28 dezembro 2012

Nossas origens cósmicas: somos poeira das estrelas (3)

Ar, árvore, sol e terra são vitais para nossa existência assim como nosso coração, pulmões, fígado e rins. Não seríamos capaz de existir na ausência de qualquer um deles. Nossa existência e ligação com o ecossistema vão além de palavras.

A lei da transformação é que devolve a sua essência, um processo ativo muito reais em nossa vida. Nosso corpo está constantemente em movimento, se alimentando e reinventando. No nível de moléculas e átomos, temos uma pele nova por mês, um novo esqueleto a cada três meses, um novo revestimento gástrico a cada quatro dias e um novo fígado a cada seis semanas. Nosso DNA é reciclado a cada seis semanas no nível de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.

No plano emocional estamos constantemente mudando por causa da rede de lembranças, esperança, desejo, relações e interações na qual estamos envolvidos. “A realidade é um ato percepção” diz um ditado oriental. Quando tomamos consciência dessa percepção, ganhamos controle de nossa realidade. Assim, a capacidade de manobrar nossa própria percepção (ou ponto de vista) é a arte de mudar de forma. Para haver transformação é preciso equilíbrio. Cada habilidade que aprendemos nos leva mais adiante no caminho para utilizar todo nosso potencial.

É preciso descobrir que nossa consciência é a consciência do universo, nossa mente é parte do universo. Afinal, nosso corpo é feito de 1 trilhão de células – mais que o número de estrelas e planetas na Via Lactea. Cada uma faz cerca de 6 trilhões de coisas por segundo, e toda célula sabe instantaneamente o que as outras células estão fazendo. Essa é a mágica, o mistério e a alquimia da existência.

Reconheça e questione suas crenças limitadoras. Se você tem um crença limitada, ela se tornará sua realidade. Seu verdadeiro poder é o da presença e o controle de seus sentidos. Mas não é possível adquirir essas habilidades sem dominar as leis do equilíbrio e da transformação.

O poder vem do interior, e quando integrado e compreendido corretamente, se expressa fisicamente de uma forma visível. O poder interior vem de conhecer a verdadeira mecânica do universo, e interconexão de todas as coisas se elevando juntas. Só podemos aprender como exercer o poder quando podemos realmente ter uma consciência. De onde viemos antes de nascer e para onde vamos quando morremos, e o que reside dentro de nós silenciosamente por toda a nossa vida. O poder flui por meio de nós quando estamos conectados com o momento, ligados na fonte mais profunda da qual toda experiência, todo conhecimento e existência emergem e ao qual retornam.

Esteja atento a sua respiração, sensações, sons, visões, formas, cores, gostos, cheiros. Pratique a meditação consciente e seja íntimo da inteligencia da natureza todo o tempo. A natureza exibe leis e inteligencia em ação. Caminhe pelo parque, vá para a floresta, é sua fonte. Não analise, não avalie, não classifique, não julgue nem descreva. Apenas observe e seja. A inteligência da natureza fluirá por você.

Quando a pequena luz se apaga, a célula perde energia e então decide retornar para as estrelas, de onde um dia partiram. E esse ciclo se repete pela eternidade, vida e morte, morte e vida no princípio meio e fim

Essa é a nossa origem. E se você se interessou pelo assunto e deseja se aprofundar mais, vale a penar ler esses livros: Origens, de John Gribbin, A Aurora Cósmica, de Erick Chaisson, O Código Cósmico, de Heinz Pagels, Cosmos, de Carl Sagan, O Tear Encantado, de Robert Jastrow, Uma Nova História do Tempo, de Stephen Hawking e Leonard Mlodinow, O Universo numa Casca de Noz, de Stephen Hawking, História Natural dos Sentidos, de Diane Ackerman, As 7 Leis Espirituais dos Super Heróis, de Deepak Chopra, A Dança do Universo, de Marcelo Gleiser, A Harmonia do Mundo, de Marcelo Gleiser, e Poeira das Estrelas, de Marcelo Gleiser.


Somos criaturas solares,
dependemos do sol para sobreviver
Não somos um sistema fechado,
trocamos energia uns com os outros,
reciclando a vida até morrer.

É preciso olhar para as coisas
de modo diferente
para admirá-las em sua plenitude
e viver com toda virtude.
Assim o sol irá brilhar
em toda nossa juventude.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

27 dezembro 2012

Nossas origens cósmicas: somos poeira das estrelas (2)

Depois da grande explosão inicial, aonde toda a viagem cósmica começa, aqui se inicia a segunda era, a era química. Esses átomos se espalharam-se pelo espaço interestelar, semeando as galáxias nascentes que encheram o Cosmo. E nessas galáxias, o mesmo processo de vida e morte das estrelas foram se repetindo, e mais elementos químicos foram forjados. Junto a elas nasceram planetas e suas luas. Naquela onde existia água líquida e uma química complexa, a vida pode ter surgido.

Começou aqui a terceira era, a era biológica. A vida surgiu aqui na Terra, composta dos restos de estrelas que explodiram em nossa vizinhança cósmica.

A quarta era, era cognitiva, começou há menos de meio milhão de anos na Terra. A vida demora a evoluir de seres unicelulares a seres multicelulares e, destes, a seres inteligentes.

A vida surgiu quando apareceu a molécula de RNA, a primeira dotada de uma propriedade bem simples: fazer cópias de si mesma. Mas as moléculas de RNA não puderam se multiplicar sem restrições. Para se formar precisaram ser sintetizadas a partir de outras moléculas presentes ni ambiente primordial que compunha a superfície da Terra. Ou seja, elas foram obrigadas a competir pelos recursos existentes naquele tempo. Sobreviveram as mais aptas, aquelas capazes de retirar do meio tudo o que necessitavam para dar origem a moléculas filhas, que herdaram a habilidade das mães.

