Há 33
anos chegava ao público A Distinção (1979), o
best seller de um dos mais combatentes sociólogos francês, Pierre
Bourdieu (1930-2002). A obra estabelece que as práticas
culturais juntamente com as preferências em assuntos como educação,
arte, mídia, música, esporte, posições políticas, entre outros,
estão ligadas ao nível de instrução, submetidas ao volume global
de capital acumulado, aferidas pelos diplomas escolares ou pelo
número de anos de estudo e, secundariamente, à herança familiar.
Trata-se de desmistificar afirmações da ardem do senso comum quando
se assevera que o gosto sobre determinada matéria não se discute. O
gosto classifica e distingue, aproxima e afasta aqueles que
experimentam os bens culturais.
Bourdieu
mostra a maneira que as preferências culturais dos agentes são
estruturadas – através de transmissão do capital cultural
incalculado na escola e aquele herdado pela família, efetuado de
maneira precoce ou através do aprendizado tardio. As práticas
culturais incentivadas por essas duas instâncias distinguem aquilo
que será reconhecido como gosto legítimo burguês, de classe média
ou popular.
O gosto
ou as preferências manifestadas através das práticas de consumo é,
então, o produto dos condicionamentos associados a uma classe ou
fração de classe. O gosto, dirá Bourdieu, é a aversão, é a
intolerância às preferências dos outros. È percebida desta forma
que a reprodução moral, ou seja, a transmissão dos valores,
virtudes e competências, maneira de ver o mundo simbólico, serve de
fundamento à filiação legítima de habitus distintos e desiguais,
fortalecendo e intensificando a hierarquia do culturalmente aceito ou
execrável, do autêntico ou do inautêntico.
A
distinção desnuda e explica, ao mesmo tempo, os estudos sobre
linguagens, grupos sociais, política, educação, arte ou
comunicação, pois oferece uma análise do mundo social de maneira
coerente e instigante. A distinção é a obra mais conhecida e mais
prestigiada de Pierre Bordieu, e traz em boa parte de sua exposição
as preocupações decorrentes de anos de estudos sobre a elaboração
de uma teoria geral das classes sociais. Ele fez de sua vida
acadêmica e intelectual uma arma política e de sua sociologia uma
sociologia engajada, profundamente comprometida com a denúncia dos
mecanismos de dominação em uma sociedade injusta.
HABITUS
Bourdieu
identifica como habitus “pequeno burguês ascendente” a prática
do relaxamento e a preocupação com uma alimentação light, que
contrasta com o gosto popular pela agitação e comidas mais
consistentes. A prática social não resulta, assim, necessariamente
de uma escolha, mas de gostos (e de desgostos) profundamente
enraizados no corpo. A essa lógica prática está associado um
conhecimento prático, intuitivo, um “senso prático”.
Este
saber prático incorporado vem alimentar um velho debate filosófico
e sociológico sobre a relação entre a reflexão e a ação. A
teoria da ação proposta por Bourdieu parte de uma crítica às
leituras intelectualistas da ação, isto é, às visões que tendem
a reduzí-la ao ponto de vista reflexivo daquele que observa, em
detrimento do ponto de vista prático daquele que age.
O
trabalho desse sociólogo incomodou muita gente porque ele
interpretou os fenômenos sociais de maneira crítica. Na questão da
formação do gosto cultural de cada um de nós, ele interpretou o
jogo de poder das distinções econômicas e culturais de uma
sociedade hierarquizada. Para ele o gosto cultural é produto e fruto
de um processo educativo, ambientado na família e na escola e não
fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais.
---------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura
do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário