Legado
Éramos mais de cinco milhões
Livres, soltos pela mata a pro
criar
E a nossa paixão era o saber
falar
Nossa língua, que doçura, o
tupinambá.
Os navegantes europeus se
aventuraram pelos sete mares
Devastaram os mouros e
enriqueceram com o comércio ultramarino
Ao contornar toda a costa da
África
Decidiram conquistar todo o nosso
tesouro.
Começaram com a invasão do nosso
sagrado chão
Tentaram escravizar os índios no
cativeiro
Outros foram catequizados ou
morreram
Por doença, tristeza ou pela
escravidão.
Tentaram até empombar o nosso
modo de falar
E a nossa língua ficou esquecida,
amargurada, sem despedida
Para a construção de vilas,
escravizaram milhares de negros
Mas eles preservaram seu idioma,
mesmo no cativeiro.
Com chibata, chicote e açoite sem
conhecer a luz
Proibiram todos os rituais no
escuro das senzalas
Muitos fugiram, criaram quilombos
e foram à farra.
Todo esse grito de sofrimento e
de dor
Fez surgir um povo com orgulho e amor
Que mesmo com toda essa
desigualdade
Respira livre um pouco de
liberdade.
Os portugueses aqui chegado não
tinham interesse na preservação da cultura indígena existente. A própria
palavra índio hoje estereotipada na concepção de homens inferiores, nasceu da
ilusão geográfica de Colombo e de seus marinheiros.
Houve a descoberta da América, o
enriquecimento da Europa e a destruição de milhares de culturas e humanos.
“Os colonizadores portugueses
foram expulsos do Brasil pelos oligarcos em 1823. Oligarcos, proprietários de
terras tomadas aos índios, seus proprietários originais, e cultivados por
africanos escravizados” (como nos conta Aninha Franco. Correio 28/11/2015).
“No início do século 21 os
oligarcas foram obrigados pelo voto a dividir o poder aos sindicalistas, mais
incivilizados que eles, por causa de uma arma poderosa: Lula”. O resto todos
vocês já sabem. A população, na espera de um político honesto e salvador,
acreditou naquele pobre infeliz e deu no que deu. Mas fica difícil escolher nos
dias atuais um político honesto. Tem, mas é raro. É preciso muita pesquisa, e
isso nosso povo não gosta muito de fazer...
“Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foi descoberto, não,
santo padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Esta é a
verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo,
santo padre”, disse o líder guarani Marçal Tupã-y ao papa João Paulo 2º em
1989.
Despojados de suas terras, sujeitos a inomináveis violências ao longo
de cinco séculos, os índios do Brasil chegam ao século 21 despojados igualmente
de uma história.
Índios em números:
- Em 1500 estima-se que havia entre 5 milhões e 6 milhões de índios no Brasil.
- Atualmente existem 896 mil índios segundo dados do Censo 2010.
- A população indígena está distribuída em 305 etnias que falam cerca de 274 línguas diferentes.
- Dados do IBGE indicam que a maioria dos índios (57,7%) vive em 505 terras indígenas reconhecidas pelo governo até o dia 31 de dezembro de 2010, período de avaliação da pesquisa. Essas áreas equivalem a 12,5% do território nacional, sendo que maior parte fica na Região Norte - a mais populosa em indígenas (342 mil). Já na Região Sudeste, 84% dos 99,1 mil índios estão fora das terras originárias. Em seguida vem o Nordeste (54%)..
- Desde o Descobrimento do Brasil, desapareceram 1.200 línguas indígenas, e com elas os seus povos (teses de doutorado da linguística pernambucana Januaceli da Costa).
- Nos últimos anos, os índios brasileiros têm sido vítimas de uma curiosidade intensa, cujo efeito, para eles, se assemelha a um bombardeio atômico.
- Em cinco séculos de Brasil, os brancos continuam nutrindo uma atitude de superioridade em relação a cultura indígena.
O Censo de 2010, realizado pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelou dados
importantes sobre a população indígena brasileira na atualidade. Os dados
mostram quais são as principais etnias, onde vivem, situação das terras
indígenas entre outros dados importantes.
Principais dados da população
indígena brasileira atual (dados do Censo de 2010 - IBGE)
- População indígena: 896.917
(0,47% da população brasileira)
- Terras Indígenas: 505 terras
indígenas correspondendo a 12,5% do território brasileiro. Nestas terras vivem
517.383 índios (57,7% de todos os indígenas).
- Quantidade de etnias: 305
- Maiores etnias: Tikúna (46
mil), Guarani Kaiowá (43,4 mil), Kaingang (37,4 mil), Makuxí (28,9 mil), Terena
(28,8 mil) e Tenetehara (24,4 mil).
- Línguas: 274
- Onde vivem: Zonas rurais
(63,8%); Zonas urbanas (36,2%).
- Distribuição por região: Região
Norte (38,2%), Nordeste (25,9%); Centro-Oeste (16%); Sudeste (11,1%); Sul
(8,8%).
- Estados com maiores
concentrações de índios: Amazonas (20,5%); Mato Grosso do Sul (8,6%);
Pernambuco (6,8%) e Bahia (6,7%).
- Terras indígenas mais
populosas: Yanomami (Amazonas e Roraima): 25.719 / Raposa Serra do Sol
(Roraima) - 17.102 / Évare I (Amazonas) - 16.686.
- Taxa de alfabetização indígena
(15 anos de idade ou mais): 76,7%
- Principais troncos linguísticos
(falantes com mais de 5 anos de idade): Tikúna (34,1 mil falantes); Guarani
Kaiowá (25,5 mil falantes); Kaingáng (22 mil falantes); Xavante (12,3 mil
falantes).
Fonte: Censo IBGE 2010
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