28 janeiro 2011

A hora e vez dos quadrinhos baianos (18) (yes, nos temos quadrinhos)

22.CAUDA DE PAVÃO


Caó Cruz Alves é cartunista, animador e músico. Iniciou profissionalmente como cartunista nos anos 70. Ele foi o primeiro baiano a lançar um livro com quadrinhos, uma coletânea de tirinhas do seu personagem, O Porco com Cauda de Pavão, publicado desde 1978. O livro O Porco com Cauda de Pavão foi publicado em julho de 1979 e na apresentação da obra escrevi: “Para conhecer Caó é preciso, antes de mais nada, se despir de qualquer ideia preconcebida ou convencionada do que é humor, ou como ele deve ser trabalhado num cartum, charge ou numa história em quadrinhos. Ele explora os efeitos estéticos do social. Seu humor é refinado, usando e abusando da sutileza de jogos de ideias. Leia o livro e comprove”.


Ele já realizou exposições individuais e coletivas, publicou na revista “Pau de Sebo” e editou durante muito tempo o fanzine “La Tanaiura”. Seus desenhos têm participado de exposições e festivais pelo Brasil e exterior. Começou a carreira de animação com o filme "Coisinha", que venceu o prêmio do Juri Popular no Festival 5 minutos em 97, no ano seguinte venceu o primeiro prêmio do festival com a animação "Ouviram Alonzanfan" e ainda produziu "Vote Roberfino" e "Dançando na Europa".


Formou-se através de oficinas de cinema e animação no Brasil – História do Cinema Brasileiro, Iniciação ao Desenho Animado, Estrutura do Boneco Animado, Seminário Nacional de Computação Gráfica, Oficina de Roteiro, Metodologia da Produção Audiovisual, Stop Motion, Direção de Arte no Cinema – com professores tais como: Mike Belzer Walter Sales, Sergio Tastaldi, Chico Liberato, Quiá Rodrigues e Vera Hamburguer. Durante oito anos morou em Paris onde aprimorou seus conhecimentos no campo da animação e quadrinhos na escola vinculada ao National Board of Canadá.


Como cartunista seus trabalhos tem sido publicados em livros, jornais, revistas de circulação regional, nacional e internacional tais como: Folha de São Paulo, Jornal À Tarde, Revista Planeta, Mad, La Nouvelle Chair, Men Club, L’imbecille Heureux, Yomiuri Shinbun e em exposições individuais e coletivas. Têm obtido vários prêmios com seus filmes de animação em diversos festivais no Brasil, bem como tidas exibições de seus filmes no exterior. Dentre várias citamos: Anima Mundi (SP/RJ), Jornada Internacional da Bahia, Festival Imagem em Cinco Minutos (BA), Festival Guarnicê de Cinema em São Luís (MA), Festival de Gramado (RS), Salão Internacional de Humor de Pernambuco, Mostra Latino-Americana de Canoa Quebrada (CE), Festival Internacional de Cinema de Belo Horizonte (MG), Loop: The Vídeo Art Festival in Barcelona (Espanha).


23. LISTA INTERMINÁVEL

David Sales (Setentinha), Borega (chargista dos jornais Feira Hoje e Tribuna Feirense), Betonnasi (professor, cartunista e quadrinista, um dos editores da revista Tudo com Farinha), Adolfo Sá (fanzine Cabrunco), William Leão (revista O Jegue), Haroldo Magno (Sertão Vermelho), Ada Brito (Tico e Mif), Menandro Ramos, Carlos França, Ruy Carvalho, Reinaldo Gonzaga (O Achamento do Brasil), e Douglas Gentil atuantes no jornal A Tarde. Tivemos também o cartunista J.Mendes (foto), Zé Vieira, Eduardo Barbosa, Ruy Trindade, Parlim (com a saga de Antônio Conselheiro), Robério Cordeiro com a série Pintinha, além das atuações dos cartunistas Valtério, Rezende, Cão, Gugão, entre outros. Existem nos subterrâneos de nossa cidade muita gente nova preocupada com soluções formais mais atualizada com a contemporaneidade que nos marca, cultural e ideologicamente. Por outro lado, problemas político ideológico seriam marcantes na medida de atuação cultural desses quadrinhos como objetivos de consumo e como linguagem determinada pelo contexto cultural. Além do fanzine Na Era dos Quadrinhos, Balão e alguns outros, tivemos as revistas Tudo com Farinha (projeto de extensão da Universidade Estadual da Bahia), Abalim, Vilões, Esfera do Humor, Pau de Sebo, e Desagaquê.

