03 julho 2013

Desejo de mudança




O momento é de protesto. Vivemos uma imensa crise representativa. As manifestações de indignação, principalmente nas redes sociais e nas ruas, mostram que o sistema representativo do país envelheceu. Organizada a partir de redes como Facebook e Twitter e com o forte auxílio de aplicativos para smartphones, a onda de protestos que levou milhões de brasileiros às ruas foi considerado um dos maiores movimentos da história em volume de participantes.
 


Diante de conchavos na política onde o governo transforma em argamassa de seu partido de poder entidades, sindicatos, ONGs e ex-adversários políticos, o sistema que acena para o consumo mas não oferece bem estar na saúde, educação, segurança ou na infraestrutura (incluindo ai transporte público e mobilidade urbana) a sociedade respondeu com um basta e foi para as ruas reivindicar.

O povo quer um governo mais atuante, que resolva mais os problemas. Sem corrupção, mais participação. A sociedade quer ser ouvida e quer serviços públicos mais eficientes, cansou de pagar impostos de nível europeu com serviços públicos de nível africano.

O site Contas Abertas informou que nos útimos11 anos, desde 2002, todo o dinheiro previsto para a mobilidade urbana no Orçamento Geral da União foi de R$ 5,8 bilhões e foi desembolsado apenas R$ 1,1 bilhão. Isso é 19% do total que estava autorizado no Orçamento.

“Enquanto não investia em obras para melhorar o ir e vir nas engarrafadas cidades brasileiras, o governo abriu mão de bilhões de impostos para incentivar a compra de carro individual, perdendo recursos que, por lei, deveriam ser destinados ao investimento em infraestrutura de transporte. Se o governo quer mesmo falar sério sobre um pacto com os outros entes federados em mobilidade urbana, terá que fazer mais do que dar mais subsídio ao diesel. Precisa realmente investir pesado nessa área. E será preciso escolher o que é mais importante”, escreveu a colunista Miriam Leitão (Correio, 26/02013, pág.36).

O povo quer uma renovação da política nacional. Aqui na Bahia há uma omissão gravíssima que ajudou a perpetuar o metrô de seis quilômetros, em construção há quase 20 anos, sem que um único responsável por essa obra jamais investigada, esteja na cadeia. “Aqui, desviou-se fartamente o dinheiro do metrô para gastar nesses lugares. Todos sabem ‘quens”. Mas o Judiciário não judiciou a roubalheira. E o Legislativo municipal, encarregado de vigiar e denunciar, ignorou. Ou aproveitou...”, escreveu Aninha Franco na sua coluna Trilhas (As ruas estão irresistíveis. Revista Muito. A Tarde, 30/06/2013, p.41).

“Não se ouviu da presidente, ministros, de governadores e prefeitos palavra sobre a parte que lhes cabe no latifúndio de desmandos, equívocos e indiferença diante dos maus serviços prestados a população. Tampouco se ouve dos congressistas e dos partidos um pedido de desculpas que seja pelo pouco caso de anos a fio em que o Parlamento, ressalvadas raríssimas ocasiões, representou a si mesmo”, informou a jornalista Dora Kramer na sua coluna intitulada Fogo na palha (A Tarde, 27/06/2013, pág B3).

“Precisamos de soluções que nos atendam no espaço das vidas que temos para viver” (Roberto Mangabeira Unger, Uma Vida Humana). Para os que pensam eu essa rebelião popular é um fato isolado, e que não haverá conseqüências, o jornalista JC Teixeira Gomes lembra: “A Revolução Francesa começou com pequenas manifestações dos famintos das ruas, para acabar terminando no uso diário da guilhotina”

Para o economista Armando Avena, o povo quer, alem das reivindicações, reformar os partidos políticos. “No Brasil, no entanto, chegar ao poder e manter-se nele tornou-se mais importante do que a idéia que move esse projeto. É por isso que os partidos brasileiros não têm cara, não têm idéias, pétreas, não têm feições”. (A Tarde, 28/06/2013, pagA3).

A sociedade não suporta mais corrupção, serviços de transporte, educação e saúde de baixa qualidade, impunidade dos puníveis, indiferença das classes dirigentes ao desmantelamento da vida nas cidades (imobilidade urbana, criminalidade epidêmica, exorbitância dos impostos, preços atuais enlouquecidos por causa da festa olímpica). “País mudo é um país que não muda” é o que diz um cartaz fornecendo pista. O cartaz proclama um desejo de mudança.

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