Todo ser vivo surgiu da água, do oceano. Assim, há 600 milhões de anos o rio da vida abandonou o monotonia unicelular e deu origem aos primeiros seres formados por agrupamentos rudimentares de várias células. A competição por nutrientes e condições físicas favoráveis fez com que essas formas de vida multicelulares aumentassem rapidamente de complexidade, dando origem a animais e vegetais que deixaram os mares e se estabeleceram em terra firme.

Um códon é a receita para a construção de cada um dos aminoácidos, os tijolos básicos dos quais os seres vivos são feitos. As proteínas, moléculas que fazem tudo na célula, são compostas de dezenas ou centenas de aminoácidos enfileirados. Existem na natureza 22 aminoácidos, cada um definido por uma sequência de três letras no DNA ou RNA.

No início do processo evolutivo, existíamos em meio aos oceanos. Carregamos o oceano dentro de nós. Nossas veias espalham as marés. A composição de nosso sangue continua sendo basicamente de água salgada. E necessitamos de solução salina para lavar os olhos e, ao longo dos séculos, a vagina feminina tem sido descrita como possuindo odor semelhante ao de peixe.

O discípula de Freud, Sandor Ferenczir, foi ousado o suficiente para declarar, em sua obra Thalassa: A Theory or Genitality, que os homens só faziam amor com as mulheres porque seus interiores cheirava, a salmoura de arenque e, com o ato, os homens estariam tentando voltar ao oceano primordial – “sem a menor dúvida, uma das teorias mais fantásticas sobre o assunto. Não somente devemos nosso olfato e paladar ao oceano, mas temos o cheiro e o gosto do oceano”, disse Diane Ackerman em sua obra História Natural dos Sentidos.

Em uma de suas citações mais conhecidas, o filósofo Heráclito diz que “não se poderia penetrar duas vezes no mesmo rio”. Ele estendeu essa ideia desde a Natureza até o comportamento humano, sempre enfatizando a importância da tensão e complementariedade entre opostos como força motriz por trás do dinamismo do mundo à nossa volta.

Nada do que foi será/De novo do jeito que já foi um dia/Tudo passa/Tudo sempre passará//A vida vem em ondas/Como um mar/Num indo e vindo infinito//Tudo que se vê não é/Igual ao que a gente/Viu há um segundo/Tudo muda o tempo todo/No mundo//Não adianta fugir/Nem mentir/Pra si mesmo agora/Há tanta vida lá fora/Aqui dentro sempre/Como uma onda no mar/Como uma onda no mar/Como uma onda no mar//Nada do que foi será/De novo do jeito/Que já foi um dia/Tudo passa/Tudo sempre passará//A vida vem em ondas/Como um mar/Num indo e vindo infinito//Tudo que se vê não é/Igual ao que a gente/Viu há um segundo/Tudo muda o tempo todo/No mundo//Não adianta fugir/Nem mentir pra si mesmo agora/Há tanta vida lá fora/Aqui dentro sempre//Como uma onda no mar/Como uma onda no mar/Como uma onda no mar/Como uma onda no mar/Como uma onda no mar” (Como uma onda, Lulu Santos)
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

26 dezembro 2012

Nossas origens cósmicas: somos poeira das estrelas (1)

Nós todos somos “poeira de estrelas”. Nós, o planeta e o cosmo somos partes de todo universo. Somos feitos dos mesmos elementos de que é feito o universo. A gente é 99,9% carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. O resto, o 0,1% é todo o resto da tabela periódica.

Nós somos poeira das estrelas, dizia o astrônomo americano Carl Sagan. Os elementos dos quais somos compostos, como o carbono em nossos corpos de mamíferos, o cálcio e o fósforo do esqueleto e dos dentes, o nitrogênio e o oxigênio das proteínas, vieram dos restos mortais de estrelas que existiram antes da formação do nosso Sistema Solar, há aproximadamente cinco bilhões de anos. Quando estrelas morrem, explosões gigantescas espalham a sua matéria através do espaço interestelar. É essa matéria que, fazendo parte da Terra, é encontrada em nossos ossos e órgãos.

O nascimento do nosso sistema solar foi um misto de violência e poesia, assim como o nascimento de todos os animais. Uma gigantesca nuvem contendo hidrogênio (elemento mais simples, formado apenas de um próton e um elétron) e hélio entrou em colapso devido à sua própria gravidade. Assim, a nuvem gasosa foi se achatando tomando uma forma de pizza cósmica. Em seguida, o Sol entrou em ignição no centro, por meio do processo de fusão nuclear que transforma hidrogênio em hélio. Fez-se luz. E em torno da luz central, giravam os proto planetas, aderindo matérias.

Os planetas mais internos, atuais gigantes gasosos, sujeitos à temperaturas baixas, podiam agregar materiais gasosos e engordaram mais. Os planetas, mais internos, a Terra dentre eles, agregaram materiais rochosos e metais, como o ferro e o níquel. Assim nasceram os planetas. As sobras desses materiais que não se agregaram como planetas nascentes, ou seja, os detritos, são chamados de asteroides e cometas.

Um desses asteroides, logo no início da formação do Sistema Solar, colidiu e arrancou uma enorme quantidade de massa da Terra que reorganizou-se em órbita à sua volta. Essa massa é a nossa Lua, costela da Terra.

