Com seu traço denso, o
artista JULIO SHIMAMOTO (1939- ), mais conhecido como Shima e considerado um
mestre dos quadrinhos de terror, já passou por quase todas as editoras e
publicações do país (O Gaucho, Musashi, Cidade de Sangue). Rapidez, ousadia e
distorção dos desenhos, aliados a vasto conhecimento e experiência que o torna
também excelente roteirista. Seus desenhos não são contidos, mas muito
expressivos.
RENATO CANINI (1936-2013),
um gaúcho, ousou dar um traço autoral ao papagaio carioca nos anos 1970.
Autoral demais. É das mãos de Canini o traço mais brasileiro de Zé Carioca. A
matriz norte americana pediu que o desenhista fosse posto de lado. O desenhista
conseguiu se destacar dentro das condições padronizadas da indústria de massa.
Nacionalizou o de deveria ser visto como estrangeiro. O tom brasileiro podia
ser percebido no traço sintético de Canini e nas assinaturas que deixava nas
histórias que fazia.
Grande versatilidade de
narrativa quadrinhística na obra de MOZART COUTO (1958- ). Desenho fluído,
expressivo com domínio absoluto da anatomia, perspectiva, sombra e luz.
Transita por várias técnicas e gêneros. Publicou quadrinhos em várias editoras
do Brasil, Europa e EUA.
ZIRALDO ALVES PINTO
(1932- ) é um dos maiores artistas gráficos brasileiros e de renome
internacional. Artista de mil instrumentos, autor de O Menino Maluquinho e
Flicts, entre 130 títulos, fundador do jornal O Pasquim, bastião de humor e
crítica contra ditadura militar, criador dos quadrinhos da Turma do Pererê que
encantaram gerações, romancista, cartunista, apresentador de TV, e muitas
coisas mais. Criador de Supermãe, Mineirinho e Jeremias o bom. Em 1960, a
pedido do editor de O Cruzeiro, Ziraldo criou Pererê, a primeira revista em
quadrinho nacional de um único autor e toda colorida. A publicação foi um marco
na trajetória das HQs no Brasil. Pererê circulou entre outubro de 1960 a abril
de 1964, com uma tiragem média de 120 mil exemplares, e chegou a vender 150
mil, número muito expressivo para a época.
LAERTE COUTINHO (1951- )
começou nos anos 1970. Seu quadrinho foi marcado por uma pessoalidade, uma
intimidade franca que dava um tom de transubjetividade cotidiana bem humorada.
Basta conhecer sua obra: Hugo Baraccini, seu alter ego, como integrante dos
Piratas do Tietê, Muriel, Os Gatos, Overman, Deus, Los Três Amigos e Piratas do
Tietê. Ele consegue, com um humor ao mesmo tempo refinado e mordaz, explorar
temas relevantes da existência humana. Em 2004 ingressa em uma fase mais
introspectiva de sua carreira e abandona alguns de seus personagens. Sua
produção retorna e aprofunda o caráter experimental de seus primeiros
quadrinhos. A partir de 2009 as questões da transgeneridade passam também a
figurar em alguns de seus trabalhos. Ao renovar seu quadrinho, ele buscou
renovar a si mesmo.
ANGELI (1956- ) é um dos
mais conhecidos chargistas. Criador de quadrinhos com narrativas de situações
tipicamente paulistanas, da boêmia e da vida cotidiana: Mara Tara
(ninfomaníaca), Rê Bordosa (junkie
porralouca), Wood & Stock (velhos hippies), Bob Cuspe (anárquico
punk), Meia Oito (esquerdista anacrônico), Nanico (homossexual enrustido),
Skrotinhos (versão underground dos Sobrinhos do Capitão), Bibelô (machão
machista), Ritchi Pareide (roqueiro do
Leblão), Walter Ego (egocêntrico), Luke e Tantra (adolescentes que querem
deixar de serem virgens), Orgasmo (sujeitinho vapt vupt), Rapel (paranormal),
Rigapov (imbecil do Apocalipse), Aderbal e muitos outros.
LOURENÇO MUTARELLI (1964-
) está diretamente influenciado pela estética e propósito underground. Homem de
múltiplas identidades, romancista, quadrinista, dramaturgo. A deformação
exuberante que ele causa nos rostos dos personagens reais e imaginários, ainda
nos serve como força de destruição e reconstrução. Tem uma obra visceral e
extremamente pessoal (Diomedes, Transubstanciação, Desgraçados). Expressionismo
visceral e contundente. Levando o grotesco a cabo em suas narrativas gráficas,
leva também um pouco mais adiante a arte das histórias em quadrinhos autorais.
Ele canibalizou a
influência do quadrinho underground norte americano e criou algo novo, a
escatologia crua e doentia. FRANCISCO MARCATTI (1962- ) é um quadrinista que
trabalha de forma independente desde os anos 1980. Seus traços são arredondados
e sujos. Seu trabalho costuma apresentar uma profusão de personagens
repugnantes envolvidos em situações nojentas, além dos limites da escatologia:
Lodo, Refugo, Tralha, Pântano, Mijo.
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