29 dezembro 2011

Deus segundo Spinoza

Para reflexão:

Einstein quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.


Deus segundo Spinoza


“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.


Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.


Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.


Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?


Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.


Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?


Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.


Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.


Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar.

Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada,

terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?


Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias

teu cachorro, quando tomas banho no mar.


Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?

Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.


Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui,

que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?

Para que tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.


Baruch Spinoza.


As sábias palavras são de Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Acredite, essas palavras foram ditas em pleno Século XVII. Continuam verdadeiras e atuais até a data de hoje. (Lucia Carvalho, amiga, leitora do blog)

Lúcia,

Luz forte e verdadeira

palavras de amor sempre certeira

e o que dizer do olhar

essa luz derradeira

que nunca escurece só ilumina

essa menina...

é assim pura felicidade

mas sofreu na pele

angustia e privacidade

e nunca reclamou da vida

esperou com cautela e sem ansiedade


Essa é a Lucia que conheço

e quem sabe a mereço

de paz no coração

é a Lúcia que transcrevo

para todos do blog com emoção


Paz, felicidade, amor, sonho, saúde, paciência, transparência, ética, luz para todos:

Lucia, Claudia, Jacira, Alessandra, Neide, Ana Clara, Fernanda, Deusdete, Deusdalma, Adinalva, Patricia, Debora, Rita, Sonia, Zete, Manuela, Samara, Gilka, Catilene, Cathy, Joilma, Elis, Marcia, Augusta, Andrelina, Leni, Renata, Helena, Gabriela, Lorena e tantas meninas dos olhos, do coração, de nossas mentes e corpos, de nossas vidas.

E para não dizer que só falei de flores, vai aí os espinhos: Odemar, Jayme, Andre, Jesser, Joelson, Tuninho, Fabiano, Alisson, Zelito, Antonio, Luis, Geraldo, José Geraldo, Lourival, Cedraz, Nildão...2012 está chegando aí gente.....

Descoberta silenciosa do mar

O primeiro contato é de encantamento. Ao folhear cada página a sensação é de crescente bem estar, um maravilhado que não tem como descrever em palavras. “Ondas”, livro de Suzy Lee é como um poema, que permite que a imaginação de cada pessoa escreva uma história. Assim, uma menina, gaivotas e o mar formam uma história de descobertas e aventura. Com poucos traços a carvão, a coreana Suzy Lee ilustrou em azul, preto e branco o ruído das águas, o bater de asas das gaivotas, o vento que balança o vestido da menina e a conversa silenciosa que se estabelece ao longo da narrativa. Na história, a garotinha encontra o mar pela primeira vez e Lee ilustra as diversas etapas da relação que se estabelece, aos poucos, com o mar: curiosidade, desconfiança, enfrentamento, desapontamento, susto, desdém, contentamento e confiança.


Para a autora, a descoberta do “prazer universal” de se divertir a beira-mar suscita uma série de sensações, recriadas em imagens pela artista. Ela maneja delicadamente um azul intenso, capaz de dar fluência à leitura deste livro sem palavras em que até mesmo a divisão das páginas serve de resumo para conduzir a narrativa. “Sempre que visito o mar, em qualquer lugar do mundo, vejo adultos e crianças se divertindo enquanto brincam com as ondas, sem distinção entre eles. Sempre tive o desejo de fazer um livro sobre este prazer universal, e quis mostrar tal encantamento através de imagens poderosas, que dizem mais que palavras”, diz ela.

Sobre a divisão física do livro destacando dois planos narrativos, de um lado da página, a segurança, da terra firme; de outro, o mar e seus mistérios, ela informa: “Duas páginas distintas representam também mundos de realidades e fantasias diferentes. Quando a menina cruza a divisão do livro, ela é absorvida para o centro físico do objeto e então emerge dele como uma Alice quando sai do espelho (em Alice no país do espelho). A dobra entre as duas páginas do livro é um dos temas que me interessam. Além disso, Onda é um tipo de sequência do meu livro anterior, Espelho (Edizioni Coraini, 2003), no qual abordei o mesmo assunto: nele, a menina acha seu amigo refletido na página dupla”.

