30 junho 2009

Fim do diploma expõe jornalistas a riscos e fragilidades

O Supremo Tribunal Federal (STF)) derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, criticou a decisão. "A ABI lamenta e considera que esta decisão expõe os jornalistas a riscos e fragilidades e entra em choque com o texto constitucional e a aspiração de implantação efetiva de um Estado Democrático de Direito, como prescrito na Carta de 1988", disse ele em nota. Na nota, Azêdo diz esperar que a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) recorra ao Congresso Nacional para "restabelecer aquilo que o Supremo está sonegando à sociedade, que é um jornalismo feito com competência técnica, alto sentido cultural e ético". Ele informa que a ABI organizou o 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas em 1918 e aprovou "como uma das teses principais a necessidade de que os jornalistas tivessem formação de nível universitário".

O Brasil virou um Estado Judiciário. Tudo é decidido pelo Gilmar Mendes e seus comparsas de STF. Medida Provisória que a oposição não gosta: vai pro STF. Número de vagas nas câmaras municipais: vai para o STF. Projetos de lei aprovados, mas que alguém resolve contestar: vai para o STF. Obrigatoriedade ou não de diploma para exercer uma profissão: vai para o STF. O Judiciário decide tudo, praticamente governa esse país e as pessoas ainda aplaudem. Quanto tempo vai demorar para o STF resolver julgar se eleição foi válida ou não. "Ah, acho que o povo votou nele, mas foi por causa da propaganda. Vamos tirá-lo do cargo e dar posse para o outro". O que ninguém quer ver é que vivemos a mercê de juízes, com um poder desproporcional nas mãos. Controle externo do Judiciário? É tarde, porque eles já nos controlam!
"Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área". Com essa declaração polêmica, comparando comida e notícia, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) justificou a decisão do órgão proferida no dia 17 de junho que dispensa o diploma de jornalismo como requisito obrigatório para o exercício da profissão. Mendes alegou que a sentença – de oito votos contra um – foi baseada na Constituição Federal de 1988, que garante a ampla liberdade de expressão, não contemplando o Decreto-Lei nº. 972/69, que exigia o diploma.
PRIVILÉGIOS - Em um artigo publicado no jornal A Tarde (Toga de privilégios, 19/05/2009), o professor universitário, economista e jornalista Helington Rangel foi enfático: “Ao Supremo Tribunal Federal se conferem méritos por corporificação ao guardião-mor da democracia e do ordenamento jurídico da liberdade, mesmo sendo instituição de magistrados como qualquer outra, composta por homens pactuados ideologicamente, capazes de erros na mesma intensidade que qualquer mortal na sua habilidade de decidir”.
“Na realidade – continua Rangel -, converte-se como utópica a formação da imagem de que juízes, abrigados pelas togas, são munidos unicamente de seriedade, competência e honestidade, fiquem preservados das tentações experimentadas pelas simples almas pecadoras, livres das fraquezas mundanas, incorporadas de forma dinâmica no ambiente social”.
BOMBA - O veredicto caiu como uma bomba dividindo opiniões entre os profissionais de imprensa, tanto os diplomados quanto os chamados "precários", ou seja, os que não passaram por uma faculdade. Deixou atônitos também milhares de estudantes de jornalismo em todo o país que contraíram dívidas junto ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e outros empréstimos particulares para cumprir a exigência legal vigente até a controversa decisão do STF.
Representantes do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) e Associação Baiana de Imprensa (ABI) se pronunciaram contra a decisão judicial. A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), Kardé Mourão Lopes, defende que “a decisão é um retrocesso, um golpe duro para a categoria, e vai comprometer a qualidade do jornalismo”. Repórteres, sindicalistas, professores e estudantes de jornalismo repudiaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou inconstitucional a obrigatoriedade do diploma de jornalismo. Para Sérgio Mattos, professor de Assessoria de Comunicação e Ética, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), “parece que os ministros não sabiam o que estavam dizendo, o que me causa espanto. Eles confundiram alhos com bugalhos. Fizeram uma mistura muito grande sobre o que é ser jornalista e quais as atividades desempenhadas com o direito e a obrigatoriedade do diploma. As declarações deixaram transparecer que eles estavam por fora sobre a função do jornalista”. Mattos considera a decisão um “retrocesso” e afirma que a categoria precisa unir forças.
“O posicionamento do ministro é um absurdo porque a atividade jornalística lida com a vida das pessoas e é preciso que se entenda isso. Um erro jornalístico pode ser fatal”, avalia a coordenadora do curso de Jornalismo do Centro Universitário da Bahia (FIB), Cristiana Serra. “Assim como medicina, o jornalismo precisa de especialidades. Acredito que estas pessoas que votaram nunca entraram numa redação de TV, rádio ou jornal. Temos o comprometimento com a veracidade das informações”, informou a radialista e jornalista Márcia Melo.(Fonte: Agência Brasil, A Tarde e Tribuna da Bahia).

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29 junho 2009

As artes vão sobreviver no século XXI?

A tecnologia transformou o mundo das artes. Primeiro aconteceu uma acentuada mudança geográfica para longe dos centros tradicionais (européias) de cultura de elite. A partir do final dos anos 40 New York substituiu Paris como o centro das artes visuais. O modernismo supunha que a arte era progressista e, portanto, o estilo de hoje era superior ao de ontem. Era, por definição, a arte da avant garde. O pós-modernismo contestava a essência de um mundo que se apoiava em crenças opostas, ou seja, o mundo transformado pela ciência e a tecnologia nela baseada, e a ideologia de progresso que refletia.

A tentativa de comparar “a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (Walter Benjamin) com o velho modelo do artista criativo individual reconhecendo apenas sua inspiração pessoal tinha de fracassar. A criação era agora essencialmente mais cooperativa que individual, mais tecnológica que manual. Como observou Benjamin, a era de “reprodutibilidade técnica” transformou não apenas a maneira como se dava a criação, mas também a maneira como os seres humanos percebiam a realidade e sentiam as obras de criação. Isso não mais se dava pelos atos de adoração e prece seculares em nome dos quais os museus e galerias, tão típicas da civilização burguesa do século XIX, supriam as igrejas.

As impressões dos sentidos, e mesmo as idéias podiam alcançá-los simultaneamente de todos os lados. A tecnologia encharcaria de arte a vida diária privada e pública. A obra de arte se perdera na enxurrada de palavras, sons e imagens, no ambiente universal do que um dia se teria chamado arte. Então esse crítico alemão excêntrico chamado Walter Benjamin foi um visionário. Ele percebia nas discussões sobre arte uma supressão da cultura popular, um foco limitado, um desprezo mesmo daquilo que era chamado de arte comercial. Ele se opôs a um certo modo elitista de enfocar arte, e a viu enquanto um dos efeitos da cultura. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica enfocava o que estava acontecendo em decorrência da ascensão da fotografia, o fato de que a fotografia permitia a exploração da arte em si mesma.

