29 janeiro 2010

Música & Poesia

Hino de Duran (Chico Buarque)

Se tu falas muitas palavras sutis
Se gostas de senhas sussurros ardís
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar



Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raios X



Se vives nas sombras freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermam



E se definitivamente a sociedade
só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo,
és um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus



Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar infrator
com seus braços de estivador



Se pensas que pensas estás redondamente enganado
E como já disse o Dr Eiras,
vem chegando aí, junto com o delegado
pra te levar...


Pedra e bala (ou os sertões) (José Paes De Lira / Bnegão / Clayton Barros) Cordel do Fogo Encantado


juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha
a poeira subiu de ambos os lados
arames farpados olhos e punhos fechados cerrados
a face marcada pela mesma vida seca como a terra rachada
uma sombra densa e pesada eclipsando o que há de melhor na sua alma
o verdadeiro terror mais sufocante que o caloressa é a sua jaula
os desertos se encontram de várias formas
seja no espírito no solo ou na mente através de idéias tortas
que produzem gente morta em escala industrial



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



na inversão dos papéis do pequeno davi contra golias o gigante
como os barões das mega corporações
gigante como o coronelado dos grandes e pequenos sertões
como vários e vários e vários ubiratans
com seus sanguinários batalhões
que na sua prepotência e ignorância bélica
não conseguirão perceber a força e a chegada certeira daquela pedra



juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha



um beijo seco no portão do teu ouvido
quebrando cercas pra chegar na nossa mira
a pedra curte a bala corre e voa
a pedra fura bala transpassa
a bala é quente e a pedra é pura como um gole de cachaça
velho como teu projeto louco
forte como quem chora de medo



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



escuto em alto-falantes aquele som de cimento dessa muralha sem fim
e o desejo a pedra e a balaa santa paz fora do jogo
pois o que fala alto é pedra e bala
naquela praça onde as crianças brincam
naquele prédio perto das estrelas
naquele circo no qual quando chove não há espetáculo.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

28 janeiro 2010

Anticâncer

Alimentação, falta de exercício, qualidade do ar e da água e os estresses psicológicos influenciam profundamente o terreno no qual as células cancerígenas pode se desenvolver. “Aprender a lutar contra o câncer é aprender a nutrir a vida dentro de nós. Mas não é obrigatoriamente uma luta contra a morte. Ter êxito nesse aprendizado é chegar a tocar na essência da vida, encontrar uma completude e uma paz que a tornam mais bela. Pode acontecer de a morte fazer parte desse êxito. Há pessoas que vivem suas vidas sem apreciar seu verdadeiro valor. Outras vivem a própria morte com uma plenitude, uma tal dignidade, que ela parece ser a realização de uma obra extraordinária e dar um sentido a tudo que viveram. Preparando-se para a morte, libera-se a energia às vezes necessária à vida. É preciso começar desarmando o medo” ensina o médico David Servan-Schreiber.

E para não ficar passivo ou criar uma cultura de desespero, ao saber que tinha câncer escolheu a ação e a esperança, colocando em prática todo o conhecimento que tinha na obra Anticâncer – Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais (Objetiva, 2008). Era a forma de compartilhar com todos os que quiserem explorar esse caminho.

DESINTOXICAÇÃO

Para se proteger do câncer, o médico David Servan-Schreiber apresenta três princípios de desintoxicação. 1. o consumo excessivo de açúcares refinados e de farinhas brancas, que estimulam a inflamação e o crescimento das células através da insulina e do IGF (insulin-like growth factor); 2. o consumo excessivo de ômega 6 nas margarinas, gorduras hidrogenadas e gorduras animais (carne, derivados de leite e ovos), originárias de uma agricultura desequilibrada a partir da Segunda Guerra Mundial; 3. a exposição aos contaminados do meio ambiente surgidos depois de 1940, que se acumularam nas gorduras animais.

Assim, a primeira etapa de todo processo de “desintoxicação” começa, pois, por: comer muito menos açúcar (e farinha branco), e muito menos gorduras animais (e muito poucos produtos que não tenham o rótulo “agricultura orgânica”). Não é necessário eliminá-los por completo, mas reduzí-los a “ocasionais”, de fazê-los a base de nossa alimentação.

E exemplificou afirmando que um indiano consome em média 5 kg de carne por ano e – com idade igual – vive com melhor saúde do que um ocidental. São necessários 123 kg para satisfazer um americano – 25 vezes mais. Nossos modos de produção e consumo de produtos animais distroem o planeta. Tudo parece indicar que eles contribuem também para nos destruir ao mesmo tempo. E outro médico, Michael Lerner resumiu a situação com uma uma simplicidade luminosa: “Não se pode viver como boa saúde em um planeta doente”.

TRATAMENTO

Quinhentos anos antes da nossa era, Hipócrates dizia: “Que sua alimentação seja seu tratamento, e seu tratamento sua alimentação”. Mas as recomendações nutricionais ainda não fazem parte do tratamento convencional do câncer. Motivo? O remédio Taxol rende à empresa que detém sua patente um bilhão de dólares por ano. Em compensação, é completamente impossível investir somas dessa ordem para demonstrar a utilidade do brócolis, da framboesa ou do chá verde, uma vez que eles não podem ser patenteados nem sua comercialização reembolsará o investimento inicial. A questão é dinheiro e não cura. Capitalismo selvagem meu!. Se há um problema, há um remédio. “Nossa cultura médica nos leva a negligenciar essa abordagem e a preferir no fundo uma intervenção farmacêutica mais controlável, portanto mais ´nobre´.”, diz David.

Os médicos se vêem esmagados entre duas indústrias muito poderosas. De um lado, a indústria farmacêutica – propõe soluções farmacológicas, em vez de encorajar os pacientes a se defender. De outro, a indústria agroalimentar, que protege os próprios interesses, impedindo a difusão de recomendações explícitas sobre as relações entre alimentos e doenças. É preciso deixar de ser vítimas passiva dessas forças econômicas.

REMÉDIOS

Para David Servan-Schreber (Anticâncer. Previnir e vencer usando nossas defesas naturais), determinados alimentos funcionam como remédio. Se certos alimentos de nossa dieta podem servir de adubo para os tumores, outros, ao contrário, guardam preciosas moléculas anticâncer. Não se trata somente dos tradicionais minerais, vitaminas ou antioxidantes. As descobertas recentes vão bem além.

O chá verde bloqueia a invasão dos tecidos e a angiogênese. Age também para desintoxicar o organismo. Ele ativa os mecanismos do fígado que permite eliminar mais rapidamente as toxinas cancerígenas do organismo. O chá verde é um poderoso antioxidante, desintoxicador (ativa as enzimas do fígado que eliminam as toxinas do organismo) e um facilitador da morte das células cancerosas.

A soja bloqueia os hormônimos perigosos. A soja sob suas diferentes formas (tofu, tempeh, meso, iogurte de soja, grãos germinados) é parte importante de uma dieta anticâncer.

O cúrcuma é um poderoso antiinflamatório. Condimento que vem da Ásia, o cúrcuma desintoxica as cancinogêneses e ajuda a controlar a angiogênese.

Os cogumelos estimulantes do sistema imunológico. Camponeses japones que consomem bastante cogumelos (shitake, maitake, kawaratake) têm até duas vezes menos cânceres de estômago do que os que não comem.

Gengibre. Antiinflamatório, antioxidante (mais eficaz, por exemplo, do que a vitamina C) e contra certas células cancerosas.

Couves (brócolis, couve flor) contém sulforafane, glucosinolatos e outros que são poderosas moléculas anticâncer. Impedem a evolução de células pré-cancerosas em tumores malígnos.

Alho, uma das ervas medicinais mais antigas, reduzem em parte os efeitos cancerígenos.

Legumes e frutas ricos em caroteno: cenoura, batata-doce, diferentes tipos de abóbora, tomate, caqui, damasco, beterraba e todos os legumes ou frutas de cores vivas: laranja, vermelho, amarelo e verde.

Outros alimentos anticâncer: vinho tinto, suco de romã, chocolate amargo, atum, sardinha, salmão, bacalhau fresco.



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Nildão lança “as transparências enganam” no Rio Vermelho
O cartunista e designer Nildão promove uma big festa dançante para o lançamento do seu décimo terceiro livro: “As transparências enganam”. O evento acontece hoje, dia 28 de janeiro, quinta-feira, a partir das 21 horas no Santa Maria, Pinta e Nina localizado no Largo de Santana, próximo a Dinha do acarajé, no Rio Vermelho. A animação fica por conta do Dj Roger N’ Roll & Dj Rafabela e o ingresso no valor de 20 reais dá direito a um exemplar do livro. Conheça o site: nildao.com.br
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

27 janeiro 2010

Brasília, uma imagem de ineficiência

Os escândalos envolvendo o governador do Distrito Federal, a fraude no concurso público, a lavagem de dinheiro mostra como as regras do jogo político no Brasil são precárias. Existe uma crença de que os sistemas de vigilância e punição são frágeis. O que está acontecendo é que a “máquina política” caracteriza-se como “panelinhas”, em que as relações cooperativas de seus membros geram benefícios, inclusive de autoproteção (daí a importância de cooptar desembargadores e ameaçar traidores).

A corrupção é relacionada com a estrutura do Estado – os governos são cooptados por máquinas políticas do próprio Estado. Assim, o mundo da política manifesta o que há de mais vil em nossa natureza. O que se nota hoje é que substituíram a violência e a tortura do regime militar pela corrupção como suposta condição para ter segurança e governar.

