01 março 2021

Cognomes nos quadrinhos (01)


Eles são responsáveis por criar alguns dos personagens mais icônicos e memoráveis das Histórias em Quadrinhos e cuja importância e influência atingiu outros segmentos da cultura pop, como televisão, cinema, e até a ciência e o desenvolvimento tecnológico. Passadas décadas, suas obras continuam como uma referência de qualidade tanto para profissionais como para leitores. A paixão pela narrativa gráfica ajudou a elevar o nível das historias em quadrinhos e a fazer com que estas fossem vistas como verdadeiras formas de arte. Alguns críticos definem os autores de quadrinhos conforme seu estilo.

 

Harold Foster foi cognominado de o Griffith dos Quadrinhos:

 


Harold Foster, desenhista de Tarzan e criador do Príncipe Valente foi cognominado de o Griffith dos Quadrinhos. Ele foi o primeiro desenhista de histórias em quadrinhos que utilizou planos, ângulo de câmera, campo e contra-campo. Seu desenho, extremamente realista e vigoroso, deu às histórias uma autenticidade fortalecida pela exaustiva pesquisa de ambientes, vestuário e costumes. Antes dele, ninguém nos quadrinhos tinha feito algo parecido. Foi Hal quem deu ao Tarzan seu visual mais conhecido, estabelecendo uma aparência de nobreza e aristocracia que seria seguida não apenas por todos os quadrinistas que iriam desenhar as aventuras do Homem-Macaco como também pelas adaptações cinematográficas do personagem. Príncipe Valente se tornar um sucesso absoluto graças ao nível incomparável de realismo, detalhamento e perfeccionismo do traço de Foster, fruto de exaustivas pesquisas históricas que incluíam visitas pessoais do artista a localidades para reproduzi-las com exatidão nos seus quadros, e a narrativa contínua e sofisticada das tiras, bem acima dos padrões das HQ’s comuns, também saída da mente brilhante de Hal Foster. Pelo conjunto da sua obra, Foster ainda foi nomeado Cavaleiro do Império Britânico, caso único nas HQ.

 

Benjamin Rabier, cognominado de La Fontaine das HQs:

 

O universo de Benjamin Rabier (1869-1939) é repleto de animais. Em 1906, Rabier publica, pela casa editora de Jules Tallandier, uma edição inteiramente ilustrada das Fábulas de La Fontaine. Ele ilustra também Le Roman de Renard e a Histoire Naturelle de Buffon. Em 1921, Léon Bel transforma um desenho de Rabier em sua marca A vaca que ri. Esse desenho de vaca decorava os caminhões de transporte de carne fresca durante a Primeira Guerra Mundial e foi apelidada de a Wachkyria (a Valquíria), uma brincadeira alusiva às Valquírias, da mitologia nórdica. Todavia, o desenho mais famoso continua sendo o pato Gedeão (Gédéon le canard), cujas estórias foram publicadas entre 1923 e 1939, em 16 álbuns. Projetou Rabier, também, a famosa baleia Salins du Midi. Para a companhia cinematográfica Pathé Baby, entre 1922 e 1925, criou muitos desenhos animados sobre temas de alguns de seus personagens, como o pato Gedeão. Um admirador: o criador belga Hergé. A viagem que Rabier faz até Moscou inspirará Hergé, que o tomará como modelo de Tintim. Rabier já havia criado alguns anos antes o herói Tintin, Lutin, vestido com calça de jogador de golfe. Hergé homenageou seu mestre Benjamin Rabier, na roupa do célebre personagem Tintim.

 

O Hemingway dos Quadrinhos: Milton Caniff

 


Milton Caniff (1907-1988) foi cognominado o Hemingway dos Quadrinhos. Foi também considerado o Rembrandt dos Comic Strips (título de um livro biográfico a seu respeito). O escritor John Paul Adams escreveu: “Milton Caniff é outro Rembrandt van Rijn. No sentido que ele personifica a arte mais popular de seu tempo. E também porque deu uma nova grandeza ao seu veículo”. O criador de Terry e os Piratas e Steve Canyon atingiu o mais puro estado da arte, utilizando nos seus desenhos o contraste entre luz e sombra com um traço inovador inigualável. Sempre foi considerado um dos poucos desenhistas de hqs que conseguiu elevar seu trabalho ao nível de pura arte. Seja no seu traço, técnica de desenhos, na linguagem cinematográfica, ou no seu texto modelar, mas também no seu comportamento como profissional. Sua linguagem de cinema nos quadrinhos, frequentemente levava a comparações com o mestre John Ford. Isso ficou patente quando matou uma das personagens principais da historieta Terry e os Piratas, provocando revolta dos leitores, e, numa tira horizontal, sem divisão de quadrinhos, mostrou o enterro simples da heroína como numa panorâmica “johnfordiana”. Mas, seu ídolo cinematográfico era o mestre Alfred Hitchcock, de quem não perdia um filme. Quando Marilyn Monroe surgiu como sex symbol, o escritor Prêmio Nobel de Literatura, John Steinbeck, citou sexy Madame Dragão como sua preferida. Mas era com Hemingway que Caniff mais se parecia com escritor. Dono de um estilo seco, telegráfico, direto, usando termos precisos e abordando temas “controversos” (como o tráfico de drogas feito por crianças vietnamitas, na guerra), conseguiu um equilíbrio total na colocação de suas aventuras com a realidade da época.

 

 

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