Abalou conceitos, tabus como originalidade e autoria, colocou em questão a idéia do artista como o único produtor que vende sua tela. A “aura” do original foi descrito pela primeira vez por Benjamin, quando ele fala da qualidade única que um original possui, de como foi produzido, em seu tempo e lugar. Só que hoje ela é reproduzida por todo o mundo de todos os jeitos e essas reproduções não têm nenhum valor ao original, de seu self origin.

O sociólogo Renato Ortiz no capítulo sobre “legitimidade e estilos de vida” (no livro Mundialização e Cultura. Editora Brasiliense, 1991) informa: “É somente na passagem do século XVIII para o XIX que o universo artístico torna-se independente das injunções políticas e religiosas. Até então, a obra de arte cumpria uma função religiosa (habitava as igrejas e os conventos), política (luta entre burguesia iluminista e o poder aristocrático), ou ornamental (os retratos nas cortes ou nas famílias dos grandes comerciantes). Este constrangimento se reforçava ainda com a existência do mecenato. O artista dependia materialmente daquele que o sustentava. A modernidade reformula este quadro. Surge o artista enquanto indivíduo livre (isto é, capaz de escolher seus temas e sua linguagem), e uma esfera autônoma (quase sagrada) da arte enquanto tal. Os julgamentos políticos, religiosos, ou comerciais (antagonismo entre os românticos e a literatura de `massa`, o folhetim) são substituídos por critérios exclusivamente estéticos. A afirmação de Flaubert, ´a arte pela arte`, revela um novo espírito, a presença de um domínio fechado sobre si mesmo, cujas regras de funcionamento escapam às ingerências externas”.

No final do século XX os interesses econômicos de indústrias de consumo se fundiram com as vanguardas e extraíam seus lucros de um certo ciclo de moda e de vendas em massa instantâneas para uso interativo mas breve. Se a distinção entre o sério e o trivial, o bom e ruim, profissional e amador foi deixado de lado com base em que a única medida de mérito eram as cifras de venda, ou que eram elitistas, ou que, como dizia o pós-modernismo, não se podia fazer qualquer distinção objetiva. Qual será o papel ou mesmo a sobrevivência das artes no século XXI?. Só o tempo dirá.

Para Hipócrates, a arte é longa, a vida é curta. Já Mário Pedrosa resumiu: arte, necessidade vital. Com mais de 40 mil anos de história, a pintura continua sendo um espaço aberto à reflexão e ao prazer. “Não podemos matar uma tradição pictórica. A pintura é mais poderosa que a guerra, os governos ou o gosto”, disse René Ricard. A arte não morrerá, informou o crítico Frederico Morais (no seu livro Arte é o que eu e você chamamos arte. Record, 1998), simplesmente porque em arte não há progresso. Nem, a rigor, decadência. Mudam os meios de expressão, mudam os suportes, os materiais, e as técnicas empregadas pelo artista, as formas de apresentação e circulação das obras de arte, mas, essencialmente, a arte não muda. Desde os tempos pré-históricos ela é sempre uma necessidade vital para o homem e as nações. As questões da arte serão as questões de sempre. Assim, quando será decifrado o mistério da arte?.
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26 junho 2009

Manifestações artísticas (7)

Bauhaus (1919 a 1933)

Escola democrática alemã que fundava-se no principio da colaboração da pesquisa conjunta entre mestre e alunos. Progresso é educação e o instrumento da educação é a escola. Devido ao afastamento entre artesão e artista a escola tinha o objetivo de recuperar o artista para produção industrial. Em 1919, o arquiteto alemão Walter Gropius integrou duas escolas existentes na cidade de Weimar, a Escola de Artes e Ofícios, do belga Henri van de Velde, e a de Belas-Artes, do alemão Hermann Muthesius, e fundou uma nova escola de arquitetura e desenho a que deu o nome de Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), com sede em um edifício construído em 1905 por Van de Velde.
As origens mais remotas da Bauhaus provêm do movimento Arts and Crafts, do inglês William Morris, que procurou restabelecer a dignidade medieval do artesanato e do artesão. Todavia, o ensino da Bauhaus opunha-se às concepções de Morris, contrárias à revolução tecnológica e à produção em série. Também não agradava a Gropius o estilo art nouveau, devido a seu caráter decorativo e esteticista. A ascendência mais próxima da Bauhaus está na associação Deutscher Werkbund, fundada em 1907 por Hermann Muthesius para incentivar as relações entre os artistas modernos, os artesãos qualificados e a indústria. Muthesius desejava criar o que chamava de Maschinenstil (estilo da máquina). Gropius, que foi membro da Werkbund, materializou esse objetivo, em grande parte, na Bauhaus.

A Bauhaus combatia a arte pela arte e estimulava a livre criação com a finalidade de ressaltar a personalidade do homem. Mais importante que formar um profissional, segundo Gropius, era formar homens ligados aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do mundo moderno. Por isso, entre professores e alunos havia liberdade de criação, mas dentro de convicções filosóficas comuns. O ensino era suficientemente elástico, com a participação, na pesquisa conjunta, de artistas, mestres de oficinas e alunos. Para Gropius, a unidade arquitetônica só podia ser obtida pela tarefa coletiva, que incluía os mais diferentes tipos de criação, como a pintura, a música, a dança, a fotografia e o teatro. De tal maneira a filosofia da Bauhaus impregnou seus membros que sem demora se definiu um estilo em seus produtos despidos de ornamentos, funcionais e econômicos, cujos protótipos saíam de suas oficinas para a execução em série na indústria. O estilo Bauhaus era fruto do pensamento dos professores, recrutados, sem discriminação de nacionalidade, entre membros dos movimentos abstrato e cubista.

Pop Art (Década de 1950)
O pop art começou a tomar forma quando alguns artistas, depois de estudar símbolos e marcas da propaganda, começaram a transformar isso em arte. O objetivo principal dos artistas do pop art era criticar a sociedade por causa do consumismo. O épico foi sendo transformado pelo cotidiano, eram usados quadrinhos, ilustrações e anúncios publicitários, além de tinta acrílica, poliéster, látex, etc, como materiais artísticos. Entre os principais artistas do Pop Art, destacam-se Robert Rauschenberg, Roy Lichtenstein e Andy Warhol. O Pop art surgiu como uma rebelião aos estilos convencionais de arte, trazendo de volta as realidades do dia-a-dia e a cultura popular. Essa nova modalidade de manifestação artística surgiu na Inglaterra, porém teve seu pleno desenvolvimento em Nova York, EUA, nos anos 60.
Arte Conceitual (Década de 1960)
Textos, imagens e objetos são as referências artísticas deste tipo de arte. A obra deve ser valorizada por si só. Um dos meios preferidos dos artistas conceituais é a instalação, ou seja, um espaço de interação entre a obra e o espectador. Até mesmo a televisão e o vídeo são usados nas instalações. Destacam-se os seguintes artistas: Joseph Beuys, Joseph Kosuth, Daniel Buren, Sol Le-Witt e Marcel Broodthaers, Nam June Paik, Vito Acconci, Bill Viola, Bruce Naumann, Gary Hill, Bruce Yonemoto e William Wegman.
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25 junho 2009

Manifestações artísticas (6)

Futurismo (1909 a 1918)

O futurismo é um movimento artístico e literário surgido oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. A obra rejeitava o moralismo e o passado. Apresentava um novo tipo de beleza, baseado na velocidade e na elevação da violência. O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era “Liberdade para as palavras”, e considerava o design tipográfico da época, especialmente em jornais e propaganda. A diferença entre arte e design passa a ser abandonada e a propaganda é escolhida como forma de comunicação. O novo é uma característica tão forte do movimento, que este chegou a defender a destruição de museus e de cidades antigas. Considerava a guerra como forma de higienizar o mundo. O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, influenciando vários artistas que posteriormente instituíram outros movimentos modernistas. Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde vários artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o fascismo. O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, mas seu espírito rumoroso e inquieto refletiu no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e no design gráfico pós-moderno.

Dadaísmo (Décadas de 1910 a 1920)
Arte entre guerras surge no cabaré Voltaire. Atitude internacional que se expandiu de Zurique para França, Alemanha e Estados Unidos. Dada é um estado de espírito, obras transitórias de natureza teatral. Questiona a superioridade do artista como criador. Não confiam mais na razão e na ordem estabelecida. Revolucionário, anárquico e anticapitalista, o dadaísmo, prega o absurdo, o sarcasmo, a sátira crítica e o uso de diversas linguagens, como pintura, poesia, escultura, fotografia e teatro. Destacam-se os artísticas: Hugo Ball, Hans Arp, Francis Picabia, Marcel Duchamp, Max Ernst, Kurt Schwitters, George Grosz e Man Ray.

Surrealismo (Década de 1920)

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade. O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico.
Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle. Os artistas exploram o inconsciente e as imagens que não são controladas pela razão. O surrealismo usa associações irreais, bizarras e provocativas. O rompimento com as noções tradicionais da perspectiva e da proporcionalidade resulta em imagens estranhas e fora da realidade. Obras: Auto-Retrato com Sete Dedos, de Marc Chagall; O Carnaval do Arlequim, de Joan Miró; A Persistência da Memória, de Salvador Dalí; A Traição das Imagens, de René Magritte; e Uma Semana de Bondade, de Max Ernst, são algumas das obras mais representativas.

19 junho 2009

Manifestações artísticas (5)

Impressionismo (1880 a 1900)
Na década de 1870 o conceito de arte enquanto impressão foi associado àquelas características estilísticas da pintura por meio das quais uma visão pessoal e espontânea era supostamente expressa. E foi celebrada na história da arte moderna como o momento do estabelecimento consciente de uma vanguarda, “pedra de toque para todos os futuros esforços modernistas desse tipo”. A fidelidade à impressão autêntica e subjetiva passou a ser vista não só como uma medida de originalidade dos artistas de vanguarda, mas também como uma condição de sua modernidade. O estilo impressionista foi do final da década de 1860 e no início da de 1870. Entre os artistas estavam Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Edgar Degas, Berthe Morisot e Paul Cézanne.
Através da luz e da cor os artistas do impressionismo buscam atingir a realidade. As obras são feitas ao ar livre para aproveitar a luz natural. Obras mais conhecidas: Impressão, Nascer do Sol, de Claude Monet, A Aula de Dança, de Edgard Degas; e O Almoço dos Remadores, de Auguste Renoir. O movimento nasceu na França. Rejeitou o academicismo, a perspectiva, composição equilibrada, figuras idealizadas. Valorizou a percepção sensorial, com propósito de retratar sensações visuais imediatas de uma cena. Temas: paisagem ao ar livre, mar, cenas de rua e cafés.
Pós-impressionismo
É o período marcado pelas experimentações individuais. Os artistas buscam a realidade e imitam a natureza, utilizando recursos de luz e cor. O cromatismo é muito utilizado.As cores mais intensas são exploradas por Vincent Van Gogh com pinceladas fortes e explosivas, como em Noite Estrelada. Henri de Toulouse-Lautrec usa a técnica da litogravura.
Expressionismo
Artistas plásticos de diferentes períodos são considerados precursores do expressionismo, entre eles Goya, Van Gogh, Gauguin e James Ensor. O expressionismo pode ser considerado como uma postura assumida em diversas formas de manifestação artística durante o século XX. Vários artistas desta trabalham nessa linha, sem ligar-se a movimentos ou a grupos. Podemos citar alguns: Edvard Munch, Emil Nolde, Amedeo Modigliani, Oskar Kokoschka, Egon Schiele, Chaim Soutine, Alberto Giacometti e Francis Bacon. A expressão é o movimento do exterior para o interior. O Expressionismo se põe como antítese do Impressionismo. Utilizavam formas exageradas, e cores destinadas a causar impacto emocional.
Fovismo (1904 a 1908)
O Fovismo ou Fauvismo (do francês les fauves, 'as feras', como foram chamados os pintores não seguidores do cânone impressionista, vigente na época) é uma corrente artística do início do século XX. O Fauvismo, movimento principalmente francês, tem como características marcantes a simplificação das formas, o estudo do uso das cores, e uma elevada redução do nível de graduação das cores utilizadas nas obras. Os seus temas eram leves, retratando emoções e a alegria de viver e não tendo intenção crítica. A cor passou a ser utilizada para delimitar planos, criando a perspectiva e modelando o volume. Tornou-se também totalmente independente do real, já que não era importante a concordância das cores com objeto representado, e sendo responsável pela expressividade das obras.Uso de cores intensas e fortes, explosivas. Perspectiva distorcida com pinceladas vigorosas. Motivos chapados e lineares.Libertaram a cor de seu papel tradicional de descrever os objetos.

Cubismo (1908 a 1915 )
Este estilo rompeu com os elementos artísticos tradicionais ao apresentar diversos pontos de vista em uma mesma obra de arte. As formas geométricas são utilizadas muitas vezes para representar figuras humanas. Recortes de jornais, revistas e fotos são recursos utilizados neste período. São obras representativas desta época: Les Demoiselles d'Avignon, de Pablo Picasso, e Casas em L'Estaque, de Georges Braque. Influências: A escultura africana e a pintura de Cézanne. Visão multifacetada. 1°Fase corresponde ao Cubismo Analítico caracterizada pelo uso de cores monocromáticas. 2°Fase o Cubismo Sintético destaque para colagens.
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A vocês leitores, bom São João. Estarei de volta na próxima quinta-feira, dia 25 para terminar com essa saga das manifestações artísticas dos anos 30 aos dias atuais.

18 junho 2009

Manifestações artísticas (4)

Neoclassicismo (1750 a 1820)


Novamente os elementos e valores da arte clássica ( grega e romana ) são resgatadas.. Há uma incidência maior do desenho e da linha sobre a cor. O heroísmo e o civismo são temas muito explorados neste período. Principais obras: Perseu com a Cabeça da Medusa, de Antonio Canova; O Parnaso, de Anton Raphael Mengs; O Juramento dos Horácios e A Morte de Sócrates, de Jacques-Louis David; e A Banhista de Valpinçon, de Jean-Auguste-Dominique Ingres.