Brasília vai completar 50 anos agora em 2010 e enfrenta o escândalo de corrupção política mais bem desmontado em áudio e vídeo da história do país. Quando a capital saiu do Rio, muitos vícios foram importados. Brasília recebeu toda a alta burocracia federal do Rio e, aos poucos, criou também uma casta de funcionários locais. Hoje a cidade tem ao menos 500 condomínios irregulares, o que fez um político dizer que “Brasília é uma cidade diferente. Aqui temos invasão de ricos”.

Em 1990 houve a primeira eleição direta para governador e deputados distritais. Brasília então passou a funcionar como um Estado, com a vantagem de não se preocupar com recursos, pois vive de repasses da União. Para muitos cientistas políticos, a proximidade entre iniciativa privada e poder público favorece descalabro ético na capital federal.

A falta de responsabilidade de políticos envolvidos em escândalos faz com que a democracia brasileira fique “manca ou ande de muletas”. Para muitos cientistas políticos, a solução é uma clara pressão da sociedade por “uma reforma do sistema político e por um sistema mais simples de votação e representação, em que o relacionamento com o eleitor seja mais próximo, como ocorre no voto distrital”.

JUSTIÇA LENTA - Quando o corrupto finalmente vai pagar pelos seus atos, entra a Justiça brasileira lenta, envolta com milhares de leis, regimentos, atos e não sei mais o que para defender o acusado. E haja recorrer na primeira instância, segunda, terceira... “De todas as críticas lançadas contra o Poder Judiciário, a mais recorrente é a da morosidade na prestação jurisdicional. É, também, a mais compatível com a realidade. Com efeito, nada justifica que o jurisdicionado espere por uma década a solução do litígio, situação que só amplia o descrédito na Justiça” (MELO FILHO, Hugo Cavalcanti. Mudanças Necessárias. Revista Consultor Jurídico, 25 nov 2002)

Em igual sentido, é o que anota articulista da Folha de São Paulo: “A lentidão da chamada Justiça é, com frequência, impiedosa injustiça. Em inúmeros casos, sua causa é a incúria. Mas o desaparelhamento do Judiciário é espantoso, pela insuficiência do número de juizes e pela quantidade, milhares às vezes, de processos que um juiz responsável aprecia ano a ano” (FREITAS, Jânio. Os domínios da impunidade. Folha de São Paulo, 08 Out. 2003, Opinião.)

A propósito, bastante pertinentes são as ásperas críticas deduzidas por articulista do Jornal Folha de São Paulo: “A sempre falada e nunca iniciada reforma do Judiciário é uma necessidade que não admite dúvida. Mas não é a sua falta que conduz à impunidade relacionada à violência, policial ou não. A fonte dessa impunidade sempre esteve no governo federal e nos governos estaduais: essa impunidade nasce nas polícias, nos inquéritos (quando chegam a existir) deformados por incapacidade, corrupção ou corporativismo policial. No país onde é aceito como normal que o governo adquira votos, nas duas casas do Poder Legislativo, com cargos e verbas públicas, nada pode estar isento de improbidade e outras imoralidades. Na magistratura há mais corrupção, incompetência, irresponsabilidade profissional e nepotismo (nas instâncias superiores) do que ações contra esses vícios: ou seja, a magistratura não foge à regra do cenário brasileiro, no qual o governo foi agora mesmo denunciado pela Transparência Internacional por manter os mesmos níveis de corrupção encontrados, sem efetivar as providências prometidas na campanha. Mas, assim como as mortes injustificáveis por policiais, a tortura não é feita nas varas criminais, nem por sentença judicial. Passa-se em delegacias, que são dependências dos governos, e em ações externas de policiais, que são agentes dos governos” (FREITAS, Jânio. Os domínios da impunidade. Folha de São Paulo, 08 Out. 2003, Opinião.)

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26 janeiro 2010

Mudança climática ameaça a Bahia

Se não houver ações efetivas para reduzir os impactos no meio ambiente, entre 2070 à 2100 haverá uma redução de chuva na Bahia de até 70%, além de um aumento de temperatura de 2°C no litoral e 5°C na região Noroeste do Estado. A pesquisa apresentada no auditório Paulo Jackson, na sede da Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), aponta os impactos das mudanças climáticas na Bahia. O estudo foi realizado por três especialistas, Fernando Genz, pesquisador do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia, e pelos meteorologistas Clemente Tanajura (Instituto de Física da Ufba) e Heráclio Alves (Ingá).

