16 julho 2012

Há 15 anos morria o poeta Telmo Padilha


Há 15 anos desaparecia o jornalista, escritor e poeta Telmo Fontes Padilha. O texto a seguir está publicado no meu livro Gente da Bahia, volume dois: Nasceu na vila de Ferradas, no município de Itabuna, a 05 de maio de 1930. Aprendeu as primeiras letras em Ferradas - então um agitado centro de disputas políticas - depois, em 1935, a família transferiu-se para Itabuna. Concluído o curso primário (1940), transfere-se para Salvador, onde cursa o primeiro ano ginasial no Colégio Americano (mais tarde, 2 de julho de 1941). Retorna a Itabuna em 1942, onde conclui o ginásio no Colégio Divina Providência. Publica seus primeiros poemas e artigos no jornal Voz de Itabuna - de quem viria a ser redator - então dirigidos por Hélio Pólvora. Retorna a Salvador em 1945, onde prossegue os estudos, não chegando a formar-se. Publicou seu primeiro artigo no suplemento literário do Diário de Notícias.

Atuou como jornalista e colaborador em diversos jornais do sul da Bahia, do estado e no Rio, onde residiu durante algum tempo. Em 1954 assume a direção da sucursal do Diário de Minas e, em seguida, do O Estado da Bahia. Trabalha como redator do Diário da Tarde, em Ilhéus. Dois anos depois, em 1954, publica seu primeiro livro de poemas, Girassol do Espanto, com prefácio de Adonias Filho e capa de Santa Rosa, pela Livraria Editora da Casa do Estudante do Brasil. A obra conquista o prêmio Melhores Livros de 1956, da Câmara Municipal de Itabuna. No Rio, em 1957, colaborou com artigos de críticas em suplementos e revistas de cultura. Assinou uma seção de livros em O Mundo e foi redator de Para Todos e do Jornal de Letras. Em 1959 dirige a Rádio Cultura de Ilhéus. Em 1960 funda, com Mário Padre, o primeiro jornal a cores do Estado da Bahia, em Itabuna. Colabora na fundação da Faculdade de Direito de Ilhéus (1960) e funda, com os amigos, a Rádio Jornal de Itabuna (1962), que passa a dirigir. Em 1963 ocupa, por breve período, a direção da Rádio Difusora Sul da Bahia e em 1965 assume a direção da Tribuna do Cacau. Instala uma gráfica. Com alguns amigos, funda a Associação Sul Bahiana de Imprensa. Dirigiu a Assessoria de Comunicação Social da Ceplac (1969), órgão de onde se aposentou e no qual coordenou também o Projeto de Atividades Culturais do Cacau, onde publicou diversos autores regionais e promoveu eventos, inclusive exposições de artistas plásticos do sul da Bahia em países europeus. Em 1974 publica Ementário, recebendo o primeiro prêmio do Concurso de Poesia promovido pelo jornal A Tarde, e Onde Tombam os Pássaros. Em 1975 obteve o prêmio nacional de poesia do MEC/INL, com Vôo Absoluto. No ano seguinte são publicados no exterior seus livros Où tombent les oiseaux, Esquisses, Volo assoluto e Wo die vogel hinfallen. Visitou a Suíça, França, Inglaterra, EUA, Itália e Alemanha. Em 1976 conquistou o prêmio internacional de poesia San Rocco, da Itália, com a versão intituladas Volo Assoluto.

Em 1977 foi indicado candidato ao Prêmio Nobel, juntamente com Jorge Amado e Adonias Filho. A indicação - feita à sua revelia - coube ao diretor do Dep. de Linguística e Literatura Geral da Universidade de Essex, Inglaterra, ensaísta e professor Fernando Camacho. No ano seguinte recebe a Comenda Honra ao Mérito-Literatura, do Jornal da Bahia. E publica Canto Rouco, Pássaro/Noite, O Rio, a antologia Poesia Moderna da Região do Cacau (1977), Poesia Encantada, Cacau em Prosa e Verso, a antologia O Moderno Conto da Região do Cacau (1978), Travessia, Notícia sobre a Civilização do Cacau, 12 Poetas Grapiúnas (1979), Noite contra Noite, O Anjo Apunhalado, O Punhal no Escuro (1980), Reflexões Sem Dor (1984) entre outros. Muitos de seus livros foram também traduzidos para várias línguas (francês, italiano, espanhol, alemão, inglês e japonês). Deixou inéditos: Coragem para Viver (poesia) e Livro de Paulo, meu Filho.

Assessor cultural da Universidade de Santa Cruz, membro da Academia de Letras de Ilhéus, contemplado com vários prêmios, ele publicou 37 livros no País e traduzidos no exterior em vários idiomas. Sobre ele escreveu um dia Carlos Drummond de Andrade: “Em Telmo Padilha a poesia se faz sentir e amar pela concentração e o poder de toque”. “Uma poesia rica de símbolos e de metáforas” (Manoel Bandeira), “Convence-nos pela sinceridade de seu canto e pela destreza com que o esgrima” (Érico Veríssimo), “Uma poesia contida, limpa e forte” (Carlos Nejar), “Uma poesia de ampla conjugação, apoiada em voz muito pessoal, mas alimentada pela certeza de que as verdades pessoais do poeta também podem ser de outrem” (Hélio Pólvora), “Uma poesia realizada, autêntica e definitiva porque uma poesia maior” (Adonias Filho), a poesia de Telmo Padilha “escapa, por natureza, a qualquer definição ou explicação lógica e limitada. É uma poesia naturalmente sintética e globalista. De certo modo rebelde a qualquer análise” (Tristão de Athayde, pseudônimo de Alceu Amoroso Lima) .

Ele morreu aos 67 anos, no dia 16 de julho de 1997, após duas paradas cardíacas, no Hospital Calixto Midlej, depois de uma demorada cirurgia para corrigir lesões no fígado e na face provocadas por um acidente automobilístico na BR-101, trecho Itabuna-Buerarema. Foi sepultado, com grande acompanhamento, no Cemitério do Campo Santo. Sua morte é uma perda para a cultura do sul da Bahia e para a poesia brasileira. Sem sair de sua cidade natal, Padilha sempre foi considerado pela crítica literária nacional como um dos mais importantes poetas brasileiros. Pouco antes do acidente, Telmo Padilha confessou ao jornalista Antônio Lopes: “O poeta escreve porque esta é sua maneira de se comunicar. Se não o leem, o problema não é dele. O importante é saber se a poesia é necessária, se serve aos objetivos do comunicador. Os momentos mais inteligentes do homem são momentos de poesia”. E, fiel ao engajamento de sua geração, arrematou: “Este momento da vida nacional precisa de uma poesia viril, comprometida com nossa realidade, uma poesia mais agressiva, em que estejam presentes as nossas perplexidades, nossas angústias, nossas incertezas, uma poesia através do qual o povo fale o que está sentindo”.
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Um comentário:

Fábio De Souza disse...

Tenho vários livros de Telmo Padilha, se bem que queria todos e em especial o primeiro - O Girassol Do Espanto... Parabéns pela matéria, pois ainda que não hajam muitos que procurem tais informações, os que procuram, igual a mim, se deleitam em felicidade por encontrar este poeta sendo lembrado.