Romantismo (1790 a 1850)

Subjetividade e introspecção, sentimentos e sensações são características deste período. A literatura romântica, os elementos da natureza e o passado são retratados de forma intensa no romantismo. São representantes desta época o artista Francisco de Goya y Lucientes. Algumas de suas principais pinturas são: A Família de Carlos IV, O Colosso e Os Fuzilamentos do Três de Maio de 1808. Outras obras românticas : A Balsa da Medusa, de Théodore Géricault; A Carroça de Feno, de John Constable; A Morte de Sardanapalo, de Eugène Delacroix; e O Combatente Téméraire, de Joseph William Turner.

Fotografia
















A história da fotografia pode ser contada a partir das experiências executadas por químicos e alquimistas desde a mais remota antiguidade. Niepce e Louis-Jacques Mandé Daguerre iniciaram suas pesquisas em 1829. Dez anos depois, foi lançado o processo chamado daguerreótipo. Em 1935 a fotografia a cores tornou-se realidade quando a Eastman Kodak Company anunciou a comercialização do kodachrome. Em 1947 surgia o sistema polaróide e mais tarde outros aperfeiçoamentos.


Segundo o pensador McLuhan, o passo da era do Homem Tipográfico para a era do Homem Gráfico foi dado com a invenção da fotografia. Mas a maior revolução introduzida pela fotografia foi, talvez, a observada no mundo das artes tradicionais. O pintor já não podia pintar um mundo fotografado em demasia. Dedicou-lhe, pois, à revelação do processo interno da criatividade, no expressionismo e na arte abstrata. O escritor também já não podia descrever objetos e acontecimentos para os seus leitores, já informados pela fotografia, pela imprensa, pelo cinema e pelo rádio. O poeta e o romancista voltaram-se para os gestos interiores da mente – que nos fornecem a introvisão e com as quais elaboramos nosso mundo e nós mesmos. A arte se deslocou da descrição para o fazimento interno. Houve críticas e polêmicas com o surgimento da fotografia que abalou um pouco a dinâmica da pintura.



Hercules Florence em 1830, inventa seu próprio meio de impressão, a Polygrafie, já que não dispunha de um prelo. Ele descobre isoladamente um processo de gravação através da luz, que batizou de Photografie, em 1832, três anos antes de Daguerre. A ironia histórica, oculta por 140 anos, é que o processo era mais eficiente do que o de Daguerre. Já em 1833 utilizou uma chapa de vidro em uma câmara escura, cuja imagem era passada por contato para um papel sensibilizado.

Realismo (1848 a 1875)


O realismo destaca a realidade física através da objetividade científica e crua. Estas obras são inspiradas pela vida cotidiana e pela paisagem natural. Aparecem fortes críticas sociais e elementos do erotismo, provocando criticas dos setores conservadores da sociedade européia do século XIX. Principais pinturas: Enterro em Ornans, de Gustave Courbet; Vagão de Terceira Classe, de Honoré Daumier; e Almoço na Relva, de Édouard Manet.




Art Nouveau
Floresceu entre 1890 até a Primeira Guerra Mundial em oposição a esterilidade da era industrial.Estilo decorativo internacional conhecido na Alemanha como Jungenstil, Itália Liberty, arts and Crafts na Inglaterra . Estilo artístico desenvolvido na Europa a partir do final do século XIX. O estilo Art Nouveau é caracterizado pela sua ruptura com as tradições que até então persistiam excessivamente na arte e na arquitetura. Tratou-se de um estilo novo voltado para a originalidade da forma, de modo que era destituído de quaisquer preocupações ideológicas e independente de quaisquer tradições estéticas. Pretendendo-se como nova arte, o estilo procura ainda rejeitar as formas meramente funcionais envolvidas em todos os objetos decorativos provenientes da produção em massa e adere às formas sinuosas, curvilíneas. Portanto tal estilo teve principal influência sobre a arte decorativa do início do século e ainda sobre a arte arquitetônica, na qual grandes nomes da arquitetura moderna se utilizaram deste estilo, como por exemplo o arquiteto espanhol Gaudi. Também na pintura, o estilo esteve relativamente presente nas obras de personalidades artísticas como Vasili Kandinsky e Franz Marc. O estilo teve seu período de sucesso entre as duas últimas décadas do século XIX e as duas primeiras do século XX, em que é substituído paulatinamente pelo estilo Art Deco e definitivamente abandonado por ser considerado um estilo já ultrapassado.




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17 junho 2009

Manifestações artísticas (3)

Arte Romana do Ocidente e do Oriente ( Arte Bizantina )
Com forte influência dos etruscos, a arte romana antiga seguiu os modelos e elementos artísticos e culturais dos gregos e chega a "copiar" estátuas clássicas. É a época da construção de monumentos públicos em homenagem aos imperadores romanos. A pintura mural recorre ao efeito tridimensional. Os afrescos da cidade de Pompéia (soterrada pelo vulcão Vesúvio em I a.C.) são representativos deste período. No Império Romano do Oriente ( Império Bizantino ) com capital em Constantinopla (antiga Bizâncio), aparece a arte bizantina, sob forte influência da Grécia . Podemos destacar as pinturas murais, os manuscritos, os ícones religiosos e os mosaicos de cores fortes e brilhantes, carregados de profundo caráter religioso
Estilo Gótico (1200 a 1500)
O termo gótico foi criado pelos renascentistas para denominarem um tipo de arquitetura compreendida por eles como bárbara, uma vez que destronou a arte clássica. Acabou sendo aplicado também para a escultura, pintura e ornamentação do período em que as obras arquitetônicas foram construídas, apesar de ser considerada, por alguns críticos, como uma denominação não precisa. Entretanto, o termo, hoje em dia, já perdeu o sentido depreciativo que os renascentistas quiseram imprimir-lhe. O gótico refere-se a um determinado período que se inicia com um estilo arquitetônico revolucionário, o qual durou do Século 12 ao 14 na maioria da Europa. Em alguns lugares, continuou persistindo até o Século 16 e, isoladamente, continuou-se a praticar a arte até o Século 18. Destaque para a arquitetura. Os construtores usavam nas catedrais Góticas o arco pontudo, explorando a verticalidade. Destaque também para os vitrais e a tapeçaria.
Arte Renascentista
Os elementos artísticos da Antiguidade clássica voltam a servir de referência cultural e artística. O humanismo coloca o homem como centro do universo ( antropocentrismo ). São características desta época : uso da técnica de perspectiva, uso de conhecimentos científicos e matemáticos para reproduzir a natureza com fidelidade. Na pintura, novas técnicas passam a ser utilizadas : uso da tinta a óleo, por exemplo, buscava aumentar a ilusão de realidade. A escultura renascentista é marcada pela expressividade e pelo naturalismo. A xilogravura passa a ser muito utilizada nesta época. Entre as pinturas destacam-se: O Casal Arnolfini, de Jan van Eyck; A Alegoria da Primavera, de Sandro Boticcelli; A Virgem dos Rochedos, Monalisa e A Última Ceia de Leonardo da Vinci; A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio; o teto da Capela Sistina e a escultura Davi de Michelangelo Buonarotti.
Barroco (1600 a 1750)
Começa em Roma quando a igreja católica financia a construção de grandes catedrais, simbolizando o triunfo da fé depois da Contra- Reforma. O movimento se expandiu na França onde monarcas reinavam por direito divino e construíam grandes palácios como marco de poder e gloria. A arte barroca destaca a cor e não o formato do desenho. As técnicas utilizadas dão um sentido de movimento ao desenho. Os efeitos de luz e sombra são utilizados constantemente como um recurso para dar vida e realidade à obra. Os temas que mais aparecem são: a paisagem, a natureza-morta e cenas da vida cotidiana. Obras barrocas mais conhecidas: A Ceia em Emaús, de Caravaggio; A Descida da Cruz, de Peter Paul Rubens; A Ronda Noturna, de Rembrandt; O Êxtase de Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini; As Meninas, de Diego Velásquez; e Vista de Delft, de Jan Vermeer.
Rococó (1730 a 1800)
O estilo rococó é marcado por pinturas com tons claros, com linhas curvas e arabescos. O estilo é bem decorativo e a sensualidade aparece em destaque. Os afrescos ganham importância e são utilizados na decoração de ambientes interiores. Surgiu na França com Luis XV, nome derivado do termo rocaille (concha). Estilo leve , gracioso e delicado. Uso de marchetaria, painéis pintados, cores suaves. Curvas sinuosas em forma de S e C, arabescos, floreados semelhantes a fita. Uso de espelhos nos interiores dos palácios. Artistas mais importantes do rococó: Jean-Antoine Watteau, Giovanni Battista Tiepolo, François Boucher e Jean-Honoré Fragonard.

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16 junho 2009

Manifestações artísticas (2)

Mesopotâmia
O povo assírio viveu na antiga Mesopotâmia, região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje pertence ao Iraque. O Império assírio abrange o período de 1700 a 610 a.C, mais de mil anos. Os assírios eram guerreiros e usavam sua grande força militar para expandir seu Império. Libertando-se dos sumérios, conquistaram grande parte do seu território, mas logo caíram em poder dos babilônios, um povo que morava ao sul da Mesopotâmia. O Império Assírio conheceu seu período de maior glória e prosperidade durante o reinado de Assurbanipal (até 630 a.C). Cobravam pesados impostos dos povos vencidos, o que os levava a revoltarem-se continuamente. A escrita dos assírios constituia-se de pequenas cunhas feitas com estilete em tabuletas de argila - é chamada de escrita cuneiforme. Descobriram-se milhares de tabuletas na biblioteca de assurbanipal em Nínive, conhecendo-se grande parte da história do Império Assírio a partir da leitura.
Arte Mesopotâmica
Na região entre os rios Tigre e Eufrates desenvolveu-se a civilização mesopotâmica. Nesta região, sumérios, babilônios, assírios, caldeus e outros povos desenvolveram uma arte que demonstra a religiosidade e o poder dos governantes. São touros alados, estatuetas de olhos circulares, relevos em paredes representando guerras e conquistas militares e animais e pictogramas representando fatos da realidade daqueles povos. Usando tijolo seco como bloco básico da construção eles planejaram cidades complexas ao redor do templo. Destaque para arquitetura: Torre de Babel com 90 metros de altura. Os Jardins Suspensos (uma das sete maravilhas do mundo). A escultura era em baixo relevo e narrava cenas de guerra. Escrita cuneiforme.
Grécia
A civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 AC. Formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-européia, como, por exemplo, aqueus, jônios, eólios e dórios. As pólis (cidades-estado), forma que caracteriza a vida política dos gregos, surgiram por volta do século VIII a.C. As duas pólis mais importantes da Grécia foram: Esparta e Atenas.
Foi na Grécia Antiga, na cidade de Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Os gregos também desenvolveram uma rica mitologia. Até os dias de hoje a mitologia grega é referência para estudos e livros. A filosofia também atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no século V ( Período Clássico da Grécia). Platão e Sócrates são os filósofos mais conhecidos deste período. A dramaturgia grega também pode ser destacada. Quase todas as cidades gregas possuíam anfiteatros, onde os atores apresentavam peças dramáticas ou comédias, usando máscaras. Poesia, a história , artes plásticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega.
Arte na Grécia Antiga
A cultura e a arte minóica desenvolveu-se na ilha grega de Creta. Nas pinturas dos murais as cores diversificadas mostram-se fortes e vivas. Desenhos de touros, imagens abstratas, símbolos marinhos e animais ilustram a cerâmica. O período clássico da arte grega é a época de maior expressão da arte grega. A natureza é retratada com equilíbrio e as formas aproximam-se da realidade. A perspectiva aparece de forma intensa nas pinturas gregas deste período. Nas esculturas de bronze e mármore, destacam-se a harmonia e a realidade. Os principais escultores são Mirón, Policleto, Fídias, Praxíteles. A arquitetura e a ornamentação de templos religiosos, como o Partenon, a acrópole de Atenas e o templo de Zeus na cidade de Olímpia mostram força e características expressivas.

No período helenístico, ocorre a fusão entre as artes grega e oriental. A arte grega assume aspectos da realidade, fruto do domínio persa. Nas esculturas verifica-se dramaticidade e as formas decorativas em excesso. Entre as obras mais representativas deste período estão: Vitória da Samotrácia , Vênus de Milo e o templo de Zeus, em na cidade de Pérgamo. Começo da civilização ocidental.“O homem é a medida de todas as coisas” Protágoras. A figura humana era o principal motivo na arte grega.

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15 junho 2009

Manifestações artísticas (1)

Período Paleolítico (c. 30000 a. C.)
O Período Paleolítico é caracterizado pelo resfriamento na superfície terrestre e descoberta do meio de produzir o fogo. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada. Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas. No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico

Período Neolítico (c. 18000 a.C)
Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. Mudanças climáticas favoreceram a agricultura, origem da cerâmica. A prática da caça e da coleta se tronaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.
Arte na Pré-História
As primeiras obras de arte datam do período Paleolítico. Entre as obras mais antigas já encontradas estão pequenas estátuas humanas como, por exemplo, a Vênus de Willendorf (aproximadamente 25000 a.C.). Os mais conhecidos conjuntos de pinturas em cavernas ( arte rupestre ) estão em Altamira, na Espanha e datam de 30000 a.C. a 12000 a.C.; e em Lascaux, na França de 15000 a.C. a 10000 a.C. , onde se encontram pinturas rupestres de animais pré-históricos como: cavalos, bisões, rinocerontes. Estas pinturas indicam rituais pré-históricos ligados à caça. As imagens demonstram um naturalismo e evoluem da monocromia à policromia entre os anos de 15000 a.C. a 9000 a.C.