Segundo Fernando, o objetivo da pesquisa é quantificar os impactos das mudanças climáticas na Bahia, que, até então, não havia nenhum estudo voltado para essa questão. O Governo do Estado, através do Ingá e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), já realiza programas para tentar amenizar os impactos apresentados na pesquisa. De acordo com o diretor geral do Ingá, Júlio Rocha, o órgão está implementando o Programa Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca nos municípios do semiárido baiano vulneráveis ao fenômeno.

“A Bahia possui 69% do seu território localizado no semi-árido, com 289 municípios, onde vivem 3,7 milhões de baianos, o equivalente a 28,8% da população do Estado. O Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação compreende o mapeamento com o diagnóstico das condições de degradação ambiental e dos processos de desertificação na Bahia, que envolve as condições socioeconômicas, climáticas, demográfica e de vegetação. A primeira etapa está sendo realizada em 52 municípios vulneráveis, situados no entorno das regiões de Guanambi, Juazeiro, Irecê e Jeremoabo”.

“Estamos realizando também o Programa Estadual de Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares, que prevê a abertura de editais de chamada pública para prefeituras e instituições de todo o Estado apresentarem projetos de recuperação no valor de até R$ 50 mil cada. O investimento total do programa é de R$ 1 milhão e o objetivo geral do programa é conservar, restaurar e recuperar matas ciliares e nascentes nas bacias hidrográficas do Estado da Bahia, visando à manutenção da disponibilidade das águas dos rios.

Estudos do Ingá mostram que, às margens dos cerca de 369.589 km da malha hidrográfica do Estado, existem aproximadamente 2,6 milhões de hectares de mata ciliar, o que corresponde a 4,7% do território baiano”, informa Rocha.

EFEITO ESTUFA

O Floresta Bahia Global é um programa realizado pela Sema que visa promover ações de recuperação da cobertura vegetal dos biomas baianos e a descarbonização das atividades humanas, através do sequestro de carbono. A iniciativa contribui para minimização dos efeitos das mudanças climáticas. Selo Carbono Zero, que faz parte do Programa Floresta Bahia Global, é concedido a iniciativas que visam a recuperação de florestas e a descarbonização do meio ambiente. Juliano Matos, secretário de Meio Ambiente, afirma ainda que “desde que foi lançado, o Programa Floresta Bahia Global já realizou o plantio de 30 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica no Parque Estadual do Conduru (entre Ilhéus e Itacaré) e cerca de 2 mil mudas no Parque de Pituaçu, em Salvador, ajudando na descarbonização e repondo a cobertura vegetal do bioma”, pontua.
MATAS CILIARES

Um estudo realizado pelo Instituto de Gestão das Águas e do Clima (Ingá), órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, estima que 40% dos 2,7 milhões de hectares da vegetação que circunda as margens dos rios e nascentes da Bahia estão degradadas. A recuperação destas matas, no entanto, esbarra nos altos custos operacionais: estimas e que o plantio de mudas nativas custaria em torno de R$ 10 mil por hectare.
O valor global seria de R$ 10,8 bilhões – uma cifra que vai muito além da realidade orçamentária dos órgãos ambientais.Fundamental no equilíbrio dos biomas naturais, as matas ciliares fazem uma proteção natural aos rios e lagos, reduzindo a erosão das margens e, por consequência, a quantidade de sedimentos do solo que atinge a água. Na Bahia, a degradação atinge os três principais biomas: a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. De acordo com o diretor-geral do Ingá, Júlio Rocha, para superar um desafio de tal porte, é necessária uma ação conjunta de entes públicos, privados e da sociedade civil. “A recuperação desta vegetação será fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, explica.

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25 janeiro 2010

Aquecimento global

Pesquisadores americanos dizem que algumas árvores podem ajudar a mostrar os efeitos do aquecimento do planeta. Elas estão avermelhadas porque morreram. O mais longo estudo sobre as florestas do noroeste dos Estados Unidos culpa o aquecimento global pela morte precoce das árvores. Durante 50 anos, os cientistas monitoraram as florestas e concluíram que os pinheiros estão morrendo duas vezes mais rapidamente do que há 17 anos. As árvores sofrem com as altas temperaturas do verão e não conseguem se recuperar no inverno porque a neve derrete logo, aos primeiros sinais da primavera. Mudanças climáticas aponta razões históricas. Desde que o mundo se tornou industrializado, no século XVIII, aumentou a quantidade de dióxido de carbono e de outros gases que provocam o efeito estufa. Os gases formam uma barreira, retendo a energia solar. No laboratório da Universidade de Boulder, cientistas monitoram o ar do planeta. Uma vez por semana, o laboratório recebe amostras do ar de todas as partes do mundo, do mar do caribe, dos lagos da Europa, das montanhas da China, da floresta amazônica.

