14 janeiro 2011

A hora e vez dos quadrinhos baianos (08) (yes, nos temos quadrinhos)

Desde os anos 70 com a explosão dos fanzines sobre quadrinhos, o leitor começou a mudar. Os fanzines foram a semente da mídia que tem hoje – o caminho para fãs que se tornaram profissionais de quadrinhos e esse novo perfil de autor trouxe muitas mudanças sentidas até hoje no mercado. Em sua origem, a mídia que falava de quadrinhos era praticamente a voz do fã. Isso contribuiu para deixar essa indústria mais sofisticada e mudar a percepção pública das HQs em vários aspectos.


Todo mundo conhece a forma de uma HQ, seus quadros separados, seus balões, o texto dentro dos balões, os personagens que guiam as histórias....O clube de quadrinhos na Bahia se propôs a quebrar essas regras, para tentar ir além da própria forma, para testar as possibilidades que a narrativa pode nos proporcionar. Hoje quem faz esse tipo de trabalho é o Laerte, Rafael Sica, Lourenço Mutarelli, Gabriel Ba e Fabio Moon, entre outros.

10. QUADRINHOS EM TODA PARTE

Nos anos 70, diante da força do clube de quadrinhos em Salvador, o Jornal da Bahia publicava a edição semanal de humor Bola na Rede sob a direção e produção de Santelmo e desenhos de Nilson que trazia, em quadrinhos, a história de craques da bola. Em 1973 o professor Adroaldo Ribeiro Costa, envolvido com o clube de quadrinhos em Salvador, faz o roteiro da revista A Independência foi Guerra na Bahia, lançada pela Secretaria de Educação (na época, Romulo Galvão) com 500 mil exemplares distribuídos na rede pública de ensino. O lançamento foi para as comemorações do sesquicentenário da independência da Bahia.


Em 1976 a decoração do Clube Português para o Baile de Yemanjá teve como tema Yemanjá, uma História em Quadrinhos, trabalho de Freddy Suy. A rainha das águas foio apresentada com painéis dos personagens Dom Pixote, Bidu, Asterix, Gato Felix, Brasinha, entre outros. E os quadrinhos estava tão impregnado na comunidade devido a ação do clube que um bloco carnavalesco da Barroquinha (Bloco da Aurora) saiu às ruas com o tema dedicado aos nossos quadrinhos.

Em 1979 os trabalhadores de arte baianas se organizaram e criaram a Cooperativa Boaidéia Criações para valorizar o profissional da área do humor, cartum e ilustração, além de melhorar o nível dos trabalhos publicados. Com reuniões semanais propunha ajudar os novos valores na arte dos quadrinhos. O Boaideia durou pouco tempo. Segundo os organizadores, tendo Nildão à frente, foi dois próprios profissionais, que não quiseram aceitar o esquema da seleção nem tão pouco o controle das produções.


Desistiram: Não...Nildão, Lage, Setúbal e José Vieira pensaram no Jornal do Poste para conquistar novos públicos e mercado. “Um jornal proibido para menores de um metro e meio” ou “um jornal para você ler de cabeça erguida”.


Durante um período surgiram muitos desenhistas, mas os trabalhos continuaram com as mesmas propostas, linguagens, estilos e acabaram resultando num visual velho e cansado, que não chegaram a tocar as pessoas diretamente. A falta de estímulo para o trabalho, que poderia ser conseguido através de espaços para veiculação constante das criações, além da necessidade dos profissionais se unirem e buscarem novas opções em conjunto e, inclusive, conquistar novos públicos, foi um entrave.


Muitos nomes ficaram de fora dessa pesquisa, muito comum no processo de qualquer trabalho. A Bahia é enorme com 417 municípios. Fica impossível mapear sozinho toda ela e, muitos trabalhos foram lançados independentes, em pequenas tiragens que não chegaram ao meu conhecimento.


Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.
-------------------------

Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

Nenhum comentário: