de orientação para órgão público, empresas e ONGs. Paralelamente, o cartunista dá aulas em empresa e escolas, e faz ecoturismo urbano. Trabalha em palestra realizando passeios e registrado a história ambiental de Salvador.

 


HECTOR SALAS - Ilustrador e designer, cartunista por paixão e publicitário por formação. Já fez diversos trabalhos de alcance nacional como a marca do Carnaval de Salvador, a marca da Justiça Eleitoral Brasileira e a do GGB. Trabalha na agência de publicidade ADSS e mantém um blog com seus cartuns e charges políticas. Formado em comunicação social, publicitário e artista gráfico, ele já participou de diversos salões, festivais, exposições, inclusive fora do Brasil, e colaborou com muitos jornais e revistas. Durante sua trajetória, tornou-se um colecionador de prêmios. O trabalho de Hector pode ser conferido pelo Blog Hora H ou através de suas redes sociais @bloghorah. Ele um diabo para lá de irreverente, mas também apresenta trabalhos variados do artista, incluindo textos de humor.

 


CAÓ - Cartunista, animador e músico Caó Cruz Alves iniciou profissionalmente como cartunista nos anos 70. Começa a publicar em 1978 a tira O Porco com Cauda de Pavão. No ano seguinte reúne em coletânea. Realizou exposições individuais e coletivas, publicou na revista Pau de Sebo e editou durante muito tempo o fanzine La Tanajura. Começou Formou-se através de oficinas de cinema e animação no Brasil. Durante oito morou em Paris onde aprimorou seus conhecimentos no campo da animação e quadrinhos na escola vinculada ao National Board of Canadá. Como cartunista seus trabalhos têm sido publicados em livros, jornais, revistas de circulação regional, nacional e internacional e em exposições individuais e coletivas. Ganhou vários prêmios com seus filmes de animações em diversos festivais no Brasil e exterior. Em seu trabalho, Caó explora os efeitos estéticos do social. Seu humor é refinado, usando e abusando da sutileza de jogos de idéias.

 


VALTÉRIO - Homem de riscos e de traços. Desenha desde criança, quando copiava os heróis de quadrinhos da época. Em 1973 sofreu um acidente automobilístico que lhe deixou imobilizado por longos períodos. Sobrava tempo. Daí começou a ler muito e desenhar. No Rio de Janeiro, onde se encontrava em tratamento, publicou n´O Pasquim e em alguns jornais e revistas por aí a fora. No início de 1989, com Lage e Setúbal, começou a fazer caricaturas ao vivo pelas praias de Salvador, incentivados por Cárcamo. Foram muitas caricaturas nessas quatro décadas, exercícios, esforços mentais e físicos, caricaturando no traço e em inúmeras cerâmicas, caras conhecidas ou desconhecidas. Em sua galeria desfila tipos cheios de vida e de intenções. Em 2006 ele lançou pela sua Galeria do Humor o livro Caricaturas ao Vivo com 132 páginas da mais fina elegância do fazer artístico, quando criador e criaturas parecem que estão olho no olho, em troca das mais sinceras. Valtério foi um dos criadores da revista Pau de Sebo.

 


SIDNEY FALCÃO - Ilustrador, arte finalista e quadrinhista. Foi chargista do jornal Correio da Bahia, e do Grupo Metrópole de Comunicação. Trabalhou por dez anos como desenhista da equipe do Estudio Cedraz, onde ilustrou histórias em quadrinhos e livros Turma do Xaxado. Participou de vários salões de humor do Brasil e do exterior. Ilustrou a coleção infanto-juvenil Circo Imperial de Contentamentos, do escritor e roteirista Tom S. Figueredo, em 2007. Em 2010, através do programa Fundo de Cultura, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia, lançou a coleção Miudins – 30 anos de Periferia que reúne em três volumes, uma seleção de tirinhas dos Miudins, grupo de personagens de sua autoria.

 

23 março 2021

HQ baiana tem fôlego e má distribuição (05)




 

LUIS AUGUSTO (1971-2018) - A tira de quadrinhos Fala Menino, do ilustrador Luís Augusto, discute o relacionamento do mundo adulto com a infância apresentando a diversidade do universo infantil e contribuindo para que a criança tenha voz atuante na sociedade. É uma das mais premiadas. A turma do Fala Menino é formada por 26 amigos. Alguns chamam a atenção pelas características quase nunca presentes em histórias em quadrinhos como Rafael que é deficiente visual, Bruninho com síndrome de Down, e Caio, um cadeirante. A maneira de tratar temas tão delicados funciona como um alerta para pais, educadores e adultos de uma maneira geral aprenderem a lidar com assuntos que fazem parte da vida de qualquer criança. As histórias que Lucas nos conta são sobre o relacionamento do mundo adulto com a infância. Ele nos fala de diferenças físicas ou sociais, de superação de limites, de inclusão, de responsabilidade social com a naturalidade das lições que apenas a infância sabe dar. São diversas crianças que fazem parte do Fala Menino!, exemplo de dignidade humana, de vida. Os traços são firmes com personagens bem delineados e roteiros precisos e profundos. Assim é o trabalho do professor, arquiteto, desenhista e escritor Luis Augusto que espalhou sua criação para todos os estados brasileiros.



