Ele é
considerado um legítimo
defensor de gêneros
musicais nordestinos
como das chulas do
sertão, cocos, martelos,
agalopados, xote, marche
de pé-de-serra e
repentes. Consegue unir
o lado negro e
mouro da cultura do
sertão com alguns elementos
da cultura do Recôncavo.
Escritor de cordéis,
Bule-Bule é sinônimo
de celebração nordestina
em alta voltagem,
mas desplugado da tomada.
“Cordelista
de primeira geração, escritor,
poeta, repentista, compositor,
Antônio Ribeiro da
Conceição, o Mestre
Bule Bule, parece ser
muitos em um, tantos
são os significados
do seu trabalho.
Talvez porque a essência
de tudo o que
faz seja mesmo a
cultura tradicional
do Brasil nordestino,
com suas múltiplas
faces, mil vezes redesenhadas
com as tintas das
necessidades e do
senso de sobrevivência”,
escreveu a gestora
cultural Rosiane Oliveira
na apresentação do
livro Bule Bule Literatura
de Cordel.
De
chapéu e
casaco de
couro, Bule Bule se
tornou um
grande representante
da cultura
brasileira. Em
suas mãos,
a poesia
vai entrando
no tom
e os
acordes embalam
a riqueza
de um
país rural.
A obra
traz uma coletânea
do trabalho literário
do artista, com a
riqueza dos seus
cordéis, aliada as
contribuições de alguns
outros amigos escritores,
estes conquistados ao
longo dos seus 40
anos de carreira e
de fortalecimento à
cultura nordestina
e brasileira. A
arte de Bule-Bule
passa pelo lirismo, mas
não abandona a crítica
construtiva às injustiças
sociais e ao
sistema deste Brasil
tão bonito e cheio
de contraste.
Tem a
“Saudação a Bule
Bule”, versos do
poeta Klévisson Vieira por
ocasião da posse
do mestre na Academia
Brasileira de Literatura
de Cordel, e seus
cordéis: A Tragedia
de Três Amante, O
Encontro Sangrento
de José Caso Sério
com Manoel Qualquer Hora,
Irmã Dulce da Bahia
– Santa Mãe de
todos nós, O Encontro
da Aranha com o
Reumatismo, O Tremendo
Duelo de Quirino Beiçola
com Tomaz Tribuzana,
Peço pra não Acabar
o Raso da Catarina,
Judith mulher divina que
salvou o marginal,
Bimba espalhou capoeira nas
praças do mundo inteiro,
Chora o Nordeste com
a morte de Rodolfo
Cavalcante, Beleza de
Bule Bule com Zé
Maria de Fortaleza
e Tancredo foi prestar
contas no Tribunal de
Jesus.
SAMBA RURAL
- Bule-Bule cresceu sob
a influência do samba
rural do sertão e
do Recôncavo, além dos
repentes sertanejos.
Ele não esconde a
paixão pela figura do
pai, o tiraneiro
Manoel Muniz, que faleceu
em 1996, aos 81
anos de idade. Por
ele, que era sambador,
lhe ensinou as artes
e traquejos da essência
sertaneja que ele
somou à vivência com
os repentistas e
seus versos de cordel.
Criado numa região que
fica na entrada do
sertão e próximo ao
Recôncavo, Bule-Bule
mergulhou no samba
rural derivado da região
sertaneja, mas com
ligeira influência
da chula do Recôncavo.
Muitos dos camponeses
da região de Bule-Bule
vão cortar cana-de-açucar
quando retornam com a
influência da chula
típica do Recôncavo,
mais sincopada e menos
“gritada” do que
a chula rural sertaneja.
“Eu
vou do
coco de
embolada com
pandeiro, a
vaquejada, a
tirana, ao
licutixo, a
chula, ao
repente, a
literatura de
cordel, eu
mexo em
todas essas
áreas culturais,
graças a
Deus e
faço com
qualidade”
Escreveu diversos
cordéis de tom
contemplativo existencial
e, também, de cunho
político. Fez cordel
clamando por liberdade
de justiça social durante
o regime militar. Cordel
de fundo ecológico
ele também produziu:
“A alma de Lampião
resolveu dar um
passeio/ Mas achou
o Raso feio, não
quis nem pisar no
chão/ Rezou uma oração
sobrevoando a campina/
Apontou a carabina,
somente pra ameaçar/
Peço pra não acabar
o Raso da Catarina”.
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nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
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Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
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Um comentário:
Esperando o voo para Recife, conheci mais de perto esse grande admirável homem "Bule Bule". Que fortaleza de corpo e de mente apesar das peripécias da saúde.. Fiquei encantada com sua história e seus verso. Parabéns Bule Bule!
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