“É
ele o estivador/Seu suingue é um suor/Ô, ô//Toda nega faz amor com
ele, ô, ô/Toda branca tem maior tensão, ô, ô/Arêre tem confusão
na pele/Tem Jubiabá seu protetor//Toda nega faz amor com ele, ô,
ô/Toda branca tem maior tensão,ô, ô/Arêre de confusão na
pele/Tem Jubiabá seu protetor//Jubiabá, baba, baba,
babalaô/Jubiabá/Bauduíno guerreira/Jubuabá, baba, baba,
babalaô/Jubiabá/É de canto e de samba//Jubuabá, baba, baba,
babalaô//Jubiabá/É comum no coração//Jubuabá, baba, baba,
babalaô/Jubiabá/Luta pela divisão//Baba, baba, baba, baba, baba,
ba, ba, ba/Jubuabá, baba, baba, babalaô/Jubiabá//Na boca do mangue
é rei/Despediu-se um grande amor//Uma bala cega sem destino, ô,ô/Foi
no peito do trabalho,ô,ô/Este era o sonho do menino/Bauduíno
sempre vencedor/Retrata o cotidiano das classes populares na cidade
de Salvador, na Bahia, sob a ótica de Antônio Balduíno”
(Jubiabá, de Gerônimo)
Quarto
livro publicado por Jorge Amado, Jubiabá (1935) narra a
história de um dos primeiros heróis negros da literatura
brasileira. Foi com a leitura dessa obra que trouxe para a Bahia o
jornalista, desenhista e pintor Carybé e também o fotógrafo e
etnólogo francês Pierre Verger. E é com o título de “Carybé,
Verger & Jorge – Obás da Bahia” que o jornalista José de
Jesus Barreto vai lançar ainda este ano o livro sobre o tema pela
Solisluna Editora.
Jubiabá
conta a história do negro Antônio Balduíno, descendente de
escravos e nascido e criado no morro do capa-negro, um dos refúgios
na periferia de Salvador onde os negros se abrigaram após a
abolição da escravatura e a posterior falta de apoio político.
Ali, convive com os homens mais respeitados do lugar, como o violeiro
Zé Camarão e o pai-de-santo Jubiabá. Ainda criança, Baldo deseja
que sua história seja cantada num ABC, composição popular em
louvor de heróis e santos.
“Negro
Balduíno, belo negro baldo/Filho malcriado de uma velha tia/Via com
seus olhos de menino esperto/Luzes onde luzes não havia//Cresce,
vira um forte, evita a morte breve/Leve, gira o pé na capoeira,
luta/Bruta como a pedra, sua vida inteira/Cheira a manga-espada e
maresia//Tinha a guia que lhe deu Jubiabá/Que lhe deu Jubiabá/A
guia//Trava com o destino uma batalha cega/Pega da navalha e retalha
a barriga/Fofa, tão inchada e cheia de lombriga/Da monstra miséria
da Bahia//Leva uma trombada do amor cigano/Entra pelo cano do esgoto
e pula/Chula na quadrilha da festa junina/Todo santo de vida
vadia//Tinha a guia que lhe deu Jubiabá/Que lhe deu Jubiabá/A
guia//Alva como algodão e tão macia/Como algo bom pra lhe estancar
o sangue/Como álcool pra desinfetar-lhe o corte/Como cura para a
hemorragia//Moça Lindinalva, morta, vira fardo/Carga para os ombros,
suor para o rosto/Luta no labor, novo sabor, labuta/Feito a mão e
não mais por magia//Tinha a guia que lhe deu Jubiabá/Que lhe deu
Jubiabá/A guia//Negro Balduíno, belo negro baldo/Saldo de uma conta
da história crua/Rua, pé descalço, liberdade nua/Um rei para o
reino da alegria//Tinha a guia que lhe deu Jubiabá/Que lhe deu
Jubiabá/A guia” (Jubiabá, Gilberto Gil).
O mundo
ao qual Balduíno pertence é recheado de histórias de seu povo,
tanto dos seus ascendentes quanto dos homens que viveram ali:
saveireiros, jagunços, sertanejos, operários, que se dão ao seu
conhecimento pelas vozes narrativas dessas pessoas mais velhas: pai
Jubiabá, Zé Camarão, Mestre Manuel, tia Luísa.
Ao longo
do romance, acompanhamos as diferentes fases de sua vida: menino
pobre que vivia nas ruas cometendo pequenos delitos, agregado na casa
de um comendador, malandro, boxeador, trabalhador nas plantações de
fumo, artista de circo e estivador.
“O
homem tem dois olhares/Um enxerga, e o outro que vê/Um enxerga, e o
outro que vê/Tem o olho da maldade/E o olho da piedade/Tem que
ter/Olho bem grande/Pra poder sobreviver/Jubiabá, Ô Jubiabá/Faz o
feitiço bem feito/Pra minha nega voltar/No morro do Capa Negro/Quero
lhe cambonear//Se secar o olho da maldade/O homem vai sofrer/Sem
entender, a ruindade do mundo/Que o seu lado bom vai ver/E sem seu
olho da piedade/Vai fazer gente sofrer, magoar, ferir/Sem refletir, e
bem mais cedo/Vai desencarnar, subir/É a lei de Jubiabá/Ô
Jubiabá/Faz o feitiço bem feito/Pra minha nega voltar/No morro do
Capa-Negro/Quero lhe cambonear//Quero meus olhos abertos/Quero bem
longe enxergar/Vendo o errado e o certo/Posso diferenciar/No morro do
Capa-Negro/Quero lhe cambonear/Jubiabá, Ô Jubiabá/Faz o feitiço
bem feito/Pra minha nega voltar” (Jubiabá, Martinho da Vila)
O
personagem que dá nome ao romance é o mentor do negrinho Balduíno.
Jubiabá era conhecido pelo povo do morro do Capa Negro como
feiticeiro. O pai-de-santo era respeitado no morro porque curava
doenças, fazia rezas, afastava demônios, dizia conceitos, rezava em
nagô. A presença do pai Jubiabá na vida de Antônio Balduíno foi
de extrema importância para sua formação, já que o menino era
órfão, vivia com a tia Luísa, e o teve como guia espiritual por
toda a vida.
A
intenção central da obra, além da visão romanesca da vida
popular, é sugerir o lento amadurecimento do protagonista, rumo à
consciência política. É um romance característico do "realismo
socialista", com alguns ingredientes sensuais e apimentados do
cenário baiano.
Jorge
Amado mostra as contradições entre o mundo do trabalho, o conflito
racial, a ideologia, a luta e, de outro lado, a cultura popular, o
universo das festas, o sincretismo religioso, a miscigenação e a
sensualidade vão marcar toda a sua produção. Qualificado de
magnífico por Albert Camus, Jubiabá foi adaptado para o cinema (por
Nelson Pereira dos Santos), o teatro, o rádio, quadrinhos e a
televisão.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura
do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
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Um comentário:
Excelente!
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