O cineasta e cartunista francês Gérard Lauzier (1932-2008) era um baiano de coração. Na década de 1950 ele atuou como cartunista no extinto Jornal da Bahia, além de fazer trabalhos publicitários na agência de propaganda Publivendas. Lauzier foi o primeiro nome do jornalismo baiano a criar charges para serem publicadas na primeira página das edições diárias do jornal. Ele esteve presente nas capas do Jornal da Bahia desde as primeiras edições do periódico, lançada em Salvador no dia 21 de setembro de 1958. Assim, o olhar do artista francês sobre os fatos políticos viraram um atrativo não textual, assim como uma ferramenta para ajudar os leitores a refletir sobre os últimos acontecimentos.
Natural de Santa Clara, Cuba, Osmani Esteban Simanca Santiago chegou a Salvador em 1994, onde se radicou e mora até hoje. Com seu humor mordaz, principalmente em relação aos políticos, firmou-se com um estilo inconfundível. Em sua jornada profissional, o artista gráfico já conquistou mais de 30 prêmios. Em 2009 ele ficou em primeiro lugar no World Press Cartoon, um dos maiores concursos do gênero na Europa. O evento ocorreu na cidade de Sintra, Portugal. A ilustração premiada retrata um peixe punk sobrevivente, perfurado com inúmeros anzóis usados como piercings.
Gonzalo Cárcamo se iniciou nas artes plásticas pela pintura, mas seu talento foi revelado através do desenho, principalmente em caricaturas debochadas e bem características. Ele despe personagens célebres que pontificaram na vida política, cultural e econômica e expõe, com humor cáustico e refinado, o que vai por baixo da epiderme, das veias e dos nervos daqueles que forjam e fustigam opiniões. Esse talento ele imprime em aquarela, lápis, bico de pena, ecoline, óleo e acrílica, que foram publicadas no Pasquim, nas revistas Gráfica, Playboy, Isto É, Pau de Sebo, Penthouse no jornal espanhol El Pais, ABC de Madrid, o Estado de S.Paulo e diariamente (de 1986 a 1989) no Jornal da Bahia.
Cárcamo nasceu no Chile e em 1976 veio para o Brasil. Em 1981 ele conheceu Salvador e ficou impressionado com a arquitetura e a cultura enigmática da cidade. Saturado de São Paulo, resolveu se instalar de vez na Bahia em 1984. Suas caricaturas, feitas em aquarelas e óleo, começaram a ser publicadas no Jornal da Bahia, em 1986, mesmo época em que também saíam no semanário alternativo Pasquim. Foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba, do Piauí, do Paraná, entre outros.
Tem ainda Sebastian Seriol que ao chegar em Salvador em 1977 e fazer parte do clube de quadrinhos foi um dos escolhidos para publicar sua tira diária no jornal A Tarde. Trata-se de Jua, um vendedor de picolé e seus problemas de sobrevivência. O contato com marginais e sua luta diária. Aventura seriada com suspense a cada dia. O autor procurava dar a máxima sensação de movimento usando uma linha “retacurva” e afastando-se do enquadramento tradicional.
O desenhista, jornalista e arquiteto Eduardo Barbosa (1914-2006), carioca de Bonsucesso chegou em Salvador em 1973 e não voltou mais para sua terra. O batismo de quadrinhos foi com a revista o Tico Tico. De leitor, passou a desenhista no Suplemento Juvenil, de Adolfo Aizen. O segundo batismo foi com Alex Raymond (autor de Flash Gordon, Jim das Selvas e Nick Holmes), seu grande ídolo. Daí em diante, começou a mudar e a lutar por um quadrinho mais nacional. Chegou a ser relator de uma lei que regulamentava as histórias em quadrinhos no Brasil, no Conselho Nacional de Cultura (no término do Governo de João Goulart). Na oportunidade, reuniram-se vários desenhistas para discutir os problemas do quadrinho nacional. A lei foi engavetada, como aconteceu com todas as outras que a procederam.
Mesmo sem condições de lançar seus próprios personagens, pois as editoras estavam mais interessadas nos quadrinhos de fora, Barbosa continuou a desenhar. Fez quadrinhos para a Série Sagrada (São Judas Tadeu, Cosme & Damião, N.S.da Penha de França, Bom Jesus da Lapa, São Jorge, Santo Agostinho, N.S.da Conceição) e As Grandes Figuras (Rondom, Raposo Tavares) da Editora Brasil América Ltda (Ebal), os Clássicos Ilustrados, Cavaleiro Negro, Reizinho, Fantasma, da Rio Gráfica Editora, Fuzarca e Torresmo para a La Selva, Tio Patinhas para a Abril, entre outras.
Em 1958, escreveu um livro sobre Lampião (Lampião, Rei do Cangaço) que serviu de base para um filme de Carlos Coimbra (pelas Cinedite). Publicou também no Gazetas de Notícias, do Rio, em folhetim, o romance Judas Tadeu, além de escrever colunas de artes plásticas, participar de coletivas, fazer xilogravuras, reformar graficamente diversos jornais, inclusive as revistas de Cultura Vozes. Foi secretário de redação do Diário da Manhã (1961), no Maranhão. No Rio, foi repórter de polícia e política, chefe de reportagem e diagramador. Nos anos 60 ele e mais dois amigos resolveram editar quadrinhos eróticos (os famosos catecismos onde Carlos Zéfiro já fazia sucesso). Em 1979, Ano Internacional da Criança, ilustrou Gato na Lua, de Maria Lúcia Amaral e A Velha Bizunga de Ofélia e Narbul Fontes. Veio para Salvador e atuou no Diário de Notícias, Correio e Jornal da Bahia.
Criou histórias sobre a Força Expedicionária Brasileira (Histórias e Heróis da FEB) que foram publicadas em 1975/1976 no Diário de Notícias de Salvador. Em 1977 produziu uma HQ sobre a Lenda da Lagoa do Abaeté, em homenagem aos 70 anos de Adolfo Aizen. A historieta foi publicada em 1979 no Jornal da Cidade, em Aracaju. No início dos anos 80 iniciou uma HQ para a França, intitulada Yama – Le Mage, mas não recebeu retorno. Trata-se de uma história de aventuras que envolve uma série de diferentes países: Egito, India, Tibet, Africa nos anos 30. Casado com a jornalista Naira Sodré, Eduardo Barbosa morreu no dia 07 de julho de 2006.
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Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.-------------------------
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