O cartunista Hector Salas, formado em publicidade e propaganda, já abocanhou prêmios em vários salões e festivais como os de Piracicaba, Volta Redonda, Pernambuco. As marcas que criou em 2001 e 2006 para o Carnaval de Salvador também foram premiadas. Alguns de seus desenhos estão expostos em salões de humor de diversos países como Irã, Suécia. Bélgica, Itália e Japão. Teve trabalhos publicados em diferentes veículos de comunicação da Bahia, a exemplo de A Tarde, além do Pasquim.


Baiano de Juazeiro, Miécio Caffé (1921-2003) foi um dos mais regulares documentarista da evolução da MPB – desenhou Clementina de Jesus, Dalva de Oliveira, Ataulfo Alves., Chico, Gil, Cae, entre outros. Ele era célebre por ter reunido uma das maiores discotecas do País. Em abril de 1989 passou ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo sua coleção, cerca de sete mil discos de 78 rotações por minuto. O artista desenhou muitos cartazes para filmes da produto Cinedia, nos anos 1930 e 40, além de cartazes para teatro. Ele trabalhou para a Empresa Cinematográfica Paris Filmes e fez os desenhos do primeiro filme dos estúdios da Vera Cruz (Àngela). Caffé começou nos anos 50, desenhando para revistas e jornais como O Riso, O Malho, Radar e A Marmita, Almanaque do Pensamento, Gazeta Esportiva. Fez capas de discos e muitas caricaturas das estrelas da MPB.


Desde o início dos anos 80 existe a Associação de Quadrinistas da Bahia (AQB), uma espécie de sindicato da categoria. Visa principalmente a garantia de direitos trabalhistas, auxílio jurídico e contábil aos associados. Com o passar dos anos a associação perdeu sua força e agora tenta se reestruturar. Para ser atendido pela instituição, além de ter carteira assinada é necessário contribuir com uma taxa mensal, que é direcionada ao pagamento dos profissionais que prestam suporte. A associação de quadrinistas não possui sede, mas mantém um fórum de discussão na internet e uma comunidade no Orkut, que servem como meio de contato.


Wilton Bernardo é graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia em 2003. Porém, desde 1998 tem vivenciado a área de criação de histórias em quadrinhos, fazendo direção de arte e também ilustrando. Em 2003 iniciou um projeto empreendedor chamado Oficina HQ onde tem realizado oficinas, cursos e exposições sobre quadrinhos na cidade. Bernardo tem um trabalho voltado para o quadrinho infantil. Por pressão do mercado, alguns profissionais têm que pagar pela falta de opções e pela imposição da dura realidade, onde a sobrevivência fala mais alto do que a ideologia da liberdade total de criação.


Em 2010 o cartunista Mauricio Pestana lançou a cartilha Revolta dos Malês – A saga dos muçulmanos baianos. O objetivo da cartilha, distribuída gratuitamente, é dar subsídios para que seja aplicada a Lei Federal de n.10.639, de 2003 que prevê a inclusão da temática afro brasileira nos currículos escolares. Também em 2010 o desenhista Tomas M começou a publicar na internet a tira Pássaros Rebeldes. O título saiu de um trecho da ópera Carmen, de Georges Bizet que diz: “O amor é um pássaro rebelde que não se pode domesticar”. A tira é protagonizada pelos amigos Tim e Tom, dois jovens em fase de descoberta, vivem e experimentam a sua sexualidade.

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Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.

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