06 janeiro 2014

Cronologia das Histórias em Quadrinhos (1)



A história em quadrinhos (HQs) é formada por dois códigos de signos gráficos: a imagem e a linguagem escrita. Esse meio de expressão é uma espécie de confluência das técnicas de cinema, artes plásticas, fotografia e literatura, mas tem absoluta autonomia em relação às quatros.

Surgiram como uma consequência das relações tecnológicas e sociais que alimentavam o complexo editorial capitalista, amparados numa rivalidade entre grupos jornalísticos nos EUA (Hearts vs. Pulitzer), dentro de um esquema preestabelecido para aumentar a vendagem de jornais, aproveitando os novos meios de reprodução e criando uma lógica própria de consumo.

Os quadrinhos refletem a pedagogia de um sistema e funciona como reforçadora dos mitos e valores vigentes. A força do quadrinho enquanto instrumento de penetração e divulgação cultural, política e ideológica é imensa. Estudar o que os quadrinhos estão dizendo e, principalmente, o que eles poderiam dizer é uma tarefa urgente. O quadrinho amadureceu como arte e leitura do nosso tempo.

A história em quadrinhos, como toda narrativa, tem várias funções, independente de mercado. Entreter, educar e retratar a sociedade, espelhando determinada realidade. O universo das HQs pode ser visto como uma espécie de espelho de cada época.

3.000 a.C. - Os egípcios, muito antes dos hieróglifos, já se divertiam com desenhos humorísticos feitos em papiros.

PERÍODO DA PRÉ-HISTÓRIA1509 a 1895

Os homens das cavernas utilizavam a pintura como forma de demonstrar sua superioridade frente aos outros animais, acreditando que assim detinham o poder sobre os mesmos. Dessas pinturas, chamadas rupestres (o que se encontra em rochedos), pode-se observar uma série de características típicas dos quadrinhos atuais, como sobreposição de imagens e arte sequencial.

Através dos hieróglifos, os egípcios mostraram sua capacidade de deixar para a posteridade sua história, decorando seus templos e túmulos e usando muitas vezes o poder da arte sequencial para narrar as histórias dos deuses e faraós.

Na Roma antiga, a coluna de Trajano baseava-se em monumento criado no Egito onde a história de determinada personalidade, imperadores ou faraós, era contada em forma de uma sequência de esculturas em relevo, ao redor da coluna, subindo em espiral.

A tapeçaria de Bayeux, feita na Inglaterra e com 70 metros de comprimento, um relato da epopeia dos cavaleiros normandos. Essa tapeçaria é consideradaa maior banda desenhada do mundo.

Esses primórdios ainda não possuíam uma das principais características das atuais HQs (apelido carinhoso dos quadrinhos): os balões. A primeira representação defalaem uma imagem data de 1370 e é conhecida como a tábua Protat, na qual um centurião romano, diante do Calvário, levanta um dedo em direção à cruz e declara:Vere filius Dei erat iste(Sim, na verdade esse é o filho de Deus). De sua boca, sai um filactério (designação antiga do balão), contendo essa mensagem.

Nessa época essas imagens não eram usadas para entretenimento e sim para fins de relatos históricos. É a partir de 1806, com as estampas de Épinal (pequenos cartões de madeira confeccionados nas oficinas de Péllerin de Épinal, na França, iniciando com temas religiosos, logo passando para temas históricos), que o termohistória em quadrinhospode ser usado, pois essas estampas possuem legendas, transformando-se assim numa história contada.

1070 – A Tapeçaria de Bayeux registrou em bordados uma história em quadros de 77 metros de largura um episódio notável da História – a deposição do Rei Haroldo pelos romanos.

1072 – Pintado por Stephanus Garcia entre 1028 e 1072, o Manuscrito do Apocalipse, chamado Santo Severo, já mistura o texto com as imagens.

1250 – A Bíblia moralizada, dita de São Luis.

1310 – A vida de Raymond Lulle introduziu definitivamente os balõeszinhos da Idade Média: Manuscrito de Karisruhe.

1370 – O bosque de Protat, fragmento de Carème.

1374 – A Bíblia dos pobres, xilográfica. Reunidos em cadernos (blocks books), destinados aos clérigos pobres. São os primeiros comic books.

1450 – Gutenberg abre uma oficina de impressão, em que utiliza pela primeira vez os tipos móveis.

1480 – Ars Moriendi, xilografia. Série de estampas pedagógicas.

1485 – La danse macabre, primeira edição francesa de Guyot Marchant. Aos temas da vaidade do mundo e do triunfo da morte vem se juntar o da dança macabra. Panfleto dinâmico ilustrado.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! Gostaria que fosse citadas as referências e/ou bibliografia.

Gutemberg disse...

As referências bibliográficas estão no final da pesquisa, como é de praxe, basta você acompanhar toda a cronologia. No final verá as referências