Eles são responsáveis por criar alguns dos
personagens mais icônicos e memoráveis das Histórias em Quadrinhos e cuja
importância e influência atingiu outros segmentos da cultura pop, como televisão,
cinema, e até a ciência e o desenvolvimento tecnológico. Passadas décadas, suas
obras continuam como uma referência de qualidade tanto para profissionais como
para leitores. A paixão pela narrativa gráfica ajudou a elevar o nível das
historias em quadrinhos e a fazer com que estas fossem vistas como verdadeiras
formas de arte. Alguns críticos definem os autores de quadrinhos conforme seu
estilo.
Harold
Foster foi cognominado de o Griffith dos Quadrinhos:
Harold Foster, desenhista de Tarzan e
criador do Príncipe Valente foi cognominado de o Griffith dos Quadrinhos. Ele
foi o primeiro desenhista de histórias em quadrinhos que utilizou planos,
ângulo de câmera, campo e contra-campo. Seu desenho, extremamente realista e
vigoroso, deu às histórias uma autenticidade fortalecida pela exaustiva
pesquisa de ambientes, vestuário e costumes. Antes dele, ninguém nos quadrinhos
tinha feito algo parecido. Foi Hal quem deu ao Tarzan seu visual mais
conhecido, estabelecendo uma aparência de nobreza e aristocracia que seria
seguida não apenas por todos os quadrinistas que iriam desenhar as aventuras do
Homem-Macaco como também pelas adaptações cinematográficas do personagem.
Príncipe Valente se tornar um sucesso absoluto graças ao nível incomparável de
realismo, detalhamento e perfeccionismo do traço de Foster, fruto de exaustivas
pesquisas históricas que incluíam visitas pessoais do artista a localidades
para reproduzi-las com exatidão nos seus quadros, e a narrativa contínua e
sofisticada das tiras, bem acima dos padrões das HQ’s comuns, também saída da
mente brilhante de Hal Foster. Pelo conjunto da sua obra, Foster ainda foi
nomeado Cavaleiro do Império Britânico, caso único nas HQ.
Benjamin
Rabier, cognominado de La Fontaine das HQs:
O universo de Benjamin Rabier (1869-1939) é
repleto de animais. Em 1906, Rabier publica, pela casa editora de Jules
Tallandier, uma edição inteiramente ilustrada das Fábulas de La Fontaine. Ele
ilustra também Le Roman de Renard e a Histoire Naturelle de Buffon. Em 1921,
Léon Bel transforma um desenho de Rabier em sua marca A vaca que ri. Esse
desenho de vaca decorava os caminhões de transporte de carne fresca durante a
Primeira Guerra Mundial e foi apelidada de a Wachkyria (a Valquíria), uma
brincadeira alusiva às Valquírias, da mitologia nórdica. Todavia, o desenho
mais famoso continua sendo o pato Gedeão (Gédéon le canard), cujas estórias
foram publicadas entre 1923 e 1939, em 16 álbuns. Projetou Rabier, também, a
famosa baleia Salins du Midi. Para a companhia cinematográfica Pathé Baby,
entre 1922 e 1925, criou muitos desenhos animados sobre temas de alguns de seus
personagens, como o pato Gedeão. Um admirador: o criador belga Hergé. A viagem
que Rabier faz até Moscou inspirará Hergé, que o tomará como modelo de Tintim.
Rabier já havia criado alguns anos antes o herói Tintin, Lutin, vestido com
calça de jogador de golfe. Hergé homenageou seu mestre Benjamin Rabier, na
roupa do célebre personagem Tintim.
O
Hemingway dos Quadrinhos: Milton Caniff
Milton Caniff (1907-1988) foi cognominado
o Hemingway dos Quadrinhos. Foi também considerado o Rembrandt dos Comic Strips
(título de um livro biográfico a seu respeito). O escritor John Paul Adams
escreveu: “Milton Caniff é outro Rembrandt van Rijn. No sentido que ele
personifica a arte mais popular de seu tempo. E também porque deu uma nova
grandeza ao seu veículo”. O criador de Terry e os Piratas e Steve Canyon
atingiu o mais puro estado da arte, utilizando nos seus desenhos o contraste
entre luz e sombra com um traço inovador inigualável. Sempre foi considerado um
dos poucos desenhistas de hqs que conseguiu elevar seu trabalho ao nível de
pura arte. Seja no seu traço, técnica de desenhos, na linguagem
cinematográfica, ou no seu texto modelar, mas também no seu comportamento como
profissional. Sua linguagem de cinema nos quadrinhos, frequentemente levava a
comparações com o mestre John Ford. Isso ficou patente quando matou uma das
personagens principais da historieta Terry e os Piratas, provocando revolta dos
leitores, e, numa tira horizontal, sem divisão de quadrinhos, mostrou o enterro
simples da heroína como numa panorâmica “johnfordiana”. Mas, seu ídolo
cinematográfico era o mestre Alfred Hitchcock, de quem não perdia um filme.
Quando Marilyn Monroe surgiu como sex symbol, o escritor Prêmio Nobel de
Literatura, John Steinbeck, citou sexy Madame Dragão como sua preferida. Mas
era com Hemingway que Caniff mais se parecia com escritor. Dono de um estilo
seco, telegráfico, direto, usando termos precisos e abordando temas
“controversos” (como o tráfico de drogas feito por crianças vietnamitas, na
guerra), conseguiu um equilíbrio total na colocação de suas aventuras com a
realidade da época.
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