Watson Portela, o João Gilberto dos quadrinhos:
O pernambucano Watson Portela é autor de
uma das mais consistentes obras dos quadrinhos brasileiros, pirateado à
exaustão na Europa. Apontado como o João Gilberto das histórias em quadrinhos,
ele é capaz de recusar as melhores ofertas de emprego e achar que a editora que
lhe fez a proposta estiver longe de sua casa, de onde quase nunca sai (mora no
bairro operário de Tucuruvi, em São Paulo). Watson Portela é um grande
quadrinista nacional com trabalhos realizados no Brasil e no exterior. Presença
marcante no mercado editorial na década de 80, principalmente na produção de
HQs de todos os tipos: da Ficção ao mangá. Esse artista marcado pelo seu traço
claro e expressivo, que até hoje conquista fãs do mundo inteiro e também o
respeito de muitos admiradores. Chegou a pintar capas de LPs nos anos 70 para o
álbum Até a Amazônia? (1978) do grupo Quinteto Violado. Sua primeira obra
profissional foi uma HQ histórica para a Ebal de Adolfo Aisen (O Caçador de
Esmeraldas), que jamais foi publicada. Em 1975, participou daquela caça de
talentos promovida pelo “Gibi Semanal“, da RGE. Mudoui para o Rio de Janeiro
ainda em 1976 e comecei a trabalhar para a Editora Vecchi. Fazia o Chet. Em
1979, publicou em Spektro, da Vecchi. Fez terror, erotismo, western, humor e
super-heróis para Grafipar de Curitiba, Press entre outros. Dono de traço
ímpar, seus desenhos fizeram a cabeça de toda uma geração. Foi o papa do
quadrinho de ficção brasileira dos anos 80.
Portela ganhou nos anos 80 um fã-clube.
Foi um dos primeiros brazucas a se destacar no cenário quadrinístico da década
de 80, em meio a hegemonia do gênero super heroístico americano. Seu trabalho
mais conhecido do grande publico é o álbum Paralelas e Vôo Livre. Sua arte
publicada em diversas editoras como RGE, Vechi, Graphipar e Abril. Suas
histórias na Spektro versavam sobre cangaceiros, sertão nordestino e histórias
no Brasil colônia. Portela foi contratado pela Editora Abril em 1986, onde fez
capas para HQs como Crise nas Infinitas Terras, Capitão América, Heróis da TV,
Novos Titãs, Grandes Heróis Marvel, Super-Homem, Marvel Especial, Jaspion,
Changeman, Pato Donald e Tio Patinhas. Passou a desenhar Os Trapalhões, Disney,
He-Man e Jovem Radical. Versátil, Portela já desenhou um pouco de tudo,
passando por western/faroeste (Chet), terror (Spektro, Pesadelo, Spektros),
ficção científica (Paralelas), infantil (Trapalhões), super-herói (He-Man),
mangás.
Claudio
Seto o Akira Kurosawa dos quadrinhos:
Como um samurai saído dos filmes de Akira
Kurosawa, Claudio Seto (1944 – 2008) era um respeitável senhor monossilábico.
Marcial, comandava seus desenhistas e roteiristas apenas com sorrisos. O
estúdio de Seto na editora curitibana Grafipar foi responsável por reunir nomes
que seriam importantes para a HQ brasileira, como Mozart Couto e Watson
Portela, além de Rosa. Os gibis eram divididos por gêneros: sertão, pampas,
eróticos, terror, ficção científica ou policial. Chegaram, segundo o
historiador de HQs Gonçalo Júnior, a vender até 5 milhões de exemplares por
mês. Segundo Franco de Rosa, as inovações de Claudio Seto foram muitas. A mais
marcante é a narrativa fragmentada (muito usada em "Lobo Solitário" e
por Frank Miller): um quadrinho mostra a ponta da espada; outro, o rosto do
samurai; um terceiro, a expressão do oponente; e por aí vai, uma página inteira
sem texto, apenas desenhos a contar a história. A quadrinização é inovadora,
com quadrinhos verticalizados ou horizontalizados ao extremo. Às vezes, Seto
desenhava em cima de fotografias, criando um clima soturno. E as primeiras
páginas eram sempre exuberantes, com o título desenhado como se fosse uma
montanha, por exemplo.
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