Egito Antigo
Originários do norte da África, instalaram-se ao longo do rio Nilo, na Idade Neolítica, em cerca de 5000 a 3000 a.C., divididos em pequenos Estados independentes (nomos), gradualmente unificados em dois territórios, o Baixo e o Alto Egito. Em cerca de 3000 a.C, unificam-se sob um único Faraó. A fase do Antigo Império ( 2850 a 2052 a.C), com capital em Mênfis, é a da construção das pirâmides. O médio Império (2052 a 1570 a .C), com capital em Tebas, tem seu fim marcado pelas invasões dos hicsos, povo semita que introduz o cavalo na região. O Novo Império ( 1570 a 715 a.C), com capital em Tebas e depois em Sais, assiste à expansão militar e à reforma que faz surgir a primeira religião monoteísta do mundo. Os egípcios acreditavam que preservar o corpo era necessário para o espírito sobreviver após a morte. No início, a mumificação era muito cara, sendo reservada apenas aos faraós e outros nobres. A partir da 18ª dinastia (1570-1304 a.C.), o costume estendeu-se ao resto da população.

As pinturas e os hieróglifos nas paredes eram forma de se inventariar a vida e as atividades do falecido. O faraó era a representação divina na terra. A Estátua do faraó oferecia uma morada alternativa para o ka (espírito) , caso o corpo mumificado se deteriorasse. Acreditavam no poder da imagem como elemento de preservação. A pintura e a escultura obedecia padrões rígidos de representação da figura humana, lei da frontalidade, hierarquia divina.

Arte do Egito
No Antigo Egito as obras de arte possuíam um possui forte caráter religioso e funerário. Essas características podem ser explicadas em função da crença que os egípcios tinha na vida após a morte. Há representações artísticas de deuses, faraós e animais explicadas por textos em escrita hieroglífica. As pinturas eram feitas nas paredes das pirâmides ou em papiros. Representavam o cotidiano da nobreza ou tratava de assuntos do cotidiano. Uma das características principais da arte egípcia é o desenho chapado, de perfil e sem perspectiva artística
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10 junho 2009

O olhar na MPB

Quantas composições foram feitas para traduzir o olhar? Na música popular brasileira o olhar sempre foi uma referência. Vamos citar algumas. “Olhar Matreiro”, de Cazuza e Fagner revela: “Quando eu voltar pra você/Eu vou voltar inteiro/Quando eu chegar com meu olhar matreiro/Quando eu tocar a campainha/Me aninha/Certo que você é minha rainha...”. Tom Jobim parece que não entendeu o significado do olhar na composição “Este Seu Olhar” cuja letra diz: “Este seu olhar quando encontra o meu/Fala de umas coisas/Que eu não posso acreditar/Doce é sonhar, é pensar que você/Gosta de mim como eu de você//Mas a ilusão quando se desfaz/Dói no coração de quem sonhou/Sonhou demais, ah! se eu pudesse entender/O que dizem os seus olhos”. Já o tropicalista Tom Zé vai fundo em “Teu Olhar”: “Quando é dia/teu olhar/água clara/teu olhar/pela fresta/do olhar/procurava/teu olhar/minha alma, minha calma, estrela-dalva”. Mesmo sem entender a separação, Tim Maia encontra “Ternura em seu Olhar”: “Que parou comigo/Estou perdido e pra você/Eu já não sou ninguém/Mas apesar de tudo/Ao cruzar olhos nos olhos/Estou certo que tem//Ternura, ternura/Em seu olhar/Ternura, ternura/Em seu olhar”.

E foi dessa maneira que Gilberto Gil viu “Seu Olhar”: “Há no seu olhar/Algo que me ilude/Como o cintilar/Da bola de gude/Parece conter/As nuvens do céu/As ondas brancas do mar/Astro em miniatura/Micro-estrutura estelar//Há no seu olhar/Algo surpreendente/Como o viajar/Da estrela cadente/Sempre faz tremer/Sempre faz pensar/Nos abismos da ilusão/Quando, como e onde/Vai parar meu coração?//Há no seu olhar/Algo de saudade/De um tempo ou lugar/Na eternidade/Eu quisera ter/Tantos anos-luz/Quantos fosse precisar/Pra cruzar o túnel/Do tempo do seu olhar”
O trio Flávio Venturini, Zé Eduardo e Paulo Oliveira escreveram a composição “Teu Olhar, Meus Olhos”: “Olhei teus olhos/Vi o meu olhar e/Uma luz nasceu//Fechei meus olhos/Vi o seu olhar e/Tanto amor cresceu//E vi o brilho dos teus olhos/Brilhar no mundo dos meus sonhos/Me vi no fundo dos teus olhos/Brincamos juntos tantos sonhos//Amor o sonho/Nunca vai mudar em/Teu olhar, teu olhar, meus olhos”. Candeias ficou preso pela “Expressão do teu olhar”: “Na expressão do teu olhar foi que senti/Que me amavas, eu não podia, não podia fugir/Na expressão do teu olhar compreendi/Que precisava do carinho que nunca senti/Os teus olhos lindos, encantadores tinha um quê das flores/Rosas formosas com brilho do orvalho da manhã/Calados serenos transmitindo um tom de veneno/Me atraias, olhar sedutor/Cadê, o ativo olhar que há tempos conheci/Sedução do olhar que pressenti cheio de calor/Deus criou a beleza na mulher/Vem o tempo e destrói a obra do criador”. E o paulistano Guilherme Arantes canta que “O universo vai se abrir, sob o efeito de um olhar” na canção “Sob o Efeito de Um Olhar”.

Moraes Moreira e Antônio Risério conheceram o “Olhar de Cobra” que diz: “Ela tem um olhar de cobra/Que toda hora/Paralisa o meu/E toda vez que ela olha/A brisa beija a flora/Estrelas brilham no breu”. A banda Chiclete com Banana dispara o “Olhar 99”: “Olhe meu olhar noventa e nove/Salpicado de amor”. Na carnavalesca “Chão da Praça”, Moraes Moreira e Fausto Nilo falam de “olhos negros, cruéis, tentadores/das multidões sem cantor” pois “lá no Oriente tem gente/com olhar de lança na dança do meu amor”. Alexandre Peixe cantou o “olhar de escorpião”. Na composição “Olhinho”, Zeca Baleiro confessa: “Olhos santos, santos olhos/olhos de quem quer ver/o que ninguém vê/quer ver o que ninguém ver/furacão, avião, lamparina, sina, carnificina e solidão”.
Já Humberto Teixeira em “Dono dos Teus Olhos” cheio de ciúme revela: “Não se esqueça/que eu sou dono dos teus olhos/faz favor de num espiá pra mais ninguém;esse azul cor de promessa dos teus olhos/faz qualquer cristão gostar de tu também/que nosso Senhor perdoe os meus ciúme/quando penso em cegar os óio teu/pra que eu/somente eu/seja o teu guia/os óio dos teus óio/a luz dos óio teu”.
Leila Pinheiro conhece muito bem o “Olhar de Mulher” quando canta: “Ninguém pode ofuscar/A jóia rara/Que brilha no olhar/De uma mulher/Quem sabe o que quer/Não pode resistir/A gloria de existir/Sobe essa luz/A jóia que seduz/Não cabe em sua mão/Só pode possuir/Quem sabe o seu valor/E der em troca/O coração/De graça em troca/O coração”. Tem muito mais olhar na MPB...