Os Estados Unidos são um dos maiores vilões. Entre 1990 e 2007, os Estados Unidos aumentaram em 16,5% as emissões de gases, chegando a mais de 7 bilhões de toneladas por ano. Entre 2007 e 2008 houve uma pequena queda, que os cientistas atribuem à crise econômica e à queda da produção industrial. A energia usada para iluminar casas e movimentar fábricas vem principalmente do carvão. Ele é queimado nas usinas e das chaminés sai o dióxido de carbono. Mas a quantidade absurda de carros circulando pelos Estados Unidos é quase tão nociva quanto a queima de carvão. Na Casa Branca, George Bush se recusou a assumir o compromisso de reduzir as emissões de dióxido de carbono. Agora, Barack Obama propõe uma redução de 17% até 2020.
O mundo precisa aprender a não desperdiçar energia, a buscar fontes alternativas, além do carvão, do gás e do petróleo. E usar soluções de engenharia para reduzir os níveis de dióxido carbono. Soluções para proteger o planeta.
A ilha de Ghoramara, na Índia, já perdeu metade do território e pode, em breve, sumir da face da terra. Sete mil habitantes foram embora e outros estão preparando a partida. No Japão, a ameaça também vem do mar: há sete anos, águas vivas gigantes, de até 2 metros de comprimento, infestam algumas regiões litorâneas, prejudicam a pesca e provocam queimaduras nos pescadores. Elas existiam somente na China, mas migraram para o local e se proliferaram.

O Japão tem alguns dos centros de previsão e pesquisas climáticas mais avançados do mundo e está usando a tecnologia para descobrir o que vai acontecer com o planeta nos próximos anos. Um globo no museu de ciências de Tóquio mostra o aquecimento da terra até o ano 2100. É uma visão do futuro, um futuro nada animador. Os cientistas japoneses estão usando um supercomputador, que ocupa um andar inteiro de um prédio, para calcular os efeitos do aquecimento global. Com isso, eles simulam o que vai mudar em cada ponto do planeta com o possível aumento de 3ºC na temperatura até o fim do século. Uma das conclusões: o número de tufões na Ásia e de furacões na América do Norte vai cair de 80 por ano, em média, para 66. Em compensação, a força do vento no epicentro vai aumentar em até 20% e as chuvas em até 60%.

Os cientistas japoneses também fizeram previsões para o Brasil. No Nordeste, os dias consecutivos de seca que, segundo ele, hoje são 100 por ano, em média, podem chegar a 130 em algumas áreas. No Centro-Sul do país, as chuvas que castigam a região no verão vão aumentar de intensidade. O professor diz que parte do aquecimento é inevitável, é um ciclo do planeta, que foi acelerado pela ação do homem. E que, por isso os países têm que se preparar. “Mas, se queremos diminuir esses efeitos, temos que fazer a nossa parte”, conclui ele. (Fonte: Jornal Nacional)

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08 janeiro 2010

Música & Poesia

O que é, o que é: (Gonzaguinha)

Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar, A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida?
E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!É a vida! É bonita e é bonita!


Desejos (Victor Hugo)

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.



Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.



E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.



Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.



Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.



Desejo que você, sendo jovem
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.



Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.



Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.



Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.



Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.



Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.


Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.



Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.









Caros leitores: a partir de segunda feira (dia 11) estarei de férias. Serão 15 dias e vou aproveitar para ler uns livros reservados para ocasião, ouvir algumas músicas necessárias para o coração, colocar a mão na terra para saber da estação, mimar meus cachorros e plantar o que a natureza espera de cada um de nós. Dia 25 de janeiro estarei de volta. São poucos dias afastados. Voltarei com mais energia. Obrigado pela atenção.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

07 janeiro 2010

Harmonia e imperfeição

Na vida tudo gira em torno da harmonia. Um bom exemplo disso é a coreografia dos ciclos naturais, primavera, verão, inverno e outono mostrando como a vida coexiste e improvisa com o meio ambiente e como padrões simétricos tendem a se repetir. Basta ver a bifurcação dos troncos das árvores e dos leitos dos rios, as espirais das galáxias, e das conchas, a simetria das asas de uma borboleta e dos flocos de neve.

No universo não há só harmonia e simetria. Se só houvesse equilíbrio jamais haveria transformação. Todas as coisas fundamentais que existem dependem de um desequilíbrio. O próprio Universo se originou do desequilíbrio. Quando o sistema está equilibrado, não se transforma. Sem transformação não há criação, nada acontece. Portanto, tudo o que ocorre e que se transforma no mundo o faz devido a imperfeições, ao desequilíbrio. É a tensão entre harmonia e imperfeição que gera a criatividade do mundo natural, das formas mais simples àquelas mais complexas. Como pode existir harmonia em um Universo que tende à desorganização. Esse é um dos grandes desafios da Ciência.

