A cantora
baiana Marilda Santana lançou seu segundo disco da carreira solo.
Intitulado de "Qual é, baiana?", o disco faz uma leitura
do imaginário da mulher baiana, fruto de uma pesquisa de mestrado da
artista. No repertório tem Dorival Caymmi, Ivan Lins e Caetano
Veloso. O maestro baiano Letieres Leite assina o arranjo de sete
músicas do disco. Outras três ficam por conta da supervisão de
Luiz Asa Branca.
“Essa
menina é só de brincadeira/Só dá bandeira, só dá bandeira/Seja
na Amaralina ou na Ribeira/Ela só dá bandeira,/Ela só dá
bandeira...”
São ao
todo 10 canções onde Marilda de delicia com a música e encanta a
todos. "Esse CD é um desejo antigo de registrar uma pesquisa
que desenvolvi desde que que fiz o mestrado em Artes Cênicas e
mergulhei no museu de imagem e do som do Rio de Janeiro. Percebi um
discurso recorrente nos compositores que tratavam desde ícone, todos
naturalizados: sensualidade, etnicidade, culinária, religiosidade e
localidade", explica a artista.
“Precisa
fazer pra baiana um vestido de prata.../Precisa fazer pra baiana um
vestido de prata.../Pra todo dia no espelho quando ela se olhar,/Seja
a cara dela.../Seja a cara dela...”
Comemorando
35 anos de carreira, Marilda Santana pode ser contactada através do
e-mail: contato@marildasantana.com.br.
O CD você encontra na Pérola Negra Cd's Raros do Shopping Colonial
dos Barris em Salvador. Entre as canções estão Qual é, Baiana?
(Caetano Veloso/Moacyr Albuquerque), Falsa Baiana (Geraldo Pereira),
Subida da Gamboa (Beto Pitombo), Baiana do Tabuleiro (Andre Filho),
Roda Baiana (Ivan Lins e Vitor Martins), Pregão da Baiana (Denis
Brean), Vestido de Prata (Jorge Alfredo), Lá vem a Baiana (Dorival
Caymmi), Grove da Baiana (Jorge
Zarath / Paulo Vascon / Tenison Del Rey) e Toda
Menina Baiana (Gilberto Gil).
“Toda
menina baiana tem/Um santo que Deus dá/Toda menina baiana
tem/Encantos que Deus dá/Toda menina baiana tem/Um jeito que Deus
dá/Toda menina baiana tem/Defeitos também que Deus dá....”
DONAS DO
CANTO - No estudo que fez sobre “As Donas do Canto – o sucesso
das estrelas - intérpretes no Carnaval de Salvador” (publicado
pela Edufba em 2009) Marilda Santana pesquisou a figura da baiana no
século XIX, por artista não baianas (Araci Côrtes), e mesmo não
brasileiras (grega Ana Manarezzi, espanhola Pepa Ruiz e da portuguesa
Carmem Miranda) nos palcos dos teatros de revista da então Capital
Federal. “Ao longo deste século e meio, estes artistas e seus
produtores nos aportam uma representação de sociedade baiana
centrada em ícones de etnicidade, sensualidade e ancestralidade. Com
efeito, a constituição de um perfil da nacionalidade brasileira na
mídia e de um perfil da localidade (ou regionalidade) baiana toma
como referência um dos elementos que ocupa o cento da cena, a figura
da baiana” (p.24).
“Como
se costuma rememorar na narrativa fundamente da identidade
brasileira, a Bahia carrega no seu ventre o nascimento do
Brasil. E é muito significativo que isto se constitua numa cidade
feminina não só pelo gênero – a Bahia - , como também pela
predisposição para o inaugural; o dar à luz, enfim” (p.111).
“A
representação da figura da baiana também está presente na obra de
compositores brasileiros de diversas gerações, tendo em Caymmi um
representante destacado” (p.143). Assim a representação da figura
da baiana passa pelos compositores Geraldo Pereira, Ataulfo Alves,
Ary Barroso entre outros. “Neste sentido, a construção da
identidade da baiana/mulata no imaginário brasileiro/baiano e global
passa pelo vetor da ideia de abundância, pela cor, pela malícia do
olhar, pelo suingue no corpo e na naturalização em saber dançar
samba...” (p.147).
A figura
da baiana não é foco único do estudo de Marilda Santana, mas ela
concluiu que “reunimos elementos suficientes para afirmar que a
construção da figura da baiana/mulata nos palcos e no cancioneiro
popular aponta a sensualidade, que abrange o duplo sentido e as
danças impressas nos corpos sensuais e olhares; para a etnicidade,
impressa nas matizes que vão da preta, morena, mulata, cabocla,
cafuza, dentre outros; e para a culinária, indissociável da
sensualidade e do duplo sentido das letras; para a indumentária,
carregada de significados religiosos que vão se diluindo à medida
que vão se re - inventando; e para a performance. Temos como
ambientes propícios para esta construção, além do Carnaval, o
cinema, os palcos e as atrizes e intérpretes do cancioneiro popular”
(p.151/152).
Para
Milton Moura, a baianidade pode ser percebida/estudada como um texto,
o que pode ser compreendido no gerúndio (na acepção de tecimento)
no particípio (na concepção de tecido) e no infinito (como
numa tessitura). Sumarizando a baianidade como arranjo
historicamente construído de referências identitárias, diz o
autor: “Parece um arranjo tecido de familiaridade, religiosidade,
sensualidade, reunindo os elementos mais díspares num sistema que se
baseia justamente na adjacência do desigual, dita de forma
aparentemente não problemática” (MOURA, Milton. Carnaval e
baianidade: arestas e curvas na coreografia de identidades do
Carnaval de Salvador, 2001. Tese de Doutorado em Comunicação e
Culturas Contemporâneas- Faculdade de Comunicação UFBA)
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