A energia é a origem de toda a matéria viva sobrenadando no oceano de sincronicidades para observar o que acontece de possibilidades. O universo é indivisível e se dá de forma não casual, mas há interação muito mais que mera coincidência. O que existe de fato, é essa ocorrência, acontecimentos simultâneos, coincidência significativa.

Toda vida vem da mesma fonte.

As criaturas vivas são aglomerados de moléculas capazes de criar cópias de si mesmos.

Como moléculas são coleções de átomos, e átomos são feitos de prótons, nêutrons e elétrons, a vida precisa, como ingredientes essenciais, das partículas de matéria que preenchem o Cosmo.

São três eras que deram origem a vida, a saber:

A primeira era foi da física, conhecido como a origem do Universo e se estendendo até a formação das primeiras estrelas. Nessa era surgiram os elétrons e prótons e nêutrons que formaram os núcleos atômicos mais leves, isótopos de hidrogênio, hélio e lítio. Mais tarde os prótons e elétrons combinaram-se para formar átomos de hidrogênio, simples e abundantes do Universo.

Esses átomos aglomeraram-se em nuvens gigantescas que, com a ajuda da gravidade, formaram as primeiras estrelas. Eram enormes e de curta vida. Esses monstros estelares explodiram com tremenda violência, gerando átomos: carbono, oxigênio, nitrogênio e outros de todos os seres vivos.

Depois da explosão, o que aconteceu (INTERROGAÇÃO). Não perca o próximo capítulo da origem da vida...

Trem do desejo/penetrou na noite escura/foi abrindo sem censura/o ventre da morena terra/o orvalho vale a flor/que nasce desse prazer/nesse lampejo de dor/meu canto é só pra dizer/que tudo isso é por ti/eu vi/virei estrela...” (Estrela, de Vander Lee)

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21 dezembro 2012

Poesia, poesia para iluminar o começo do dia

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades (Luís Vaz de Camões, in "Sonetos")


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.



Poema negro (Augusto dos Anjos)


Para iludir minha desgraça, estudo.
Intimamente sei que não me iludo.
Para onde vou (o mundo inteiro o nota)
Nos meus olhares fúnebres, carrego
A indiferença estúpida de um cego
E o ar indolente de um chinês idiota!

A passagem dos séculos me assombra.
Para onde irá correndo minha sombra
Nesse cavalo de eletricidade?!
Caminho, e a mim pergunto, na vertigem:
— Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem?
E parece-me um sonho a realidade.

Em vão com o grito do meu peito impreco!
Dos brados meus ouvindo apenas o eco,
Eu torço os braços numa angústia douda
E muita vez, à meia-noite, rio
Sinistramente, vendo o verme frio
Que há de comer a minha carne toda!

É a Morte — esta carnívora assanhada —
Serpente má de língua envenenada
Que tudo que acha no caminho, come...
— Faminta e atra mulher que, a 1 de janeiro,
Sai para assassinar o mundo inteiro,
E o mundo inteiro não lhe mata a fome!

Nesta sombria análise das cousas,
Corro. Arranco os cadáveres das lousas
E as suas partes podres examino. . .
Mas de repente, ouvindo um grande estrondo,
Na podridão daquele embrulho hediondo
Reconheço assombrado o meu Destino!

Surpreendo-me, sozinho, numa cova.
Então meu desvario se renova...
Como que, abrindo todos os jazigos,
A Morte, em trajos pretos e amarelos,
Levanta contra mim grandes cutelos
E as baionetas dos dragões antigos!

E quando vi que aquilo vinha vindo
Eu fui caindo como um sol caindo
De declínio em declínio; e de declínio
Em declínio, com a gula de uma fera,
Quis ver o que era, e quando vi o que era,
Vi que era pó, vi que era esterquilínio!

Chegou a tua vez, oh! Natureza!
Eu desafio agora essa grandeza,
Perante a qual meus olhos se extasiam...
Eu desafio, desta cova escura,
No histerismo danado da tortura
Todos os monstros que os teus peitos criam.

Tu não és minha mãe, velha nefasta!
Com o teu chicote frio de madrasta
Tu me açoitaste vinte e duas vezes...
Por tua causa apodreci nas cruzes,
Em que pregas os filhos que produzes
Durante os desgraçados nove meses!

Semeadora terrível de defuntos,
Contra a agressão dos teus contrastes juntos
A besta, que em mim dorme, acorda em berros
Acorda, e após gritar a última injúria,
Chocalha os dentes com medonha fúria
Como se fosse o atrito de dois ferros!

Pois bem! Chegou minha hora de vingança.
Tu mataste o meu tempo de criança
E de segunda-feira até domingo,
Amarrado no horror de tua rede,
Deste-me fogo quando eu tinha sede...
Deixa-te estar, canalha, que eu me vingo!

Súbito outra visão negra me espanta!
Estou em Roma. É Sexta-feira Santa.
A treva invade o obscuro orbe terrestre.
No Vaticano, em grupos prosternados,
Com as longas fardas rubras, os soldados
Guardam o corpo do Divino Mestre.

Como as estalactites da caverna,
Cai no silêncio da Cidade Eterna
A água da chuva em largos fios grossos...
De Jesus Cristo resta unicamente
Um esqueleto; e a gente, vendo-o, a gente
Sente vontade de abraçar-lhe os ossos!

Não há ninguém na estrada da Ripetta.
Dentro da Igreja de São Pedro, quieta,
As luzes funerais arquejam fracas...
O vento entoa cânticos de morte.
Roma estremece! Além, num rumor forte,
Recomeça o barulho das matracas.