As imagens vindas dos mais distantes recônditos cósmicos mostram as profusões de cores e formas de uma beleza espetacular que alguns defendem como harmonia universal. Puro mito. O que existe se olharmos mais atentamente no espaço cósmico são fenômenos catastróficos como galáxias em colisões gerando devastadoras explosões e até buracos negros engolindo tudo ao seu alcance. Um verdadeiro caos absoluto. A imperfeição e falta de harmonia também se encontra em nosso planeta. Um bom exemplo são os dinossauros que, de tão imperfeitos, já nem existe há mais de milhões de anos porque não alcançaram a harmonia e perfeição exigidas naquele momento. Se houvesse de fato harmonia universal não teríamos o velho confronto entre o bem e mal (e tantos outros opostos).

Toda a história contemporânea gira em torno do problema da desigualdade ou da igualdade dos direitos humanos. E neste século a história registra um movimento igualitário cada vez mais acelerado. Velhos querem parecer jovens. Professores se dizem iguais aos alunos. Governantes procuram igualar-se aos governados, padres querem nivelar-se aos fiéis.

Assim, a desigualdade permite a ordem e harmonia do Universo. A beleza do arco íris só é possível pela desigualdade harmoniosa das cores. É a desigualdade das notas musicais que permite a música. No reino vegetal, a desigualdade cresce de valor diante da variedade: cedros majestosos no Líbano, orquídeas delicadas nas selvas brasileiras e repolhos em qualquer horta. E nos animais? O rei das selvas é o leão mas ele tem defeito na vista, só vê coisas grandes; o morcego somente pousa de cabeça para baixo, tendo uma visão invertida. Nos seres humanos todos são iguais em tudo, nos acidentes é que são diferentes (altos, baixos, gordos, magros, loiros, morenos, negros etc).

Sem encontrar paz na Terra, o astronomo Johannes Kepler (1571-1630) buscou a harmonia do mundo nos céus. Durante toda a vida, os homens se destroçaram em conflitos religiosos. Com imaginação e observação, a base da investigação científica, Kepler tornou-se o primeiro a compreender o movimento planetário. Ao constatar que uma força física movia os planetas, ele ajudou a fundar a Ciência moderna. Mas Kepler só conseguiu mudar a maneira de pensar de sua época porque não temia o que descobria. Sua curiosidade sobre seu Deus, dizia Carl Sagan, era maior que seu temor.

Assim, ao final, Kepler encontrou harmonia do mundo. Já o cientista Marcelo Gleiser, a imperfeição. Harmonia e imperfeição são pensamentos científicos de duas épocas distintas. Imperfect Creation o próximo livro de Marcelo Gleiser. "Vou escrever sobre a importância da imperfeição no universo. Todas as coisas fundamentais que existem dependem de um desequilíbrio, o próprio universo se originou de um desequilíbrio. Quando o sistema está equilibrado, ele não se transforma. Sem transformação não há criação, nada acontece", diz. "Mas o que vemos é a organização, a simetria. Um dos grandes desafios da Ciência é explicar como pode existir harmonia em um universo que tende à desorganização. A idéia que eu quero trazer é explicar como imperfeição e harmonia caminham juntas.". Pela primeira vez, Gleiser vai mesclar - deliberadamente - a Ciência com a própria biografia. Ele quer mostrar qual foi o papel da imperfeição, do desequilíbrio e da morte na criação da sua vida. Como ele alcançou à sua pró-cura.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

06 janeiro 2010

Nova ética para salvar o planeta (03)

Continuando com a leitura do livro de Leonardo Boff, Ética e Moral, a busca dos fundamentos (Vozes, 2003):
O ser humano, por sua natureza, é um ser biologicamente carente. Por isso vê-se obrigado a conquistar o seu sustento, modificando o meio, criando assim o seu habitar. Desde que saiu da África de onde irrompeu como homo erectus, pôs-se a conquistar o espaço, começando pela Eurásia, passando pela Ásia, América e terminando pela Oceania. Por comparecer como um ser inteiro, mas inacabado, e tendo que conquistar sua vida, o paradigma da conquista pertence à autocompreensão do ser humano e de sua história. Insaciável é a vontade de conquista do ser humano (conquistar os espaços, o segredo da vida, o poder de Estado e outros poderes, o mercado e os consumidores, o coração da pessoa amada).

Já conquistamos 83% da Terra e nesse afã a devastamos de tal forma que ela ultrapassou em 20% sua capacidade de suporte e regeneração. Agora precisamos conquistar a autolimitação, a austeridade compartilhada, o consumo solidário, a compaixão e o cuidado com todas as coisas para que continuem a existir. Devemos começar conosco, com as revoluções moleculares. Sem elas não garantiremos as novas virtudes que salvarão a vida e a Terra.

