30 agosto 2013

Poemas para acordar para o mundo



Para se escrever uma poesia, é preciso se dedicar todo o seu espírito, todo os seus recursos, faculdades, todo o seu tempo. E numa época de aceleração desembestada, de um mundo em que participamos de uma espécie de linha de montagem em moto contínuo e vicioso, onde a cadeia utilitária parece que o sentido é sermos instrumento para outras coisas, o poema não serviria para nada. Afinal, para uma leitura de um poema, é necessário romper a cadeia utilitária cotidiana para uma concentração  necessária, pois o leitor que se deleitar ao flanar pelas linhas do poema, deverá ter uma leitura ao mesmo vagarosa e ligeira, reflexiva e intuitiva, imaginativa e precisa, linear e não linear, intelectual e sensual, ingênua e informada.


E é neste mundo acelerado, internetizado, utilitarizado e desembestado que veio à tona um rapaz simples, humilde e concentrado. Veio de um lugar tranquilo, parado no tempo, desconectado dessas acelerações atuais: Miguel Calmon, a bela cidade da Chapada Diamantina. Foi dali que seus  diamantes brotaram em formas de palavras, de poemas, de rimas. Sua poesia pensa e reflete o mundo. Feito um fenômeno da natureza, seu poema desliza feito um rio silencioso dentro da noite. E o desejo, o ser, os versos do poema estão lá,  no infinito, como o rio e a noite. Fundem-se no poema o leitor, o poeta e todas as coisas que nos fazem sonhar. E sonhar é pensar sobre o mundo.

No começo sua arma era simplesmente o texto. Mas o mundo das palavras, embora vasto, possui fronteiras. Assim, no blog Salto Alto(www.facebook.com/poesiasaltoalto),  ele mixa imagem com pensamentos, fragmentos de filosofia. Com essa ferramenta de imagem seu mundo ficou mais universal. Ele não apenas trabalha o espírito, mas exercita a filosofia, o ritmo, a poesia, a fantasia, os sonhos. Jesser não quer explicar o mundo, pois assim acaba perdendo o contato com a realidade. O que ele faz é expressar todas as emoções. E como disse a filosofa Hannah Arendt,pensar com o coração e sentir com a cabeça.

Cara, às vezes é preciso de tempo para se aprofundar em você mesmo, poderia dizer, usando um verso de Miles Davis. É preciso utilizar um mar de letras para se ouvir o tom da própria voz interior. As grandes ondas poéticas da história não são fáceis de serem surfadas. Não se pode ir contra a onda, é preciso acompanhar o movimento e subir na prancheta no instante certo, entrar no tubo e cair fora, se não a onda desaba em você e o arrasta para as profundezas.

Sua escrita é como um fetiche, que penetra no leitor, seduz, induz, intui e influi. Proporciona ao leitor a possibilidade de viajar no espaço/tempo, fluir nos sonhos. Assim é a obra de Jesser Oliveira, uma imaginação inspirada que leva ao leitor devaneios, derramando em sua mente simplesmente nuvens azuis, lembranças, aprisionadas em palavras livres e soltas para sorrir ou chorar em nossa leitura. E, muitas vezes, acordar para o mundo.
O texto acima foi escrito para a posse do jornalista Jesser Oliveira como membro da Academia Jacobinense de Letras – AJL.  A posse será no dia 28 de setembro quando será comemorado o jubileu de prata da Academia. Na ocasião, será lançado o livro da AJL: Letras Douradas IV Cultura e diversidade da caatinga na Chapada Norte. A obra é uma coletânea de textos dos membros da academia. Neste período estarei de férias e não vou poder estar no evento, mas mando minha contribuição ao colega.



Amanhã estarei de férias. Volto a escrever a partir de outubro. Até lá.

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