“O mar quando quebra na praia/é
bonito, é bonito....” (Mar, de Dorival Caymmi). Durante milhões de
anos, a
chuva formou cursos de água que iam dissolvendo lentamente rochas de todos os
períodos geológicos, nas quais o sal comum é encontrado em abundância.
Esses
cursos de água desembocavam no mar. Como todos os rios correm para o mar, ele
ficou com quase todo o sal.
Os oceanos ocupam cerca de 71% da superfície do
planeta. As águas da Terra, principalmente dos oceanos, são responsáveis por
muitos fatores de equilíbrio do planeta.
A Terra sem água, os continentes sem
os oceanos seriam praticamente estéreis, e nós talvez nem estivéssemos aqui.
“É bonito se ver/na beira da
praia/a gandaia das ondas que o barco balança/batendo na areia/molhando os
cocares/dos coqueiros/como guerreiros da dança/oh! quem não viu vá ver/a onda
do mar crescer/oh! quem não viu vá ver/a onda do mar crescer..” (Gandaia das
Ondas de Lenine e Dudu Falcão). A vida se originou no mar, nos oceanos e na
atmosfera primitiva da Terra. O conhecimento sobre o mar, sobre a vida que se
expressa em milhares, milhões de formas no mundo submarino, nos ajuda a
aprender a respeitar os nossos limites e a expandir os nossos horizontes. O
mar, o oceano, as águas salgadas, os rios doces que nos separam e nos unem para
fora e para dentro de nossas identidades múltiplas e únicas.
“É água no mar/é maré cheia
ô/mareia ô, mareia//Contam que toda tristeza que tem na Bahia/nasceu de uns
olhos morenos molhados de mar/não sei se é conto de areia ou se é fantasia/que
a luz da candeia alumia pra gente contar...” (Conto de Areia de Romildo e
Toninho). A terra possui 71% de sua superfície coberta com água. Desses 71%, o
mar é responsável por 97,2%. Dessa forma, é inegável que o mar representa uma
parte fundamental da biosfera sendo, também, considerado fonte importante de
recursos energéticos, alimentares e minerais, muitos deles renováveis.
“O pescador tem dois amor/um bem
na terra, um bem no mar/o bem de terra é aquela que/fica na beira da
praia/quando a gente sai/o bem de terra é aquela que chora/mas faz que não
chora/quando a gente sai/o bem do mar/é o mar, é o mar/que carrega com a
gente/pra gente pescar/o bem do mar/é
o mar, é o mar/que carrega com a
gente/pra gente pescar” (O Bem do Mar, de Dorival Caymmi). Tudo na natureza
vive em função da água... quase tudo o que é vivo na Terra flui na água grande
parte dos seus ciclos de desenvolvimento. A maioria dos rios corre para o
mar...
“Deus quer, o homem sonha, a
obra nasce/Deus quis que a terra fosse toda uma,/que o mar unisse, já
não
separasse./Sagroute, e foste desvendando a espuma,//E a orla branca foi de ilha
em continente,/clareou, correndo, até ao fim do mundo,/e viu-se a terra
inteira, de repente,/surgir, redonda, do azul profundo.//Quem te sagrou
criou-te português./Do mar e nós em ti nos deu sinal./
Cumpriu-se o Mar, e o Império se
desfez./Senhor, falta cumprir-se Portugal!” (O Infante, de Fernando Pessoa).
Toda a história do conhecimento segue as trilhas do mar. A navegação começou
nos rios e alcançou os estuários, abrindo as portas dos oceanos para o
comércio, as grandes viagens, as grandes descobertas.
“Ó mar salgado, quanto do teu
sal/são lágrimas de Portugal!/por te cruzarmos, quantas mães choraram,/quantos
filhos em vão rezaram!//Quantas noivas ficaram por casar/para que fosses nosso,
ó mar!/valeu a pena? Tudo vale a pena/se a alma não é pequena.//Quem quere
passar além do Bojador/tem que passar além da dor./Deus ao mar o perigo e o
abismo deu,/mas nele é que espelhou o céu” (Mar Português, de Fernando Pessoa).
A origem do Brasil como nação está ligada ao mar, às habilidades dos navegantes
de além-mar, aos conhecimentos das tribos litorâneas, dos caiçaras de todas as
praias de armação do país. Cada um tem sua própria impressão sobre o mar.
“Amaram o amor urgente/as bocas
salgadas pela maresia/as costas lanhadas pela tempestade/ naquela
cidade/distante do mar/amaram o amor serenado/das noturnas praias/levantavam as
saias/e se enluaravam de felicidade/naquela cidade/que não tem luar/amavam o
amor proibido/pois hoje é sabido/todo mundo conta/que uma andava tonta/grávida
de lua/e outra andava nua/ávida de mar//E
foram ficando marcadas/ouvindo
risadas, sentindo arrepio/olhando pro rio tão cheio de lua/e que
continua/correndo pro mar/e foram correnteza abaixo/rolando no leito/engolindo
água/boiando com as algas/arrastando folhas/carregando flores/e a se
desmanchar/e foram virando peixes/virando conchas/virando seixos/virando
areia/prateada areia/cm lua cheia/e à beira-mar” (Mar e Lua, de Chico Buarque).
Todos os povos primitivos criaram lendas e mitologias onde a formação das águas
desempenha um papel essencial. Os ancestrais do homem viveram, provavelmente,
longe do mar, daí talvez o espanto de muitos diante da imensidão dos oceanos.
Mas há mais de 8 mil anos o Mar Egeu já recebia um intenso fluxo comercial.
“Lá se vai mais um dia assim/e a
vontade que não tenha fim este sol/é viver, ver chegar ao fim/essa
onda que cresceu, morreu ao seus
pés/e olhar pro céu que é tão bonito/e olhar pra esse olhar perdido/nesse mar
azul/uma onda nasceu, calma desceu sorrindo/lá vem vindo/lá se vai mais um dia
assim/nossa praia que não tem mais fim, acabou/vai subindo uma lua assim/e a
camélia que flutua nua no céu” (Nós e o Mar, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).
Olhar para o mar é perceber a imensidão do que temos para investigar e o quanto
somos pequenos diante desse universo ainda pouco conhecido. Somos os
aventureiros que inventam equipamentos sofisticados para navegar profundezas. E
ao mesmo tempo somos os destruidores, os apressados devoradores de um pedaço da
natureza à qual muitas vezes esquecemos pertencer
“Olha!/que brisa é essa/que
atravessa a imensidão do mar?/rezo/paguei promessa/e fui a pé daqui até
Dakar/praia, pedra e areia/boto e sereia, os olhos de Iemanjá/água! Mágoa do
mundo/por um segundo/achei que estava lá/olha! Que luz é essa/que abre um
caminho/pelo chão do mar/lua/onde começa/e onde termina o tempo de
sonhar?/praia.../"e tava na beira da praia/ouvindo as pancadas/das ondas
do mar"/não vá/oh! Morena/morena lá que o mar tem areia” (Pedra e Areia,
de Lenine e Dudu Falcão). Um dos maiores clássicos das histórias em quadrinhos,
Balada do Mar Salgado, foi o primeiro da série de aventuras do marinheiro Corto
Maltese, personagem de Hugo Pratt. O mar da costa brasileira, o mar de Castro
Alves, Gonçalves Dias, João Bosco, Elis Regina, Chico, Tom Jobim, Camões,
Fernando Pessoa, dos jangadeiros do nordeste, mar morto de Jorge Amado, mar de
todas as canções do exílio, mar da vida.
“Foi assim/como ver o mar/a
primeira vez/que meus olhos/se viram no seu olhar/não tive a intenção/de me
apaixonar/mera distração e já era/momento de se gostar/quando eu dei por
mim/nem tentei fugir/do visgo que me prendeu/dentro do seu olhar/quando eu
mergulhei/no azul do mar/sabia que era amor/e vinha pra ficar/daria pra
pintar/todo azul do céu/dava pra encher o universo/da vida que eu quis pra
mim/tudo que eu fiz/foi me confessar/escravo do seu amor/livre pra amar/quando
eu mergulhei/fundo nesse olhar/fui dono do mar azul/de todo azul do mar/foi
assim como ver o mar/foi a primeira vez que eu vi o mar/onda azul, todo azul do
mar/daria pra beber todo azul do mar/foi quando mergulhei no azul do mar/onda
que vem azul, todo azul do mar” (Toda azul do mar, de Ronaldo Bastos e Flávio
Venturini).
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