Você sabe o que é covering! É discriminação disfarçada.
Uma forma de discriminação sutil pós fase não usam
seus cabelos crespos naturais.
de discriminação direta. Trata-se de
uma forma introjetada onde o discriminado deixa de manifestar sinais mais
marcantes de sua identidade, como por exemplo, os gays que não podem andar de
mãos dadas, ou os negros que
O Brasil é o país do covering!
Segundo o antropólogo da UERJ, Sérgio Carrari, “na medida em que os negros
ascendem socialmente e assumem um certo padrão de comportamento, de vestimenta
e de linguagem eles passariam por um processo de branqueamento e deixariam de
ser tratados como negros”.
Será que em pleno século 21,
especialmente nos grandes centros urbanos onde muita gente que se orgulha de
ser livre de qualquer discriminação, tem pessoas que ainda não pode assumir sua
identidade cultural? Questões sobre direitos civis, sobre preconceito e sobre
assimilação ainda não estão resolvidas. Exemplos? Nas entrevistas para
empregos, muitos jovens de Salvador afirmam que não poderiam utilizar cabelo
rastafari porque não pegava bem já que os clientes do shopping não gostam do
visual afro.
Se antes a discriminação era
direta, ou seja, contra mulheres, negros, gays, deficientes físicos. No século
20, onde a luta pelos direitos civis tornou isso ilegal, agora, a nova forma de
discriminação é sutil. Não contra todos os negros, mas somente contra aqueles
que usam cabelo diferente.
O professor de Direito e reitor
na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Kenji Yoashino, criou um novo
termo para essa questão: Covering, algo que pode ser traduzido como um
acobertamento, um disfarce. “Na minha pesquisa para escrever sobre o covering,
ou a discriminação disfarçada, me deparei com um provérbio brasileiro: ´O
dinheiro empobrece´. Os negros americanos também conhece isso: usam terno para
trabalhar porque dizem que são mais respeitados vestidos dessa maneira. Mas,
quando estão com roupas de ginástica,
são mal vistos ate pelos vizinhos,
porque, aí, são associados a bandidos. Ter o que eu chamo de disfarce faz toda
a diferença entre ser um negro bom ou um negro mau”, explica Yoashino.
O que falta no mundo de hoje é
respeito. As pessoas têm que entender que existem diferenças e respeitar isso.
Alisar o cabelo para tentar se enquadrar no que a sociedade exige para
determinados grupos de pessoas não é o correto. Se enquadrar em certos padrões
de respeitabilidade seja no modo de se vestir, de ser, de estar para ficar
indistinguível é fazer concessão para ser aceito pela sociedade na sua
diferença. Um preço nessa aceitação para ser discreto e não trazer sinais muito
visíveis dessa diferença. E quem desafia essa situação? As leis garantem
igualdade, mas as pessoas não, sempre cobrando dos outros a sua própria imagem.
É preciso ter força para mostrar
que todos são iguais nos direitos, e diferentes na maneira de pensar,
de ser e
de estar e procurar sempre uma forma de resistência, consciente. Um bom exemplo
de resistência é o do escritor americano James Baldwin que, em meados do século
passado, usou a literatura para se afirmar como negro e homossexual.
Como bem escreveu o escritor
brasileiro Luis Capucho (Rato), as pessoas normais vivem mais à superfície,
mais à flor da pele do que outras, sempre submersas, meio sem o fôlego
necessário à vida social, como os peixes que vivem mais no fundo do mar,
portanto mais nas trevas, mais solitários, parados, diferentes, mais no fundo
da vida. Os da superfície que dão movimento, são quem decide para que direção
vai a vida, porque, com o temperamento expansivo, as atitudes e as palavras são
dominantes O assunto é complexo e é
preciso um novo olhar para denunciar formas nada sutis de discriminação e
preconceito. Pense e reflita sobre essa questão. (Texto escrito e publicado neste blog em 2007)
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