O tango começou a ser exportado
para o mundo por intermédio de marinheiros de diversas partes do
mundo,
encantados com suas incursões em terras pelas noites argentinas. A Argentina
reabilitou o tango cantado, que a ditadura dos generais tentara erradicar, e
redescobre a riqueza de suas origens e a filosofia que o acompanha.
Até países como a Finlândia o
tango tornou-se uma verdadeira instituição. Os mais conservadores e moralistas
condenavam o tango (assim como já tinham condenado a valsa), por o considerarem
uma dança imoral. Afinal, meter a perna entre as pernas de uma senhora era
ofensivo e obsceno. A própria alta sociedade argentina desprezava o tango, que
só passou a figurar nos salões da classe alta, graças ao efeito de ricochete
provocado pelas notícias eu anunciavam o sucesso da dança em Paris.
A partir de 1917 a letra passou a
ser parte essencial do tango e, consequentemente, surgiu os cantores de tango.
“Mi Noches Tristes” é considerado o primeiro (ou pelo menos mais marcante nessa
transição) tango-canção.
De 1928 a 1935 Carlos Gardel
reinou e atraiu multidões. Ele foi responsável pela popularização do tango,
estrelando filmes musicais de tango produzido em Hollywood. A figura lendária
de Gardel é o símbolo clássico do tango cantado. Seu parceiro, compositor e
escritor de suas canções inesquecíveis como “Mi Buenos
Aires Querido”, “El Dia
que me Quieras” e “Volver”, foi Alfredo Le Pera, brasileiro.
Invadindo a cena da música para
tirar o tango da marginalidade do “bas-fond”, Gardel cantou os caminhos e
descaminhos do “Viejo Barrio”, “Mano a Mano”, “La Cumparsita”, “Caminito” e “Mi
Buenos Aires Querido”.
Com pinta de Rodolfo Valentino, o
ator romântico do cinema mudo de então, Gardel gravou 500 discos, tendo ainda
atuado no cinema, filmando nos anos 30 em estúdios da França e dos EUA. Só não
acumulou fortuna porque foi também um perdulário, tão apaixonado pelo tango
como por mulheres e corridas de cavalo.
Outro grande nome do tango
argentino, contemporâneo de Gardel, foi Astor Piazzolla. Sua música
encontrou
resistência nas tradicionais famílias argentinas, mas representava a evolução de
um ritmo que transcendeu os limites do popular para incorporar o erudito.
Compositores europeus como Stravinski e Milhaud utilizavam elementos do tango
em suas obras sinfônicas.
A partir daí o tango começa a
sofrer tentativas de renovação. Entre os representantes dessa tendência figuram
Mariano Mores e Aníbal Troilo e, sobretudo, Astor Piazzolla que rompeu
decididamente com os moldes clássicos do tango, dando-lhe tratamento harmônicos
e rítmicos modernos. E o tango (como o samba, no Brasil) tornou-se símbolo
nacional com forte apelo
turístico. Casas de tango e o culto aos nomes famosos
de Gardel e Juan de Dios Filiberto perpetuaram o gênero.
Com a invasão do rock and roll americano as danças de salão
passaram a ser praticadas apenas por grupos de amantes e o tango passou a ser
substituído por outros ritmos estrangeiros. Com o desinteresse comercial das
gravadoras, poucos grandes tangos foram compostos. Muitos críticos musicais
lembram quem o tango é irmão do fado. Os dois nasceram em meios difíceis, onde
os homens se refugiam para esconder a solidão. Os dois gêneros abordam essa
realidade. O tango nasceu na cidade portuária de Buenos Aires, nos bordéis e
bares, assim como o fado em Portugal.
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