09 julho 2012

Asterios Polyp, instigante


Arrebatadora. A premiada graphic novel de David Mazzuccelli – Asterios Polyp – lançada pelo selo Quadrinhos na Cia, de Companhia das Letras, é excepcional. Utiliza todas as possibilidades oferecidas pelos quadrinhos. A obra, repleta de arrependimento e aprendizagem, é poético e conta com um visual instigante que Mazzuccelli domina totalmente. Traços, formas, cores, linhas e desenhos misturados em torno da carga dramática da história que atinge a maturidade.

Nas 344 páginas, David Mazzucchelli (conhecido por seu trabalho com super herois em O Demolidor: A Queda de Murdock e Batman: Ano 1) faz um relato maduro sobre arte, filosofia, amor e família. A graphic novel é narrada pelo irmão gêmeo natimorto de Asterios, Ignazio que serve como guia para toda a carga de dualidade que é inserida.

O “arquiteto de papel” e professor é uma pessoa teimosa, egocêntrica e intransigente. Aos 50 anos ele perde tudo o que tem quando um raio atinge o prédio onde mora. Há alternativas entre padrões de cores para demarcar o tempo: roxo e azul (passado), roxo e amarelo (presente). Permeando a complexidade do protagonista, há discussões sobre arte, estética, amor, família, metafisica, tudo dentro do contexto. A representação gráfica de Mazzucchelli é única e genial. Ele dá personalidade a cada personagem seja por meio do texto, seu conteúdo e representação gráfica. Seja no balão de diálogo, onomatopeia, quadro. O cético Asterios e a inquieta Hana quando se unem há uma explosão gráfica de grande riqueza visual.

O final é surpreendente e lembra um pouco do filme Melancolia, do diretor Lars Von Trier. A fita é um mergulho em uma experiência intelectual e sensual sobre duas irmãs: Justine e Claire, de temperamentos opostos. O fim de mundo literal e simbólico é tratado na obra de Trier. Vale a pena conhecer essa obra premiada com o Eisner e o Harvey Awards, verdadeira reflexão sobre o sentido dos relacionamentos, de arte, da família, da vida. Arrebatadora!



A Era dos Erês: uma era ao Culto da Natureza e dos Orixás

Erê é nome de espíritos infantis no candomblé. No Brasil os erês passaram a ter correspondência em Cosme e Damião e foram associados também aos Ibejés, orixás duplos, sendo um masculino e outro feminino. Os erês são vistos como energias de purificação e de limpeza. No livro A Era dos erês: uma Era ao culto da Natureza e dos Orixás, Adriano Bitarães Netto constrói um tempo mítico em que adultos não existiam, apenas crianças viviam e governavam nessa época.

A obra faz uma crítica à sociedade dos adultos que se sustenta na desigualdade, no preconceito, na ambição e no desrespeito. Para que o mundo mítico dos erês possa voltar a existir, o ser humano terá que reconhecer e aceitar as inúmeras religiões e crenças que constituem a própria riqueza das culturas.

O intuito das obra é de apontar para uma conscientização de caráter histórico e religioso, se propõe, por meio de uma linguagem poética, perpassada por orikis da tradição africana e por pontos e hinários nacionais, fazer uma louvação aos orixás – divindades do panteão africano tão presentes nos rituais de candomblé e umbanda do Brasil.

O livro, lançado pela editora Mazza em 2010, e rico em cores e ilustrações e no final contém um glossário das palavras do culto da natureza e dos orixás. Vale a pena ler.

“...Era uma vez
uma Era, que era, talvez,
a mais antiga de todas as Eras:
era a Era dos êres...”
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

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