Mero é um personagem criado pelo cartunista, publicitário e ambientalista Paulo Serra. Surgiu em 1976para criticar e alertar sobre a devastação do meio ambiente. Ele havia saído de Salvador e a poluição de São Paulo o assustou tanto que ele passou toda sua experiência para o desenho. A personagem já passou por diversas revistas e jornais. Atuou no Grupo Germen, Gambá, o desenhista criou outros personagens, sempre ligado á educação ambiental. Ele é um dos poucos cartunistas baianos que conseguiram transformar o cartum “em ferramenta de trabalho”. Deixou a publicidade, em 1982, para se engajar definitivamente, nas tiras de seu humor.
Estudou publicidade em São Paulo e chegou a trabalhar na DM-9, mas acabou se casando mesmo com a ecologia, há mais de 40 anos. Desde que mero se insinuou em um muro típico (com rachaduras e pichações e seu formato dava a ideia de um homem) da capital paulista, ele não parou mais de estudar sobre o tema. Começou pelo profissional e adentrou o pessoal. Qualquer semelhança, aliás, de Serra com seu personagem não é mera (é Mero!) coincidência. Ele realmente se dedica ao ambientalismo. Foi um dos fundadores do Partido Verde na cidade e foi ele quem lançou o primeiro candidato baiano do PV, Joel Hamilton. Saiu do partido, mas seu ideal permaneceu verde. Lançou Mero na luta ecológica (tiras) em 1980 e mais os livros Homo-poluentes (1982), Chapeuzinho Verde e o lobo (infantil com duas edições, 1989 e 1991), De Olho na Fauna (1993) entre outra.
Serra viaja muito pelo interior da Bahia, para estudar in loco graves situações ambientalistas e ainda encontra tempo para trabalhos com crianças e adolescentes. O segredo de seu sucesso não raro criticado enquanto quadrinista está na intenção. Ele, que sequer se considera bom desenhista, diz que não faz cartoon só para fazer humor, “mas para passar informação, para melhorar o mundo”. “O principal mérito do bom cartunista, comenta, é conseguir transmitir as verdades em que acredita”.
Com a importância que ganhou o Mero para a luta ecológica, Paulo Serra sobrevive produzindo cartuns, cartazes, campanhas de saúde (cartazes de prevenção à dengue, cólera, hanseníase, tuberculose e mortalidade das mulheres), cartilhas e manuais de orientação para órgão público, empresas e ongs. “O cartum, diz ele, entra como ferramenta didática, pedagógica”. Paralelamente, o cartunista dá aulas em empresa e escolas, e faz ecoturismo urbano.
21. INDEPENDENTES
Em 1989 Lage, Nildão, Rezende (foto), Valtério lançaram a revista Pau de Sebo. Sobreviveu apenas cinco números. Separado do grupo, em 1990, Rezende lançou sozinho a Vilões, revista só de quadrinhos com linguagem underground. Foram cinco mil exemplares rodado e vendeu cerca de dois mil em bancas, fora as vendas em shows, eventos e universidades. Apesar do esforço, o número um foi filho único. Apesar de iniciativas como estas, que geraram outros fanzines de vida curta, os quadrinhistas não voltaram a se unir. Cada um botou sua arte nas costas e seguiu um caminho.
Desenhista de HQ na Bahia é mesmo um forte. Pode ser em tempo de crise, mercado restrito, falta de editore, sempre surge uma publicação que contraria a lei do contra. Em 1993 o experimentalismo marcou a revista Des HQuê (leia Desagaquê) que mesclou histórias em quadrinhos com o experimentalismo que caracterizou as estratégia dos fanzinistas. Editado por Carlos Mattos, traz desenhos de Carlos Mattos, Fabio Abreu, Marco Aurélio, entre outros. O artista plástico Parlim, da cidade de Juazeiro, transpôs a saga de Antônio Conselheiro e seus seguidores para o mundo dos quadrinhos. A publicação foi de 1994.
Sufocado pelo mercado editorial, os novos quadrinistas respiram através dos fanzines. E fazem de tudo um pouco para colocar suas ideias `no ar´. Mário Sérgio Moura, o Afoba, vocalista de Lisérgia, lançou o zine O Morrete. Augusto Mattos, preparou o zine de ficção Fobos. Hector Salas lançou Facção junto com Bruno Aziz que já rabuscava desde criança a tirinha Dilemas Infantis. Em 1997 saiu a Crau que teve participação de alguns desenhistas paulistas.
O diretor de arte publicitária Ruy Trindade lançou em 1995 a versão em quadrinhos para o best seller Capitão de Areia, de Jorge Amado. Depois Pastores da Noite que trazem o texto original na íntegra, recurso criticado por alguns quadrinista. “Meu objetivo maior é incentivar a boa leitura, utilizando a imagem porque as pessoas que não gostam de ler reclamam que texto de livro é massudo”, justificou Trindade, que quadrinizou também As Aventuras de Tibicuera, de Érico Veríssimo.
O desenhista Reinaldo Rocha Gonzaga em 59 páginas lançou junto com o historiador baiano Henrique Campos Simões o álbum O Achamento do Brasil – A carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel. O lançamento foi em 199 e a edição em quadrinhos reproduz a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal. Produzido a partir de uma pareceria entre a Secretaria da Cultura e Turismo e a Universidade Estadual de Santa Cruz, o álbum retrata, de forma lúdica, a chegada dos portugueses às terras brasileiras. As ilustrações foram feitas à mão livre, em bico de pena e pincel, e coloridas no computador. Para compor os personagens, foram estudados os trajes portugueses de época, bem como os costumes dos povos e os traços indígenas. O álbum, de 23 mil exemplares, foram distribuídos na rede de ensino público da Bahia e bibliotecas do estado.
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Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.-----------------------------------------
Um comentário:
Fiquei imensamente feliz em saber que foi você quem lançou Joel Hamilton como candidato do PV . (Ele foi uma pessoa muito especial e é muito raro ouvir algo sobre ele).
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