O livro-imagem vendeu 100 mil exemplares em apenas um ano. Sucesso dos verões (e outras estações) em diversos países, foi publicado inicialmente nos Estados Unidos e já ganhou outras versões pelo mundo e finalmente desaguou no Brasil pela conceituada Cosac Naify, uma editora de qualidade. Suzy Lee ganhou com Onda os prêmios de Melhor Livro Ilustrado (lista The New York Times), Melhor Livro do Ano de 2008 (álbum infantil, pela Publishers Weekly) e Melhor Livro Infantil de 2008 (Wall Street Journal)

Crianças e adultos podem até construir a história de Onda de formas diferentes, vão se assemelhar na magia do encontro com o mar – o barulho das ondas, a imensidão azul, pegadas na areia. O mar representa o desconhecido, que espanta e atrai com seu poder e beleza. A garota traz com ela o gosto do novo, a necessidade de experimentar para conhecer e aprender. É assim, entre o rugir das ondas - que às vezes se lançam mais furiosas à praia - e a proteção das gaivotas, que a menina estabelece sua comunicação com o mar. Respeitar a natureza pode ser um dos ensinamentos com gosto de poesia do livro-imagem. Saber que, como a garotinha de Onda, todos vamos crescer e enfrentar desafios, é outro. Importa mais lançar nas páginas coração e mente para escrever sua própria história e descobrir que amizades nascem também de diferenças. É assim que a menina, inicialmente tímida e assustada, experimenta as delícias da água salgada e fria. O mar a recebe e também a expulsa, mas, no final, revela sua grandeza com os presentes jogados na areia.


Contar uma história sem palavras e ser capaz de criar uma narrativa que pode ser lida inúmeras vezes, descobrindo detalhes novos em cada experiência. E essa palavra – experiência – é apropriada para definir o que é ler Onda, da coreana Suzy Lee. A artista mostra como uma menina que vai pela primeira vez à praia, encara o mar. Com formato horizontal, as páginas abertas formam um horizonte de 60 cm. À esquerda, estão a areia, a menina e algumas gaivotas. À direita, o mar. A garotinha chega à praia com a mãe, e se aproxima lentamente do mar, foge, grita, encara e flerta co ele. Aos poucos, ganha coragem para por os pés na água. Começa a brincar até que uma onda maior a assusta. Ela sai correndo e mostra a língua – acha que está segura na areia. Mas a onda arrebenta numa das ilustrações mais bonitas do volume. Depois que o susto passa, o azul do mar invade o céu e, de repente, a infância está resumida numa imagem. A menina nunca tinha visto a água antes. No início, ficou furiosa com o mar, depois assustada. Mas aí começou a brincar com a onda. Depois de tanto o que acontecia, acabou gostando da onda. Ficou amiga dela. A história é uma história de amizade. Mas sem uma palavra.


O poeta pergunta: "A onda anda?/ aonde anda/ a onda?. O outro responde, "no alto de sua crista". Enquanto isso o artista canta: "O mar quando quebra na praia, é bonito, é bonito". Para que outras palavras se Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Dorival Caymmi já emprestam as suas ao mar? Ao longa das imagens deste livro a menina conversa, brinca e até "tira uma onda" na praia. Se os poetas dedicarem seus versos ao mar, aqui é a menina que ouvirá a poesia que vem de suas marolas.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929).

28 dezembro 2011

Pós-modernismo: estilo e subversão

Os anos 70 assistiram ao fim das chamadas grandes doutrinas, que tudo explicavam e rotulavam. As generalizações já não cabiam mais nesse caos criativo de um mundo em que tudo se cria, recria, copia e se cola. Gosto estético e ideologias à parte, é inevitável que a forma como vivemos a arte e o mundo hoje é fruto desse movimento que ousou dessacralizar os cânones. Tirou da arte formal a forna, deu forma de arte a objetos banais, fez do ordinário o extraordinário. De torradeiras a projetos arquitetônicos, de poltronas a capas de discos, de esculturas a figurinos de cinema e videoclipes.


Tudo ao mesmo tempo agora


Fenômeno artístico, arquitetônico, comportamental, filosófico, conhecido como pós-moderno ajudou a sacudir o século XX: Tudo ao mesmo tempo agora. Um mundo em que a arquitetura rui em função de uma forma que não serve mais. A pintura tem sua saciabilidade violada pela cópia xerox e pela bricolagem pura e simples. A moda que a tudo incorpora, digere e devolve em camadas de tecidos e ideias. A música que se apodera de melodias, tendências e recria um novo om. O cinema que a tudo absorve e a tudo espelha. Isso tudo é pós-moderno. E tudo, como definiu Karl Marx, é sólido mas desmancha no ar.


Tudo é sólido mas desmancha no ar


Uma das característica do pós moderno é a reação à ortodoxia do modernismo, à visão única do mundo. É a celebração da diversidade, da arquitetura do prazer, colorida e até kitsch. É levar a ironia às últimas consequências. O que dizer de uma simples, mas inusitada poltrona – Bel Air Chair, criada por Peter Shire – da Memphis, de 1982, onde arte e utilidade se encontram.


