22 janeiro 2014

Cronologia das Histórias em Quadrinhos (13)



PERÍODO DOS ANOS 30: EXPLOSÃO DOS QUADRINHOS OU ERA DE OURO (19291939)

A renovação da HQ americana, que começa a aparecer no mundo inteiro, processa-se realmente nos anos 30, sendo antecedida de produções características em 1929. Nesta década as histórias de aventuras iriam ganhar uma grande independência.

1929 (EUA) – Numa sexta feira, 29 de outubro, a estrutura financeira da grande nação americana entrou em colapso. Os humoristas não estavam mais com vontade de fazer graça e o povo precisava rir, mais do que nunca. Eles precisavam de uma maneira de se libertar de todas aquelas tensões. É o crack da bolsa de Wall Street, New York.

1929 (BÉLGICA) - No dia 10 de janeiro surge no suplemento juvenil do jornal católico de Bruxelas, na Bélgica, Le Vingtième Siecle, o personagem TINTIN, escoteiro adolescente, acompanhado de seu cachorrinho Milou, do capitão Haddock, o biruta Tournesol e os gêmeos Dupont e Dupont com suas trapalhadas cômicas. O criador: um rapaz de 21 anos, Georges Remi. Usava o pseudônimo de Hergé. Her (de Hergé) é o som em francês da letra R, de Remi, e Ge de Georges. Sucesso internacional e deflagrador daescola belgade quadrinhos, influenciando os franceses. Nas duas primeiras aventuras, o que existe de mais reacionário e racista nos quadrinhos. A partir dos anos 40, uma série repleta de bons personagens. Tintin está sempre acompanhado de seu cãozinho, Milou, os detetives gêmeos Dupont e Dupond, Capitão Haddock, entre outros. Seu desenho é caracterizado essencialmente pela claridade, precisão de traço e por um cenário realista, bem construído, dirigido a um público muito vasto.

1929 (EUA) - POPEYE. Criação de Elzie Crisler Segar. O esperto e zangado marinheiro chamado Popeye (cujo nome quer dizerolhos esbugalhados) aparece pela primeira vez numa quinta-feira, dia 17 de janeiro no jornal New York Evening Standard.  Popeye apareceu apenas como coadjuvante numa das aventuras, mas fez tanto sucesso que acabou permanecendo e se tornou o sustentáculo da série. Na tira Thimble Theatre, publicada desde 27 de dezembro de 1919 no vespertino New York Journal, um dos personagens explicava que comprara um barco para ir a costa africana e procurava cuidadosamenteum marujo para defender-se contraa escória da terra. Que logo apareceu: - Ei, você é um marinheiro? -- pensa queu sou um cowboy?.


Bastou pouco mais do que isso para que o marinheiro de nariz de batata assumisse o comando da historieta criada por Elzie Chrisler Segar, surgindo como um antecipador dos super heróis com superpoderes do mundo dos comics. Poderes que provêm do espinafre. A namorada Olívia é bem anterior a Popeye, mas foi depois dele que surgiram outros personagens importantes da história, que a partir de então viriam engrossar a família do marinheiro: o guloso Dudu (J. Wellington Wimpy), o filho adotivo Procopinho (Sweepea), Poppa Poopdeck (o pai de Popeye) e o enigmático Jeep, um dos mais estranhos animais dos quadrinhos.  Popeye é um dos grandes mitos universais dos quadrinhos.

1929 (EUA) - TARZAN. O executivo de uma agência publicitária, Joseph H. Neebe, adquire os direitos para produzir uma quadrinização de Tarzan of the Apes, obra literária de Edgar R. Burroughs. O personagem fez sucesso nas livrarias e nas telas. As HQs de aventuras quase não existem. Formou então uma nova empresa, Famous Books and Plays, para a produção de quadrinhos.

Diante de tão curto prazo de execução, J. Allen St. John, o principal ilustrador dos romances de Burroughs, recusa-se a meter-se na empreitada. Neebe convida o artista publicitário Harold Rudolph Foster, que, um tanto perplexo, logo aceita a empreitada.  A distribuição das tiras aos jornais ficou a cargo do Metropolitan Newspaper Service (pouco depois incorporado pelo United Feature Syndicate). E, de 7 de janeiro a 16 de março de 1929, aparecem as 60 tiras diárias, em preto e branco, de Tarzan of the Apes, publicado no Brasil como Tarzan, o Filho das Selvas. É um enorme sucesso. Mas, não muito convencido com o resultado, Foster mal espera o dia de largar os quadrinhos e voltar à publicidade, o que faz recusar a ilustração do segundo episódio. Pelas mãos de Foster o homem macaco ganhou uma personalidade gráfica forte e diferente da adaptação que o cinema faria do personagem.

Apesar de sua origem literária, o Tarzan de Foster virou quadrinhos da melhor qualidade. O clima mitológico que envolve o personagem, à beira de uma certa magia poética eselvagem, mesmo levando em conta o seu colonialismo, assume aqui um verdadeiro e raro encantamento gráfico. O grande ilustrador que faria depois Príncipe Valente desenhou em tiras o romance de E. R. Burroughs, mudando os quadrinhos, juntamente com Buck Rogers, de crianças travessas e famílias para a aventura, dando início a Década de Ouro dos Comics.
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