A desagregação da minha idéia
Aumenta. Como as chagas da morféa
O medo, o desalento e o desconforto
Paralisam-se os círculos motores.
Na Eternidade, os ventos gemedores
Estão dizendo que Jesus é morto!

Não! Jesus não morreu! Vive na serra
Da Borborema, no ar de minha terra,
Na molécula e no átomo... Resume
A espiritualidade da matéria
E ele é que embala o corpo da miséria
E faz da cloaca uma urna de perfume.

Na agonia de tantos pesadelos
Uma dor bruta puxa-me os cabelos,
Desperto. É tão vazia a minha vida!
No pensamento desconexo e falho
Trago as cartas confusas de um baralho
E um pedaço de cera derretida!

Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme.
Eu, somente eu, com a minha dor enorme
Os olhos ensangüento na vigília!
E observo, enquanto o horror me corta a fala,
O aspecto sepulcral da austera sala
E a impassibilidade da mobília.

Meu coração, como um cristal, se quebre
O termômetro negue minha febre,
Torne-se gelo o sangue que me abrasa,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!

Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos.

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Confira a mensagem de Natal da Bauducco... são só 3 minutinhos... mas vale a pena...
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20 dezembro 2012

Trajetória do erotismo nas telas (4)

2001 - E sua Mãe Também (Maribel Verdú)

Um road-movie para adolescentes traz uma das personagens mais sensuais do cinema do novo milênio. O mexicano E Sua Mãe Também (direção de Alfonso Cuarón) mostra a atriz Maribel Verdú no papel de Luisa Cortés, uma mulher casada que aceita o convite de dois garotos adolescentes para uma viagem de carro através do país em direção à praia. O mistério da mulher mais velha aos olhos dos dois rapazes é um dos principais ingredientes da sensualidade do filme. Maribel transforma Luisa em uma personagem extremamente sexy que transborda erotismo nas cenas mais improváveis.

2001 – Intimidade (Susannah Harker)

O primeiro filme em língua inglesa do francês Patrice Chéreau, Intimacy (Intimidade), ganhou o Urso de Ouro da 51a edição do Festival de Berlim. Drama romântico a um só tempo terno e visceral, é baseado num romance e num conto do escritor britânico Hanif Kureishi. Conta a história de um casal de estranhos que se encontra semanalmente num apartamento para um relacionamento de poucas palavras e muitos orgasmos. O filme percorre um universo extremamente delicado – o da relação amorosa – e a ele vai incorporando outros temas, como o modo de vida em uma grande cidade onde tudo parece levar seus moradores para a solidão, para o isolamento.


2009 – O Anticristo (Charlotte Gainsbourg)
Conta a história de um casal (os nomes não são citados em nenhum momento) que se refugia numa floresta isolada, ironicamente chamada de Jardim do Éden, após a morte de seu filho. Ela, uma escritora, totalmente entregue à dor da perda, ele, um terapeuta, que usa a psicologia cognitiva (abordada da maneira mais irônica a esse tipo de tratamento) para ajudar a esposa. Já envoltos na vastidão da natureza, o vegetal, o animal e, principalmente, os instintos humanos se misturam numa saga bíblica que mexe com a moral e os valores dos espectadores. Von Trier tira de Charlotte uma mulher em seu estado mais frágil e faz um retrato visceral, que de tão animalesco soa pornográfico. Em O Anticristo, o cineasta Lars Von Trier explora a fraqueza humana enquanto debilidade ocasionada por uma imposição cruel de um padrão de vida e ideal humano. O sofrimento do casal corresponde ao envenenamento dos nossos impulsos mais primitivos, à negação da nossa natureza. O perigo, a maldade e a perversão neste filme são reais, fazem referência à vida, à cultura, à história. Trier usa os estigmas mais caros à sociedade para mostrar que eles existem e se multiplicam na medida em que os instintos vão sendo reprimidos de forma violenta. É nesse sentido que há o resgate de um “referencial” que serve para situar o contexto.


2011 – Shame (Carey Mulligan)

Shame conta a história de Sissy (Carey Mulligan) é uma adolescente conturbada que decide passar uns dias em Nova York com o seu irmão, Brandon (Michael Fassbender), um homem solteiro de trinta anos que é viciado em sexo mas que está a tentar controlar os seus impulsos e compulsões sexuais. O cineasta Steve McQueen sacudiu as consciências não pelo sexo explícito, mas pela reflexão que coloca sobre a insatisfação sexual que assedia seu protagonista Michael Fassbender.

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19 dezembro 2012

Trajetória do erotismo nas telas (3)

1981 - Corpos Ardentes (Kathleen Turner)

Corpos Ardentes (direção Lawrence Kasdan) foi um tributo ao cinema noir. E como não poderia deixar de ser trouxe no centro da trama uma bela e sedutora mulher fatal. Interpretada por Kathleen Turner, Matty Walker é uma mulher rica e casada que se envolve com Ned Racine (William Hurt), um advogado mulherengo e que não gosta muito de trabalhar. A sensualidade de Turner é realçada pela atmosfera tórrida da Flórida e ela não tem muita dificuldade em manipular os homens a sua volta. O erotismo do filme é muito mais explícito do que nos filmes noir clássicos, com as impactantes cenas de sexo entre a atriz e Hurt.