Copiam, recriam ideias, adicionam outras novas. Bricolagem


Em 1979 a cantora Grace Jones desfilou com o Vestido de Grávida Construtivista (ela posou de mãe e musa pós-moderna) que inspiram os figurinos Lady Gaga nos dias atuais. Hoje utilizam objetos simples, copiam, recriam ideias, adicionam outras novas. Bricolagem. Pode-se chamar de plágio. Há quem chame de canibalismo. Nossos modernistas de 22 talvez chamassem de antropofagia.


É brincar com a arte e subvertê-la. A brincadeira com o valor da arte, de compra, de venda, do dinheiro e do consumismo também era uma das maiores fontes de inspiração e crítica pós moderna. Aí é que entra o famoso Dollar Sign (cifrão) de Andy Warhol.


E o que dizer do longa de Ridley Scott, o melancólico Blade Runner que completa 30 anos em 2012 e é a síntese do pós-moderno. Na saga do caçador de androides Dick Deckard, estão o niilismo, a dúvida, o caos, o néon, e, sobretudo, a distopia que reinariam na Los Angeles de 2019. A Piazza d´Italia (1979), em plena New Orleans, é uma ode ao kitsch e, ao mesmo tempo, uma crítica ao estilo pastiche tão propagado pelos filósofos do pós-modernismo com Jean Baudrillard.


Niilismo, a dúvida, o caos, o néon, e, sobretudo, a distopia


O termo "pós-modernidade" é de ampla definição e foi cunhado pelo famoso historiador britânico Arnold Joseph Toynbee (1889-1975) na década de 1940, quando escrevia os seus doze volumes intitulados Um Estudo da História. Toynbee era um filósofo católico, porém influenciado pelo hinduísmo. Segundo Toynbee, a pós-modernidade se caracteriza especialmente pela decadência da cultura ocidental, do cristianismo e de tudo o que é absoluto. Resumindo, no pós-modernismo, morre o cristianismo e sua única verdade absoluta (Jesus Cristo) e tudo passa a ser relativo.


A simulação cria um perfeito simulacro da realidade


Alguns filósofos franceses também debruçaram-se sobre o tema da pós-modernidade, entre eles, Jean-François Lyotard, Michel Maffesoli e Jean Baudrillard. Para Baudrillard, nos tempos pós-modernos ocorrerá o "domínio do simulacro" onde será possível a substituição do mundo real por uma versão simulada tão eficaz quanto a realidade. Em outras palavras, a simulação cria um perfeito simulacro da realidade, como um sonho tão vívido que, ao "acordarmos", não conseguimos distinguir entre ilusão e verdade. O filme Matrix é um bom exemplo disso.


Um dos primeiros pensadores a desenvolver uma teoria abrangente e coerente sobre a pós-modernidade foi o filósofo francês Jean-François Lyotard com o seu livro “A Condição Pós-Moderna”, lançado em 1979. Outros pensadores associados à ideia de pós-moderno são Michel Foucault, Jacques Derrida e Jean Baudrillard.


Gilles Lipovetsky acredita na hipermodernidade


Para o intelectual marxista Fredric Jameson, o pós-modernismo representa uma nova fase do capitalismo, em que uma série de transformações tecnológicas impactou na ascensão de novas formas de relação de consumo e de movimentações do capital financeiro. Já o filósofo Gilles Lipovetsky acredita que, em vez de pós-modernidade, o que estamos vivenciando é justamente uma exacerbação dos valores da Era Moderna. A esse fenômeno ele deu o nome de “hipermodernidade”.


Para Jair Ferreira dos Santos em O que é pós-moderno (Ed. Brasiliense, 1987) pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por convenção, se encerra o modernismo (1900-1950). Ele nasce com a arquitetura e a computação nos anos 50. Toma corpo com a arte Pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela filosofia, durante os anos 70, como crítica da cultura ocidental. E amadurece hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na música e no cotidiano programado pela tecnociência (ciência + tecnologia invadindo o cotidiano com desde alimentos processados até microcomputadores), sem que ninguém saiba se é decadência ou renascimento cultural.

