25 janeiro 2011

A hora e vez dos quadrinhos baianos (15) (yes, nos temos quadrinhos)

18. MESTRE DO DESENHO

Simplicidade, sensibilidade, harmonia, força, beleza, expressividade plástica, olhar da infância (puro). Tudo isso estão contidos no desenho do mestre baiano Ângelo Roberto. Impossível não parar diante de seus desenhos ternos de traço límpido e preciso. No misterioso traçado quase invisível que compõe o desenho de Ângelo Roberto, há às vezes a impressão de que o artista tem um poder incomum de criar um nobre sentimento entre suas figuras humanas e seus animais. Nos gestos mais sutis das figuras de Ângelo, o sentimento de amor infinito pela liberdade compreende o direito das criaturas de conquistá-la e deixá-la ir e vir, quando quiser. Como a tristeza feita em lágrimas nos olhos das meninas, diante de pássaros engaiolados; ou feita em alegria incontida e fluida no momento de ver outro pássaro alçar voo e sumir pela janela. Em todos os segmentos que extrai da vida, Ângelo é sublime e sua linguagem não é meramente emocional – é hipnótica. Na avaliação de Ângelo, a marca da sua arte é a linha precisa. “É ela que me fascina, é o ponto de partida de tudo, eu não acredito num pintor que não é desenhista. Atualmente, eu ando querendo fazer pintura, mas estou emaranhado pela linha, e é difícil sair dela“.


O bico de pena é uma característica forte na arte de Ângelo Roberto, mas a caricatur

a é algo que “nunca saiu de mim”. Ele já foi caricaturista de diversos jornais baianos como o Jornal da Bahia, A Tarde, Diário da Bahia e Folha da Bahia. Segundo o professor e artista plástico Juarez Paraíso, “Ângelo Roberto é, precipuamente, um artista da linha e do tracejado, das impressionantes tramas de bico-de-pena. O contraste elegido é simples, mas eficaz. O completo domínio artesanal do artista tece uma incrível tessitura gráfica, um incrível trabeculado, estrutura linear composta por traços pacientemente superpostos, com mais ou menos transparência, jamais obstruindo a passagem da luz que emana do papel”.

Retratar os amigos e pessoas mais próximas sempre foi, aliás, um dos passatempos prediletos de Ângelo Roberto. Humorista por excelência e observador da vida, ainda na Escola de Belas Artes, surpreendeu colegas e professores com uma fantástica exposição de caricaturas deles. Em 1984, retratou 30 políticos, artistas e intelectuais com quem dividia a mesa de bar, como os escritores João Ubaldo Ribeiro e Guido Guerra, a atriz Nilda Spencer, o dono da Cantina da Lua, Clarindo Silva, o poeta e Ruy Espinheira Filho, o professor Cid Teixeira, o artista plástico Juarez Paraíso, o vereador Celso Cotrim e o jornalista Béu Machado, amigo de infância. A mostra, muito comentada na cidade, trazia o estilo de caricatura do artista: o personagem de corpo inteiro e dentro do seu ambiente.

“O traço enxuto, a linha essencial, a captação do fugidio, a retenção do imponderável fazem desta exposição – comentou Cid Teixeira na época -, muito mais uma análise de caracteres, do que de visões exclusivamente físicas dos eleitos. As pessoas são como que desnudadas no seu jeito de ser” E acrescentou: “Poucas pessoas são tão Bahia quanto ele”. Transitando na área de publicidade e da ilustração, como artista e ser humano, ele procurou traçar na exposição de 1989 a geografia humana, particularmente da Bahia, onde vive.


Os personagens podem ser crianças, humildes, mendigos, vendedores de rua. Mas também os homens que contribuem para a vida pública e cultural do estado, como os escolhidos para a mostra. Como caricaturista, os traços são simples, precisos para uma percepção imediata de quem as vê. O que ele faz é congelar a imagem psicológica do retratado, “com extraordinária e expressiva síntese visual, na qual as sutilezas dos detalhes, a atitude, o gesto, a ação, transcendem a mera enfatização das características físicas”, observou Juarez Paraíso.


-------------------------------Mesa Redonda:

Quadrinhos: produção e mercado editorial trajetória e perspectiva

Dia 30 de janeiro, no Auditório da livraria Cultura, 19h.

O objetivo da mesa redonda, como o título já diz claramente, é explanar aos presentes trajetórias de profissionais da área de quadrinhos, abordar a presença e sobrevivência dos quadrinhos impressos em bancas, livrarias, internet e comercialização), do potencial de realização de algumas personalidades, expectativas, necessidades e perspectivas.

A ideia é que cada um fale de seu ponto de vista, embasado em sua experiência. Se o convidado é um cartunista com uma série de publicações, é explanar, apresentar seu trabalho, sua trajetória, e com toda liberdade, falar sobre percalços, incentivos, e de seu ponto de vista, expressar o que acredita, em relação a caminhos, perspectivas.

Por isso, também deseja-se algum profissional da área de editora e/ou livraria para que se possa (principalmente quem ainda não teve a experiência de publicar) fazer perguntas e tirar dúvidas.

Você é nosso convidado para participar desta mesa redonda no dia nacional dos quadrinhos, 30 de janeiro, no Auditório da livraria Cultura, 19h.

Atenciosamente, Wilton Bernardo + Oficina HQ + www.oficinahq.com

(71) 3014-4331 (71) 8807-4331

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Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

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