06 abril 2016

De volta ao passado (3)


ROTINA

Muitos colegas estranham essa minha mania de seguir, diariamente, de ritual. De segunda a sexta,sempre aquela rotina. Sábado e domingo dedicados a leitura e ao cinema (e/ou video). Uso de rituais cotidianos para que a vida entre numa trilha mais ordenada. No começo pode parecer que esses rituais parecerão chatos demais, e inúteis, mas se provação eficientes na medida em que você os preservar assim, cotidianos. Mas essa prática, vou logo avisando, é a minha, cada um faz de seu cotidiano o que melhor


Sei que na terra do axé, a prática sagrada da arte da despreocupação é tom corrente, mas não uso esse expediente, sigo outros caminhos, trajetórias, rios. Será um desvio: Não sei, sei que não transformo mais sonhos, minhas crenças. A cada nascer do sol é um novo dia e forças renovadas. O importante é saber como você vai lidar com essa realidade.

Mudar planos não é problema, mesmo contrariando a todos. O problema é você assumir a liberdade de mudá-los, e fazê-los contrariando as opiniões, todas sensatas, de que você não deveria fazer isso. Quando as pessoas começaram a criticar você por ter mudado de opinião e perspectivas, lembre a eles, que é muito melhor ter uma opinião que possa ser mudada do que não ter nenhuma, ou do que resistir à inevitável transformação de tudo.

È bom idealizar situações de rara beleza. Mas o melhor é dar um passo na direção de experimentar essas idealizações. Idealizar é bom, mas transformar isso em realidade é bem melhor. As grandes mudanças não se operam repentinamente, mas pela inclusão de hábitos que, repetidos sistematicamente, somam-se uns aos outros e, aí, quando você menos espera, sua vida não é mais a mesma de antes.

Proceda de acordo com suas convicções, pois enquanto a razão sensata manda assegurar-se ao máximo antes de dar cada passo, a emoção encaminha sua alma por meio de desígnos tortuosos. Respire fundo, pense, reflita e depois aja. Cuidado, pois você percebe a verdade por trás das aparentes emoções quando se atrever a experimentá-los.              

Mas é bom lembrar que nem todas as pessoas seguiam por exigências tão grandes quanto as que sua alma faz a respeito da vida. Por isso, elas nunca vão conseguir entender muito bem porque você reclama tanto. Nos dias atuais a mediocridade foi elevado ao status de representação democrática da realidade, e o talento criativo, que é a própria essência do coração humano, foi se atrofiando ao longo dos anos. Todos sabem que o poder corrompe, e que a boa política é a da subserviência ao império do lucro. E todos seguem essa cartilha. Raul Seixas numa velha canção cantava:Eu é que não me sento no trono de um apartamento com uma boca escancarada cheia de dente esperando a morte chegar(Ouro de Tolo).

Estabelecer prioridades e ir em busca deles é um bom motivo para continuar na atividade, mas sempre observando a satisfação de quatro necessidades básicas: físicas, mentais, sociais e espirituais. É preciso cuidado e atenção em cada uma delas para reencontrar o equilíbrio, Venho observando todo esse tempo como as pessoas aqui em nossa terra tem mania de atrasar compromissos, seja no trabalho, no lazer ou mesmo na vida. Atrasa-se para uma festa ou algum evento social, ou mesmo no trabalho talvez seja aceitável aqui entre nós, o que acho um absurdo. Mas isso é considerável ofensa, insulto em outros países.

Aqui em Salvador por exemplo era comum tanto o artista atrasar por longas horas o show assim como o público chegar atrasado no espetáculo. Diante de tantos problemas, a direção do Teatro Castro Alves resolveu implantar um tipo de comportamento civilizado. Isso porque nós da imprensa martelávamos o tema toda vez que havia show. O artista não poderia mais atrasar o espetáculo sob pena de multa e o público também teria limitado seu tempo de atrasar a entrada para o espetáculo. Essa atitude demonstrou uma mudança de comportamento na sociedade local. E a síndrome do atraso começou a diminuir. Sabem que todo mundo deixa para depois algumas coisas, mas na hora em que precisa, acaba correndo atrás para não se prejudicar.


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