Em sua origem, pós-modernismo significava a perda da historicidade e o fim da "grande narrativa" - o que no campo estético significou o fim de uma tradição de mudança e ruptura, o apagamento da fronteira entre alta cultura e da cultura de massa e a prática da apropriação e da citação de obras do passado. A obra de Frederic Jameson, "Pós-Modernismo" (1991), enumera como ícones desse movimento:


na arte, Andy Warhol e a pop art, o fotorrealismo e o neo-expressionismo;


na música, John Cage, mas também a síntese dos estilos clássico e "popular" que se vê em compositores como Philip Glass e Terry Riley e, também, o punk rock e a new wave";


no cinema, Godard;


na literatura, William Burroughs, Thomas Pynchon e Ishmael Reed, de um lado, "e o nouveau roman francês e sua sucessão", do outro.


Na arquitetura, entretanto, seus problemas teóricos são mais consistentemente articulados e as modificações da produção estética são mais visíveis.


O pós-modernismo afirma que a linguagem não pode expressar verdades a respeito do mundo de um modo objetivo. "A linguagem, por sua própria natureza, dá forma ao que pensamos. Visto que a linguagem é uma criação cultural, o significado é, em última análise, uma construção social." Os valores do pós-modernismo não são pessoais, mas sociais, da cultura. O verdadeiro significado das palavras é parte de um sistema fechado de uma cultura, que não faz sentido para uma outra cultura. (Este artigo é dedicado a Sonia Elizabeth, a paulista mais baiana que conheço, com olhos construtivista e espírito crítico realista

)

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27 dezembro 2011

O mar da vida (2)

“O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão”. Há um registro de poesia popular no pior momento da seca de 1887, na Paraíba que diz: “É-me preciso mudar/ Da terra que amo e moro/Terra que muito adoro,/ A minha pátria natal/Magino na beira-mar,/ Me entristece o coração,/Lagadiço, lameirão,/Pois a fome não é peca,/Nesta tão terrível seca,/ Foge, povo do sertão!” Os compositores Sá e Guarabira profetizaram: Vão mexer no rio São Francisco. “O homem chega já desfaz a natureza/Tira gente põe represa, diz que tudo vai mudar /O São Francisco lá pra cima da Bahia/ Diz que dia menos dia, vai subir bem devagar/E passo a passo, vai cumprindo a profecia/ Do beato que dizia que o sertão ia alagar/O sertão vai virar mar/ Dói no coração/ o medo que algum dia/O mar também vire sertão”.


A água potável é um recurso finito, que se reparte desigualmente pela superfície terrestre. Em seu ciclo natural a água é um recurso renovável, mas suas reservas não são ilimitadas. Diversos especialistas têm alertado que, se o consumo continuar crescendo como nas últimas décadas, todas as águas superficiais do planeta estarão comprometidas daqui a alguns anos. A carência de água é resultado da combinação de efeitos naturais, demográficos, sócio-econômicos e até culturais. Chuvas escassas, alto crescimento demográfico, desperdício e poluição de mananciais se combinam para gerar uma situação denominada de “estresse hídrico”.


A escassez de água em áreas do mundo, especialmente no Oriente Médio, tem feito surgir tensões geopolíticas geradas por conta da disputa pelo domínio e utilização de fontes de água, especialmente rios, quando estes atravessam regiões de vários Estados. Um dos pontos da explosiva Questão Palestina diz respeito à utilização das fontes hídricas existentes na Cisjordânia, região localizada junto ao baixo vale do rio Jordão. Síria, Iraque e Turquia há muito tempo vêm tendo desavenças sérias no que diz respeito à utilização das águas dos rios Tigre e Eufrates, que têm suas nascentes em território turco mas, que cruzam áreas dos outros dois países. Muitos especialistas já chegam a afirmar que os eventuais conflitos que ocorrerem no Oriente Médio ao longo do século XXI serão causados cada vez mais pela água e cada vez menos pelo petróleo.


Apesar de 75% da superfície do planeta ser recoberta por massas líquidas, a água doce não representa mais que 3% desse total. O problema é que apenas um terço da água (presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera) é acessível. O restante está imobilizado nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos. Atualmente cerca de 50% das terras emersas já enfrentam um estado de penúria em água. De cada cinco seres humanos, um está privado de água de boa qualidade para consumo e cerca de metade dos habitantes do planeta não dispõe de uma rede de abastecimento satisfatória. Ao longo do século XX, a população mundial foi multiplicada por três, as superfícies irrigadas por seis e o consumo global de água por sete. Ao mesmo tempo, nas últimas cinco décadas, a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas em um terço.


Os recursos disponíveis atualmente poderiam ser utilizados de forma mais eficaz se fossem reduzidas a poluição, desenvolvidos processos de reciclagem das águas, houvesse uma melhor conservação das redes de distribuição, fosse evitado o desperdício e aceleradas as pesquisas sobre culturas agrícolas menos exigentes à água e mais tolerantes ao sal. A dessalinização da água do mar só é realizada em poucos países e, mesmo assim, as quantidades obtidas não cobrem as grandes necessidades.


