05 janeiro 2011

José Marques de Melo, o guerreiro midiático

José Marques de Melo é referência na América Latina na área de Comunicação Social. Um dos fundadores da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) é autor de inúmeros artigos publicados nacional e internacionalmente sobre a importância do jornalismo na sociedade. Além de jornalista, Melo é escritor, professor universitário, pesquisador científico e consultor acadêmico. Todo essa pluralidade de José Marques de Melo, essa “capacidade de organizar, congregar e de ser também um grande agitador cultural, cuja experiência de vida e de realizador incansável serve de exemplo a todas as gerações” está na obra O Guerreiro Midiático. Biografia de José Marques de Melo, escrita pelo professor Sérgio Mattos e lançado pela Editora Vozes (Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação).


A obra está dividida em 16 capítulos. Origens Familiares mostra as relações familiares, sua origem sertaneja. O Neto de Eufrosine relata os acontecimentos no ano de nascimento do biografado, agitado e de muitas mudanças – 1943. Getúlio Vargas aprovou o início de tropas brasileiras para combater na Europa, surgimento da Força Expedicionária Brasileira, Manifesto dos Mineiros, emenda constitucional, criado o primeiro curso livre de Jornalismo do Brasil, revista O Cruzeiro realizou reformulação gráfico editorial. Processo de Aprendizagem apresenta seu fascínio pelo cordel, brincadeiras urbanas (bolas de gude, futebol, vôlei, basquete), programas radiofônicos, revistas em quadrinhos e estampas Eucalol. E foi no 3o ano primário (1953), “quando, em concurso escolar para a escolha da melhor redação, foi classificado em primeiro lugar. Esse foi o primeiro de inúmeros prêmios que ele continua recebendo ao .longo de sua trajetória de vida intelectual” (p.51).

O Mundo no Templo da Cultura (quarto capítulo) apresenta sua formação escolar, o gosto pela leitura. Assumindo a Vocação, o quinto capítulo, Mattos mostra a atração pelo jornalismo ao defrontar “com texto de uma das conferências de Ruy Barbosa ´A imprensa e o dever da verdade´, que lhe causou grande impacto, descortinando a possibilidade de vir a trilhar o caminho do jornalismo” (p.59). Seus primeiros textos jornalistico, as reportagens consideradas polêmicas e a tese que ele defendia, sua formação político ideológica e intelectual.


Primeiro Emprego Formal (sexto capítulo) trata do vínculo de Zé Marques com a Sudene, chefia do gabinete da Secretaria de Educação e o envolvimento com o Movimento de Cultura Popular com o médico sanitarista Miguel Newton Arraes (genro do governador) e o Golpe de 64. Nos capítulos seguintes Mattos aborda a constituição da família, resquícios do Golpe de 1964, o Migrante (a partir de 1966 e todo o movimento de época, sua chegada a São Paulo, a instalação da USP), o Dirigente Universitário e a USP, o Construtor de Instituições (visionário, agitador cultural, criador de instituições, formador de gerações e responsável por transformar o Jornalismo como atividade de ciência).

Construindo a Literatura Básica mostra Luiz Beltrão como pioneiro das Ciências da Comunicação no Brasil e as importantes obras de Zé Marques. Em Pensamentos sobre o Jornalismo, Mattos garimpou várias frases de Marques nas diversas entrevistas que concedeu e que “nos leva a refletir sobre a situação atual do jornalismo e o papel de jornalista”. Eis uma delas: “Para quem quer ser jornalista eu tenho dois conselhos (anuncia Ze Marques): Primeiro tem que estudar muito, estudar sempre. O jornalista que não se atualiza permanentemente, que não continua estudando, sobretudo lendo, pesquisando, abrindo os olhos e discutindo, na verdade ele vai emburrecer, vai ficar um jornalista limitado. Ele é capaz de ver o dia a dia, mas não é capaz de prever o futuro, nem se relacionar com o passado. Em segundo lugar é a questão de ter em mente o dever de respeitar a verdade” (pags.161,162).

Dando a volta por cima (14 capítulo) Mattos revela o guru da juventude do biografado, o filósofo argentino José Ingenieros que anunciava: “vacilar no meio do caminho é trair o pensamento” ou ainda, “toda criança é fruto da livre iniciativa e alcança o seu fim apoiada pelo sentimento de independência”. Aposentado, dá consultoria voluntária e gratuita para instituições, seus leitores, e vem enfrentando o mal de Parkinson.

Respeito ao pensamento dos outros apresenta as atividades, disposição para o trabalho, maneira de conduzir, liderar, produzir trabalho parta servir de exemplo para tudo. “Sempre me pautei pelo respeito ao pensamento dos outros, mesmo que deles discordasse frontalmente” (p.173) disse Marques em uma de suas entrevistas. E o 16 capítulo, Iconografia, são fotos da família do biografado, local onde estudou, amigos, solenidades e a família. “Costumo dizer que, no Brasil, na América Latina ou no universo luso, não há frente comunicacional que Marques de Melo não tenha integrado. Não se limitou, contudo, a isso. Abriu caminho, sobretudo, para os jovens, os jovens pesquisadores que logo transformava em assistentes, aprendizes de feiticeiros da pesquisa em Comunicação Social, depois guerreiro e apóstolo como ele; fez isso por todo o Brasil”, escreveu na orelha do livro o presidente da Intercom, Antonio Hohlfeldt. “O Guerreiro Midiático” é um livo necessário a todos que querem conhecer a trajetória da comunicação no Brasil.

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