1986 - 9 e Meia Semanas de Amor (Kim Basinger)

A cena de Kim Basinger esfregando sensualmente gelo no corpo é um dos pontos altos do erotismo no cinema dos anos 80. Ainda que 9 ½ Semanas de Amor (direção de Adrian Lyne) não seja lá grande coisa – ele ganhou três indicações ao “Framboesa de Ouro” (premiação dos piores filmes do ano) –, é inegável que a personagem Elizabeth, interpretada por Kim Basinger, está entre as mais sensuais da sétima arte. Contribuiu para isso a beleza escultural da atriz, que tornou os jogos de atração e dominação retratados no filme em momentos de puro erotismo, ajudada por uma trilha sonora também bastante sedutora.[


1992 – Instinto Selvagem (Sharon Stone)

Sharon Stone exibiu a cruzada de pernas mais famosa do mundo em Instinto Selvagem. Catherine Tramell matou ou não o astro Johnny Boz? Apesar de ser o mote central de Instinto Selvagem (direção de Paul Verhoeven), essa questão acaba em segundo plano em função da sedutora atuação da atriz Sharon Stone como a escritora suspeita de assassinar o ex-astro do rock. A cruzada de pernas que a revela sem calcinha na sala de interrogatório, para tortura dos investigadores, as transas com o detetive Nick Curran (Michael Douglas), encarregado de investigá-la, e as cenas de lesbianismo fizeram da interpretação de Stone uma das mais eróticas da sétima arte.


1996 – O Livro de Cabeceira (Vivian Wu)

O contato da caneta – ou do pincel – com o papel, tão sensual quanto o toque entre dois amantes, é o foco do filme do cineasta inglês Peter Greenaway. “Pillowbook – ou, Livro de Cabeceira – resgata a arte da caligrafia como símbolo da relação do corpo com o pensamento. O filme conta a história de Nagiko, uma mulher apaixonada pela caligrafia ideográfica oriental, que obtém prazer escrevendo sobre os corpos dos seus amantes. Filha de um calígrafo e escritor japonês de Kyoto, Nagiko aprendeu a amar a caligrafia com o pai, que festejava os aniversários da filha escrevendo versos em seu rosto e em suas costas. Depois de fugir de um casamento precoce e desastroso com o sobrinho do editor do seu pai, torna-se uma bem sucedida top model em Hong Kong, e tenta obter, num mesmo ato, os prazeres proporcionados pelo corpo e pela literatura. Como no mito bíblico, no princípio era o verbo que, depois, se fez carne. Nagiko escreve sobre o corpo do amante inglês Jerome para que possa lê-lo e amá-lo convenientemente. Esse foi o estratagema inventado pelo próprio Jerome para convencer o editor, que havia se recusado a publicar a obra de Nagiko. Sem a inscrição, nada de sedução, sem a caligrafia, nada de ereção. Antes do pênis, a pena, o pincel, a caneta. Mas um não existe sem o outro, um depende do outro, para escrever, para amar, para escrever como quem ama. Afinal, trata-se de uma mesma energia erótica, compartilhada pelos amantes-escreventes, uma única excitação. O corpo do amante, sua pele, não só serve de suporte, mas transforma-se em página mesmo, em papel, em pergaminho – em livro. Um corpo de amor e de escrita, que porta a escrita do amor, e que, mais além, caminha para se tornar um corpo escrito, circulante, visceral – portanto, erótico. (“O cheiro de papel branco é como o odor da pele de um novo amante”, uma das frases lapidares de Nagiko). Assim é o cinema de Greenaway, a um só tempo, auditivo, visual, gustativo, olfativo e tátil.


1999 - Segundas Intenções (Sarah Michelle Gellar)

Sarah Michelle Gellar encarnou a versão adolescente e contemporânea das vamps no filme Segundas Intenções (direção de Roger Kumble). No papel da bem-nascida e inescrupulosa Kathryn Merteuil, ela esbanja sedução para, junto com seu meio-irmão, arruinar a vida e a reputação das garotas do requintado colégio que frequentam. Famosa por interpretar Bufy, a caça-vampiros do seriado televisivo, Gellar se saiu bem como uma garota diabolicamente atraente, praticamente irresistível, que não poupa esforços nem charme para fazer seus jogos de conquista e vingança.
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18 dezembro 2012

Trajetória do erotismo nas telas (2)

1962 – O Satânico Dr No (Ursula Andress)

Ela saiu do mar do Caribe, em seu biquini branco e caminhou sensualmente em direção à praia, observada por nada mais nada menos do que Bond. James Bond. Essa é considerada por muitos uma das cenas mais sensuais do cinema. E ela foi protagonizada pela atriz suíça Ursula Andress no papel de Honey Rider, a primeira “Bond Girl” da história, no filme O Satânico Dr. No (direção Terence Young). Ursula, que contracenou com o 007 interpretado por Sean Connery, fez o papel de uma bela colecionadora de conchas interessada em vingar a morte do pai assassinado pelo Dr. No.


1969 - Mulheres Apaixonadas (Glenda Jackson)

Com Oliver Reed no elenco, Russell realizou o filme que o consagraria em 1969, Mulheres Apaixonadas, uma adaptação do romance clássico de D.H. Lawrence. O filme foi um sucesso de crítica e bilheterias. Levou cinco indicações ao Oscar e deu o troféu de Melhor Atriz para Glenda Jackson. Mas é mais lembrado pela famosa cena de luta entre os atores Alan Bates e Oliver Reed, completamente nus – ideia que os mais novos se lembram como “inovação” de David Cronenberg em “Senhores do Crime” (2007). Foi o primeiro nu frontal masculino.

