Há 15
anos desaparecia o jornalista, escritor e poeta Telmo Fontes
Padilha. O texto a seguir está publicado no meu livro Gente da
Bahia, volume dois: Nasceu na vila de Ferradas, no município de
Itabuna, a 05 de maio de 1930. Aprendeu as primeiras letras em
Ferradas - então um agitado centro de disputas políticas - depois,
em 1935, a família transferiu-se para Itabuna. Concluído o curso
primário (1940), transfere-se para Salvador, onde cursa o primeiro
ano ginasial no Colégio Americano (mais tarde, 2 de julho de 1941).
Retorna a Itabuna em 1942, onde conclui o ginásio no Colégio Divina
Providência. Publica seus primeiros poemas e artigos no jornal Voz
de Itabuna - de quem viria a ser redator - então dirigidos por Hélio
Pólvora. Retorna a Salvador em 1945, onde prossegue os estudos, não
chegando a formar-se. Publicou seu primeiro artigo no suplemento
literário do Diário de Notícias.
Atuou
como jornalista e colaborador em diversos jornais do sul da Bahia, do
estado e no Rio, onde residiu durante algum tempo. Em 1954 assume a
direção da sucursal do Diário de Minas e, em seguida, do O Estado
da Bahia. Trabalha como redator do Diário da Tarde, em Ilhéus. Dois
anos depois, em 1954, publica seu primeiro livro de poemas, Girassol
do Espanto, com prefácio de Adonias Filho e capa de Santa Rosa, pela
Livraria Editora da Casa do Estudante do Brasil. A obra conquista o
prêmio Melhores Livros de 1956, da Câmara Municipal de Itabuna. No
Rio, em 1957, colaborou com artigos de críticas em suplementos e
revistas de cultura. Assinou uma seção de livros em O Mundo e foi
redator de Para Todos e do Jornal de Letras. Em 1959 dirige a Rádio
Cultura de Ilhéus. Em 1960 funda, com Mário Padre, o primeiro
jornal a cores do Estado da Bahia, em Itabuna. Colabora na fundação
da Faculdade de Direito de Ilhéus (1960) e funda, com os amigos, a
Rádio Jornal de Itabuna (1962), que passa a dirigir. Em 1963 ocupa,
por breve período, a direção da Rádio Difusora Sul da Bahia e em
1965 assume a direção da Tribuna do Cacau. Instala uma gráfica.
Com alguns amigos, funda a Associação Sul Bahiana de Imprensa.
Dirigiu a Assessoria de Comunicação Social da Ceplac (1969), órgão
de onde se aposentou e no qual coordenou também o Projeto de
Atividades Culturais do Cacau, onde publicou diversos autores
regionais e promoveu eventos, inclusive exposições de artistas
plásticos do sul da Bahia em países europeus. Em 1974 publica
Ementário, recebendo o primeiro prêmio do Concurso de Poesia
promovido pelo jornal A Tarde, e Onde Tombam os Pássaros. Em 1975
obteve o prêmio nacional de poesia do MEC/INL, com Vôo Absoluto. No
ano seguinte são publicados no exterior seus livros Où tombent les
oiseaux, Esquisses, Volo assoluto e Wo die vogel hinfallen. Visitou a
Suíça, França, Inglaterra, EUA, Itália e Alemanha. Em 1976
conquistou o prêmio internacional de poesia San Rocco, da Itália,
com a versão intituladas Volo Assoluto.
Em 1977
foi indicado candidato ao Prêmio Nobel, juntamente com Jorge Amado e
Adonias Filho. A indicação - feita à sua revelia - coube ao
diretor do Dep. de Linguística e Literatura Geral da Universidade de
Essex, Inglaterra, ensaísta e professor Fernando Camacho. No ano
seguinte recebe a Comenda Honra ao Mérito-Literatura, do Jornal da
Bahia. E publica Canto Rouco, Pássaro/Noite, O Rio, a antologia
Poesia Moderna da Região do Cacau (1977), Poesia Encantada, Cacau em
Prosa e Verso, a antologia O Moderno Conto da Região do Cacau
(1978), Travessia, Notícia sobre a Civilização do Cacau, 12 Poetas
Grapiúnas (1979), Noite contra Noite, O Anjo Apunhalado, O Punhal no
Escuro (1980), Reflexões Sem Dor (1984) entre outros. Muitos de seus
livros foram também traduzidos para várias línguas (francês,
italiano, espanhol, alemão, inglês e japonês). Deixou inéditos:
Coragem para Viver (poesia) e Livro de Paulo, meu Filho.
Assessor
cultural da Universidade de Santa Cruz, membro da Academia de Letras
de Ilhéus, contemplado com vários prêmios, ele publicou 37 livros
no País e traduzidos no exterior em vários idiomas. Sobre ele
escreveu um dia Carlos Drummond de Andrade: “Em Telmo Padilha a
poesia se faz sentir e amar pela concentração e o poder de toque”.
“Uma poesia rica de símbolos e de metáforas” (Manoel Bandeira),
“Convence-nos pela sinceridade de seu canto e pela destreza com que
o esgrima” (Érico Veríssimo), “Uma poesia contida, limpa e
forte” (Carlos Nejar), “Uma poesia de ampla conjugação, apoiada
em voz muito pessoal, mas alimentada pela certeza de que as verdades
pessoais do poeta também podem ser de outrem” (Hélio Pólvora),
“Uma poesia realizada, autêntica e definitiva porque uma poesia
maior” (Adonias Filho), a poesia de Telmo Padilha “escapa, por
natureza, a qualquer definição ou explicação lógica e limitada.
É uma poesia naturalmente sintética e globalista. De certo modo
rebelde a qualquer análise” (Tristão de Athayde, pseudônimo de
Alceu Amoroso Lima) .
Ele
morreu aos 67 anos, no dia 16 de julho de 1997, após duas paradas
cardíacas, no Hospital Calixto Midlej, depois de uma demorada
cirurgia para corrigir lesões no fígado e na face provocadas por um
acidente automobilístico na BR-101, trecho Itabuna-Buerarema. Foi
sepultado, com grande acompanhamento, no Cemitério do Campo Santo.
Sua morte é uma perda para a cultura do sul da Bahia e para a poesia
brasileira. Sem sair de sua cidade natal, Padilha sempre foi
considerado pela crítica literária nacional como um dos mais
importantes poetas brasileiros. Pouco antes do acidente, Telmo
Padilha confessou ao jornalista Antônio Lopes: “O poeta escreve
porque esta é sua maneira de se comunicar. Se não o leem, o
problema não é dele. O importante é saber se a poesia é
necessária, se serve aos objetivos do comunicador. Os momentos mais
inteligentes do homem são momentos de poesia”. E, fiel ao
engajamento de sua geração, arrematou: “Este momento da vida
nacional precisa de uma poesia viril, comprometida com nossa
realidade, uma poesia mais agressiva, em que estejam presentes as
nossas perplexidades, nossas angústias, nossas incertezas, uma
poesia através do qual o povo fale o que está sentindo”.
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do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
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Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
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Um comentário:
Tenho vários livros de Telmo Padilha, se bem que queria todos e em especial o primeiro - O Girassol Do Espanto... Parabéns pela matéria, pois ainda que não hajam muitos que procurem tais informações, os que procuram, igual a mim, se deleitam em felicidade por encontrar este poeta sendo lembrado.
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