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O olhar na Bahia cultural
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09 junho 2009

Primeira princesa negra da Disney estréia este ano

Tiana é a primeira princesa negra da Disney. A estréia está prevista para o final deste ano. O longa intitulado A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog), se passa no bairro francês de Nova Orleans, uma forma do estúdio apoiar a reconstrução da cidade, destruída pelo furacão Katrina. A história acontece na época do nascimento do jazz. O filme tem direção de John Musker e Ron Clements, diretores de A Pequena Sereia, Aladin e Hércules. A dupla foi trazida de volta ao estúdio após a Disney adquirir a Pixar. No momento em que os afro-americanos estão ocupando lugar de destaque nos EUA, Tiana será a protagonista de "A Princesa e o Sapo", cuja estréia nos EUA está prevista para 11 de dezembro.

A história de A Princesa e o Sapo é descrita como um conto de fadas às avessas e é baseada num conto russo. Tiana será uma jovem garçonete e chef talentosa cujo sonho é ser proprietária de um restaurante. Mas sua vida muda ao beijar um sapo e se transformar em rã. Com isso, começa uma viagem para encontrar a cura. O longa é um conto baseado em “A princesa enfeitiçada“, um romance para adolescentes escrito por E.D. Baker e que se passa na Nova Orleans da década de 20. O filme marca o retorno da Disney aos musicais, com uma trilha sonora de Randy Newman (Oscar em 2002 por "Monstros S.A.") e tem o famoso jazz de Nova Orleans como referência, e à animação tradicional (2D)
Tiana se junta ao grupo de oito princesas que geraram mais de três bilhões de dólares em vendas desde 1999, quando foram reunidas na marca de maior crescimento da empresa. A nova personagem faz parte da diversidade étnica iniciada com Jasmine, a primeira princesa não caucasiana, que estreou com Aladin em 1992. Em seguida vieram a indígena Pocahontas e a chinesa Mulan. As novas personagens também têm fugido da característica básica da princesa que espera um príncipe para solucionar seus problemas. Embora as histórias sempre envolvam um grande romance, Jasmine quebra a tradição de um casamento arranjado por razões de estado e Mulan não só vai para a guerra em lugar do pai como salva a China de uma invasão.
POLÊMICA
O site do jornal britânico The Independent publicou um artigo sobre o caminho de polêmicas percorrido por A Princesa e o Sapo, o primeiro filme em animação 2D do estúdio desde Nem Que a Vaca Tussa. Uma das grandes jogadas do filme é que ele trará a primeira princesa afro-americana da Disney, fato que está rendendo discussões em grupos mais conservadores e dores de cabeça à Disney. A versão original de A Princesa e o Sapo (que se chamava na época A Princesa Sapo) teria como protagonista Maddy, uma criada negra que trabalhava para uma mimada debutante sulista. Maddy seria ajudada por uma fada madrinha que na verdade é uma feiticeira de vodu para ganhar o coração de um príncipe branco, após ele tê-la resgatado das garras de um mágico de vodu.
Os grupos politicamente corretos criticaram o primeiro tratamento da história, alegando que a personagem principal era um papel clichê que mostrava uma personagem negra como serva e com ecos de escravidão. Além disso, o nome Maddy soava muito como “Mammy” - nome empregado para chamar as escravas negras.
Temendo maiores protestos, a Disney reformulou o filme, mudando até mesmo o título e o nome da heroína. Esta agora se chama Tiana, um jovem de 19 anos que vive em um país que nunca teve uma monarquia. Ela deve viver “feliz para sempre” com um companheiro que não é negro - segundo rumores ele é do Oriente Médio e se chama Naveen. A etnia do vilão também teria sido supostamente mudada. Apesar de todas as mudanças, o filme ainda está planejado para fazer sua estréia em dezembro de 2009.
As princesas da Disney foram o espelho para milhões de meninas e adolescentes desde que, em 1937, a Branca de Neve apareceu pela primeira vez. Hoje, os estúdios Disney, através da fabricante de brinquedos Mattel, possuem uma linha de desenho, moda e decorações com esses personagens como protagonistas, que deram à companhia lucro de US$ 4 bilhões em escala mundial.
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08 junho 2009

Politicamente segregados

O leitor está cada vez mais buscando notícias em suas incursões online. O resultado disso é que o público seleciona o tipo de notícias e opiniões de que mais gosta. Não deseja informações confiáveis, e sim as que confirmem as idéias preconcebidas. Um bom exemplo disso é que os norte americanos vêm se segregando em comunidades, clubes e igrejas onde são cercados por pessoas que pensam como eles. Em seu livro editado em 2008, “A grande classificação: porque a divisão da América em agrupamentos de idéias iguais nos está dividindo”, de Bill Bishop, ele diz que quase metade dos americanos vive em condados que votam por maioria avassaladora em candidatos democratas ou republicanos. Nos anos 60 e 70, em eleições nacionais igualmente disputadas, só cerca de um terço dos eleitores vivia em condados que apresentavam maiorias avassaladoras nas eleições.

“O país está ficando mais politicamente segregado – e o benefício que deveria advir da presença de uma diversidade de opiniões se perde para o sentimento de estar com a razão que é próprio dos grupos homogêneos”, escreve Bishop. Além de mostrar que os americanos demonstram menos tendência a discutir política com pessoas de visões diferentes, o declínio da mídia noticiosa tradicional acelera a ascensão de idéias preconcebidas. O perigo disso tudo é que esse noticiário autosselecionado aja como entorpecente como aconteceu nos anos 50 quando um obscuro psiquiatra do sistema judiciário de Nova York, Frederick Werthmam escreveu um livro, A Sedução dos Inocentes, alertando aos pais que as história sem quadrinhos são veículos que aumentam a violência juvenil e não traz benefício aos leitores. Todos seguiram a cartilha de Wertham e o resultado agora prova o contrário.

No Brasil a imprensa está se transformando numa instância de uma sociedade abandonada e agredida por muitas de suas autoridades. O Ministério Público, no cumprimento de seus deveres constitucionais, se sente respaldado pela sociedade. E o Judiciário deveria seguir essa linha contra a a corrupção e à altura da indignação nacional. O jornalista deve investigar, obter provas concretas do que vai ser publicado. A informação é a base da sociedade democrática. É preciso melhorar os controles éticos da notícia, combater as injustas manifestações de prejulgamento. Jornalismo não existe onde não há liberdade. No jornalismo diário, numa crise política como a atual, não se pode ter a dimensão do todo antes que o todo exista. Por isso os jornais não podem contar uma história arrumada, é no processo diário que a coerência se constrói, que o sentido se forma.
O jornalista é o profissional que estabelece vínculos entre os fatos corrente e passados, provocação estimula o raciocínio do leitor/ouvinte/telespectador, e procura ainda extrair disso tudo alguma perspectiva que sinalize o futuro. Tudo isso com princípios éticos, sem se deixar contaminar por influências políticas ou interesses pessoais. O desafio hoje é permitir que o leitor entenda os fatos, pois existe uma avalanche de informações. A função do jornalista é buscar a verdade camuflada através da verdade aparente. Ser jornalista hoje é ter perseverança, vontade e amor pela profissão, já que os jornalistas ganham mal e não há incentivos para a realização do trabalho. É tentar ser uma testemunha do seu tempo.
Aprendemos eticamente nos bancos das faculdades que a preservação da verdade (ainda que subjetiva) e a apuração de fatos através de fontes idôneas (se possível na investigação junto a especialistas), é fator primário a ser observado na apuração de qualidade. Somos seres carentes de informação, fontes, verdades e de espaço para veiculação de nosso material.

Por que as pessoas não prestam atenção na política?. São poucas as que se interessam pelo assunto. O desinteresse pela política e a capacidade do cidadão comum estabelecer uma ponte entre o que ocorre no poder e seus interesses é muito grande. Sabemos que o Brasil recuperou há muito tempo todos os seus direitos políticos, as eleições livres são rotineiras, mas a distribuição de renda ainda é uma vergonha. A escolaridade do brasileiro vem crescendo, a taxa de mortalidade infantil decrescendo. Afinal o que está acontecendo?. A política é fundamental no cotidiano dos indivíduos. Ela influencia na geração de emprego, no valor dos salários, na qualidade da educação, nos transportes públicos e programas assistenciais. Enfim, no dia adiado cidadão, e porque essa falta de interesse?.

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE informou que 53,3% de jovens entre 18 e 24 anos (73% no Nordeste) estão matriculados no ensino fundamental (eles deveriam estar cursando faculdade pela faixa etária). Se for fazer um teste com esses jovens, muitos deles não entendem o que lêem. E se não entendem não sabem o que acontecem ao seu redor. Fecha o ciclo.
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05 junho 2009

Culto do falo (3)

Foram as preferências sexuais das mulheres que conduziram as principais evoluções do órgão sexual masculino, selecionando para a cópula os machos que tinhas as informações genéticas que as agradavam. A opinião é do psicólogo americano Geoffrey Miller, especializado em evolução humana e autor do livro A Mente Seletiva. “E a ereção humana representou um papel importante nessa escolha, já que ela é uma forma de o macho demonstrar que é saudável e forte e que, além disso, está disposto para a cópula”, diz Miller. Para ele, o prazer também foi determinante para chegar ao formato final do pênis, o que aconteceu há cerca de 60 mil anos.

O homem é falocêntrico, põe toda sua erotização no pênis, enquanto a mulher a distribui pelo corpo. “O pênis reúne os conceitos de procriação, prazer, virilidade e paternidade. Na mulher, eles estão separados entre o clitóris (prazer), útero (procriação), vagina (gênero), seios (maternidade)”, informa a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do programa de sexualidade do Hospital das Clínicas da USP. Isso justificaria a angústia dos homens em relação à sua virilidade. O símbolo de sua força e poder está fora de seu controle.
Foi Sigmund Freud que primeiro se preocupou com a alma do pênis. O fundador da psicanálise dedicou parte de sua vida e de sua obra para explicar o papel dele na formação do indivíduo e da sociedade. Para ele, o pênis era o órgão fundamental na formação do caráter de todas as pessoas. As mulheres se caracterizariam pela ausência e a inveja do falo, os homens pelo medo da castração e pelo complexo de Édipo. Freud acreditava que todo o comportamento dos indivíduos podia ser explicado pela relação dele (ou dela) com o pênis.

INVEJA
Com os conceitos fundamentais de inveja do pênis e ansiedade da castração, a sua descrição do inconsciente como um domínio tornado caótico pela luxuriado pênis, e a sua afirmação de que toda libido, tanto feminina quanto masculina, é fálica, Sigmund Freud no início do século XIX pôs o pênis na boca e mente de quase toda pessoa instruída no mundo ocidental. As idéias e atitudes que Freud presidiu tiraram as folhas de parreira deixadas por 1.50 anos de civilização cristã. Para alguns, foi um ato de coragem monumental. Para outros, um ato de barbarismo.
Que o pênis é um marcado, uma parte do corpo com significados conscientes e inconscientes de conseqüências sérias e duradouras, é um insight que também foi exposto a Freud quanto criado por ele. Tornando-se homem na Europa no fim do século XIX, Freud sabia que a sua condição de judeu definia-o como doente aos olhos de seus vizinhos cristãos. Também sabia que esses olhos concentravam-se na sua parte que “causavam” a sua doença. Essa parte do corpo tornava-o, e a todos os judeus, uma perigosa fonte de contágio par os não-judeus. O órgão que fazia isso era o pênis judeu. Medo e aversão por esse órgão permearam a cultura européia por dois mil anos.
O judeu era definido por seu pênis, e esse pênis era definido pela circuncisão. O ritual provava a perversidade do judeu – remoendo o prepúcio e, desse modo, numa menção indireta à castração, expondo a glade, exatamente como o pênis quanto ereto. Por causa desses sinais mistos, a idéia cristã do judeu era sexualmente confusa, mas uniformemente negativa.
GUERRA
A partir da década de 60 o pênis se tornou mote da guerra dos sexos, virou emblema político e foi um dos alvos prediletos dos discursos feministas. E o falo chegou a ser ameaçado por sua versão plastificada, o vibrador, cujo uso era encorajado pelas feministas. O resultado dessa batalha foi a chamada democratização do falo. Homens e mulheres dividiram o poder na esfera social.
A historia do pênis e a história de sua evolução como idéia. Ao longo do tempo, o pênis foi divinizado, demonizado, secularizado, racializado, psicanalisado, politizado e, finalmente, medicalizado pela moderna indústria da ereção. Cada uma dessas lentes foi uma tentativa de dar sentido intelectual e emocional à relação do homem com o seu órgão definidor.
Atualmente, a população ocidental jura sobre a Bíblia, mas antes de haver as Bíblias, os homens costumavam jurar por seus pênis, ou pelos pênis dos homens para quem faziam o juramento. A palavra “testemunho” vem do latim testemonium, derivado de testi, principalmente no plural testes: jurar sobre os testículos. Muita sculturas antigas levavam em alta conta o juramento dado empenhando-se a própria virilidade.
Leitura recomendada:
Uma Mente Própria: A história cultural do pênis, de David M. Friedman. Rio de Janeiro. Objetiva, 2002
O Livro do Pênis, de Maggie Paley. São Paulo. Conrad Editora do Brasil, 2001
O Livro do Pênis, de Joseph Cohen. Colônia, Konemann Verlagsgesellschaft, 2001
A Mente Seletiva, de Geoffrey F. Miller, São Paulo, Campus, 2000
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