FLÁVIO LUIZ - Ele canta sua aldeia e mostra ao mundo. Flávio Luiz é muito conhecido pelas tirinhas em quadrinhos de Jab, um lutador, Rotta 66, a revista Jayne Mastodonte, a graphic novel O Messias em parceria com Gonçalo Júnior, e o álbum Au da Bahia, o capoeirista. De 1993 a 1995 foi chargista e ilustrador do Jornal Bahia Hoje. Em 1994 foi contemplado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Em 1995 mudou-se para Barcelona, na Espanha, onde aprimorou sua técnica em cursos especializados em quadrinhos. De volta ao Brasil, em 1997 foi contemplado com menção honrosa no Festival Internacional de Humor "Sem Aids com Amor". Premiado no 1º Salão de Humor de Salvador (1998) e 1º Salão de Humor de Natal, Rio Grande do Norte (1999), HQMix 2000, entre outros. Ele está sempre batalhando e aprimorando seu traço. O objetivo é conquistar um público leitor de histórias em quadrinhos carente de personagens tipicamente brasileiros.



ÂNGELO ROBERTO (1938-2018) - Simplicidade, sensibilidade, harmonia, força, beleza, expressividade plástica, olhar da infância (puro). Tudo isso estão contidos no desenho do mestre baiano Ângelo Roberto. Ele foi caricaturista de diversos jornais baianos.  Retratar os amigos e pessoas mais próximas sempre foi um dos passatempos prediletos do artista. Em 1984, retratou 30 políticos, artistas e intelectuais com quem dividia a mesa de bar, como os escritores João Ubaldo Ribeiro e Guido Guerra, a atriz Nilda Spencer, o dono da Cantina da Lua, Clarindo Silva, o poeta e Ruy Espinheira Filho, o professor Cid Teixeira, o artista plástico Juarez Paraíso, o vereador Celso Cotrim e o jornalista Béu Machado, amigo de infância.



CAU GOMEZ - Artista gráfico, caricaturista e ilustrador nos principais veículos de comunicação do Brasil. Traço inquieto e irreverente que sempre consegue uma solução genial diante do caos do emaranhado de ideias.conquistou os maiores prêmios internacionais e é reconhecido aqui no Brasil e fora. Artista completo, domina o cartum, a charge, a caricatura e artes plásticas sem perder a linha. Apaixonado pela fusão das linguagens do cartum e das artes plásticas, suas influências são amplas, indo de artistas plásticos clássicos aos mestres das histórias em quadrinhos. Hoje domina diversas técnicas. A experimentação é seu forte. Sua técnica é expressionista, cores poderosas e pinceladas soltas que foge ao lugar comum. A qualidade de seus traços gestuais, suas pinceladas, sua textura tem força e é pura essência. Quem ver seus trabalhos se transforma. Assim é Cau Gomez, um rapaz simples, mas que revela um traço sofisticado, imprimindo ao riso do brasileiro as tintas do cidadão que luta no dia a dia para sobreviver nesse circo chamado Brasil.



CHICO LIBERATO - Pintor, escultor, desenhista, cineasta (multidisciplinar) Chico Liberato é pioneiro do desenho animado na Bahia. Ao se enveredar pelo sertão de Monte Santo, terra mística de beatos e rezadeiras, ele produziu o primeiro longa metragem animado do Nordeste: Boi Aruá (1983). Sua animada filmografia inclui também curtas como Ementário, Antistrof (1972) interpretação gráfica da obra musical do argentino Rufo Herrera; O que os Olhos Vêem (1973), Caipora (1974) e Pedro Piedra (1975), Eram-se Opostos, Um e Outro (1977) e Muçagambira (1982). Representante da geração 60, nas artes plásticas da Bahia, Liberato agitou o cenário das artes no estado dos anos 70 para cá e foi responsável pelo surgimento de novos talentos. Como diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), fundou as oficinas de artes plásticas e deu chances a muitas vocações sufocadas e desconhecidas, com a exposição Cadastro.