Para se escrever uma poesia, é preciso se dedicar todo o seu espírito, todo os seus recursos, faculdades, todo o seu tempo. E numa época de aceleração desembestada, de um mundo em que participamos de uma espécie de linha de montagem em moto contínuo e vicioso, onde a cadeia utilitária parece que o sentido é sermos instrumento para outras coisas, o poema não serviria para nada. Afinal, para uma leitura de um poema, é necessário romper a cadeia utilitária cotidiana para uma concentração necessária,
pois
o
leitor
que
se
deleitar
ao
flanar
pelas
linhas
do
poema,
deverá
ter
uma
leitura
ao
mesmo
vagarosa
e
ligeira,
reflexiva
e
intuitiva,
imaginativa
e
precisa,
linear
e
não
linear,
intelectual
e
sensual,
ingênua
e
informada.
E é neste mundo acelerado, internetizado, utilitarizado e desembestado que veio à tona um rapaz simples, humilde e concentrado. Veio de um lugar tranquilo, parado no tempo, desconectado dessas acelerações atuais: Miguel Calmon, a bela cidade da Chapada Diamantina. Foi dali que seus diamantes
brotaram
em
formas
de
palavras,
de
poemas,
de
rimas.
Sua
poesia
pensa
e
reflete
o
mundo.
Feito
um
fenômeno
da
natureza,
seu
poema
desliza
feito
um
rio
silencioso
dentro
da
noite.
E
o
desejo,
o
ser,
os
versos
do
poema
estão
lá, no infinito, como o rio e a noite. Fundem-se no poema o leitor, o poeta e todas as coisas que nos fazem sonhar. E sonhar é pensar sobre o mundo.
No começo sua arma era simplesmente o texto. Mas o mundo das palavras, embora vasto, possui fronteiras. Assim, no blog Salto Alto(www.facebook.com/poesiasaltoalto), ele mixa imagem com pensamentos, fragmentos de filosofia. Com essa ferramenta de imagem seu mundo ficou mais universal. Ele não apenas trabalha o espírito, mas exercita a filosofia, o ritmo, a poesia, a fantasia, os sonhos. Jesser não quer explicar o mundo, pois assim acaba perdendo o contato com a realidade. O que ele faz é expressar todas as emoções. E como disse a filosofa Hannah Arendt, “pensar com o coração e sentir com a cabeça”.
“Cara, às vezes é preciso
de
tempo
para
se
aprofundar
em
você
mesmo”, poderia
dizer,
usando
um
verso
de
Miles
Davis.
É
preciso
utilizar
um
mar
de
letras
para
se
ouvir
o
tom
da
própria
voz
interior.
As
grandes
ondas
poéticas
da
história
não
são
fáceis
de
serem
surfadas.
Não
se
pode
ir
contra
a
onda,
é
preciso
acompanhar
o
movimento
e
subir
na
prancheta
no
instante
certo,
entrar
no
tubo
e
cair
fora,
se
não
a
onda
desaba
em
você
e
o
arrasta
para
as
profundezas.
Sua escrita é como um fetiche, que penetra no leitor, seduz, induz, intui e influi. Proporciona ao leitor a possibilidade de viajar no espaço/tempo, fluir nos sonhos. Assim é a obra de Jesser Oliveira, uma imaginação inspirada que leva ao leitor devaneios, derramando em sua mente simplesmente nuvens azuis, lembranças, aprisionadas em palavras livres e soltas para sorrir ou chorar em nossa leitura. E, muitas vezes, acordar para o mundo.
O
texto acima foi escrito para a posse do jornalista Jesser Oliveira como membro
da Academia Jacobinense de Letras – AJL.
A posse será no dia 28 de setembro quando será comemorado o jubileu de
prata da Academia. Na ocasião, será lançado o livro da AJL: Letras Douradas IV
Cultura e diversidade da caatinga na Chapada Norte. A obra é uma coletânea de
textos dos membros da academia. Neste período estarei de férias e não vou poder
estar no evento, mas mando minha contribuição ao colega.
Amanhã estarei de
férias. Volto a escrever a partir de outubro. Até lá.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
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