1967 - A Bela da Tarde (Catherine Deneuve)

A Bela da Tarde (direção Luis Buñuel) chegou a ser classificado como pornográfico. Erotismo, perversão e fetichismo se misturaram para contar a história de Séverini Serizi, interpretada por Catherine Deneuve, uma entediada e frígida esposa burguesa que busca num bordel de alta classe realizar suas fantasias sexuais. A sensualidade do filme reside muito mais nas roupas que cobrem o corpo de Deneuve e naquilo que sugere acontecer sem mostrar do que na própria nudez da atriz. A direção de Buñuel dá ao filme um tom onírico, surrealista e ressalta ao máximo a beleza de Deneuve.


1972 – O Último Tango em Paris (Maria Schineider)

O Último Tango em Paris conta a história da paixão, condenada ao fracasso, de um homem de meia-idade (Marlon Brando) por uma garota francesa sensual (Maria Schneider). Pela maneira como enfoca sexualidade e morte, o clássico de Bernardo Bertolucci causou forte impacto em todo o mundo, mas no Brasil ocorreu um fenômeno curioso. A censura implicou com a cena da manteiga e o filme entrou para a lista das obras proibidas. Simultaneamente, a censura não impedia que a cena fosse contada em detalhes, às vezes de forma até mais picante, nos jornais e revistas da época. A cena mais forte, que marcou a década e o imaginário de toda uma geração foi “a cena da manteiga”. Apesar da maioria das pessoas se lembram apenas da “manteiga”, as palavras que Marlon Brando profere durante aquele ato são agentes de violação muito maior que o ato físico em si. Num certo instante ficamos em dúvida sobre o que realmente faz Maria Schneider chorar em um dado momento, se é realmente a penetração anal física a que é submetida ou se é a penetração auditiva moral que a invadiu, esta sim, de maneira insuspeita e sem mediações. O fato de ela ter ficado com ele e continuado com aquele relacionamento legitima de maneira contundente a aparente “violação” a que tinha supostamente sido “submetida”, seja ela física ou moral. Da mesma forma que nos obriga a olhar para os nossos próprios valores e preconceitos, para a nossa própria moralidade insuspeita.

1974 – Emmanuelle (Sylvia Kristel)

Em 1974, teve início uma das mais famosas séries eróticas do cinema francês, Emmanuelle, com Sylvia Kristel. Emmanuelle popularizou o conceito do filme “soft core” (em contraposição ao hardcore de Garganta Profunda, por exemplo), que fica na fronteira entre o erótico e o explícito. A série influenciou boa parte da produção posterior de pornôs light. Nascida em um livro da escritora Emmanuelle Arsan, a personagem apareceu pela primeira vez no cinema no filme italiano “Io, Emannuelle” (1969), encarnado por Érika Blanc. Mas ela se tornou um mito sexual a partir da adaptação francesa de 1974, dirigida pelo fotógrafo de moda Just Jaeckin e protagonizada por Sylvia Kristel. A história gira em torno das aventuras sexuais de uma modelo francesa na Tailândia, realizadas com o consentimento de seu marido. No cardápio do filme, há seqüências de estupro, masturbação, lesbianismo e ménage à trois – com sexo sugerido, mas não explícito.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

17 dezembro 2012

Trajetória do erotismo nas telas (1)

1908 - La Bonne Auberge


O primeiro filme pornográfico de que se tem notícia foi rodado em 1908, em Paris. La Bonne Auberge mostrava prostitutas interpretando a elas mesmas em cenas de sexo explícito.

1915 - The Vampire (Theda Bara)



Ela foi uma femme fatale do início do século 20. Graças a sua atuação como The Vampire, no filme A Fool There Was (direção de Frank Powell), as mulheres sedutoras e más ganharam a alcunha de vamps. Nos tempos do cinema mudo, nos primórdios da indústria cinematográfica, a atriz Theda Bara virou um dos mais importantes símbolos sexuais da sétima arte. Em “A Fool There Was”, ela faz uma mulher que seduz, se aproveita e leva os homens à ruína, como John Schuyler, um bem-sucedido advogado de Wall Street, que vive um casamento feliz e ruma num navio para assumir um cargo diplomático na Inglaterra.


1933 – Extasis (Hedy Lamars)

A obra Êxtase, do cineasta tcheco Gustav Machaty, ainda da era do cinema mudo, foi um dos primeiros trabalhos estrelados pela atriz norte-americana Hedy Lamarr. A obra se tornou famosa por sua ousadia, mostrando uma das primeiras cenas eróticas, de sexo e nudez, do cinema mundial. O filme, também chamado de Sinfonia de Amor, provocou o primeiro escândalo da história do cinema. Era previsível: as cenas de nu feminino integral eram raras na tela, salvo em documentários naturalistas e filmes para circuitos especializados. Trata-se de um modelo de erotismo “soft”: Eva casou-se com um homem mais velho do que ela e que vai revelar-se um péssimo parceiro sexual. Decepcionada, a moça vai passear no campo, perto da casa de seu pai. A natureza em festa exaspera sua sensualidade. Ela se banha nua num rio. Um belo engenheiro, Adão, que passava por lá percebe-a. Ele deflora a ninfa. Ao saber de seu infortúnio, o marido se suicida. Perturbadíssima, Eva, que sonhara em fugir com o amante, abandona-o na plataforma da estação ferroviária.

1934 - Codigo Hays

Hollywood instituiu o Código Hays que até 1967 especificou o que era e não era permitido. O Código Hays foi elaborado nos Estados Unidos pelos católicos, mesmo sendo minoria, exerciam grande influência. O Protestantismo nos EUA é mais cultural do que religiosa, como toda religião oficial que se torna massificada, mas nem por isto deixa de ter seus adeptos mais ferrenhos. Este código durou por 30 anos, mas já na década de 1950, alguns cineastas americanos, como Nicholas Ray e Elia Kazan começaram a ousar, infringindo o código. Logo, estes tabus e edifícios morais foram desabando aos poucos, acompanhando as transformações e costumes da época.


