O leitor está cada vez mais buscando
notícias em suas incursões online. O resultado disso é que o
público seleciona
o tipo de notícias e opiniões de que mais gosta. Não deseja informações
confiáveis, e sim as que confirmem as ideias preconcebidas. Um bom exemplo
disso é que os norte americanos vêm se segregando em comunidades, clubes e
igrejas onde são cercados por pessoas que pensam como eles. Em seu livro
editado em 2008, “A grande classificação: porque a divisão da América em agrupamentos
de ideias iguais nos está dividindo”, de Bill Bishop, ele diz que quase metade
dos americanos vive em condados que votam por maioria avassaladora em
candidatos democratas ou republicanos. Nos anos 60 e 70, em eleições nacionais
igualmente disputadas, só cerca de um terço dos eleitores vivia em condados que
apresentavam maiorias avassaladoras nas eleições.
“O país está ficando mais politicamente
segregado – e o benefício que deveria advir da presença de uma diversidade de
opiniões se perde para o sentimento de estar com a razão que é próprio dos
grupos homogêneos”, escreve Bishop. Além de mostrar que os americanos
demonstram menos tendência a discutir política com pessoas de visões
diferentes, o declínio da mídia noticiosa tradicional acelera a ascensão de
ideias preconcebidas. O perigo disso tudo é que esse noticiário
autosselecionado aja como entorpecente como aconteceu nos anos 50 quando um
obscuro psiquiatra do sistema judiciário de Nova York, Frederick Werthmam
escreveu um livro, A Sedução dos Inocentes, alertando aos pais que as história
em quadrinhos são veículos que aumentam a violência juvenil e não traz
benefício aos leitores. Todos seguiram a cartilha de Wertham e o resultado
agora prova o contrário.
No Brasil a imprensa está se transformando
numa instância de uma sociedade abandonada e agredida por muitas de suas
autoridades. O Ministério Público, no cumprimento de seus deveres
constitucionais, se sente respaldado pela sociedade. E o Judiciário deveria
seguir essa linha contra a a corrupção e à altura da indignação nacional. O
jornalista deve investigar, obter provas concretas do que vai ser publicado. A
informação é a base da sociedade democrática. É preciso melhorar os controles
éticos da notícia, combater as injustas manifestações de prejulgamento.
Jornalismo não existe onde não há liberdade. No jornalismo diário, numa crise
política como a atual, não se pode ter a dimensão do todo antes que o todo
exista. Por isso os jornais não podem contar uma história arrumada, é no
processo diário que a coerência se constrói, que o sentido se forma.
O jornalista é o profissional que
estabelece vínculos entre os fatos corrente e passados, provocação estimula o
raciocínio do leitor/ouvinte/telespectador, e procura ainda extrair disso tudo
alguma perspectiva que sinalize o futuro. Tudo isso com princípios éticos, sem
se deixar contaminar por influências políticas ou interesses pessoais. O
desafio hoje é permitir que o leitor entenda os fatos, pois existe uma
avalanche de informações. A função do jornalista é buscar a verdade camuflada
através da verdade aparente. Ser jornalista hoje é ter perseverança, vontade e
amor pela profissão, já que os jornalistas ganham mal e não há incentivos para
a realização do trabalho. É tentar ser uma testemunha do seu tempo.
Aprendemos eticamente nos bancos das
faculdades que a preservação da verdade (ainda que subjetiva) e a apuração de
fatos através de fontes idôneas (se possível na investigação junto a
especialistas), é fator primário a ser observado na apuração de qualidade.
Somos seres carentes de informação, fontes, verdades e de espaço para
veiculação de nosso material.
Por que as pessoas não prestam atenção
na política?. São poucas as que se interessam pelo assunto. O desinteresse pela
política e a capacidade do cidadão comum estabelecer uma ponte entre o que
ocorre no poder e seus interesses é muito grande. Sabemos que o Brasil
recuperou há muito tempo todos os seus direitos políticos, as eleições livres
são rotineiras, mas a distribuição de renda ainda é uma vergonha. A
escolaridade do brasileiro vem crescendo, a taxa de mortalidade infantil
decrescendo. Afinal o que está acontecendo?. A política é fundamental no
cotidiano dos indivíduos. Ela influencia na geração de emprego, no valor dos
salários, na qualidade da educação, nos transportes públicos e programas
assistenciais. Enfim, no dia adiado cidadão, e porque essa falta de interesse?.
Uma pesquisa divulgada pelo IBGE
informou que 53,3% de jovens entre 18 e 24 anos (73% no Nordeste) estão
matriculados no ensino fundamental (eles deveriam estar cursando faculdade pela
faixa etária). Se for fazer um teste com esses jovens, muitos deles não
entendem o que leem. E se não entendem não sabem o que acontecem ao seu redor.
Fecha o ciclo. Este é o Brasil... (Texto escrito em 2012)
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