Depois do paradigma-conquista é urgente passarmos para o paradigma-cuidado. Basta lembrar que o cuidado é tão ancestral quanto o universo. Após o big-bang, se não tivesse havido cuidado por parte das forças diretivas, pelas quais o universo se autocria e auto-regula, a saber, a força gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte, tudo se expandiria demais, impedindo que a matéria se adensasse e formasse o universo como o conhecemos, ou tudo se retrairia a ponto de o universo colapsar sobre si mesmo em intermináveis explosões.
Mas o que aconteceu foi que tudo se processou com um cuidado tão sutil, em frações de bilionésimos do segundo, que permitiu estarmos aqui. E esse cuidado se potenciou, quando sumiu a vida há 3,8 bilhões de anos. A bactéria originária, com cuidado singularíssimo, dialogou quimicamente com o meio para garantir sua sobrevivência e evolução. O cuidado se complexificou mais ainda quando surgiu os mamíferos, donde também nós viemos há 125 milhões de anos. A essência humana reside exatamente no cuidado. Cuidado é gesto amoroso para com a realidade, gesto que protege e traz serenidade e paz. Sem cuidado, nada que é vivo sobrevive. E é essa atitude que precisamos resgatá-la hoje, como ética mínima e universal, se quisermos preservar a herança que recebemos do universo e da cultura e garantir nosso futuro.
Morrem ideologias. Passam filosofias. Mas sonhos permanecem. São eles que mantêm o horizonte de esperança sempre aberto. Formam o húmus que permite continuamente projetar novas formas de convivência social e de relação com a natureza.
Em 1854, o chefe Seattle das tribos do Noroeste entregou solenemente seu território e seu povo à soberania dos EUA. O discurso que ele pronunciou nessa ocasião serviu um século mais tarde de inspiração ao movimento ecológico, que o reinterpretou de maneira particularmente incisiva. O chefe se dirigia, de um modo mais urgente do que nunca, aos descendentes dos colonos brancos que nós somos:
“Ensinem aos seus filhos o que nós ensinamos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontece com a terra acontece com os filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo sobre si mesmos. A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Nós sabemos disso. Todas as coisas se ligam como o sangue que une a mesma família. Todas as coisas se ligam. Tudo quer acontece à terra acontece aos filhos da terra”.
Bem entendeu a importância dos sonhos o cacique pele-vermelha Seatle, quando, em 1856, escreveu ao governador do Estado de Washington, Stevins, que o forçara a vender as terras aos colonizadores europeus. Perplexos, se perguntava sem entender: pode-se comprar e vender a aragem, o verde das plantas, a limpidez das águas e o esplendor da paisagem: E concluía: os peles-vermelhas entenderiam o porquê “se conhecessem os sonhos do homem branco, se soubessem quais esperanças que transmite a seus filhos e filhas e quais as visões de futuro que oferece para o dia de amanhã”. Afinal, qual é o nosso sonho?
Viemos de um ensaio civilizatório, hoje mundializado, que realizou coisas extraordinárias, mas que é materialista e mecânico, linear e determinístico, dualista e reducionista, atomizado e compartimentado. Separou matéria e espírito, ciência e vida, economia e política, Deus e mundo. O que aconteceu é que esse anseio ancestral da humanidade operou uma lobotomia em nossa mente, mas deixou desencantados, obtusos as maravilhas da natureza e insensíveis face à reverência que o universo suscita em nós. Importa não deixarmos o sonho permanecer apenas sonho.

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05 janeiro 2010

Nova ética para salvar o planeta (02)

A leitura do livro de Leonardo Boff, Ética e Moral, a busca dos fundamentos (Vozes, 2003) é fundamental para saber sobre a crise moral, ética, econômica, política e ecológica que está acontecendo agora. O texto a seguir é um resumo desse livro:

As revoluções iniciadas na agricultura, seguida da industrial e completada pelo do conhecimento e da comunicação dos tempos atuais trouxeram imensas comodidade e prolongaram consideravelmente a expectativa de vida. Mas essa prosperidade material não foi acompanhada por um desenvolvimento ético e espiritual acarretando um vazio existencial provocando destruição do sentido cordial das coisas ocasionando imensa devastação da natureza.