1946 - Gilda (Rita Hayworth)

Talvez nenhum filme tenha retratado melhor o poder de destruição de uma mulher sobre um homem do que Gilda (direção Charles Vidor). Em uma das cenas mais sensuais da história do cinema, Rita Hayworth faz um strip-tease em que retira apenas suas duas longas luvas de veludo. Isso foi mais do que suficientes para simbolizar perfeitamente o poder de sedução das mulheres. Gilda é uma apática, mas irônica, mulher casada que se torna o vértice de um triângulo amoroso. Cheio de frases dúbias e ajudado pela impressionante beleza de Rita Hayworth, o filme se tornou um dos mais sensuais da história do cinema.

Mas para a complexa libido americana do pós-guerra, Gilda foi o mais fulgurante ícone erótico criado por Hollywood. “Nunca houve mulher como Gilda”, foi com este slogan que o filme chegou aos cinemas em 1946. Para Rita Hayworth (1918/1987), nunca houve mesmo. Graças a ela, Rita consagrou um novo modelo de mulher fatal, orgulhosamente sexy e inúmeras vezes imitada. “Gilda” transformou sua intérprete no primeiro mito feminino da era nuclear. Tinha o nome de Rita a bomba atômica que os americanos testaram no atol de Bokini, em 1946. A lendária cena em que ela canta “Put the Blame On Mame, Boys”, tirando as luvas, é apenas a explicitação de um gesto contido (e reprimido) ao longo do filme que apresenta como uma mulher perigosa mesmo quando vestida.


1955 – O Pecado Mora ao Lado (Marilyn Monroe)

A mais importante representante do estilo pin-up no cinema, Marilyn Monroe fez de sua personagem em O Pecado Mora ao Lado (direção Billy Wilder) uma das mais sensuais de todos os tempos. Sua interpretação de uma loira ingênua, chamada apenas de “a garota”, que sonha em ser atriz fez do filme um dos clássicos da história do cinema. A sensualidade à flor da pele de Marilyn deixa seu vizinho, o editor de livros Richard Sherman (Tom Ewell), à beira da infidelidade. “O Pecado Mora ao Lado” traz a famosa cena em que a atriz tem sua saia levantada pela ventilação do metrô.


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14 dezembro 2012

Brasil lembra 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga (2)

Eu já dancei balancê/Xamego, samba e xerém/Mas o baião tem um quê/Que as outras danças não têm” ("Baião", com Humberto Teixeira)

O sucesso de Luiz Gonzaga, o primeiro compositor a levar para o eixo Rio-São Paulo a música nordestina, começou nos anos 40. Descoberto no programa de rádio de Ari Barroso, grava em 1941 seu primeiro disco como solista e em 1943 estreia em vinil como cantor. Seu grande parceiro foi o cearense Humberto Teixeira, com quem compôs seu maior sucesso, “Asa Branca”. O parceiro é trocado no início dos anos 50 por Zé Dantas. É da dupla a canção “Assum Preto”, entre outras.

Luiz Gonzaga antecipou em dez anos no Brasil o rock'n'roll ao inventar o forró nos anos 40. A questão não é rítmica – neste quesito o forró tem mais similaridade com o reggae. Trata-se da dinâmica que ele imprimiu à sanfona, os acordes simples e estruturas repetidas. Ele criou um ritmo selvagem, próprio para a dança, tal qual o rock'n'roll. Não é à toa que o ritmo faça tanto sucesso hoje no Brasil quanto Rolling Stones no resto do mundo.

Será criado no município de Entre Rios, Litoral Norte da Bahia, um memorial em homenagem a Luiz Gonzaga. O projeto é de Manoelito Argolo, amigo do Rei do Baião: “Ele fala de mim em quatro ou cinco músicas”, orgulha-se. O fazendeiro vai erguer um busto de Gonzagão em sua fazenda, a Rancho Alegre.

A banda paulista Falamansa homenageia um dos ícones da MPB no seu oitavo disco: As Sanfonas do Rei – Tributo aos 100 anos de Luiz Gonzaga. O grupo apresenta novos arranjos para músicas consagradas na voz do homenageado. Participação do vocalista da Nação Zumbi, Jorge du Peixe em Erva Rasteira/A festa e Dominguinhos canta Nem se Despediu de Mim. Elba Ramalho interpreta Sanfoninha Choradeira. O repertório do álbum é costurado por trechos de falas e gravações de Gonzagão, cedias por sua filha, Rosinha Gonzaga, e traz uma música inédita: a canção As Sanfonas do Rei, composta pelo vocalista Tato.

O livro de Bené Fonteles O Rei e o Baião (que foi lançado em Salvador no mês de abril 2012), com apresentação de Gilberto Gil, é um trabalho de pesquisa sobre os 100 anos de Luiz Gonzaga , em 377 páginas, onde foram registrados imagens e textos de viés poético do autor, os ensaios de Antonio Risério, do próprio Bené, de Hermano Vianna e Sulamita Vieira. A edição é ilustrada pelas xilogravuras de Francorli & Carmem, Elias Santos, Arievaldo Viana, João Pedro do Juazeiro, José Lourenço, Francisco de Almeida, a pintura de Ciça Fittipaldi e o ensaio fotográfico de Gustavo Moura e evidencia o talento de Luiz Gonzaga na mistura e recriação dos ritmos do baião ao xote, do xaxado à toada, para se tornarem, com o samba, as matrizes musicais e poéticas da nova música popular no Brasil.

No ano em que é comemorado o centenário de Luiz Gonga (1912-1989), o cantor, compositor e sanfoneiro Targino Gondim roda o Brasil com o show do álbum Canções de Luiz Vol II (2012), dando continuidade ao Canção de Luiz (2009) que lhe rendeu o Prêmio da Música Brasileira na categoria melhor cantor regional em 2010. Em novembro nas cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) foi realizado a terceira edição do Festival Internacional da Sanfona marcando a criação da Orquestra Sanfônica do São Francisco. Em outubro teve a estreia do filme Luiz Gonzaga – De Pai para Filho, dirigido por Breno Silveira.
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13 dezembro 2012

Brasil lembra 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga (1)

Disco, filme e museu. Cem anos depois de seu nascimento, a obra do compositor pernambucano é resgatada. Nascido em 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga conseguiu despertar em cada brasileiro um autêntico nordestino, cantando as dores, saudades e alegrias do sertanejo. Em seus 77 anos de vida, reuniu uma obra poucas vezes atingida por outros artistas, tanto em quantidade quanto em qualidade. Mostrou ao Brasil e ao mundo a beleza do forró, do xaxado, do xote, do maracatu e, principalmente, de sua criação: o baião.

Regravações de valsas que ele compôs na década de 40 e algumas ganharam letras inéditas de Zeca Baleiro, Abel Silva, Fernando Brant e Capinan. “Luas do Gonzaga” é o título do álbum que tem o cantor e violonista baiano, Gereba à frente do projeto. Um longa metragem baseado na biografia da jornalista Regina Echeverria (Gonzaguinha e Gonzagão – Explode Coração) tem a direção de Breno Silveira, o mesmo de Dois Filhos de Francisco. Um museu e um complexo cultural em Recife vão reunir a obra e a história do Meste Lua.

Mais de vinte anos depois da morte de Luiz Gonzaga, o som de sua sanfona está cada vez mais presente nas salas de reboco das casas do sertão e nos mais diversos auditórios e palanques, enchendo de emoção e lirismo platéias de todas as categorias sociais. O forró pé-de-serra, introduzido no Brasil pelo Luiz Gonzaga na década de 40, conquista o mercado, concorrendo com outros ritmos brasileiros e estrangeiros. "O baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado e xote caracterizam o forró e tem cheiro de carne de bode assada", comparou o velho Gonzagão, acrescentando que é uma música com a cara do Nordeste, que canta, ri, chora e "faz pouco" do seu secular sofrimento.

Quando olhei a terra ardendo/Qual fogueira de São João/Eu perguntei a Deus do céu, ai/Por que tamanha judiação” ("Asa Branca", com Humberto Teixeira)

PRESENTE - Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, município de Exu, ao lado da casa onde morou a heroína cearense Bárbara de Alencar. Morreu no dia 2 de agosto de 1989. A escola gonzagueana está cada vez mais presente na vida das novas gerações, vindas das mais diversas categorias sociais.

Intérprete de sucessos imortais nos mais variados ritmos, muitos outros cantores gravaram Luiz Gonzaga a partir do início dos anos setenta, entre os quais Geraldo Vandré (Asa-Branca), Gilberto Gil (Vem Morena), Caetano Veloso (A Volta da Asa-Branca) e até o grego Demis Roussos (White Wings/Asa-Branca). Essa afinidade com a nova geração musical brasileira - principalmente com os baianos - fez a gravadora RCA lançar em 1971 o disco ''O Canto Jovem de Luiz Gonzaga”, com músicas de Caetano Veloso, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Dori Caymmi. O elepê gerou em março de 1972 o show ''Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir'', no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro.

Suas músicas correram o mundo, "Asa Branca" teve interpretações em Israel, na Itália, Estados Unidos e Japão. Luiz Gonzaga ganhou diversos prêmios. Em 1976, recebeu o título de cidadão cearense, em 77 entrou na versão brasileira da Enciclopédia Universal Britânica, em 78 cantou para o Papa João Paulo II, e, em 81, ganhou dois discos de ouro. Embora sendo o terceiro artista mundial a receber o ''Cachorinho da RCA'', prêmio entregue anteriormente apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, o verdadeiro reconhecimento do valor de sua obra veio ainda em 1984. Luiz Gonzaga foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os melhores da Música Popular Brasileira. Segundo a crítica especializada, um prêmio justo e merecido para quem, em muitos anos de carreira artística somente recebeu dois Discos de Ouro e em 1981, o mesmo ano em que a classe artística se reuniu para homenagear Luiz Gonzaga em um show promovido pelo Cebrade. Em 1985 Luiz Gonzaga foi premiado com o ''Nipper de Ouro'' pelo conjunto de sua obra.

“Gonzaga é nosso primeiro artista pop. Com sua música, emendou pela primeira vez as pontas desse país, Nordeste e Sudeste”, informou o cineasta Breno Silveira. “Ele era o nosso Elvis Presley. Antes dele, ninguém por aqui ainda tinha pensado em criar um personagem para fazer música, com conceitos definidos de figurino e tudo mais. Ele inventou isso”, diz o líder da banda Cordel do Fogo Encantado, Lirinha. Para Lenine, Gonzagão foi o precursor do artista vestido, com música e com luz num ginásio. Ele e o letrista Humberto Teixeira, “botaram o Nordeste no centro da atenção, no mapa do Brasil”.
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