03 março 2021

Cognomes nos quadrinhos (03)

Stan Lee é considerado o Raskolnikov dos Quadrinhos. É também conhecido como o Homero do Século XX:

 

Stan Lee (1922-2017) foi escritor, editor, publicitário, produtor, diretor, empresário norte-americano e ator que, em parceria com outros importantes nomes dos quadrinhos — especialmente os desenhistas Jack Kirby, Steve Ditko e John Romita — criou, a partir do início dos anos 1960, super-heróis complexos e problemáticos, dando ao gênero um tom mais humano e verídico, na contramão da principal editora de HQs de super-heróis da época, a DC Comics, detentora dos direitos de personagens famosos como Superman e Mulher-Maravilha, que seguiam no tom de super-heróis invencíveis, insuperáveis, revolucionando o gênero. Seu sucesso foi fundamental para transformar a Marvel Comics, de uma pequena editora de HQs, para uma das maiores corporações multimídia de entretenimento do mundo. Entre suas maiores criações estão: o Homem-Aranha, Incrível Hulk, Homem de Ferro, X-Men, Demolidor, Pantera Negra, Thor, Os Vingadores, Quarteto Fantástico, Doutor Estranho, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Nick Fury, Mercúrio, Feiticeira Escarlate e Homem-Formiga.

 


O primeiro trabalho conjunto entre Lee e Jack Kirby foi o grupo de super-heróis conhecido como O Quarteto Fantástico. Sua popularidade imediata fez com que Lee e os ilustradores da Marvel produzissem vários novos títulos. Lee criou o Incrível Hulk, o Homem de Ferro, Thor e os X-Men com Kirby; Demolidor (Daredevil) com Bill Everett; Doutor Estranho e o personagem de maior sucesso da Marvel: o Homem-Aranha, criado com Steve Ditko. Nos últimos anos, ele tornou-se um ícone e a cara pública da Marvel Comics. Com idade avançada e a saúde cada vez mais frágil, a lenda dos quadrinhos fez aparições em convenções de histórias em quadrinhos pelos EUA, deu palestras e participou de discussões sobre o tema. Isso sem contar as suas clássicas aparições nos filmes da Marvel.

 

Guido Crepax foi considerado o Godard dos quadrinhos:

 

O italiano Guido Crepax (1933-2003) considerado um dos maiores mestres dos fumetti (quadrinhos italianos) eróticos. Formado em arquitetura, mas sem nunca exercer a profissão, iniciou sua carreira como ilustrador para uma revista de medicina e, anos depois, estreou na revista Linus, com o super-herói conhecido como Neutron, que, com o tempo, foi dando lugar à uma personagem coadjuvante, a sensual repórter Valentina, que acabou por ganhar seu primeiro álbum solo em 1967. Depois de Valentina, Guido Crepax deu vida a muitas outras "musas de papel", como Anita, Bianca e Belinda, além de assinar sofisticadas versões em quadrinhos de clássicos da literatura erótica, como A História de "O", de Pauline Reage; Emmanuelle, de Arsan; e Justine, de Sade. Também fez releituras de clássicos como Conde Drácula, Doutor Jekyll e Mister Hide e Frankenstein, seu último trabalho publicado, em 2002.

 


Mesmo enquanto esteve envolvido com os quadrinhos, o autor não abandonou a atividade de ilustrador publicitário, na qual atuou até 1991, fazendo campanhas das mais variadas. Artista extremamente versátil, Crepax também assinou centenas de litografias, serigrafias e aquarelas. Sempre explorando requintes de sadomasoquismo, Crepax foi considerado, durante muitos anos, o "papa" dos quadrinhos eróticos, posto que passou ao também italiano Milo Manara. Com um traço extremamente delicado, um incrível domínio de luz e sombras e diagramações pra lá de ousadas, suas páginas eram autênticos delírios visuais. O milanês Crepax radicalizou a experimentação visual no meio HQ. Com um traço barroco, ele começou a usar a diagramação da página parta quebrar o formato estabelecido pelas tiras americanas. Outra inovação foram suas visitas ao mundo dos autores clássicos, como Sade, Masoch, Bram Stocker, Henry James e outros.

 

 

  

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