Álvaro de Moya, o Forrest Gump dos quadrinhos:
Álvaro de Moya (1930-2017) tido como o
Forrest Gump dos quadrinhos brasileiros, desenhista, chargista, jornalista.
Ex-diretor de TV e um dos principais estudiosos de quadrinhos no mundo. Organizou
a primeira exposição do gênero no mundo em São Paulo, em 1951. Acreditava no
potencial do gênero em expressar emoção, sentimento, e no campo teórico Moya
foi autor do clássico Shazam! (1970), primeiro livro brasileiro inteiramente
dedicado à análise de HQs. Em vez de discutir só aspectos práticos dos
quadrinhos, a obra também debate as influências pedagógicas do gênero e defende
que as HQs devem ser levadas mais a sério pela academia. O profissional era
considerado o maior especialista de Histórias em Quadrinhos do país, uma inspiração
para muitos, e atuava na área desde o final dos anos 1940. Trabalhou como
desenhista de HQs e como ilustrador de livros para várias editoras e tinha
ainda uma rica história em outros segmentos, como jornalista, escritor de
livros e realizador de mostras, exposições e eventos culturais. É autor de Shazam,
O Mundo de Disney, História da História em Quadrinhos, Vapt Vupt, além de ter
participado com artigos em diversos outros livros sobre o assunto. O último, da
Editora Criativo, celebrava seus 70 anos de carreira e sua amizade com Will
Eisner (1917-2005) e foi lançado em agosto de 2017: Eisner / Moya – Memórias de
Dois Grandes Nomes da Arte Sequencial.
Alex
Raymond, Gustave Doré dos quadrinhos
Alexander Gillespie Raymond (1909-1956)
foi criador de quatro dos mais importantes personagens de quadrinhos: Flash
Gordon, Jim das Selvas, Agente Secreto X-9 (1934) e Rip Kirby (no Brasil, Nick
Holmes). Seu virtuosismo e realismo nos desenhos inspirou o estilo de vários
artistas e até muitos anos depois da sua morte, continua a influenciar o
trabalho dos artistas de quadrinhos. Seu traço refinado marcou época e inspirou
uma geração de artistas, elevando a arte seqüencial a um novo patamar de
sofisticação e elegância. Sua principal criação, o aventureiro Flash Gordon,
começou a ser publicado nos Estados Unidos em 1934. As aventuras do herói para
derrotar o tirano Ming no Planeta Mongo se transformaram num marco das
histórias espaciais. “Decidi, honestamente, que as histórias em quadrinhos são
uma forma de arte“, disse certa vez o excepcional desenhista, complementando:
“Ela reflete a vida e o tempo com mais esmero e é mais artística que as
ilustrações de revistas, desde que seja inteiramente criativa. Um ilustrador
trabalha com câmera e modelos; um artista de quadrinhos começa com uma folha de
papel em branco e imagina tudo: ele é, ao mesmo tempo, escritor, roteirista,
diretor, editor e artista“. Ele fez essa declaração aos 28 anos; quatro anos
depois de ter criado Flash Gordon.
Flash Gordon surgiu exuberante, provocando
um grande salto entre realidade e fantasia, graças à beleza dos desenhos de seu
criador, o jovem Alex Raymond, que, em poucos meses fez sua arte evoluir
vertiginosamente, a ponto de atingir um elevado grau artístico que os
intelectuais comparam ao dos pintores renascentistas. Com Flash Gordon o
artista Raymond, auxiliado pelo roteirista Don Moore, molda o que viria a ser o
protótipo do super-herói americano: forte, ágil, viril, incansável, justo e
democrático. Ele é o gigante ariano da Era Roosevelt. Sob sua liderança,
diferentes grupos se aliam contra um vilão implacável: o Imperador Ming. Flash
Gordon foi o grande herói da Era de Ouro dos Quadrinhos. O culto ao herói de
Raymond extrapolou o universo dos comics. Flash Gordon foi um dos escolhidos
pelo conceituado escritor e comunicólogo Umberto Eco quando o convidaram a
eleger as obras mais representativas da Cultura Ocidental. Foi também uma das
principais referências do cineasta Federico Fellini, principalmente em seu
filme Satyricon. Flash Gordon foi, ainda, a grande motivação para a franquia
Star Wars. O diretor George Lucas, inclusive, tentara adquirir os direitos de
filmagem do personagem, antes de iniciar sua famosa saga interestelar. Ele foi
considerado o Julio Verne do Século XX. Álvaro de Moya, professor de
comunicação social e um apaixonado pelos quadrinhos, autor de HQs e inúmeros
livros sobre o assunto, cognominou Alex Raymond de Gustave Doré dos quadrinhos.
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