O momento é de protesto. Vivemos
uma imensa crise representativa. As manifestações de indignação, principalmente
nas redes sociais e nas ruas, mostram que o sistema representativo do país
envelheceu. Organizada a partir de redes como Facebook e Twitter e com o forte
auxílio de aplicativos para smartphones, a onda de protestos que levou milhões
de brasileiros às ruas foi considerado um dos maiores movimentos da história em
volume de participantes.
Diante de conchavos na política
onde o governo transforma em argamassa de seu partido de poder entidades,
sindicatos, ONGs e ex-adversários políticos, o sistema que acena para o consumo
mas não oferece bem estar na saúde, educação, segurança ou na infraestrutura
(incluindo ai transporte público e mobilidade urbana) a sociedade respondeu com
um basta e foi para as ruas reivindicar.
O povo quer um governo mais
atuante, que resolva mais os problemas. Sem corrupção, mais participação. A
sociedade quer ser ouvida e quer serviços públicos mais eficientes, cansou de
pagar impostos de nível europeu com serviços públicos de nível africano.
O site Contas Abertas informou
que nos útimos11 anos, desde 2002, todo o dinheiro previsto para a mobilidade
urbana no Orçamento Geral da União foi de R$ 5,8 bilhões e foi desembolsado
apenas R$ 1,1 bilhão. Isso é 19% do total que estava autorizado no Orçamento.
“Enquanto não investia em obras
para melhorar o ir e vir nas engarrafadas cidades brasileiras, o governo abriu
mão de bilhões de impostos para incentivar a compra de carro individual,
perdendo recursos que, por lei, deveriam ser destinados ao investimento em
infraestrutura de transporte. Se o governo quer mesmo falar sério sobre um
pacto com os outros entes federados em mobilidade urbana, terá que fazer mais do
que dar mais subsídio ao diesel. Precisa realmente investir pesado nessa área.
E será preciso escolher o que é mais importante”, escreveu a colunista Miriam
Leitão (Correio, 26/02013, pág.36).
O povo quer uma renovação da
política nacional. Aqui na Bahia há uma omissão gravíssima que ajudou a
perpetuar o metrô de seis quilômetros, em construção há quase 20 anos, sem que
um único responsável por essa obra jamais investigada, esteja na cadeia. “Aqui,
desviou-se fartamente o dinheiro do metrô para gastar nesses lugares. Todos
sabem ‘quens”. Mas o Judiciário não judiciou a roubalheira. E o Legislativo
municipal, encarregado de vigiar e denunciar, ignorou. Ou aproveitou...”,
escreveu Aninha Franco na sua coluna Trilhas (As ruas estão irresistíveis.
Revista Muito. A Tarde, 30/06/2013, p.41).
“Não se ouviu da presidente,
ministros, de governadores e prefeitos palavra sobre a parte que lhes cabe no
latifúndio de desmandos, equívocos e indiferença diante dos maus serviços
prestados a população. Tampouco se ouve dos congressistas e dos partidos um
pedido de desculpas que seja pelo pouco caso de anos a fio em que o Parlamento,
ressalvadas raríssimas ocasiões, representou a si mesmo”, informou a jornalista
Dora Kramer na sua coluna intitulada Fogo na palha (A Tarde, 27/06/2013, pág
B3).
“Precisamos de soluções que nos
atendam no espaço das vidas que temos para viver” (Roberto Mangabeira Unger,
Uma Vida Humana). Para os que pensam eu essa rebelião popular é um fato
isolado, e que não haverá conseqüências, o jornalista JC Teixeira Gomes lembra:
“A Revolução Francesa começou com pequenas manifestações dos famintos das ruas,
para acabar terminando no uso diário da guilhotina”
Para o economista Armando Avena,
o povo quer, alem das reivindicações, reformar os partidos políticos. “No
Brasil, no entanto, chegar ao poder e manter-se nele tornou-se mais importante
do que a idéia que move esse projeto. É por isso que os partidos brasileiros
não têm cara, não têm idéias, pétreas, não têm feições”. (A Tarde, 28/06/2013,
pagA3).
A sociedade não suporta mais
corrupção, serviços de transporte, educação e saúde de baixa qualidade,
impunidade dos puníveis, indiferença das classes dirigentes ao desmantelamento
da vida nas cidades (imobilidade urbana, criminalidade epidêmica, exorbitância
dos impostos, preços atuais enlouquecidos por causa da festa olímpica). “País
mudo é um país que não muda” é o que diz um cartaz fornecendo pista. O cartaz
proclama um desejo de mudança.
---------------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário