Em setembro de
Foi com o Na Era que surgiram as primeiras
manifestações conscientes no sentido de se construir HQ autenticamente nacional
- e popular. O quadrinho baiano tomou fôlego com o surgimento do tablóide A
Coisa, do jornal Tribuna da Bahia. A Coisa foi um seguimento natural do Na Era
e tinha como meta principal “uma maior valorização do autor brasileiro e em
particular baiano”. “Pretendemos também – dizia o editorial -, divulgar e abrir
novas perspectivas aos humoristas e desenhistas que ainda não tiveram
oportunidade de publicar seus trabalhos”. Em pouco tempo o suplemento revelou
novos cartunistas e desenhistas de quadrinhos.
O suplemento da Tribuna, aberto para os
novos desenhistas, aproveitou uma percentagem expressiva, com experiência que
abriu novas possibilidades para a pesquisa temática ao nível gráfico. Seu
lançamento serviu para aproveitar vários desenhistas que antes apenas trabalhavam
em outros setores. Jorge Silva, Carlos Ferraz, Romilson Lopes e Péricles
Calafange foram as revelações em termos de quadrinhos. Lessa e Aps (Anildson
Pereira dos Santos) tinham base cartunística e colocaram de maneira implícita a
relação quadrinho/cartum.
Jorge Silva de Oliveira vindo da
publicidade e interessado pela figuração narrativa desde pequeno investiu no
mais puro domínio do experimentalismo. Estruturalmente mais dinâmico (pelo que
representam as imagens e a colocação dos planos numa página) o desenho de Silva
nos parece mais inventivo, grandioso, em alguns momentos voltando ao clássico
de uma maneira nova. O “travelling”, o contracampo cinematográfico e os cortes
conduz psicologicamente o leitor para o desfecho, numa alta temperatura gráfico
visual.
Enquanto Silva trabalha com uma surpresa
formal, Carlos Ferraz reforça de maneira considerável o enriquecimento de
certas cenas. Em termos narrativos e/ou criativos há uma rara beleza no
interior dos planos quer seja na sua obra sobre a diluição da Terra, do garoto
de surf ou do futuro. Tanto Silva como Ferraz trouxeram uma grande inovação
formal. Antes a maioria dos desenhistas contentava-se em desenhar as cenas de
frente. Silva e Ferraz introduziram o uso de tomadas de campo e contracampo,
estudando o enquadramento, o que fez surgir a elaboração de um estilo narrativo
mais denso. Péricles Calafange seguiu o caminho aberto pelos dois acima
citados, mas com um sentido bastante apurado na visualização dos planos.
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