Quatro grandes bacias hidrográficas – Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná - são responsáveis por 85% de nossa produção hídrica. Apesar do Brasil possuir abundância de águas superficiais, esses recursos hídricos não estão distribuídos eqüitativamente pelo território. A aparente abundância de água no Brasil tem sustentado uma cultura de desperdícios, enquanto legitima a carência de investimentos em programas de uso e proteção de mananciais.


O Brasil celebrou em janeiro deste ano uma década de sanção da Lei das Águas, que criou a Política Nacional de Recursos Hídricos. Um dos poucos centros dessa lei – inspirada no modelo francês, que permite a administração participativa e descentralizada dos recursos hídricos – estabelece que a gestão deve ser realizada por bacia hidrográfica e que a água passa a ter valor econômico. Na opinião de especialistas no tema, mesmo com a vigência por dez nos da Lei das Águas, atualmente a gestão dos recursos hídricos no Brasil ainda é incipiente. Uma das principais falhas apontadas se refere à pequena participação pública nos comitês de bacias.


“E não há melhor resposta/ que o espetáculo da vida:/vê-la desfiar seu fio,/ que também se chama vida,/ver a fábrica que ela mesma,/ teimosamente, se fabrica,/vê-la brotar como há pouco/ em nova vida explodida;/mesmo quando é assim pequena/ a explosão , como a ocorrida;/mesmo quando é uma explosão/ como a de pouco, franzina;/mesmo quando é uma explosão/ de uma vida severina” (Morte e Vida Severina:auto de Natal pernambucano,de João Cabral de Melo Neto)

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26 dezembro 2011

O mar da vida

A vida começou no mar, o local das nossas origens. O mar, o oceano, as águas salgadas, os rios doces que nos separam e nos unem para fora e para dentro de nossas identidades múltiplas e únicas. Não dá para esquecer o mar de Fernando Pessoa (“Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”), dos jangadeiros do nordeste, de Caymmi (“O mar quando quebra na praia/É bonito, é bonito”), o mar dos navegadores portugueses, o mar de Castro Alves e de Gonçalves Dias, o mar de João Bosco (“Sou caçador de tesouros/Nas minas do mar”), o mar de Chico Buarque (“Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar”), e de Tom Jobim (“O resto é mar, é tudo que não sei contar/São coisas lindas que eu tenho pra te dar”), o mar morte de Jorge Amado e o vivo de Gabriela, cravo e canela e o mar mito da origem e da consumação, o mar de Camões.


A superfície do planeta Terra é recoberta por uma imensa massa líquida (cerca de 71%) que alguns chamam de oceano mundial, tradicionalmente dividido em entidades geográficas menores - o Pacífico, o Atlântico, o Índico, o Ártico. Cada um deles engloba diversas porções menores, os mares, delimitados normalmente por ilhas ou por recortes do litoral. Os oceanos desempenham papel crucial no equilíbrio natural da Terra, especialmente por atuarem como reguladores térmicos. As influências oceânicas diretas sobre as áreas continentais, de maneira geral, não chegam além dos 100 quilômetros da costa. Contudo, é justamente nas áreas distantes até cerca 60 quilômetros do litoral que se concentra perto de 75% da população mundial. Tudo o que ocorre nos oceanos, inclusive as diversas formas de poluição, interessa direta ou indiretamente à maioria da humanidade.


Os oceanos são locais de passagem, de contatos comerciais e culturais e também fontes de recursos bastante diversificados. A tradicional atividade pesqueira e a extração do petróleo têm se verificado de forma cada vez mais intensa. Em função da importância econômica dessas riquezas, a exploração dos espaços marítimos constitui, cada vez mais, objeto de competição internacional. Em várias regiões do mundo ocorrem disputas de soberania sobre áreas oceânicas. Gregos e turcos, há décadas, discutem a soberania sobre espaços marítimos do Mar Egeu, que abriga sob a plataforma continental importantes jazidas petrolíferas. Ilhas oceânicas também são focos de disputa: a China e outros quatro países do Sudeste Asiático disputam a posse de alguns arquipélagos do Mar da China Meridional. As Ilhas Curilas são, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, foco de controvérsias entre Rússia e Japão. O arquipélago das Malvinas (ou Falkland) foi o epicentro da guerra que envolveu a Grã Bretanha e a Argentina, em 1982.