A quebra da re-ligação do ser humano consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com o sentido do transcendente da vida transformou o sonho num pesadelo.
Existem duas forças fundamentais que atuam juntas e constroem concretamente o ser humano: a força de auto-afirmação e a força de integração. Pela força de auto-afirmação cada um consegue se fazer valer e garantir sua sobrevivência para continuar a co-evoluir. Pela força da integração se reforçam as relações inclusivas, se garante a cooperação de todos com todos e assim se assegura melhor o futuro.
Nenhuma dessas forças é suficientemente sem a outra. Ambas precisam atuar sinergeticamente, se reforçando mutuamente e se completando. Qualquer ruptura de equilíbrio é fatal. Caso o ser humano apenas se auto-afirmar sem se integrar, se isola e se inimiza com os demais. Caso se integrar no todo sem se auto-firmar, perde a identidade e acaba desaparecendo. A lógica da natureza faz com que as duas forças (auto-afirmação e integração) sempre funcionem num sutil equilíbrio e numa medida justa para que os seres não destruam a harmonia do todo.
Com o ser humano ocorreu a ruptura desta medida. Ele exacerbou a auto-afirmação em detrimento da integração. Descobriu a força de sua inteligência e de sua criatividade, e usou para se sobrepor aos demais. Ao invés de estar junto dos demais seres, colocou-se sobre eles e contra eles. Começa aí o auto exílio do ser humano, pois foi se afastando lentamente da casa Comum, a Terra e dos demais seres. Quebrou os laços de coexistência com eles.
O ser humano precisa se reencantar com a natureza e o universo. É preciso uma nova experiência espiritual e um novo sentido de ser, mas para isso é necessário da ativação consciente e propositada do princípio feminino (energia estruturada que nos torna sensíveis a tudo o que tem a ver com a vida e a cooperação), da dimensão da anima (que se completa pelo animus presente nos homens e mulheres). Esse novo paradigma ético coloca a vida no centro, vida compartida com outros, vida aberta para cima e para frente.

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04 janeiro 2010

Nova ética para salvar o planeta (01)

Um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, Leonardo Boff, defende a criação de uma "ética global" para evitar a "destruição do planeta e construir um novo modo de produção, em harmonia com a natureza". O ser humano tem se empenhado em desenvolver um modo de produção que está levando os recursos do planeta a seu limite, o que já começou a alterar seu próprio modo de funcionamento. O teólogo alertou que "milhões e milhões de pessoas" serão vítimas da mudança climática global que transformará em deserto grandes áreas do planeta, sem acesso à água e aos alimentos. "Hoje mesmo cerca de 3 mil espécies de plantas e animais desaparecem anualmente do planeta devido ao aquecimento global". E reafirmou a necessidade de "se retomar a filosofia da opção preferencial pelos pobres e, o grande pobre, é o planeta Terra, no qual vivemos e que nos dá vida".

A Terra pede socorro e a humanidade deve escolher o seu futuro. A medida que o mundo se torna mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta grandes perigos e grandes promessas. os padrões dominantes de produção e consumo causaram a devastação ambiental, a extinção das espécies, a redução dos recursos,as desigualdades sociais, as injustiças, a pobreza, a ignorância, os conflitos violentos e os grandes sofrimentos. Há uma aterradora crise ética e moral em todas as partes, atingindo a humanidade.
Para o teólogo, ou formamos uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscamos a nossa destruição e a da diversidade da vida. O ser humano, dotado da força de auto-afirmação e da força de integração, rompeu com os demais seres, esqueceu a teia de comunhão com os vivos e com a fonte originária de todo ser e quis dominar a Terra. Esse "pecado original do ser humano" criou o princípio de auto-destruição da espécie e de seu habitat natural. È necessário o reencantamento com a natureza, a busca do "feminino" que nos ensina a cuidar de tudo com zelo. Em oposição ao paradigma conquista que o ser humano vem desenvolvendo em seu processo de hominização, é urgente que se acate o paradigma cuidado, ética mínima e universal para preservar a herança Terra e garantir nosso futuro.
Na nova fase em que a Terra se encontra - a de Civilização Planetária - o sonho de integração de todas as culturas e etnias, de uma nova aliança dos homens com os demais seres vivos da natureza, é o sonho de uma civilização de re-ligação universal que inclui a todos - da formiga do caminho à galáxia mais distante. Essa nova civilização planetária dará centralidade à religião na sua dimensão antropológica - qual uma força que se propõe a re- ligar todas as coisas entre si, com o ser humano e com o Supremo Ser. Dessa nova ótica nascerá uma nova ética que inaugurará a fase globalizada do destino humano e da Terra.
Historicamente as sociedades foram orientadas ética e moralmente pelas religiões e pela razão. Os pontos comuns das religiões permitem elaborar um consenso ético mínimo capaz de manter a humanidade unida e preservar o capital ecológico indispensável para a Vida (Ethos que ama e Cuida). A razão crítica fundamentou a ética e a moral tentando estatuir códigos éticos universalmente válidos (ethos que procura). Esses dois paradigmas precisam ser enriquecidos (nesse tempo de crise) para que se dê conta das demandas éticas provenientes da realidade globalizada. São as experiências humanas, os valores fundamentais ligados à vida, ao ser cuidado, ao trabalho, às relações cooperativas e à cultura da não-violência e da paz, que fazem surgir a ética (ou as éticas) e podem estabelecer uma possível resposta aos problemas atuais da globalização, da pobreza e da violência.
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