Durante muito tempo o homem acreditou que os oceanos pudessem ser uma espécie de "lixeira" do planeta. As imensas massas líquidas dos oceanos seriam capazes de "digerir" a sujeira e o lixo lançados por cidades e indústrias. No último século, contudo, o desenvolvimento urbano-industrial e o acelerado crescimento demográfico geraram quantidades extraordinárias de dejetos orgânicos e inorgânicos. A continuidade do lançamento de dejetos nos oceanos poderá comprometê-los seriamente, como fonte de alimentos e área de lazer para as gerações futuras.


A ação do homem sobre a natureza muitas vezes tem sido nefasta, causando problemas graves não só para o meio ambiente mas também para as próprias sociedades humanas. Um dos maiores desastres ambientais e humanos que se tem notícia vem se verificando nas últimas décadas na Ásia Central, mais especificamente nas regiões próximas do mar de Aral. Esse mar, que na verdade é um lago, abrange terras do Casaquistão e do Usbequistão, duas repúblicas que, até 1991, faziam parte da extinta União Soviética. Em língua turca, o Aral é comparado à uma ilha: “uma ilha de água num mar de desertos”. O recuo da superfície do mar foi deixando em seu leito seco milhares de hectares de áreas desérticas, recobertas por sais que os ventos dispersam por uma vasta região. A água residual do mar, assim como aquela do curso inferior dos rios tiveram seu teor de sal aumentado assim como a carga de resíduos químicos e bacteriológicos fruto da utilização abusiva de adubos, pesticidas e desfolhantes químicos.


À catástrofe ambiental, aliou-se a decadência econômica e social da região que já figurava como uma das mais pobres de toda a ex-URSS. Mais de um milhão de pessoas já estão ou estarão expostas à ameaças de poluição tóxica, resultantes de uma múltipla contaminação química em seus corpos. Dentre os habitantes da região, as mulheres e as crianças são as mais afetadas. Nos últimos 20 anos houve um aumento brutal de doenças que atacam os rins, o fígado, especialmente câncer, como também um incremento desmesurado de doenças artríticas e bronquite crônica. A independência das repúblicas da antiga Ásia Central soviética em 1991, acendeu esperanças de melhora da situação. Os programas de assistência colocados em prática, especialmente por organizações internacionais, todavia, surtiram pouco efeito. Contudo sua presença tem possibilitado alertar a opinião pública internacional para a situação dramática vivida pelas populações atingidas pela catástrofe, vítimas de políticas econômicas absurdas postas em prática por governos autoritários.


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22 dezembro 2011

Para melhorar Salvador

Dá para sonhar com Salvador em preto e branco e mil toneladas de cinza pelas fotos de Pierre Verger ou no registro da região da Chapada Diamantina de Rui Rezende, a tradição de um povo nas fotos de Rogério Ferrari ao registrar o cotidiano do cigano ou mesmo o trabalho da fotógrafa das estrelas, a baiana Thereza Eugênia. Descobre que o melhor é mesmo Salvador ao ar livre, suas ruas, ladeiras, sua gente, e os panoramas que fazem da cidade uma verdadeira obra de arte viva. Atualmente, não tão viva assim, o termo certo é: abandonada.


O que é preciso ser feito para melhorar Salvador?


  1. Requalificação urbana e ambiental nas praias

  2. Obras de iluminação, restauração de monumentos, igrejas, fontes e construção de um centro de referência no Pelourinho

  3. Reforma no Elevador Lacerda e nos planos inclinados Gonçalves, Pilar e da Liberdade

  4. Ações de requalificação, ampliação do estacionamento do Mercado Modelo

  5. Recuperação das calçadas do Farol de Itapuã, recuperação do entorno do Farol da Barra e melhorias na Lagoa do Abaeté.

  6. Reforma do Largo de Roma e recuperação urbanista da Orla entre a Ponta de Humaitá e a Ribeira

  7. Criar infra estrutura para turismo náutico na Baia de Todos os Santos

  8. Deixar as ruas limpas, sem lixo ou buracos.

  9. Incentivar os moradores de bairros antigos (Saúde, Ribeira etc) a melhorar as fachadas de suas casas com novas pinturas e restaurações



POBREZA – A Bahia é um estado com grandes dimensões (564 mil km2), representando 36% do Nordeste. Do seu território, 66% se caracterizam como semiárido, o equivalente a 43% de todo o semiárido do Nordeste. Quase 30% da população baianas está na área rural, respondendo por 14% da população rural do Brasil, sendo que 32, 9% encontram-se em condição de extrema pobreza, frente a 11,1% da população urbana. Temos, ainda, 59,5% dos municípios com até 20 mil habitantes. Os dados são do diretor geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Geraldo Reis (A Tarde, 30/09/2011). Para ele, grande parte da pobreza na Bahia, além do aspecto da renda, está associado a outras dimensões, como falta de água, baixa escolaridade, analfabetismo e a reduzida produtividade da agricultura familiar.


CORDIALIDADE – Tem uma definição do Sérgio Buarque de Holanda em relação à cordialidade do Brasileiro. Há o lado iluminado da questão da cordialidade, da coisa do coração. E na Bahia temos isso. Mas para que o futuro seja o mais iluminado possível, a gente tem de definir melhor nossa vocação e cuidar da educação de forma séria, profunda, e que possa contemplar a questão da exclusão e da opressão.

ASSUSTADO – O filósofo José Arthur Giannotti, professor emérito da Universidade de São Paulo em uma entrevista a revista Cult (n.162, outubro 2011) afirmou: “Você vai a Nova York e vê uma produção intelectual que transborda nas ruas. Já nossas ruas têm sobretudo buracos: buracos na terra e buracos de pensamento. A cidade não tem plano nenhum, tudo cresce de maneira desordenada. Passei uma semana em Salvador e fiquei assustado com a desintegração urbana”.


CULTURA – Salvador tem uma vida cultural relativamente intensa, apesar da falta de verbas para as políticas públicas de cultura. Nos bairros populares o movimento hip hop se fortalece, as variações do samba de roda esquenta os finais de semana, o jazz aquece o Museu de Arte Moderna, nos guetos o rock and roll corre solto já que a axe music está em todos os espaços. Os poetas da Praça da Piedade travam diálogos com os cordelistas do Mercado Modelo. Os artistas plásticos usam e abusam das cores e formas nas diversas instalações vanguardistas. Os escritores reforçam nas palavras o poder de atingirem o grande público, apesar da parca distribuição, e os quadrinhos procuram cada vez mais mostrar seus valores na mídia que continua a olhar o estrangeiro com mais valor. Tudo isso esforço dos próprios artistas. O Estado precisa apoiar mais o florescimento dos trabalhos locais. Mas apoiar de verdade e não espalhar por quatro cantos esse apoio invisível. Até quando a cidade vai ficar nessa falta de atenção aos valores locais. Entra governante sai governante e tudo fica distante no império de dantes....


ESTAGNOU - “A Bahia perdeu muito da sua capacidade criativa e inovadora nas áreas da literatura, teatro, música, artes visuais, lazer e do entretenimento. Quando se perde essa capacidade de fazer coisas novas em todas essas áreas, você passa a viver do antigo, não que este seja ruim, mas não se estabelece ponte com o presente e com o futuro. A Bahia precisa inovar. O teatro feito hoje é o mesmo dos anos 1980. Na música, ainda estamos na última invenção, que foi o samba reggae. Nada de novo de lá para cá. A Bahia estagnou. Mais, estamos voltando para trás” (João Jorge, presidente do Olodum. Muito, revista semanal do grupo A Tarde. 13;11;2011)


“A Bahia está invisível e precisa de ações imediatas para se reinventar no cenário nacional”, pontua o diretor teatral, professor, roteirista, cenógrafo, dramaturgo Paulo Dourado (A Tarde, 17/10/2011)


“Salvador é uma cidade ágrafa. Ágrafa/ Sim, nem sequer analfabeta. Fala-se muito em Salvador. Fala-se o tempo todo. As contas de telefone são astronômicas. O tempo perdido com bate papo é incalculável. O baiano jamais vai direto ao assunto. Liga para pedir uma pequena informação e até chegar lá já passou a limpo os atrasos da amizade” (Ildásio Tavares. Nossos colonizadores africanos. Edufba, 2009, p.54)


“A cidade do Salvador, que eu chamo de Salvadores, é um lugar hoje inabitável e, infelizmente, as autoridades municipais, estaduais e federais não estão olhando para esta morte urbana das cidades (…) Salvador, hoje, é uma cidade medíocre porque vive em, função de ser uma cidade festeira e um balneário. A Bahia gira em torno do Carnaval, a Bahia está montada num trio elétrico permanentemente” (Fernando da Rocha Peres, poeta)


“A Bahia tem uma redoma que impede as coisas de chegarem, as pessoas de saírem” (Ducca Rios, artista plástico, cartunista, designer, quadrinista e músico. Muito. A Tarde.14/03/2010, p.7)


“Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína. Estou de pé em cima do monte de imundo lixo baiano” (Caetano Veloso. Fora de Ordem)

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929).

Dinheiro mal gerido

Má qualidade de gestão se estende a praticamente todas as áreas.


A sociedade paga impostos escorchantes, mas a contrapartida do governo,m que é a oferta de serviços. Vem com muita lentidão, quando vem, e com qualidade inferior à esperada.


Na democracia, todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) respondem ao povo, o mínimo que se espera é que sejam fornecidas informações a respeito do serviço pelo qual determinado poder presta à população. Parece que esse quesito foi esquecido..


“Uma justiça lenta e cara diminui em grande parte a eficácia dos textos legislativos. Qual é o indivíduo que não está disposto a aceitar uma soma de ilegalidades equivalentes à soma dos sacrifícios a fazer ou dos desgostos a suportar para obter judicialmente a sua reparação? Pergunta o advogado francês Jean Cruet no livro A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis, de 1908 e tão atual no Brasil... Não como um cidadão não ter sua dignidade e cidadania aviltadas quando se discute umas ação judicial por 15, 16 anos no Judiciário, quando a mesma poderia ter sido resolvida, em pouco tempo, como acontece na maioria dos países desenvolvidos. Uma justiça que anda a passos de tartaruga e é mal aparelhada propicia a ilicitude e estimula o mau caratismo.


Pergunta que não ofende: Existe algum órgão de classe que ousa manifestar ou propor mudanças para agilizar o andamento processual no país?


Walter Fanganiello Maierovitch, juiz de direito aposentado do hoje extinto Tribunal de Alçada Criminal, e diretor do Instituto Giovanni Falcone responde: “No dia em que o país se conscientizar, ele caminha. Existe no Brasil uma aparência de Justiça. Lenta e que não funciona. Temos um sistema que se mostra imperfeito e ninguém quer cuidar de melhorá-lo”.


Vale lembrar Rui Barbosa: “A justiça tardia na verdade é uma injustiça”


E ainda existe o foro privilegiado, “uma esperteza que os políticos conceberam para se proteger. Um escudo para que as acusações formuladas contra eles jamais tenham consequências... É absurdo um sistema judiciário que conta com quatro graus de jurisdição! Deveriam ser apenas duas instâncias, como é no mundo inteiro. Essas instâncias favorecem o excesso de recursos”.


Projetos demoram para sair do papel. E o atraso na execução dos programas de investimento é enorme.


Quem vigia o vigilante/. A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça ao anunciar que no Poder Judiciário há “bandidos de toga”. Verdades ofendem mas a corregedora do CNJ teve o apoio quase unânime da sociedade. Há imbricação de suas fronteiras: a judicialização da política e a politização da Justiça. Mas a sociedade despertou, por meio de seus núcleos organizados; a emergência de novos polos de poder; a promoção da cidadania; vácuo proporcionado pela ausência de legislação infra constitucional (dispositivos da Constituição de 1988 não foram regulamentados) entre outros. Assim fica difícil o sistema judiciário tornar-se imune às pressões políticas.


Nossas eleições municipais se aproximam e há escassez de propostas ousadas sobre como uma prefeitura consegue ser indutora de desenvolvimento econômico, estimulando o empreendedorismo dos jovens. Falta ideias na maior parte dos políticos. O interesse maior é ganhar a eleição. O foco/ nenhum.


Cerca de 75% dos brasileiros, ou seja 143 milhões dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Os outros 25%, ou 47 milhões de cidadãos são capazes de pagar por planos/seguros de saúde privados., Tanto uns quanto outros enfrentam problemas. São bastante conhecidas as reclamações dos pacientes quanto a saúde no Brasil. De quem é a culpa por tantas desventuras/ Políticos, respondam por favor...


Na época do governo Sarney o Brasil era uma espécie de chanchada. Hoje está bem melhor. Mas convivemos com taxas intoleráveis de desigualdade, saúde pública desumana, escolas públicas ruins, vida nas cidades violenta e insegura. O patrimonialismo persiste como traço definidos da política em todos os níveis.


Levantamento feito pelo jornal Estado de S.Paulo (11/12/2011) e, folhas de pagamento dos Tribunais de Justiça revela que norma constitucional de limitar salários ao rendimento de um ministro do Supremo (R$26,7 mil) é amplamente descumprido; há casos de contracheques que superam R$100 mil. “Em setembro deste ano, por exemplo, 120 desembargadores receberam mais do que R$ 40 mil e 23 mais de R$ 050 mil. Um deles ganhou R$ 642.962,66; outro recebeu R$ 81.796,65”.


“Alguma coisa está fora da arte, fora da nova ordem mundial” (Caetano Veloso)

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